Uma análise da Sonata para Violino e Piano de Elpídio Pereira.
Uma análise da Sonata para Violino e Piano de Elpídio Pereira.
Uma análise da Sonata para Violino e Piano de Elpídio Pereira.
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Tudo isso <strong>de</strong>veria fecun<strong>da</strong>r a criação <strong>de</strong> uma música brasileira,<br />
através <strong>da</strong> própria experiência universal. (ALMEIDA, 1942, p.<br />
394).<br />
<strong>Elpídio</strong> <strong>Pereira</strong>, assim como vários compositores <strong>de</strong> seu tempo (que nos são<br />
quase completamente <strong>de</strong>sconhecidos assim como as suas obras) se encontram em um<br />
momento posterior a este, já no início do século XX, mas que ain<strong>da</strong> estão intimamente<br />
ligados ao pensamento e aos costumes do homem do final do século XIX.<br />
Existe neste período histórico uma gran<strong>de</strong> produção <strong>de</strong> música <strong>de</strong> concerto<br />
tanto <strong>de</strong> câmara como sinfônica. Todo este material musical e humano (as obras e as<br />
ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s dos intérpretes brasileiros, combina<strong>da</strong>s a ação <strong>da</strong>s associações artísticas e <strong>da</strong>s<br />
práticas pe<strong>da</strong>gógico-musicais), forma uma paisagem musical on<strong>de</strong> se torna possível o<br />
surgimento <strong>de</strong> um discursso musical genuinamente brasileiro, e que se torna, por fim, a<br />
base <strong>para</strong> o futuro Nacionalismo Musical.<br />
Havia, certamente, a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> se fun<strong>da</strong>mentar as técnicas <strong>de</strong> composição<br />
e <strong>de</strong> interpretação ain<strong>da</strong> no século XIX. <strong>Elpídio</strong> fez parte <strong>de</strong>ste momento. Ele estu<strong>da</strong> e<br />
constitui seu discurso ante a tradição. Ele, assim como os outros músicos <strong>da</strong>quele<br />
momento, trazem ao Brasil, to<strong>da</strong>s as fun<strong>da</strong>mentações teóricas e as práticas do velho<br />
continente, vindo a fun<strong>da</strong>r uma inteligência musical brasileira. Lecionam tanto a prática<br />
instrumental como a teórica e pre<strong>para</strong>m todo o espaço <strong>para</strong> a nascente música<br />
nacionalista brasileira, sem os quais, não seria possível o surgimento <strong>de</strong> músicos como<br />
Villa-Lobos.<br />
Por estas razões, tanto a sonata como o próprio compositor, merecem um<br />
estudo <strong>de</strong>talhado. Obra e autor assumem, <strong>de</strong>ste modo, um significado e uma<br />
importância que a simples <strong>análise</strong> formalista-musical, não po<strong>de</strong>ria perceber.<br />
A Sonate faz parte do <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> nossa História musical. Revela um<br />
universo <strong>de</strong> mentali<strong>da</strong><strong>de</strong>s e personali<strong>da</strong><strong>de</strong>s que caracterizaram todo um período<br />
histórico e uma paisagem musical ain<strong>da</strong> não estu<strong>da</strong><strong>da</strong> com a <strong>de</strong>vi<strong>da</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>: o<br />
justo momento logo após do nascimento <strong>da</strong> República e a sua relação com as<br />
significantes ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s musicais <strong>de</strong>ixa<strong>da</strong>s pelo fomento do Segundo Império.<br />
Por fim, examinar-se uma vez mais o livro <strong>de</strong> memórias <strong>de</strong> Elpidio <strong>Pereira</strong>, há<br />
citação à Sonate pelos anos <strong>de</strong> 1915/1916, e é provável que, por estes anos, ela já tenha<br />
sido concebi<strong>da</strong> total ou parcialmente. Po<strong>de</strong>-se dizer que o autor a revisou inúmeras<br />
vezes, o que explicaria a publicação em 1925. <strong>Uma</strong> breve <strong>análise</strong> <strong>da</strong> Legen<strong>de</strong>, <strong>para</strong>