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Uma análise da Sonata para Violino e Piano de Elpídio Pereira.

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Figura 13: Primeiro enca<strong>de</strong>amento harmônico <strong>da</strong> sonata, on<strong>de</strong> o autor afirma o uso <strong>de</strong><br />

uma harmonia tradicional, basea<strong>da</strong> nas funções e progressões harmônicas tonais.<br />

Não obstante, o tratamento Harmônico à maneira tradicional revela alguns<br />

significados. <strong>Elpídio</strong> <strong>Pereira</strong> (1957), em seu livro <strong>de</strong> memórias cita, em diversos<br />

momentos, ter mantido contato com a música que se consi<strong>de</strong>rava nova, naquele período.<br />

Assistiu, por exemplo, a premieré francesa <strong>de</strong> várias obras <strong>de</strong> origem alemã e italiana,<br />

especialmente a música <strong>de</strong> Wagner, rica em cromatismos, na qual a relação Tonica<br />

Dominante é abandona<strong>da</strong> em função <strong>da</strong>s Dominantes individuais e dos acor<strong>de</strong>s<br />

alterados e sobrepostos <strong>de</strong> Sétimas e Nonas 12 . E apesar <strong>de</strong> provavelmente ter conhecido<br />

também a música revolucionária <strong>de</strong> Debussy 13 e a obra dos Veristas 14 , não se <strong>de</strong>ixou<br />

influenciar pelas novas linguagens, mantendo-se fortemente filiado às tradições<br />

harmônicas tonais.<br />

Seria lógico, portanto pensar que o compositor procurava nessa formas<br />

clássicas, o caminho <strong>para</strong> expressar o seu discurso musical e, com relação a sua única<br />

sonata <strong>para</strong> violino e piano, essa orientação acadêmica revela-se perfeitamente coerente<br />

com os mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> seus mestres. Eram eles, Antoine Taudou (1846-1925) 15 e Paul<br />

12 Acor<strong>de</strong>s típicos <strong>da</strong> era romântica, on<strong>de</strong> se unia nos acor<strong>de</strong>s perfeitos terças sobrepostas, abrindo<br />

caminhos <strong>para</strong> tonali<strong>da</strong><strong>de</strong>s mais distantes e <strong>para</strong> a politonali<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

13 Debussy, Clau<strong>de</strong> 1862-1918, compositor francês, que inovou as formas musicais tradicionais ao utilizar<br />

escalas <strong>de</strong> tons inteiros; uso <strong>de</strong> uma harmonia flutuante, inspirado na obra dos escritores contemporâneos,<br />

inaugurando um novo gênero musical chamado mais tar<strong>de</strong> <strong>de</strong> impressionismo musical ou simplesmente<br />

música impressionista. Era amigo pessoal <strong>de</strong> Paul Vi<strong>da</strong>l, professor <strong>de</strong> composição <strong>de</strong> <strong>Elpídio</strong> <strong>Pereira</strong>.<br />

14 <strong>Pereira</strong> (1957) afirma ter visto a prémiere parisiense <strong>de</strong> Cavalleria Rusticana do compositor verista<br />

Pietro Mascagni. O termo Verista , segundo o Dicionário Grove <strong>de</strong> Música (1994), advindo <strong>de</strong><br />

Verismo , é o termo <strong>para</strong> a versão italiana do movimento naturalista do final do século XIX, no qual<br />

Émile Zola foi a figura dominante na França. Está ligado à óperas que tratam <strong>da</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong> crua <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>,<br />

apresentando personagens dos estratos sociais mais humil<strong>de</strong>s e introduzindo temas como a pobreza,<br />

paixão e brutali<strong>da</strong><strong>de</strong>. Cavalleria rusticana(1890), <strong>de</strong> Mascagni foi um dos primeiros e mais influentes<br />

exemplos; entre outros incluem-se Pagliaccio <strong>de</strong> leoncavallo, e lá bhoème <strong>de</strong> Puccini.<br />

15 Taudou, Antoine foi professor do conservatório <strong>de</strong> Paris 1846-1925. Ganhou o Gran Prix <strong>de</strong> Roma no<br />

ano <strong>de</strong> 1869 com a obra Françoise <strong>de</strong> Rimini . Entre os laureados por este concurso estão Hector<br />

Berlioz (1830), Charles Gounod (1839), François Bazin (1840),Georges Bizet (1857), Jules Massenet<br />

(1863), Paul Vi<strong>da</strong>l (1883) e Clau<strong>de</strong> Debussy (1884). Pela quali<strong>da</strong><strong>de</strong> dos compositores laureados, po<strong>de</strong>-se<br />

<strong>de</strong>duzir que Antoine Taudou fosse um professor altamente qualificado <strong>de</strong> harmonia e contraponto. Não<br />

encontrou-se porém um verbete relacionado a Taudou no Dicionário Grove <strong>de</strong> Música (1994), mas é<br />

citado várias vezes em outros verbetes como professor <strong>de</strong> Harmonia <strong>de</strong> outros compositores, como Emilé<br />

Vuillermoz e Camille Erlanger, ambos franceses e alunos do conservatório <strong>de</strong> música <strong>de</strong> Paris e suas<br />

biografias indicam que entre o corpo docente <strong>da</strong> instituição, o professor Taudou tinha como colegas Leo<br />

Delibes e Gabriel Fauré, compositores importantes na Historiografia <strong>da</strong> musica universal.

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