Guia do Professor - Globo Livros

O espaço democrático
e a criança como sujeito
Lobato acreditava na inteligência da
criança e na sua capacidade de pensar e interagir
com o mundo. O Sítio é uma democracia
onde todos têm vez e voz – crianças, adultos,
velhos, negros, brancos, animais, bonecos. As
diferentes formas de ser e de estar no mundo
são respeitadas – todos são livres para pensar
e expressar opiniões, e os problemas são resolvidos
através da argumentação e da troca de
A inovação nos
temas e a visão crítica
da realidade
Com o intuito de formar cidadãos críticos,
capazes de mudar o mundo, Lobato
introduziu em sua literatura infantil temas
jamais tratados para este público.
Em A Chave do Tamanho discutem-se
as consequências de uma guerra para a humanidade.
No Poço do Visconde, a temática é
a modernização do Brasil. Lobato conquista
o leitor para seu mundo ficcional e apresenta
em suas histórias problemas sociais, po-
ideias e informações. Na maior parte das vezes,
inclusive, são as próprias crianças que encontram
as soluções para os casos, recebendo
o incentivo e o apoio dos adultos.
Há também situações de impasses em
que os personagens lançam mão do voto e, assim,
se exercitam no sistema democrático. O
autor tinha um projeto político ideológico bem
definido que era o de investir na formação das
crianças para que estas, futuramente, fizessem
do Brasil um país melhor e mais justo. Desse
modo, uma nova e transformadora visão sobre
a criança nascia com Lobato.
líticos, econômicos e culturais. Ampliando
sua visão de mundo, leva-o ao conhecimento
de situações ignoradas e o provoca a construir
uma postura crítica diante delas.
Mesmo quando toca em temas mais
complexos, não perde a fantasia, a ironia e o
humor. Assim, na saga do Picapau Amarelo
ainda há espaço para a cultura grega, a literatura,
a gramática, a história da humanidade,
a ciência, a geografia e vários outros temas.
É importante lembrar que Lobato preocupava-se
muito com o resgate de nossa
identidade nacional: em O Saci e Histórias
da Tia Nastácia, deu voz às nossas crenças
populares, valorizando-as como conhecimento
intuitivo e genuinamente brasileiro.