CONFIRMAR <strong>HOJE</strong> Catequeses <strong>de</strong> Preparação para o Crisma P á g i n a | 152 mesma realida<strong>de</strong> sacramental da inicação. Se falta a fé ou a conversão não po<strong>de</strong>remos dizer nem que cada um dos três momentos sacramentais chegou à sua plenitu<strong>de</strong>, nem que o processo total <strong>de</strong> iniciação chegou ao seu terminus. O iniciado não o chega a ser plenamente senão quando aceita e assume voluntariamente a iniciação que lhe oferece esse dom. 3. EM QUE MOMENTO DA INICIAÇÃO SE EXPRESSA A VERDADEIRA RESPOSTA DE FÉ ? A fé é um elemento constitutivo do sacramento, como já sabemos. E esta resposta <strong>de</strong> fé <strong>de</strong>ve ser verda<strong>de</strong>iramente pessoal, consciente, livre e responsável. É evi<strong>de</strong>nte que este momento não é o do baptismo das crianças. O Baptismo das crianças é um momento sacramental da iniciação unido à fé da Igreja e dos pais, mas que espera uma fé pessoal posterior. É um sacramento, <strong>de</strong> alguma forma, incompleto, pois aguarda a sua plenitu<strong>de</strong>. O facto <strong>de</strong> se celebrar num momento em que a fé pessoal não é possível, justifica-se sobretudo porque significa o primeiro passo da iniciação, orientado dinamicamente para a sua plenitu<strong>de</strong>. Se soubessemos com toda a certeza que este momento não chegaria, então seria um contracenso celebrá-lo. É o que nos lembra Hans Kung: "O "sim" <strong>de</strong> Deus ao homem exige o "sim" do homem a Deus...Só quando o baptizado se pronuncia pelo baptismo que os pais <strong>de</strong>sejaram para ele, é que o Baptismo encontra a sua totalida<strong>de</strong> e plenitu<strong>de</strong> próprias <strong>de</strong> um Baptismo <strong>de</strong> adultos...O Baptismo das crianças é uma forma <strong>de</strong>ficiente <strong>de</strong> baptismo, é um baptismo inacabado, incompleto, que apela para um fim: a confissão <strong>de</strong> fé do próprio neófito". Devemos ainda dizer que o momento no qual se dá a fé que exige a iniciação cristã não é o da Primeira Comunhão ou <strong>de</strong> uma confirmação celebrada muito cedo. Ninguém nega que numa criança se possa dar uma verda<strong>de</strong>ira fé, e que essa fé começa a ser a resposta e a aceitação consciente do dom <strong>de</strong> Deus. Mas duvidamos muito <strong>de</strong> que essa fé se possa consi<strong>de</strong>rar, no sentido mais autêntico da expressão, como uma fé livre, capaz <strong>de</strong> optar, <strong>de</strong> ser consciente, <strong>de</strong> ter capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r o seu significado, <strong>de</strong> ser responsável, <strong>de</strong> ter luci<strong>de</strong>z suficiente para aceitar os compromissos e as suas consequências. Só quando uma pessoa é capaz <strong>de</strong> fazer uma opção fundamental com tudo o que isso significa é que é possível ter uma fé pessoal, consciente, livre e responsável, com tudo o que isso implica. Longe <strong>de</strong> nós cair num perfeccionismo ou puritanismo <strong>de</strong>sencarnado. Mas também longe <strong>de</strong> nós o <strong>de</strong>sconhecer a capacida<strong>de</strong> própria das crianças, atribuindo-lhes o que é próprio dos adultos. A Primeira Comunhão certamente que expressa uma situação <strong>de</strong> fé, consciente, livre e responsável, mas ao nível da criança, e não ao nível do adulto. A sua fé é uma fé em processo <strong>de</strong> crescimento, mas que ainda não chega a ser a fé plena <strong>de</strong> um iniciado. E assim como a Igreja não está chamada a ser uma Igreja <strong>de</strong> crianças, mas sim <strong>de</strong> adultos, também a fé <strong>de</strong> um iniciado à comunida<strong>de</strong> adulta não po<strong>de</strong> ser a fé da criança, mas sim uma fé suficientemente madura para po<strong>de</strong>r assumir as responsabilida<strong>de</strong>s da comunida<strong>de</strong> adulta. Esta é uma das razões fundamentais pela qual <strong>de</strong>vemos distinguir o termo "Primeira Comunhão" e "Eucaristia da comunida<strong>de</strong> adulta". Isto não vai contra o valor da primeira comunhão, mas que esta <strong>de</strong>ve estar orientada para a "segunda" a da comunida<strong>de</strong> adulta. Assim sendo, qual seria o momento mais apropriado da fé que exige a iniciação cristã? Na nossa opinião, a resposta não oferece dúvidas: é o momento da Confirmação-Eucaristia na comunida<strong>de</strong> adulta. É aí que se cumprirá o que diz Hans Kung: "o chamamento <strong>de</strong> Deus, que se proclamou no baptismo para a criança, é agora aceite conscientemente e a resposta é dada <strong>de</strong> maneira pública pelo jovem: a fé que os pais tinham antecipado no Baptismo, existe agora <strong>de</strong> forma real, como uma <strong>de</strong>cisão do jovem, livre, responsável e confessada publicamente no sentido <strong>de</strong> querer orientar a sua vida segundo os mo<strong>de</strong>los do Evangelho <strong>de</strong> Jesus Cristo. O Baptismo recebido no princípio pela criança, numa atitu<strong>de</strong> puramente
CONFIRMAR <strong>HOJE</strong> Catequeses <strong>de</strong> Preparação para o Crisma P á g i n a | 153 passiva, ganha agora eficácia mediante a aceitação activa da oferta <strong>de</strong> graça na fé expressa na actuação do jovem; o Espírito que foi infundido eficazmente no Baptismo, passa a ser agora uma realida<strong>de</strong> que <strong>de</strong>termina existencialmente a fé e a vida do jovem; a admissão na Igreja, que no Baptismo se prometeu essencialmente à criança consuma-se <strong>de</strong> maneira formal, isto é, ratifica-se agora com a aceitação expressa do jovem e concretiza-se com a sua admissão à celebração da Ceia" (A Confirmação como o culminar do Baptismo, Concilium 99/100, 1974, pp. <strong>11</strong>5-<strong>11</strong>8).