Tàpies e seus Corpos: um Olhar Sexuado Anníbal Montaldi - Unesp

quantitativo do trabalho e de sua rica iconografia, resolvi dedicar-me ao início de
sua produção — tempo em que ele busca a sua identidade como artista, quando
inicia a linguagem que se tornaria tão característica. É no período subseqüente à
Segunda Guerra Mundial, denominado como Segundo Pós-Guerra — final da
década de 40, durante a de 50 até início dos anos 60 — com as obras produzidas
na sua cidade natal, Barcelona. Afinal, nesse tempo é que foram inseridos em
suas obras os materiais que permearam a sua linguagem artística como um todo.
Tàpies é um poeta das palavras colocadas imageticamente em superfícies
que necessitam ser desveladas para que se possa compreender a sua linguagem.
Como pesquisador, parto das lacunas que acredito que necessitam ser
preenchidas para o entendimento dessa linguagem poético-artística criada e as
possíveis ligações da obra do artista com o pensamento vigente no período
analisado. A observação e sua descrição estão apresentadas partindo do meu
olhar de observador nas imagens produzidas e a percepção que capto sobre elas.
As questões que foram levantadas no trabalho e as possíveis conclusões são
provenientes do contato que estabeleci com a obra de Antoni Tàpies.
A presença marcante da gestualidade na obra pode ser considerada
quando o instrumento usado para a feitura de obra vai além do próprio e
prolonga-se para o corpo do artista. O pintor nesta gestualidade expressa o ato
corporal criativo. O artista a utiliza ao realizar a obra, sendo o resultado dessa
dependente desse ato gestual. A gestualidade apresentada não se refere somente
aos procedimentos por ele adotados, mas também abrange o uso de materiais
inusitados como suporte, instrumento e matéria como elemento ativo na sua
expressão.
Freqüentemente são encontradas nos livros referências sobre as obras e
uma intrínseca ligação com as questões do corpo físico, das relações que esse
corpo possui com o espaço e do prolongamento da imagem que extrapola o
suporte, apresentando as problemáticas referentes à existência humana. O corpo
está presente, sem se apresentar por inteiro, mas por meio da gestualidade e da
matéria aplicada.
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