Tàpies e seus Corpos: um Olhar Sexuado Anníbal Montaldi - Unesp

sua ida para New York. O diretor do Carnegie Institut, Georges Washburn, estava
de passagem por Barcelona e foi convidado para visitar a sua exposição, o que
lhe rendeu uma indicação posterior para fazer parte de uma exposição da mesma
instituição em Pittsburgh.
Dos anos passados em Paris, 1950 e 1951, Tàpies guardou a recordação de
muita solidão; a espera de notícias de seu grande amor, Teresa 49 (ver figura 22, p.
49); o frio intenso do inverno parisiense; a aproximação ao comunismo e à pintura
engajada na política; a desilusão com esse estilo de pintura — o realismo social —
pela disponibilização dela ao serviço do stalinismo; as diversas exposições e
galerias de arte; a frustração de não encontrar um marchand para as suas obras e
a aproximação com mestres de longa data, como Dalí — a quem não tinha grande
apreço —, Breton, Miró e a apresentação a Pablo Picasso, a quem sempre
admirou. Desse último, o apreço que possuía pelo pintor é ilustrativo por meio de
suas próprias palavras,
Fig. 21 – TÀPIES,
Antoni.
A Barbearia do
Condenado e o
Escolhido, 1950,
óleo s. tela, 97 x
130 cm. Coleção
Particular,
Barcelona.
49 Teresa Barba y Fàbregas é a primeira e única paixão de Tàpies que, ao conhecê-la, ela tinha 14
anos de idade. Apaixonaram-se instantaneamente. Só se casaram aproximadamente 10 anos
depois. Tàpies, em sua fala, destaca a presença de Teresa em sua vida, não somente no campo
amoroso, mas também como o cerne de toda a sua existência e apoio nos momentos críticos de
sua carreira e vida pessoal. Ela sempre foi o pilar de integridade a recordá-lo de suas convicções.
48