Tàpies e seus Corpos: um Olhar Sexuado Anníbal Montaldi - Unesp

Diderot a Einstein o Sartre, de Neruda a Miguel Hernández.”
(TÀPIES, 2003:281) 51
Outro dos entretenimentos preferidos de Tàpies durante esse
período foi a ida aos cinemas e cineclubes parisienses — graças ao baixo custo de
tais locais para quem era estudante. O contato com obras que estavam se
tornando a corrente cinematográfica européia, como o neo-realismo italiano,
com seus diretores de vanguarda, como Vitório De Sica ou Roberto Rossellini; o
conhecimento de filmes ainda não vistos, como Mèliés; ou o cinema alemão,
como Dreyer e rever ainda os clássicos soviéticos que já tinha visto durante o
período republicano na Catalunha, como Sergei Eisenstein; encheram os olhos do
artista de um outro universo.
E por último e bem provável que mais importante que os demais, as
Fig. 23 - FOUGERON, André.
Return from the Market, 1953, óleo
s. tela, 194,6 x 129,7cm. Tate
Gallery, Londres.
visitas aos museus e galerias de Paris. Visitou do
Musée du Louvre ao Jeu de Paume, ao Musée
Guimet e o Musée des Arts Modernes. Além das
exposições realizadas no Grand e Petit Palais.
Dentre as exposições de artistas, cita a de Dalí —
a quem o atendeu com entusiasmo — que,
segundo Tàpies, já havia retornado às raízes
figurativas e se vendido ao sistema tanto político,
quanto monetário e religioso; e a de Miró, onde
conheceu André Breton. Todavia, Tàpies recorda
de uma exposição em especial em seu livro, a de
André Fougeron (ver figura 23), pintor francês que
em meados dos anos 40 se filiou ao PCF (Partido
Comunista Francês). Essa exposição tornou-se
durante poucos dias um acontecimento que foi
51 “As leituras e a curiosidade sobre os pensadores e poetas que iria descobrindo naquela livraria
da Rue Racine, que me levou Cabral, ou na Hume, de que também me acompanhou, cresceram
com profusão naquele tempo. De Lao-Tse a Omar Kavyan ou Hilkmet, de Diderot a Einstein ou
Sartre, de Neruda a Miguel Hernández.” (Tradução livre do autor)
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