Tàpies e seus Corpos: um Olhar Sexuado Anníbal Montaldi - Unesp

que não foi desvelado. Apesar de tratar mais detalhadamente desta questão mais
adiante, o interesse intenso do artista pela literatura e pela filosofia foi uma
forma de estreitamento com uma de suas principais preocupações, o que está
inserido em uma mensagem e não explicitado, seja essa mensagem escrita ou
visual.
Fig. 5 – Índice do número de Natal da Revista
D’ací i d’allà, publicada em Barcelona, 1934.
“Lectura de ‘Enrique de Ofterdingen’, ‘El lago
de Imen’, ‘Tres titanes’, ‘La lucha contra el
demonio’ (…) Miguel Ángel, Beethoven,
Rembrandt, Hölderlin, Kleist, Nietzsche (…)
Prestigio de la locura, profundidad de aquellas
mentes que me parecía que podían llegar a
romper el velo que nos separa de la auténtica
verdad de las cosas.” (TÀPIES, 2003:157-8) 18
Não obstante, o interesse de
Tàpies pela arte se manifesta desde
cedo de um modo amplo, contudo ele
afirma que foi durante o período de
reclusão e recuperação de sua
enfermidade que realmente percebeu
a sua vocação 19 para as artes, ou pelo
menos, que era esse o ofício que
gostaria de exercer. No entanto, antes
mesmo dessa certeza, já praticava esse
olhar, aguçado para as artes visuais. Conforme já citado anteriormente, o
primeiro contato genuíno que — usando as suas palavras — o transtornara
mediante o fazer artístico e sua produção, foi a edição especial de inverno de
18 “Leitura de ‘Enrique de Ofterdingen’, ‘El Lago de Imen’, ‘Tres Titanes’, ‘La Lucha contra el
Demonio’ (...) Michelangelo, Beethoven, Rembrandt, Hölderlin, Kleist, Nietzsche (...) Prestígio
da loucura, profundidade daquelas mentes que podiam chegar a romper o véu que nos separa da
autêntica verdade das coisas”. (Tradução livre do autor).
19 A palavra vocação é usada pelo próprio artista, como assim a considera. Mas crê, também, em
herança cultural, já que cita a habilidade que sua avó materna possuía em pintura,
principalmente, aquarelas.
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