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Mortes Vitorianas:Corpos e luto no século XIX - Senac

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No caso das mulheres, limitavam-se a elas as capacidades restritas ao âmbito<br />

dos sentimentos: sensibilidade estética, solicitude, sabedoria materna, encantos sociais<br />

instintivos. Convenientemente, essa separação negava suas possibilidades de<br />

participação ativa e as mantinham distantes do direito do voto, do direito de freqüentar<br />

uma instituição de aprendizado superior ou possuir conta bancária independente, da<br />

igualdade <strong>no</strong>s processos de divórcio e de outros direitos considerados privativos dos<br />

homens. 28<br />

Na sociedade oitocentista triunfava uma moral do merecimento, na qual as<br />

biografias pessoais resumiam-se a uma sucessão de feitos, definidores do caráter de<br />

cada um. Aos homens, sua conduta em relação ao trabalho era <strong>no</strong>tadamente importante.<br />

Trabalhar para o burguês era um imperativo ético, um princípio ao qual deveria aderir<br />

como demonstração de seu caráter irrepreensível. Quanto mais trabalhasse, maior seria<br />

o reconhecimento de seu esforço.<br />

A família foi uma instituição altamente idealizada pelos vitoria<strong>no</strong>s. Na era dos<br />

talentos individuais, era o único grupo de interdependência legítima, considerado o<br />

motivo principal da busca de sucesso material. Diferentemente do espaço público, ali<br />

cada um tinha seus papéis pré-estabelecidos e não estava em concorrência com os<br />

outros. 29 A privacidade tornava-se um importante valor <strong>no</strong> Ocidente, 30 era a essencial<br />

separação entre a vida doméstica e o resto do mundo. O ambiente privado – o idílico e<br />

tranqüilo lar burguês - se constituiu como o local da máxima liberdade individual, e<br />

também da máxima solidão social.<br />

*<br />

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