Mortes Vitorianas:Corpos e luto no século XIX - Senac
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mais, os traços que corretamente consideramos como característicos dos vitoria<strong>no</strong>s não estavam<br />
confinados à Grã-Bretanha. (GAY, Peter. A experiência burguesa da rainha Vitória a Freud. São Paulo:<br />
Companhia das Letras, 1988, Volume 3, Página 11)<br />
É possível também falar em uma moral vitoriana, em conformidade com esse momento histórico. Essa<br />
seria um conjunto de valores que se impõem na sociedade após o período das revoluções (Revolução<br />
Francesa à Primavera dos Povos). O período de paz e progresso econômico e tec<strong>no</strong>lógico é dominado por<br />
uma moral que supõe bons costumes, puritanismo, seriedade, retidão, discrição. Uma moral muito rígida<br />
e, por isso, frequentemente considerada hipócrita por seus críticos mais audazes.<br />
26 A formação de uma cultura própria da classe média burguesa <strong>no</strong> <strong>século</strong> <strong>XIX</strong> é o tema do texto de Peter<br />
Gay do qual essa citação foi retirada. O pa<strong>no</strong> de fundo para os comentários do historiador é a vida e os<br />
escritos do romancista vienense Arthur Schnitzler. (GAY. O <strong>século</strong> de Schnitzler. Página 54.)<br />
27 O traje faz o homem, dizia um ditado alemão, e nenhuma época seguiu mais à risca tal idéia do que a<br />
época em que a mobilidade social poderia de fato colocar numerosas pessoas dentro da situação<br />
histórica inteiramente <strong>no</strong>va de desempenhar papéis sociais <strong>no</strong>vos (e superiores), tendo que usar as<br />
roupas apropriadas. (HOBSBAWM. Era do Capital. Página 321.) O papel do vestuário na sociedade<br />
vitoriana será longamente analisado <strong>no</strong> Capítulo 2 deste trabalho.<br />
28 GAY. O <strong>século</strong> de Schnitzler. Página 68.<br />
29 O ponto crucial era o de que a estrutura da família burguesa estava em direta contradição com a<br />
sociedade burguesa. Dentro dela, a liberdade, a oportunidade, o nexo do dinheiro e a busca do lucro<br />
individual não eram a regra. (...) Mas também pode ser que a desigualdade essencial sobre a qual o<br />
capitalismo se apoiava encontrasse uma expressão necessária na família burguesa. Precisamente porque<br />
não era baseada em desigualdades coletivas, institucionalizadas e tradicionais, a dependência precisava<br />
ser uma relação individual. Já que a superioridade era algo tão incerto para o indivíduo, ela precisava<br />
tomar uma forma que fosse permanente e segura. (HOBSBAWM. Era do capital. Página 334.)<br />
30 A concepção medieval de coletividade, mantida na maior parte da população durante o período<br />
moder<strong>no</strong>, entendia o homem como um elemento de um todo maior e mais importante, não deixando<br />
espaço para a necessidade de uma vida privada.<br />
31 HOBSBAWM. Era do capital. Página 328.<br />
32 A desmilitarização das cortes contribuía para criar uma atmosfera um pouco mais pacífica. Como<br />
acontece em todas as ocasiões em que homens são obrigados a renunciar à violência física, aumentou a<br />
importância social das mulheres. (...) A riqueza das grandes cortes dava à mulher a possibilidade de<br />
preencher seu tempo de ócio e dedicar-se a interesses de luxo. E assim, foi em tor<strong>no</strong> de mulheres que se<br />
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