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Baixar - Fundação Tarso Dutra

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generoso, chegando ao social como um episódico ensaio de amabilidade,<br />

apropriado para as horas livres. Nas horas ocupadas, impondo<br />

estruturas de dominação individual.<br />

4. IGUALDADE, UM DESAFIO<br />

O tema da igualdade é, por certo, um dos que mais desafia aqueles<br />

que se preocupam com as questões sociais. De fato, não é um assunto que<br />

"se possa deixar para lá" porque, queiramos ou não, ele surge quotidianamente<br />

perante nossos olhos, nossa consciência, nossa vida cristã, nosso<br />

ambiente político e nossa realidade econômica. Não existem duas<br />

pessoas iguais. Mesmo aquelas que vemos como "parecidas" diferem<br />

entre si em uma infinidade de aspectos. Deus não se repete. E as conseqüências<br />

dessa originalidade se multiplicam pela combinação de<br />

diferentes vontades e graus de liberdade com desigualdades físicas,<br />

psíquicas, emocionais e intelectuais. Ao criar com tão caprichosa<br />

variedade, Deus expressa determinados desígnios que relutamos em<br />

aceitar.<br />

Lendo-se essas revistas que se debruçam sobre as exuberantes<br />

prodigalidades dos bilionários, percebe-se que há uma intransponível<br />

desigualdade entre o nosso padrão de vida e o deles (bilhões de pessoas,<br />

se tivessem a possibilidade de olhar para mim - para mim! - experimentariam<br />

a mesma sensação, e isso me causa certo mal-estar). Ao contemplar<br />

as piruetas de um atleta olímpico nas barras paralelas, a fluência de<br />

um poeta repentista, o comovente desempenho de um bom ator, a<br />

virtuosidade de um pianista consagrado (e fico por aqui porque a lista é<br />

inesgotável) nota-se que, neles, sobram capacidades que não só nos<br />

faltam como nos fazem falta. Todos gostaríamos de tê-las. É justo, isso?<br />

E no entanto, sabemos que nós mesmos, o atleta, o ator, o bilionário, o<br />

virtuose e o poeta, somos iguais. Iguais em quê? Iguais na mesma<br />

dignidade.<br />

Liberdade, igualdade e fraternidade!, berrava a burguesia francesa<br />

enquanto secionava o pescoço dos cortesãos, abrindo caminhos para<br />

uma nova elite em que não se viram donas de casa nem padeiros. De fato,<br />

a igualdade e a simetria dos pratos da balança servem à justiça e nos<br />

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