Baixar - Fundação Tarso Dutra
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É exatamente pela inexistência de um bem efetivamente comum<br />
que os coletivismos resultam totalitários. Como o único bem que conta é<br />
o do coletivo dominante, as liberdades públicas e os direitos políticos -<br />
parte expressiva do bem comum das sociedades efetivamente<br />
democráticas - são surrupiados até o último resíduo pelos coletivismos,<br />
como condição indispensável a moldar um rebanho de servos submissos<br />
ao poder político. Este, por seu turno, cuida logo de entupir os ouvidos da<br />
massa informe com as mentiras de sua propaganda. E enquanto subtrai<br />
ao povo o bem comum interno lhe dá coesão através da maliciosa<br />
construção de um sinistro mal comum externo. Não é por acaso que<br />
todos os coletivismos foram à guerra.<br />
Podemos falar em bem comum genérico, envolvendo objetivos<br />
permanentes da sociedade: segurança, liberdade, justiça, ordem e<br />
progresso, bem como o conjunto do patrimônio cultural, moral e<br />
institucional. E em bem comum específico, que são os bens materiais<br />
(riquezas naturais, bens públicos de infra-estrutura, etc.) disponíveis à<br />
manutenção e consecução do bem comum genérico. Desta última<br />
divisão conceitual decorrem nitidamente os papéis próprios e diferentes<br />
do Estado e dos governos. Cabe ao Estado zelar pelo bem comum<br />
genérico e cabe aos governos o cuidado do bem comum específico.<br />
Mas isso tudo não é muito vago? indagará, talvez o leitor.<br />
Felizmente, sim. Porque é desse caráter vago que decorre a própria<br />
necessidade da política e da democracia. Se tudo fosse absolutamente<br />
objetivo e o bem comum algo cientificamente definido -como<br />
pretendiam e infelizmente ainda pretendem alguns profetas dos<br />
totalitarismos e da organização científica das sociedades -bastariam as<br />
estruturas burocráticas para colocar em marcha o Estado. Apele à sua<br />
memória, leitor: não foi exatamente isso o que passaram a dizer as<br />
esquerdas nacionais quando caiu o muro de Berlim e se desfez o mito do<br />
socialismo de estado? Não passaram elas a proclamar, tentando salvar os<br />
fundilhos da utopia, e diferentemente de quanto diziam antes, que fora o<br />
socialismo burocrático que caíra?<br />
Quando compareço a um jantar servido em forma de buffet,<br />
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