Cada vez mais presente nas prefeituras de todo o Brasil - Aequus ...
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crise, embora o setor tenha sofrido problemas financeiros<br />
por conta <strong>de</strong> perdas com <strong>de</strong>rivativos, o que implicou uma<br />
reestruturação societária e administrativa para equacionar<br />
seu endividamento.<br />
o setor <strong>de</strong> aços também foi severamente afetado com a<br />
paralisação inédita <strong>de</strong> dois dos três altos-fornos <strong>presente</strong>s<br />
na capacida<strong>de</strong> industrial instalada no estado. nesse<br />
caso, o mercado interno brasileiro foi capaz <strong>de</strong> atenuar os<br />
efeitos da interrupção momentânea da produção. parte da<br />
produção das laminadoras pô<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>stinada ao mercado<br />
interno, estimulado pela ativida<strong>de</strong> das indústrias <strong>de</strong> veículos<br />
e construção civil. Ambos os setores foram beneficiados<br />
por reduções tributárias temporárias. Mas, com efeito,<br />
somente com a gradual normalização do mercado externo<br />
foi possível retomar o nível <strong>de</strong> produção do setor.<br />
o setor exportador foi o <strong>mais</strong> importante elemento <strong>de</strong> contágio<br />
da crise e também o <strong>mais</strong> importante na recuperação.<br />
existem, contudo, assimetrias entre o <strong>de</strong>sempenho dos<br />
grupos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s exportadores e <strong>de</strong> pequenos e médios<br />
exportadores na dinâmica da recuperação. o primeiro<br />
grupo já retomou o volume <strong>de</strong> exportações observado<br />
antes da crise. o segundo ainda mantém vendas exter<strong>nas</strong><br />
abaixo daquele nível.<br />
As dificulda<strong>de</strong>s percebidas pelos gran<strong>de</strong>s exportadores<br />
foram conjunturais e dizem respeito a conformações<br />
recentes dos ciclos econômicos no contexto da crise<br />
mundial. para os pequenos exportadores fica patente que<br />
o <strong>de</strong>clínio da ativida<strong>de</strong> tem fundamentos <strong>mais</strong> estruturais<br />
e provavelmente reflete a mudança <strong>de</strong> preços relativos<br />
em favor, especialmente, da maior competitivida<strong>de</strong> chinesa.<br />
A valorização do real tal<strong>vez</strong> seja o elemento <strong>mais</strong><br />
emblemático <strong>de</strong>sse processo e realça o maior peso relativo<br />
do custo logístico, <strong>de</strong> capital e <strong>de</strong> mão <strong>de</strong> obra no<br />
<strong>Brasil</strong> vis-à-vis o mesmo na China. essa discrepância <strong>de</strong><br />
preços, em particular, prejudica em maior intensida<strong>de</strong> os<br />
setores comercializáveis com o exterior (tra<strong>de</strong>ables) e não<br />
associados a vantagens comparativas locais.<br />
As características dos ciclos <strong>de</strong> negócios no espírito<br />
santo nos trazem importantes reflexões sobre a crise<br />
recente. embora o nível <strong>de</strong> produção do estado já tenha<br />
voltado aos patamares anteriores à crise, não é possível<br />
afirmar que essa já passou. na verda<strong>de</strong>, eventos<br />
<strong>mais</strong> recentes na europa <strong>de</strong>scortinam uma etapa que<br />
será <strong>mais</strong> lentamente absorvida: a dos ajustes fiscais,<br />
particularmente necessários nos países <strong>de</strong>senvolvidos.<br />
para o espírito santo contabilizamos perda <strong>de</strong> riquezas<br />
superior a r$ 15 bilhões, equivalentes à queda da<br />
* Economista, Diretora Presi<strong>de</strong>nte do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN).<br />
ativida<strong>de</strong> nesse período e aos três trimestres perdidos<br />
em termos <strong>de</strong> crescimento.<br />
Algumas lições dos impactos da crise sobre a economia<br />
do espírito santo tornam-se importantes para o <strong>de</strong>senho<br />
<strong>de</strong> políticas públicas. em primeiro lugar, é necessário<br />
atentar para as mudanças geopolíticas <strong>de</strong>correntes da<br />
reorganização da economia mundial a partir da crise. A<br />
maior importância relativa da China, on<strong>de</strong> há escassez<br />
<strong>de</strong> recursos naturais, po<strong>de</strong> contribuir para aumentar<br />
continuadamente o valor das commodities, o que, ao<br />
mesmo tempo, restringe a competitivida<strong>de</strong> na área <strong>de</strong><br />
manufaturados. A rentabilida<strong>de</strong> dos negócios po<strong>de</strong> se<br />
<strong>de</strong>slocar lentamente, por algum período <strong>de</strong> tempo, para<br />
os setores produtores <strong>de</strong> bens básicos, comparativamente<br />
aos manufaturados tradicionais. persistirá, contudo, o<br />
valor adicionado crescente das inovações tecnológicas e<br />
dos serviços locais, não transacionáveis com o exterior<br />
(non-tra<strong>de</strong>ables).<br />
em segundo lugar, o espírito santo precisa estar atento<br />
para a direção dos novos paradigmas tecnológicos, que<br />
apontam para fontes <strong>de</strong> energia limpas e renováveis,<br />
e avaliar como aproveitar ao máximo as oportunida<strong>de</strong>s<br />
trazidas pelo ciclo do petróleo e gás. A direção das novas<br />
tecnologias po<strong>de</strong>rá restringir, no tempo, os benefícios<br />
<strong>de</strong>sse ciclo. Isso implica valorizar o investimento em<br />
educação - o que torna os indivíduos capazes <strong>de</strong> absorver<br />
tecnologias; nos serviços relacionados ao bem-estar e<br />
à qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida; e na construção <strong>de</strong> uma estrutura<br />
produtiva capaz <strong>de</strong> lidar com o fim do ciclo dos recursos<br />
naturais não renováveis. em terceiro lugar, por fim, é<br />
necessário fortalecer e criar instituições capazes <strong>de</strong> lidar<br />
<strong>de</strong> forma criativa com tamanhos <strong>de</strong>safios, assegurando<br />
transformações culturais na socieda<strong>de</strong>.<br />
In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong>ssas indicações para as estratégias<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> longo prazo, ficam lições<br />
bastante objetivas para o curto prazo. Consi<strong>de</strong>rando-se<br />
o comportamento dos ciclos <strong>de</strong> negócios do espírito<br />
santo, os governos estadual e municipais precisam se<br />
organizar para antevê-los e ajustar as finanças públicas<br />
para promoverem maior estabilida<strong>de</strong> ao crescimento local.<br />
ou seja: precisamos assegurar que as expansões gerem<br />
receitas que, em parte, <strong>de</strong>verão ser resguardadas para<br />
cobrir uma menor arrecadação <strong>de</strong> impostos durante as<br />
fases <strong>de</strong> contração. Assim, a responsabilida<strong>de</strong> fiscal e o<br />
aumento da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> investimento com recursos<br />
públicos estaduais, alcançados nos anos <strong>mais</strong> recentes,<br />
precisam ser assegurados <strong>de</strong> modo permanente para<br />
benefício das futuras gerações.<br />
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