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TD_António Rego.pdf - Universidade Aberta

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O tema que abordamos, “Crianças e Jovens maltratados e suas Famílias” é<br />

um tema actual, daí que a sua pertinência seja relevante: é um tema<br />

relativamente novo e do qual se fala e escreve abundantemente na nossa<br />

sociedade que parece ter recentemente despertado, não só envolta em<br />

moralismos, mas também em princípios éticos, para o facto dos maus-tratos em<br />

crianças.<br />

De um modo geral, todos sentimos necessidade de conhecer e combater as<br />

injustiças para com as crianças e jovens, nomeadamente. Talvez por isso, muitos<br />

de nós,individualmente sinta, sobretudo quando obtem sucesso, que vale a pena<br />

lutar por uma vida melhor, uma vida onde seja possível a auto-realização. Sem<br />

essa crença qualquer esforço não teria lugar ou seria inglório. No entanto, essa<br />

mesma crença num mundo justo, quando considerada no plano social, leva-nos<br />

frequente e insconscientemente a criar “bodes expiatórios” justificando e como<br />

que culpabilizando, desse modo, o comportamento das próprias vítimas<br />

inocentes, uma vez que, em tais casos se torna insuportável a dissonância<br />

cognitiva e a dor mental gerada. Vejamos através de um hipotético caso de abuso<br />

sexual: um sujeito, franzino, de 18/20 anos forçou uma jovem de 14/15 anos, bem<br />

constituída, a ter relações sexuais. Crime, diz a lei, mas o julgamento social não<br />

atribuirá a culpa à jovem vítima, pondo inclusivamente a hipótese de que foi ela<br />

quem seduziu o sujeito ou que, se não o seduziu também não se lhe opôs e<br />

consentiu?<br />

Com os fenómenos da globalização e da democracia muitos conceitos foram<br />

sujeitos a transformações como é o caso da noção de família ou de escola ou<br />

ainda, de educação. A família deixou de ser o lugar da “criação” que o provérbio<br />

“Quem dá o pão, dá a criação” significou. Com a globalização e a democracia tais<br />

alterações deram origem a novos tipos de famílias e de intervenções familiares,<br />

de lealdades entre os seus membros, de estruturas, de comunicação, onde a<br />

interculturalidade pontifica como exigência que não pode ser negligenciada.<br />

A pertinência do tema, se bem que fundamentado na actualidade, vai para<br />

além de uma hipotética e passageira moda sustentada por uma qualquer onda de<br />

moralismo social e de circunstância, pois inscreve-se nas preocupações<br />

manifestadas pela sociedade, na construção de um futuro com e para as crianças<br />

e jovens, com mais justiça, mais lucidez, mais segurança, liberdade, coresponsabilidade,<br />

desenvolvimento pessoal e sentimento de autonomia e auto-<br />

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