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TD_António Rego.pdf - Universidade Aberta

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porque um tal cuidado não lhe dava o estatuto social que tradicionalmente lhe era<br />

atribuído, que ela procurava manter e que, por isso, lhe competia.<br />

Bem diferente da família aristocrata era a família camponesa da idade<br />

média, tantas vezes desbastada por pilhagens, guerras e escaramuças, pelos<br />

maus anos agrícolas, pela peste e pela mortalidade infantil. A autoridade social já<br />

não estava no pai da família, como acontecia com a família aristocrata, mas sim<br />

na aldeia. Por vezes, viviam três gerações na mesma casa, mas isso não fazia<br />

com que a família fosse considerada uma família extensa.<br />

Como a autonomia social pertencia ao lugar e à aldeia, dado que o pai não<br />

podia garantir a sobrevivência da família, a privacidade familiar não tinha valor ou<br />

era coisa que se desconhecia. Uma das tarefas incómodas das mães<br />

camponesas era amamentar os seus filhos. E, assim sendo, era mínimo ou nulo o<br />

envolvimento emocional entre mãe e filho.<br />

Quanto a maus-tratos às crianças e jovens, uma das características desta<br />

época, era o espancamento das crianças pequenas que tivessem um<br />

comportamento considerado desobediente e que indiciasse autonomia ou desafio<br />

à autoridade. Assim, a criança era punida/batida e a sua família censurada, ou<br />

seja, a criança era punida/batida e envergonhada e com ela a sua família, perante<br />

as pessoas do seu meio, por não ter cumprido as normas da sua comunidade.<br />

Assim sendo, a criança desenvolvia um sentido de vergonha e de obediência à<br />

autoridade externa, às normas sociais da comunidade, inibidoras do seu eu.<br />

Curioso é ter-se constatado que, volvidos alguns séculos, permanece<br />

sobretudo no campo, uma tal cultura, que se manifesta, em tom triunfante, em<br />

costumeiras declarações como “nunca as mãos lhe doam, porque eu levei muitas,<br />

mas fizeram de mim um homem” e “só se perderam as que foram pelo ar”.<br />

Os hábitos higiénicos, tanto na família aristocrata como na camponesa, eram<br />

reduzidos e a vida sexual na fase genital era pouco controlada.<br />

Tanto na família aristocrata, patriarcal, como na família camponesa, mas<br />

sobretudo nesta, as crianças, pela educação que recebiam, identificavam-se mais<br />

com o meio do que, propriamente com os pais, mais com o ambiente dos<br />

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