universidade estadual paulista “julio de mesquita filho” – unesp ...
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De acordo com Schelling, pesquisadora do pensamento <strong>de</strong> Mário <strong>de</strong><br />
Andra<strong>de</strong>, os objetivos apontados esclarecem o teor <strong>de</strong>mocrático e suas<br />
preocupações em torno da cultura, aproximando o popular e o erudito na busca<br />
da elevação cultural do povo brasileiro, como expressou Mário <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>:<br />
Desse modo, as ativida<strong>de</strong>s e objetivos do <strong>de</strong>partamento<br />
<strong>de</strong> Cultura refletem não só o surgimento <strong>de</strong> um conceito<br />
“<strong>de</strong>mocrático” <strong>de</strong> cultura na socieda<strong>de</strong> brasileira, como também<br />
uma versão especifica <strong>de</strong>sse “novo” conceito <strong>de</strong> cultura,<br />
expresso no discurso <strong>de</strong> M. <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> como <strong>–</strong> nas palavras<br />
<strong>de</strong> Gramsci <strong>–</strong> “uma relação pedagógica” entre as várias<br />
dimensões que ele estava tentando sintetizar: o nacional e o<br />
universal, a cultura do “povo” e a cultura “erudita”, o mo<strong>de</strong>rno e<br />
o tradicional, a criativida<strong>de</strong> e a experimentação artística<br />
individual e a importância da arte no enriquecimento da vida da<br />
comunida<strong>de</strong>. (SCHELLING, 1991: 177)<br />
1.3 <strong>–</strong> A Semana <strong>de</strong> Arte Mo<strong>de</strong>rna <strong>de</strong> 1922<br />
Em 1922, nos dias 13, 15 e 17 <strong>de</strong> fevereiro, realizou-se no Teatro<br />
Municipal <strong>de</strong> São Paulo a conhecida Semana <strong>de</strong> Arte Mo<strong>de</strong>rna, primeira<br />
manifestação coletiva <strong>de</strong> arte mo<strong>de</strong>rna no país. Nesses dias, intelectuais,<br />
artistas plásticos, poetas e músicos ocuparam as escadarias, o saguão, e o<br />
palco do Teatro Municipal para apresentar ao público <strong>paulista</strong>no sua arte<br />
irreverente e provocativa, combatendo o aca<strong>de</strong>micismo e propondo um olhar<br />
mo<strong>de</strong>rnista que viria a ser conhecido como vanguarda mo<strong>de</strong>rnista. Na primeira<br />
noite, Graça Aranha, do centro do palco, anunciava para elite <strong>paulista</strong>na que<br />
outros “horrores” ainda estavam por vir, já que estavam escandalizados com os<br />
quadros <strong>de</strong> Anita Malfatti, os bronzes <strong>de</strong> Brecheret e os óleos <strong>de</strong> Di Cavalcanti<br />
na exposição do saguão <strong>de</strong> entrada. Dentre as cerca <strong>de</strong> 100 obras <strong>de</strong> vários<br />
artistas, estavam maquetes, plantas e <strong>de</strong>senhos arquitetônicos, esculturas <strong>de</strong><br />
bronze, mármore e ma<strong>de</strong>ira, além <strong>de</strong> quadros a óleo, <strong>de</strong>senhos, colagens e<br />
aquarelas.<br />
Nem as poesias <strong>de</strong>clamadas por Guilherme <strong>de</strong> Almeida e por Ronald <strong>de</strong><br />
Carvalho conseguiram diminuir o mal estar que só ia aumentando. A reação à<br />
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