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universidade estadual paulista “julio de mesquita filho” – unesp ...

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terceiro ano e em 1913 começa a lecionar piano no mesmo conservatório. A<br />

formação filosófica e política <strong>de</strong> Mário <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> é a da pequena e média<br />

burguesia <strong>paulista</strong> dos fins do século XIX e início do século XX. Sua família<br />

pertencia à média burguesia, bem dotada intelectualmente, conservadora,<br />

ligada às i<strong>de</strong>ias liberais da época e na fé do Catolicismo.<br />

Mário Andra<strong>de</strong> segue a orientação católica <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a mais tenra infância.<br />

O compromisso com a fé cristã é tão gran<strong>de</strong> que o leva a ser um congregado<br />

mariano. Durante seus estudos pe<strong>de</strong> licença à igreja para ler obras <strong>de</strong> Flaubert,<br />

Balzac, Heine, Maeterlinck e o Dicionário <strong>de</strong> Larousse.<br />

Segundo Ancona Lopez, Mário inicia sua poesia ligada à fé cristã e aos<br />

anseios liberais:<br />

É preciso ressaltar nos primeiros anos do escritor o<br />

peso da a<strong>de</strong>são real e inabalável à doutrina católica. Essa<br />

a<strong>de</strong>são contudo não o leva a exprimir sua fé através da poesia<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>voção , <strong>de</strong> caráter religioso, mas à tentativa <strong>de</strong> ligar os<br />

aspectos sociais da doutrina Cristã aos anseios liberais<br />

bebidos no lar. É por essa razão que se i<strong>de</strong>ntifica com os<br />

poetas espiritualistas <strong>de</strong> orientação social e que em “Há uma<br />

gota <strong>de</strong> sangue em cada poema”, (1917) seu primeiro livro,<br />

manifesta clara influência unanimista. (ANCONA LOPEZ, 1972:<br />

22)<br />

Seu primeiro livro, inspirado na primeira guerra mundial, trazia <strong>de</strong> fato<br />

uma gota <strong>de</strong> sangue como ilustração <strong>de</strong> cada poema, apresentando a<br />

concepção do poeta pacifista que procura enten<strong>de</strong>r o mundo e a humanida<strong>de</strong><br />

como um socialista utópico. Nesses escritos aparece a visão antibélica, on<strong>de</strong> o<br />

enfoque crítico contra a guerra fica latente no poema final Os Carnívoros.<br />

Nesse poema, a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> terra fecundada pelo sacrifício<br />

do homem, o campo <strong>de</strong> batalha brotando em campo <strong>de</strong> trigo e<br />

a antropofagia consequente e involuntária po<strong>de</strong>m à primeira<br />

vista parecer influência <strong>de</strong> Augusto dos Anjos. A hipótese seria<br />

confirmada remotamente, não fosse o conhecimento que Mario<br />

tem da poesia <strong>de</strong> Jules Romains. Em La vie unanime o<br />

cientificismo espalha células e neurônios, ao mesmo tempo<br />

que o poeta apresenta paisagens <strong>de</strong> constantes campos <strong>de</strong><br />

trigo. Além disso, a i<strong>de</strong>ia po<strong>de</strong>ria ser uma contaminação, ao<br />

inverso, com a Eucaristia. A Comunhão oferece ao católico a<br />

participação em Cristo, ingerida na hóstia, pão da vida. Em<br />

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