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VJ OUT 2008.p65 - Visão Judaica

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22<br />

VISÃO JUDAICA outubro de 2008 Tishrê / Cheszvan 5769<br />

rofundamente abalada<br />

pelos atentados de 11 de<br />

setembro de 2001, a sociedade<br />

norte-americana<br />

perguntou-se sobre o motivo<br />

pelo qual ela era tão<br />

odiada no Oriente Médio. Uma das<br />

conclusões a que chegou foi que os<br />

árabes e os muçulmanos estavam contaminados<br />

por uma propaganda maliciosa<br />

e difamatória que emanava diariamente<br />

dos jornais que eles liam, das<br />

rádios que ouviam e da televisão que<br />

viam. Os meios de comunicação de<br />

massa da região estavam tão infestados<br />

de teorias conspiratórias antiamericanas<br />

e tão saturados de sentimentos<br />

visceralmente hostis aos EUA, que<br />

uma maneira de reverter essa impressão<br />

negativa seria brindar as audiências<br />

árabes com a possibilidade de ver<br />

e ouvir notícias e opiniões sustentadamente<br />

divergentes das postuladas<br />

pelo consenso jornalístico da região.<br />

Com esse propósito, um canal de<br />

televisão via satélite em língua árabe<br />

foi criado pelo governo norte-america-<br />

O escândalo da TV Al-Hurra<br />

Julián Schvindlerman *<br />

* Julián é argentino, licenciado em Administração pela Universidade de<br />

Buenos Aires e Mestre em Ciências Sociais da Universidade Hebraica<br />

de Jerusalém. Analista político, é o autor de "Tierras por paz, Tierras<br />

por Guerra". Colaborador do jornal The Miami Herald e da publicação<br />

Comunidades, periódico judaico-argentino do qual foi correspondente<br />

em Washington e em Jerusalém. Seus artigos têm sido publicados em<br />

diversos meios de comunicação internacionais como Haaretz,<br />

Jerusalem Report, Washington Times, Middle East Quarterly,<br />

Midstream, El Nuevo Herald, Clarín e El Cronista, assim como em<br />

revistas das comunidades judaicas da Espanha e da América Latina.<br />

Deu conferências na Argentina, México e Israel, e foi entrevistado por<br />

programas de rádio e TV na Argentina e nos Estados Unidos. Foi<br />

diretor executivo adjunto de United Nations Watch, uma ONG suíça<br />

dedicada ao monitoramento da ONU em Genebra. O presente artigo foi<br />

publicado no site www.porisrael.org de Dori Lustron.<br />

no. Oficialmente lançado em fevereiro<br />

de 2004 sob o nome de Al-Hurra (O<br />

Livre) e com um orçamento anual de<br />

US$ 70 milhões, este meio serviria<br />

como plataforma para a divulgação de<br />

notícias, comentários e opiniões alternativas<br />

às tradicionalmente difundidas<br />

nos meios árabes. Sua missão sería<br />

denunciar as violações dos direitos<br />

humanos na região, expôr casos<br />

de corrupção, promover a paz, apoiar<br />

a democracia, e contra-argumentar as<br />

distorções relativas aos Estados Unidos<br />

da América. Coisa que esteve fazendo<br />

muito bem até novembro de<br />

2006, oportunidade na qual seu diretor<br />

Mouafac Harb - um muçulmano<br />

nascido no Líbano - foi substituído por<br />

Larry Register; um norte-americano exprodutor<br />

da CNN. Desde então, as novas<br />

decisões editoriais provocaram<br />

uma guinada de 180 graus na cobertura<br />

da Al-Hurra, dando-lhe - por mais<br />

incrível que isto pareça - um viés visivelmente<br />

pró-islamista e anti norteamericano.<br />

Tão radical foi a mudança<br />

no conteúdo deste canal via satélite,<br />

que dois deputados (um republicano<br />

de Indiana e um democrata da Flórida)<br />

pediram à Secretária de Estado<br />

Condoleeza Rice que ordene uma investigação<br />

a respeito, tanto que o parlamentar<br />

reformista e secular iraquiano<br />

Mithal al-Alusi comentou: "Até<br />

agora, estávamos tão felizes com a Al-<br />

Hurra... Mas não mais".<br />

A gota que entornou o vaso da tolerância<br />

a respeito da autoflagelação<br />

do Sr. Register (tão típica, sublinhemos,<br />

dos jornalistas progressistas da<br />

CNN) foi a cobertura ao vivo e total,<br />

durante mais de 70 minutos, de um discurso<br />

virulento do líder do Hezbolá Hasan<br />

Nasrallah, seguida de um comen-<br />

tário por parte de um funcionário libanês<br />

que criticou Nasrallah por não ter<br />

sido suficientemente anti-israelense e<br />

anti norte-americano. Segundo Joel<br />

Mowbray - um jornalista independente<br />

que denunciou todo este assunto,<br />

originalmente nas páginas do The Wall<br />

Street Journal - isto não fazia mais que<br />

afirmar uma nova política editorial de<br />

dar cobertura amigável aos terroristas<br />

da Al-Qaeda e do Hamas, cujos exageros,<br />

falsidades ou difamações raras<br />

vezes eram questionadas. Por exemplo,<br />

quando em 9 de fevereiro último,<br />

os palestinos protestaram com violência<br />

as construções que a Prefeitura de<br />

Jerusalém passou a fazer para melhorar<br />

a segurança no Monte do Templo,<br />

a Al-Hurra realizou uma cobertura de<br />

"notícias de último momento" de quase<br />

duas horas, superando assim em<br />

meia hora a rede Al-Jazeera, e assegurou-se<br />

para que Ikrima Sabri, o imã<br />

da mesquita Al-Aqsa e ex-mufti de Jerusalém<br />

designado na ocasito por Yasser<br />

Arafat, tivesse o espaço suficiente<br />

para acusar Israel de disparar armas<br />

e lançar bombas dentro da mesquita<br />

e depois proibir a entrada de<br />

médicos para auxiliar os feridos. Alguns<br />

meses antes, em 12 de dezembro<br />

de 2006, a Al-Hurra esteve presente<br />

en Teerã na ocasião da conferência<br />

negacionista, dando espaço a famosos<br />

negadores tais como o norte-americano<br />

David Duke e o francês Robert<br />

Faurrison, os quais propagaram suas<br />

posturas mentirosas sem ser interpelados<br />

pelo correspondente da Al-Hurra<br />

que, de sua parte se referiu aos críticos<br />

destes negadores como "defensores<br />

do Holocausto". (Ficaram para<br />

trás os tempos de Mouafac Harb quando<br />

a Al-Hurra cobriu o 60º aniversário<br />

da libertação de Auschwitz e entrevistou<br />

Elie Wiesel; algo vanguardista para<br />

um canal de TV em língua árabe). Segundo<br />

informou Joel Mowbray, seis<br />

semanas mais tarde, em 20 de janeiro<br />

do corrente ano, a Al-Hurra exibiu um<br />

especial sobre os Neturei Karta, o excêntrico<br />

grupo de judeus ultraortodoxos<br />

que participaram da reunião de<br />

negadores na capital iraniana, dando<br />

entrevistas nas quais eles asseguravam<br />

que "os sionistas" haviam queimado<br />

suas sinagogas, novamente,<br />

sem questionamento algum por parte<br />

do correspondente deste canal via satélite,<br />

que além do mais, afirmou que<br />

o Neturei Karta possuía mais de um<br />

milhão de membros quando na realidade<br />

possui apenas uns millares de<br />

simpatizantes, tal como indica o próprio<br />

website desse grupo. Poderíamos<br />

continuar, mas o panorama já é claro.<br />

Esta é a história de como um canal<br />

estabelecido para atuar como contrapeso<br />

à propaganda anti-ocidental da<br />

Al-Jazeera e da Al-Arabiya, acabou se<br />

transformando num competidor destes<br />

canais na promoção do anti-ocidentalismo<br />

islamista. O equivalente histórico<br />

a este fato seria imaginar que a Rádio<br />

Free Europe durante a Guerra Fria<br />

fizesse uma cobertura benigna ao Kremlin,<br />

ou a BBC oferecendo espaço aos<br />

nazistas para criticar Winston Churchill<br />

durante a Segunda Guerra Mundial. Tal<br />

como assinalou um editorial do Wall<br />

Street Journal: "A Al-Hurra pode ser uma<br />

ferramenta útil na batalha das idéias<br />

que é crucial para a guerra contra o<br />

extremismo islâmico. Mas se ela e também<br />

suas emissões irão meramente<br />

prover outra plataforma para a propaganda<br />

anti norte-americana, quem precisa<br />

delas?".<br />

Síria entrega proposta para acordo de paz com Israel<br />

O presidente da Síria, Bashar Assad,<br />

revelou dia 4/9, que Damasco entregou<br />

aos mediadores turcos o esboço de uma<br />

proposta para a paz com Israel e informou<br />

que seu governo aguarda a resposta<br />

israelense para que o próximo passo<br />

possa ser a realização de negociações<br />

diretas. No entanto, o líder sírio anunciou<br />

que a próxima reunião de negociações<br />

indiretas entre seu país e Israel,<br />

que aconteceria na Turquia, foi adiada<br />

em função da renúncia do chefe da<br />

equipe de negociação israelense e depende<br />

de quem será o próximo premiê<br />

e de sua intenção de fazer ou não a paz<br />

com a Síria.<br />

O primeiro-ministro de Israel, Ehud<br />

Olmert, anunciou que estava demissionário<br />

do cargo em setembro, assim que<br />

seu partido, o Kadima, definisse quem<br />

o sucederia, no caso Tzipi Livni. Olmert<br />

é investigado em um caso de corrupção.<br />

Conseqüentemente, a incerteza políti-<br />

ca em Israel afeta o andamento dos contatos<br />

de paz tanto com os sírios quanto<br />

com os palestinos.<br />

O governo israelense recusou-se a<br />

emitir comentário sobre o anúncio de<br />

Assad. As negociações entre Damasco e<br />

Tel-Aviv têm sido realizadas por intermédio<br />

do governo da Turquia.<br />

Em conversa com jornalistas em<br />

Damasco, Assad observou também<br />

que as negociações diretas talvez tenham<br />

que esperar a posse do próximo<br />

presidente dos Estados Unidos, em janeiro<br />

do ano que vem, num reconhecimento<br />

explícito à importância do<br />

apoio americanos às negociações. Ele<br />

não forneceu mais detalhes.<br />

Os comentários do presidente sírio<br />

foram feitos na abertura de uma reunião<br />

de cúpula com líderes da França, da Turquia<br />

e do Qatar sobre a estabilidade e a<br />

paz no Oriente Médio. A Síria pede a Israel<br />

que lhe devolva as Colinas de Go-<br />

lan, tomadas em 1967, e insiste que as<br />

negociações de paz só darão certo com<br />

mediação americana. Mas isto é improvável<br />

sob o presidente George W. Bush,<br />

que acha a Síria um aliado do Irã e de<br />

grupos hostis aos interesses de seu país.<br />

Colinas Colinas de de Golan Golan<br />

Golan<br />

Israel e Síria são inimigos e as tentativas<br />

de alcançar a paz fracassaram várias<br />

vezes no passado, a última delas em<br />

2000. Houve três guerras entre ambos,<br />

além de combates no Líbano. A paz com<br />

a Síria exigiria de Israel a retirada das<br />

Colinas de Golan, uma área estratégica<br />

capturada em 1967, na Guerra dos Seis<br />

Dias, e depois anexada. Hoje, as colinas<br />

são moradia de 18 mil israelenses, e<br />

quase o mesmo número de árabes drusos,<br />

que se consideram cidadãos sírios.<br />

As forças dos dois países são separadas<br />

por capacetes azuis das Nações Unidas.<br />

Os israelenses em geral consideram<br />

o Golan uma importantezonatampão<br />

contra um<br />

eventual ataque<br />

da Síria. Com seus<br />

vinhedos e pequenas<br />

pousadas,<br />

a região também é<br />

uma atração popular<br />

entre os turistas<br />

israelenses.<br />

Israel, por sua<br />

vez, quer que a Síria<br />

- que oferece<br />

refúgio para grupos<br />

militantes<br />

como o Hamas e a<br />

As colinas de Golan, exigência da Síria para<br />

Jihad Islâmica e<br />

firmar a paz com Israel<br />

apóia o grupo libanês<br />

xiita Hezbolá - se distancie dessas organizações<br />

e também do Irã. Essas condições,<br />

porém, parecem ter sido retiradas<br />

ou ao menos flexibilizadas no momento.

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