VJ OUT 2008.p65 - Visão Judaica
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4<br />
* Daniel Pipes é<br />
diretor do Fórum do<br />
Oriente Médio e<br />
colunista premiado<br />
dos jornais New York<br />
Sun e The Jerusalem<br />
Post. Este artigo foi<br />
publicado no The<br />
Jerusalem Post em 25<br />
de setembro de 2008<br />
e o original em inglês<br />
Appease Iran? Esta<br />
também publicado no<br />
site http://<br />
pt.danielpipes.org/<br />
article/5933 Tradução<br />
de Joseph Skilnik.<br />
VISÃO JUDAICA outubro de 2008 Tishrê / Cheszvan 5769<br />
epois de Hitler, a política de<br />
apaziguar ditadores - ridicularizada<br />
como alimentar<br />
um crocodilo por Winston<br />
Churchill, na esperança de<br />
ser a última vez - parecia estar<br />
permanentemente desacreditada.<br />
Entretanto esta política tem desfrutado<br />
algum sucesso e continua hoje<br />
sendo uma viva tentação no trato<br />
com a República Islâmica do Irã.<br />
Há muito tempo que acadêmicos<br />
têm desafiado a simples vilificação<br />
do apaziguamento. Já em<br />
1961, A.J.P. Taylor, da Oxford, justificou<br />
os esforços de Neville Chamberlain,<br />
ao passo que Christopher<br />
Layne, do Texas A&M, presentemente<br />
sustenta que Chamberlain "fez o<br />
melhor que pôde com as cartas que<br />
tinha". Daniel Treisman, cientista<br />
político da UCLA, acha a suposição<br />
geralmente aceita contra o apaziguamento<br />
de ser "forte demais"<br />
enquanto seu colega da Universidade<br />
da Flórida, Ralph B. A. Dimuccio<br />
a chama de "simplista".<br />
Neville Chamberlain declarou erroneamente<br />
"paz para o nosso tempo"<br />
no dia 30 de setembro de 1938.<br />
Talvez a forma mais convincente<br />
de tratar a tese pró-apaziguamento,<br />
do historiador britânico Paul M. Kennedy,<br />
que leciona na Universidade de<br />
Yale, é a sua proposição de que o apaziguamento<br />
tem uma longa e crível<br />
história. No seu artigo de 1976, "A<br />
Tradição de Apaziguamento na política<br />
externa britânica, 1865-1939",<br />
Kennedy definiu apaziguamento<br />
As Memórias do Livro<br />
Geraldine Brooks - Ediouro<br />
Daniel Pipes *<br />
<strong>VJ</strong> INDICA<br />
Inspirado na história verídica da Hagadá de Sarajevo, As Memórias<br />
do Livro é ao mesmo tempo um romance com importantes e envolventes<br />
fatos históricos e profunda intensidade emocional, num ambicioso<br />
e eletrizante trabalho realizado por uma premiada e aclamada<br />
escritora. Um raríssimo manuscrito judeu medieval, a Hagadá<br />
- que reconta o Êxodo cercado de ricas ilustrações, apesar das<br />
restrições rabínicas a elas -, reaparece na Bósnia em 1996. Este é o<br />
ponto de partida de "As Memórias do Livro - Romance sobre o<br />
Manuscrito de Sarajevo". Para recuperá-lo, Hanna Heath, uma<br />
restauradora australiana, viaja a Sarajevo a pedido da ONU, onde<br />
tenta desvendar vários mistérios que cercam a obra, entre eles<br />
como sobreviveu a séculos de anti-semitismo na Europa e quem<br />
teriam sido as pessoas que o preservaram em vários países. A<br />
última delas, um bibliotecário muçulmano, vira o objeto de paixão<br />
de Hanna. Australiana, Geraldine Brooks, que é também jornalista - cobriu conflitos<br />
no Oriente Médio, África e Bálcãs para o "The Wall Street Journal" -, recebeu em 2006<br />
o Pulitzer por "March", ainda não traduzido.<br />
Apaziguar o Irã?<br />
como um método de resolver disputas,<br />
"admitir e saciar queixas através<br />
de negociações racionais e fazer concessões,<br />
evitando assim os horrores<br />
de guerra". Consiste numa abordagem<br />
otimista, observa ele, presumindo<br />
que os seres humanos sejam razoáveis<br />
e pacíficos.<br />
Desde o ministério do primeiroministro<br />
William Gladstone até ser<br />
desacreditado no final dos anos trinta,<br />
apaziguamento era, na descrição<br />
de Kennedy, "um termo perfeitamente<br />
respeitável" e até mesmo<br />
"uma forma particularmente britânica<br />
de diplomacia", serviu bem ao<br />
caráter e circunstâncias do país. Kennedy<br />
acha que a política tem quatro<br />
bases quase-permanentes, das quais,<br />
todas se aplicam especialmente bem<br />
aos Estados Unidos de hoje:<br />
Moral: Depois que o movimento<br />
evangélico varreu a Inglaterra no<br />
início do século XIX, a política externa<br />
britânica tinha uma forte<br />
necessidade de resolver disputas<br />
de forma razoável e não-violenta.<br />
Econômica: Como líder do comércio<br />
mundial, o Reino Unido tinha<br />
o interesse nacional vital de evitar<br />
interrupções comerciais das<br />
quais iria sofrer de forma desproporcionada.<br />
Estratégica: O império global britânico<br />
denotava que era super extenso<br />
(tornando-o, nos termos de<br />
Joseph Chamberlain, um "titã cansado");<br />
conseqüentemente, tinha<br />
que escolher cuidadosamente<br />
suas batalhas, fazendo da concessão<br />
um modo rotineiro e aceitá-<br />
LIVRO<br />
vel de lidar com os problemas.<br />
Doméstica: A extensão da área do<br />
monopólio fez da opinião pública<br />
um fator cada vez maior na sua<br />
tomada de decisões e o público<br />
não gostava de guerras, especialmente<br />
as dispendiosas.<br />
Como resultado, durante mais de<br />
sete décadas, Londres prosseguiu,<br />
com raras exceções, com uma política<br />
externa que era "pragmática, conciliatória,<br />
e razoável". Mais uma vez<br />
e mais outra vez, as autoridades<br />
achavam que "o acordo pacífico de<br />
disputas era muito mais vantajoso<br />
para a Inglaterra do que o recurso da<br />
guerra". Em particular, o apaziguamento<br />
influenciou de maneira contínua<br />
a política britânica em relação<br />
aos Estados Unidos (por exemplo, em<br />
relação ao Canal do Panamá, as fronteiras<br />
do Alasca, a América Latina<br />
como esfera de influência dos Estados<br />
Unidos) e o império alemão (a<br />
proposta do "feriado naval", as concessões<br />
coloniais e as restrições nas<br />
relações com a França).<br />
Kennedy julgava esta política de<br />
forma positiva, como útil no manejo<br />
das relações exteriores do estado<br />
mais poderoso do mundo durante<br />
décadas e "encapsula muitos dos<br />
melhores aspectos da tradição política<br />
britânica". Se não foi um sucesso<br />
brilhante, o apaziguamento<br />
permitiu a Londres acomodar a influência<br />
da expansão de seus rivais<br />
não-ideológicos como os Estados<br />
Unidos e a Alemanha Imperial, que<br />
em geral poderiam ser levados em<br />
conta quanto à aceitação de conces-<br />
sões sem ficarem inflamados. Desta<br />
forma, reduziu a velocidade do<br />
suave declínio do Reino Unido.<br />
Porém, após 1917 e a Revolução<br />
Bolchevique, as concessões falharam<br />
em aplacar um novo tipo de inimigo,<br />
motivado ideologicamente - Hitler<br />
nos anos trinta, Brezhnev nos<br />
anos setenta, Arafat e Kim Jong-Il nos<br />
anos noventa e agora, Khamenei e<br />
Ahmadinejad. Estes ideólogos exploram<br />
as concessões e desonestamente<br />
oferecem um quid pro quo que<br />
não pretendem cumprir. Abrigando<br />
aspirações para uma hegemonia global,<br />
eles não podem ser apaziguados.<br />
Fazer concessões a eles equivale a<br />
alimentar o crocodilo.<br />
O apaziguamento atrai nos dias de<br />
hoje a psique ocidental moderna a<br />
despeito de sua anormalidade, que<br />
surge inevitavelmente quando os estados<br />
democráticos enfrentam inimigos<br />
ideológicos agressivos. Com referência<br />
ao Irã, por exemplo, George W.<br />
Bush pode ter bravamente condenado<br />
"o falso conforto do apaziguamento,<br />
desacreditado repetidamente<br />
através da história", mas o editor<br />
Michael Rubin do Middle East Quarterly<br />
discerne corretamente as realidades<br />
da política dos Estados Unidos,<br />
"agora Bush está apaziguando o Irã".<br />
Resumindo, a política de apaziguamento<br />
vem se estendendo por<br />
um século e meio, desfrutou algum<br />
sucesso e sempre permanece viva.<br />
Mas com inimigos ideológicos deve<br />
ser conscientemente rechaçada,<br />
para que as lições trágicas dos anos<br />
trinta, anos setenta e anos noventa<br />
não sejam ignoradas. E repetidas.<br />
Nazista condenado a<br />
4 anos de prisão no Chile<br />
A Corte Suprema do Chile confirmou a condenação a quatro anos de prisão<br />
do ex-cabo nazista Paul Schaefer, fundador de uma colônia de imigrantes<br />
alemães no sul do país, por posse e uso ilegal de armas de fogo, informou<br />
uma fonte judicial à agência France Presse.<br />
A sentença foi proferida de forma unânime pelos cinco juízes que integram<br />
a segunda sala da Corte Suprema do Chile. Paul Schaefer, 86, mantinha<br />
um arsenal bélico na Colônia Dignidade, que fundou na década de 60 numa<br />
zona montanhosa localizada cerca de 350 km ao sul de Santiago. Também<br />
foram condenados Karl Van Den Berg Schurmann e Kurt Schnellekamp, dois<br />
dos principais colaboradores de Schaefer. Ambos pegaram dois anos e 300<br />
dias de prisão.<br />
Detido em março de 2005, o ex-cabo nazista já está cumprindo uma pena<br />
de 20 anos de prisão por abusos sexuais cometidos contra mais de 20 crianças.<br />
Ele também é acusado de ter seqüestrado e matado um dirigente de<br />
esquerda durante a ditadura de Augusto Pinochet.<br />
A justiça comprovou que Schaefer colaborou com o regime de Pinochet, e<br />
que o ditador chileno utilizou a Colônia Dignidade como centro de detenções e<br />
tortura de opositores. Em junho de 2005, foram encontrados na colônia dois<br />
contêineres cheios de armas automáticas, lança-foguetes, granadas e diversos<br />
equipamentos explosivos. (France Presse).