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Estudo dos mecanismos de degradação em revestimentos PVD ...

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Luís António Carvalho Gachineiro da Cunha<br />

<strong>Estudo</strong> <strong>dos</strong> <strong>mecanismos</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradação <strong>em</strong><br />

<strong>revestimentos</strong> <strong>PVD</strong> basea<strong>dos</strong> <strong>em</strong> nitretos<br />

metálicos no processamento <strong>de</strong><br />

materiais plásticos<br />

UNIVERSIDADE DO MINHO<br />

BRAGA 2000


Universida<strong>de</strong> do Minho<br />

Escola <strong>de</strong> Ciências<br />

Departamento <strong>de</strong> Física<br />

<strong>Estudo</strong> <strong>de</strong> mecanismo <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradação <strong>em</strong> <strong>revestimentos</strong> <strong>PVD</strong> basea<strong>dos</strong><br />

<strong>em</strong> nitretos metálicos no processamento <strong>de</strong> materiais plásticos<br />

Tese <strong>de</strong> Doutoramento <strong>em</strong> Ciências - Área <strong>de</strong> conhecimento <strong>em</strong> Física<br />

Maio 2000


Ao Luís<br />

À Fernanda<br />

Aos meus pais<br />

Aos meus amigos


“W. James costumava pregar a “vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> acreditar”.<br />

Pela minha parte, gostaria <strong>de</strong> pregar “o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> duvidar”[...].<br />

Aquilo que é preciso não é a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> acreditar, mas o <strong>de</strong>sejo<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>scobrir, que é exactamente o contrário.”<br />

Bertrand Russell, Ensaios Cépticos


Agra<strong>de</strong>cimentos<br />

O autor <strong>de</strong> uma tese <strong>de</strong> doutoramento é o doutorando e cabe-lhe a tarefa <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r o trabalho que apresenta. No entanto to<strong>dos</strong> sab<strong>em</strong> que este tipo <strong>de</strong> trabalho é<br />

impossível se não houver outras pessoas que, <strong>de</strong> diversos mo<strong>dos</strong>, colabor<strong>em</strong> para que ele<br />

possa ser conseguido. Neste sentido não posso <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> manifestar o meu<br />

agra<strong>de</strong>cimento:<br />

Ao Professor Doutor Martin Andritschky, meu orientador científico, por se ter<br />

disponibilizado a aceitar-me como estudante <strong>de</strong> doutoramento, pela contribuição da sua<br />

experiência e conhecimento, pelas sugestões apresentadas, pela clarificação <strong>de</strong> caminhos<br />

a percorrer e <strong>de</strong> me ter proporcionado os meios <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r contactar com especialistas da<br />

área do conhecimento <strong>em</strong> que se enquadra esta tese. Não posso também <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong><br />

manifestar a amiza<strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrada.<br />

To Doctor Adam Zarychta for friendship. I also want to thank him the help with<br />

mechanical and tribological tests and also for performing injection moulding machine<br />

experiments.<br />

Ao Doutor Luís Rebouta pela amiza<strong>de</strong> e pelas análises RBS, pelas imagens AFM,<br />

pelas medidas <strong>de</strong> dureza <strong>em</strong> algumas amostras e pelas frutuosas conversas.<br />

To Doctor Kaj Pischow and Rosa Aimo by the kind way I was received in<br />

Mikkeli (Finland). I also thank Doctor Kaj Pischow for the opportunity of using the<br />

nanoin<strong>de</strong>nter and AFM equipments of Savcor Coatings Oy.<br />

To Doutor Zonghuai Wang (Savcor Coatings Oy) by hardness and Young’s<br />

modulus measur<strong>em</strong>ents with nanoin<strong>de</strong>nter and for the AFM images.<br />

Ao Doutor António Augusto Magalhães da Cunha, do Departamento <strong>de</strong><br />

Engenharia <strong>de</strong> Polímeros, pela cedência da máquina <strong>de</strong> injecção para efectuar os testes<br />

<strong>em</strong> condições <strong>de</strong> processamento <strong>de</strong> plásticos.<br />

Ao Doutor António Augusto Sousa Miranda, do Departamento <strong>de</strong> Engenharia<br />

Mecânica, pela cedência do equipamento para ensaios <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste.<br />

Ao Professor Doutor Manuel Pereira <strong>dos</strong> Santos pela cedência do forno para as<br />

experiências <strong>de</strong> corrosão e pelos incentivos.<br />

Doutor Luís Rocha, do Departamento <strong>de</strong> Engenharia Mecânica da UM, pela<br />

cedência <strong>de</strong> equipamento e material para a realização <strong>de</strong> experiências <strong>de</strong> corrosão <strong>em</strong><br />

solução aquosa e do equipamento que permitiu efectuar as experiências <strong>de</strong> "corrodkote".<br />

Agra<strong>de</strong>ço também as conversas sobre a corrosão.<br />

Ao Doutor Rui Silva, do ISEP, pela cedência <strong>de</strong> equipamento e material para a<br />

realização <strong>de</strong> experiências <strong>de</strong> corrosão <strong>em</strong> solução aquosa e pelas conversas sobre a<br />

corrosão.<br />

À Cacilda pela amiza<strong>de</strong>, pelo incentivo, pelas críticas construtivas e pelas<br />

conversas que me ajudaram a ter uma perspectiva mais realista <strong>de</strong> todo o processo.<br />

À Sandra pelas medidas <strong>de</strong> módulo <strong>de</strong> Young por ondas acústicas <strong>de</strong> superfície<br />

efectuadas no Fraunhofer Institute for Material Physics and Surface Engineering, <strong>em</strong><br />

Dres<strong>de</strong>n.<br />

À Fátima pelas conversas frutuosas relacionadas com os ajustes aos resulta<strong>dos</strong><br />

experimentais <strong>de</strong> XRD.<br />

À Marta, minha colega <strong>de</strong> gabinete, por ter suportado estoicamente a visão da<br />

minha secretária extr<strong>em</strong>amente <strong>de</strong>sarrumada. Em contraste, durante a maior parte do<br />

t<strong>em</strong>po, a sua secretária é um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> organização. Devo manifestar também o meu<br />

agra<strong>de</strong>cimento pela cedência do equipamento informático.<br />

i


Ao Doutor Carlos Sá, do Centro <strong>de</strong> Materiais da Universida<strong>de</strong> do Porto<br />

(CEMUP), pela preciosa ajuda na interpretação <strong>dos</strong> espectros <strong>de</strong> XPS e AES.<br />

Ao Senhor António Azevedo, do <strong>de</strong>partamento <strong>de</strong> Ciências da Terra da<br />

Universida<strong>de</strong> do Minho, pela <strong>de</strong>dicação na obtenção <strong>dos</strong> padrões <strong>de</strong> raios-X.<br />

Ao Dr. Filipe Costa pela disponibilida<strong>de</strong> no tratamento <strong>de</strong> imag<strong>em</strong>.<br />

A to<strong>dos</strong> os meus colegas do Departamento <strong>de</strong> Física e amigos pelo apoio e<br />

encorajamento.<br />

À Universida<strong>de</strong> do Minho e à Fundação Calouste Gulbenkian pelo apoio<br />

financeiro que permitiu apresentar partes do trabalho <strong>de</strong>sta tese <strong>em</strong> conferências perante<br />

os maiores especialistas <strong>de</strong>sta área científica.<br />

ii


Resumo<br />

As superfícies internas <strong>dos</strong> equipamentos <strong>de</strong> processamento e transformação <strong>de</strong> materiais<br />

plásticos estão sujeitas a um ambiente hostil, não só <strong>de</strong>vido à libertação <strong>de</strong> agentes químicos<br />

corrosivos, mas também <strong>de</strong>vido a erosão, principalmente quando se processam plásticos<br />

reforça<strong>dos</strong> por fibras <strong>de</strong> vidro ou <strong>de</strong> carbono. As t<strong>em</strong>peraturas medianamente elevadas a que se<br />

processam estes materiais po<strong>de</strong>m acelerar os danos.<br />

Os méto<strong>dos</strong> tradicionais <strong>de</strong> proteger as superfícies não são i<strong>de</strong>ais e alguns obrigam à<br />

utilização <strong>de</strong> técnicas que po<strong>de</strong>m ser ambientalmente agressivas. Neste trabalho propõe-se a<br />

utilização <strong>de</strong> <strong>revestimentos</strong> basea<strong>dos</strong> <strong>em</strong> nitretos metálicos, <strong>de</strong>posita<strong>dos</strong> por uma técnica não<br />

agressiva ao ambiente: a pulverização catódica. Os nitretos metálicos além <strong>de</strong> ser<strong>em</strong> duros, são<br />

razoavelmente inertes do ponto <strong>de</strong> vista químico. É dado maior ênfase aos <strong>revestimentos</strong><br />

basea<strong>dos</strong> no nitreto <strong>de</strong> crómio, na forma monolítica ou na forma <strong>de</strong> multicamada, alternando<br />

neste caso camadas cerâmicas com camadas metálicas.<br />

Este trabalho engloba, a <strong>de</strong>scrição da produção <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong>, sendo a sua<br />

morfologia e microestrutura <strong>de</strong>scritas com o auxílio da difracção <strong>de</strong> raios-X e das microscopias<br />

óptica, electrónica <strong>de</strong> varrimento e <strong>de</strong> força atómica. A medida do módulo <strong>de</strong> Young por<br />

diferentes técnicas, essencialmente nano-in<strong>de</strong>ntação e ondas acústicas <strong>de</strong> superfície, também<br />

ajuda a enten<strong>de</strong>r a estrutura <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong>.<br />

A medida <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>s mecânicas e tribológicas permite prever a resistência ao<br />

<strong>de</strong>sgaste abrasivo e erosivo <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> produzi<strong>dos</strong> <strong>em</strong> condições distintas. Mediu-se a<br />

tensão residual pelo método da <strong>de</strong>flexão do substrato, a dureza e o módulo <strong>de</strong> Young por<br />

nano-in<strong>de</strong>ntação, a a<strong>de</strong>são por teste <strong>de</strong> in<strong>de</strong>ntação <strong>de</strong>slizante e a resistência ao <strong>de</strong>sgaste por testes<br />

<strong>de</strong> pino sobre disco. Para alguns <strong>revestimentos</strong>, o módulo <strong>de</strong> Young foi <strong>de</strong>terminado por ondas<br />

acústicas <strong>de</strong> superfície e a partir <strong>dos</strong> da<strong>dos</strong> <strong>de</strong> difracção <strong>de</strong> raios-X. Os resulta<strong>dos</strong> obti<strong>dos</strong> foram<br />

inter-relaciona<strong>dos</strong> ou relaciona<strong>dos</strong> com as condições <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição. Os <strong>revestimentos</strong> monolíticos<br />

apresentaram globalmente melhores proprieda<strong>de</strong>s mecânicas e tribológicas que os <strong>revestimentos</strong><br />

multicamadas, apesar das tensões residuais po<strong>de</strong>r<strong>em</strong> ser muito elevadas.<br />

O estudo do comportamento das amostras <strong>em</strong> ambientes quimicamentes agressivos foi<br />

estudado <strong>em</strong> três situações distintas: <strong>em</strong> solução aquosa ácida (HCl 1M), condições do teste<br />

"corrodkote" e <strong>em</strong> atmosfera contendo cloreto <strong>de</strong> hidrogénio a uma t<strong>em</strong>peratura <strong>de</strong> 350 ºC. Estes<br />

testes permitiram enten<strong>de</strong>r os <strong>mecanismos</strong> <strong>de</strong> corrosão nos <strong>revestimentos</strong>. Em conjunto com o<br />

estudo da estrutura, permitiram confirmar que os <strong>revestimentos</strong> produzi<strong>dos</strong> por esta técnica<br />

po<strong>de</strong>m conter poros que prejudicam o potencial que os <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio<br />

apresentam <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> resistência à corrosão. Por outro lado mostra-se também que os<br />

<strong>revestimentos</strong> multicamada apresentam melhor comportamento <strong>em</strong> ambientes quimicamente<br />

agressivos que os <strong>revestimentos</strong> monolíticos, principalmente <strong>de</strong>vido ao facto da porosida<strong>de</strong> aberta<br />

não ser favorecida pela estrutura própria <strong>de</strong>stes <strong>revestimentos</strong>. Os melhores <strong>revestimentos</strong> não<br />

permitiram a corrosão intersticial e os danos causa<strong>dos</strong> na superfície são essencialmente a<br />

oxidação <strong>de</strong>vido à substituição do azoto por oxigénio, transformando o nitreto <strong>de</strong> crómio <strong>em</strong><br />

óxi<strong>dos</strong> <strong>de</strong> crómio (III) ou (VI), hidróxido <strong>de</strong> crómio ou oxinitreto <strong>de</strong> crómio.<br />

O comportamento <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> crómio produzi<strong>dos</strong> por <strong>PVD</strong> <strong>em</strong> condições <strong>de</strong><br />

processamento <strong>de</strong> plásticos foi comparado com alguns <strong>dos</strong> processos tradicionais <strong>de</strong> protecção <strong>de</strong><br />

superfícies: o aço endurecido por tratamento térmico, a nitruração do aço ou a <strong>de</strong>posição <strong>de</strong><br />

crómio duro. Os <strong>revestimentos</strong> basea<strong>dos</strong> no nitreto <strong>de</strong> crómio apresentam enorme vantag<strong>em</strong> do<br />

ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> resistência ao <strong>de</strong>sgaste, mas também <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> resistência à corrosão.<br />

A pulverização catódica t<strong>em</strong> a <strong>de</strong>svantag<strong>em</strong> <strong>de</strong> ser uma técnica mais cara que as<br />

tradicionais e <strong>de</strong> apresentar algumas dificulda<strong>de</strong>s <strong>em</strong> revestir superfícies complexas. Em<br />

contrapartida os <strong>revestimentos</strong> basea<strong>dos</strong> <strong>em</strong> nitretos <strong>de</strong> metais <strong>de</strong> transição produzi<strong>dos</strong> por esta<br />

técnica causam um incr<strong>em</strong>ento do t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> vida das superfícies funcionais das máquinas<br />

injectoras e extrusoras, aumentando também a qualida<strong>de</strong> das superfícies, não afectando o<br />

ambiente e apresentando um enorme potencial <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento.<br />

iii


Abstract<br />

The surface of metallic components can be subjected to intensive <strong>de</strong>gradation during<br />

plastic transformation processes, namely when working with fibre filler plastics which release<br />

corrosive agents. The <strong>de</strong>gradation is attributed to the combined erosive and abrasive wear by the<br />

filler material and corrosive attack of agents. This <strong>de</strong>gradation reduces the lifetime of components<br />

and has a direct impact on process productivity and surface finish of the final products.<br />

None of the traditional processes of protecting the surfaces is i<strong>de</strong>al and some of th<strong>em</strong> are<br />

not environment friendly. This work proposes the <strong>de</strong>position of nitri<strong>de</strong>s of transition metals by a<br />

clean technique: magnetron sputtering. These coatings are hard, retain the toughness of the<br />

component, have low friction and good adhesion. Ch<strong>em</strong>ically they are rather inert and stable<br />

materials, but the presence of pinholes can strongly affect the corrosion protection of the coatings.<br />

Chromium nitri<strong>de</strong> based coatings in the form of monolithic and multilayer coatings were mainly<br />

focused in this work.<br />

The morphology and microstructure of the coatings was studied with the help of X-ray<br />

diffraction and optical, scanning electron and atomic force microscopy. The measur<strong>em</strong>ent of<br />

Young’s modulus by different techniques also helped to un<strong>de</strong>rstand the structure of the coatings.<br />

The study of mechanical and tribological properties gave us an i<strong>de</strong>a of the possibility of<br />

these coatings having good performance concerning erosive and abrasive wear. The residual<br />

stress was measured by the bending technique, the hardness by nanoin<strong>de</strong>ntation, the Young’s<br />

modulus by nanoin<strong>de</strong>ntation, surface acoustic waves and also from X-ray diffraction data, the<br />

adhesion by scratch-testing, and wear by pin-on-disc experiments. Monolithic coatings have<br />

better mechanical and tribological properties, but can be highly stressed. The performance of the<br />

multilayer coatings was not so good, but the residual stress was lower because relaxation due to<br />

metallic layers.<br />

The behaviour of the substrate/coating syst<strong>em</strong>s un<strong>de</strong>r ch<strong>em</strong>ically aggressive<br />

environments was studied un<strong>de</strong>r three different situations: acidic aqueous solution, “corrodkote”<br />

conditions and in an gaseous atmosphere containing hydrogen chlori<strong>de</strong> at 350 ºC. These set of<br />

tests helped us to un<strong>de</strong>rstand the corrosion mechanisms of the coatings. In general the behaviour<br />

of multilayer coatings is better than the behaviour of monolithic coatings. The main reason<br />

concerns the pinholes that allow the possibility of crevice corrosion. In multilayer coatings the<br />

number of <strong>de</strong>fects observed in the surface was significantly lower. Any layer can cover the pores<br />

appearing in the previous layer and the possibility of open porosity strongly <strong>de</strong>creases. The best<br />

coatings didn’t allow crevice corrosion to happen. In these cases, the damage caused to the<br />

surface by the hot acidic environment is superficial and corresponds to oxidation on the surface<br />

due to substitution of nitrogen by oxygen, transforming the chromium nitri<strong>de</strong> into chromium<br />

oxi<strong>de</strong> (III) or (VI), chromium hydroxi<strong>de</strong> or chromium oxy-nitri<strong>de</strong>.<br />

The behaviour of chromium nitri<strong>de</strong> based coatings in plastic processing was compared<br />

with some of the traditional processes of protecting the surfaces: steel har<strong>de</strong>ned by<br />

heat-treatment, nitri<strong>de</strong>d steel and <strong>de</strong>position of hard chromium. The performance of the <strong>PVD</strong><br />

produced coatings is significantly better. The wear resistance can be more than two or<strong>de</strong>rs of<br />

magnitu<strong>de</strong> higher and in addition the corrosion resistance is better.<br />

<strong>PVD</strong> techniques can be more expensive than traditional ways of protecting surfaces. They<br />

can also present some difficulties in being <strong>de</strong>posited in substrates with complex geometry, but the<br />

gain in wear, and also corrosion resistance is higher and may compensate the initial cost the<br />

<strong>de</strong>position syst<strong>em</strong>s. In addition the technique is environmentally friendly and presents an<br />

enormous potential of <strong>de</strong>velopment.<br />

iv


Lista <strong>de</strong> símbolos mais utiliza<strong>dos</strong><br />

______________________________________________________________________________________<br />

Lista <strong>de</strong> símbolos mais utiliza<strong>dos</strong><br />

a Parâmetro da re<strong>de</strong> cristalina<br />

αC Coeficiente <strong>de</strong> expansão térmica linear do revestimento<br />

αS Coeficiente <strong>de</strong> expansão térmica linear do substrato<br />

β Largura integral <strong>dos</strong> picos <strong>de</strong> raios-X<br />

βA Declive <strong>de</strong> Tafel Anódico<br />

βC Declive <strong>de</strong> Tafel Catódico<br />

D Tamanho médio <strong>dos</strong> cristais<br />

dhk Espaçamento entre os planos hkl<br />

E Potencial eléctrico<br />

EC Módulo <strong>de</strong> Young do revestimento<br />

Ecorr Potencial eléctrico <strong>de</strong> corrosão<br />

EEf Módulo <strong>de</strong> Young efectivo do revestimento<br />

EM Módulo <strong>de</strong> Young médio <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> obtido por in<strong>de</strong>ntação<br />

Emax Módulo <strong>de</strong> Young máximo <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> obtido por in<strong>de</strong>ntação<br />

E (OCP) Potencial eléctrico ao fim do teste <strong>de</strong> medida <strong>de</strong> potencial <strong>em</strong> circuito aberto<br />

ES Módulo <strong>de</strong> Young do substrato<br />

ESAW Módulo <strong>de</strong> Young do revestimento obtido por ondas acústicas <strong>de</strong> superfície<br />

E (i=0) Potencial eléctrico quando a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corrente eléctrica é nula<br />

ε Deformação<br />

hkl Índices <strong>de</strong> Miller<br />

i Densida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corrente eléctrica<br />

icorr Densida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corrente eléctrica <strong>de</strong> corrosão<br />

K Coeficiente <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste nos testes <strong>de</strong> pino sobre disco<br />

LC1 Primeira carga crítica nos testes <strong>de</strong> in<strong>de</strong>ntação <strong>de</strong>slizante<br />

LC2 Segunda carga crítica nos testes <strong>de</strong> in<strong>de</strong>ntação <strong>de</strong>slizante<br />

LS Carga correspon<strong>de</strong>nte à primeira <strong>de</strong>laminação<br />

λ Comprimento <strong>de</strong> onda<br />

n Número <strong>de</strong> monocamadas<br />

νC Razão <strong>de</strong> Poisson do revestimento<br />

νS Razão <strong>de</strong> Poisson do substrato<br />

rhkl Factor <strong>de</strong> orientação relativamente ao plano hkl<br />

RP Resistência <strong>de</strong> polarização<br />

ρ Densida<strong>de</strong><br />

σext Tensão extrínseca ou térmica<br />

σint Tensão intrínseca<br />

σM Microtensão<br />

σR Tensão residual<br />

tC Espessura <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong><br />

Tm Espessura das monocamadas nos revestimento multicamada<br />

Tr T<strong>em</strong>peratura ambiente<br />

TS T<strong>em</strong>peratura do substrato durante a <strong>de</strong>posição<br />

tS Espessura <strong>dos</strong> substrato<br />

θ Ângulo <strong>de</strong> difracção<br />

Polarização do substrato<br />

VS<br />

v


Lista <strong>de</strong> abreviaturas<br />

______________________________________________________________________________________<br />

Lista <strong>de</strong> abreviaturas<br />

AES Espectroscopia <strong>de</strong> electões Auger (Auger Electron Spectroscopy) - o mesmo<br />

que SAM<br />

AFM Microscopia <strong>de</strong> Força Atómica (Atomic Force Microscopy)<br />

ASTM American Society for Testing Materials<br />

DC Corrente Contínua (Direct Current)<br />

CVD Deposição Química <strong>em</strong> Fase <strong>de</strong> Vapor (Ch<strong>em</strong>ical Vapour Deposition)<br />

EDX Espectroscopia <strong>de</strong> raios-X por dispersão <strong>de</strong> energia (Energy-Dispersive X-ray<br />

Spectroscopy)<br />

EPMA Sonda <strong>de</strong> Microanálise <strong>de</strong> Electrões (Electron Probe Microanalysis)<br />

ESCA Espectroscopia Electrónica para Análise Química (Electron Spectroscopy for<br />

Ch<strong>em</strong>ical Analysis) - o mesmo que XPS<br />

JCPDS Joint Comitee on Pow<strong>de</strong>r Diffraction Standards<br />

OCP Potencial <strong>em</strong> circuito aberto (Open Circuit Potential)<br />

<strong>PVD</strong> Deposição Física <strong>em</strong> Fase <strong>de</strong> Vapor (Physical Vapour Deposition)<br />

PVC Policloreto <strong>de</strong> Vinilo (Polyvinyl Chlori<strong>de</strong>)<br />

RBS Espectrometria <strong>de</strong> Retrodispersão <strong>de</strong> Rutherford (Rutherford Backscattering<br />

Spectroscopy)<br />

RF Radio-frequência (Radiofrequency)<br />

SAM Microscopia Auger <strong>de</strong> Varrimento (Scanning Auger Microscopy) - o mesmo<br />

que AES<br />

SAW Ondas Acústicas <strong>de</strong> Superfície (Surface Accoustic Waves)<br />

SEM Micrososcopia Electrónica <strong>de</strong> Varrimento (Scanning Electron Microscopy)<br />

TEM Microscopia Electrónica <strong>de</strong> Transmissão (Transmission Electron<br />

Microscopy)<br />

XPS Espectroscopia <strong>de</strong> Fotoelectrões <strong>de</strong> Raios-X (X-ray Photoelectron<br />

Spectroscopy) - o mesmo que ESCA<br />

XRD Difracção <strong>de</strong> Raios-X (X-ray Diffraction)<br />

vi


Índice<br />

______________________________________________________________________________________<br />

Índice<br />

Introdução 1<br />

I.1 - Deposição física <strong>em</strong> fase <strong>de</strong> vapor (<strong>PVD</strong>) 5<br />

I.2 - Nitretos metálicos 6<br />

I.3 - Objectivos e abordag<strong>em</strong> do trabalho apresentado na tese 7<br />

Bibliografia 9<br />

Capítulo 1 - Breve <strong>de</strong>scrição das técnicas <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição, caracterização e análise 10<br />

1.1 - Técnica <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição 10<br />

1.2 - Técnicas <strong>de</strong> caracterização e análise 12<br />

1.2.1 - RBS 12<br />

1.2.2 - EDX 12<br />

1.2.3 - XPS 13<br />

1.2.4 - SEM 13<br />

1.2.5 - AES 14<br />

1.2.6 - AFM 14<br />

1.2.7 - XRD 15<br />

1.2.8 - Microscopia Óptica 16<br />

1.2.9 - Teste da calote 16<br />

1.2.10 - Perfilometria 18<br />

1.3 - Testes <strong>de</strong> corrosão 18<br />

1.3.1 – Ensaios <strong>de</strong> corrosão electroquímica 18<br />

1.3.2 - Testes "corrodkote" 20<br />

1.3.3 – Ensaios <strong>de</strong> corrosão a t<strong>em</strong>peratura elevada 21<br />

1.4 - Técnicas <strong>de</strong> estudo <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>s mecânicas e tribológicas 22<br />

1.4.1 – Método da <strong>de</strong>flexão do substrato para o cálculo <strong>de</strong> tensões residuais 22<br />

1.4.2 - Ondas acústicas <strong>de</strong> superfície induzidas por laser 25<br />

1.4.3 - Nanoin<strong>de</strong>ntação 27<br />

1.4.4 - Teste <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste 30<br />

1.4.5 - Teste <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são 31<br />

1.5 - Testes <strong>em</strong> condições <strong>de</strong> processamento <strong>de</strong> polímeros 32<br />

Bibliografia 34<br />

Capítulo 2 - Revestimentos basea<strong>dos</strong> <strong>em</strong> nitretos <strong>de</strong> metais <strong>de</strong> transição 37<br />

2.1 - Técnicas <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição 39<br />

2.2 – Corrosão 41<br />

2.3 – Aplicações 43<br />

2.4 - Outros <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> nitreto produzi<strong>dos</strong> por técnicas <strong>PVD</strong> 44<br />

Conclusões 45<br />

Bibliografia 46<br />

Capítulo 3 - Produção <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> 50<br />

3.1 – Deposição 50<br />

3.1.1 - Revestimentos monolíticos <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio 50<br />

3.1.2 - Revestimentos multicamada 52<br />

3.2 – Composição 54<br />

Conclusões 56<br />

Bibliografia 57<br />

Capítulo 4 - Caracterização estrutural <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> 58<br />

4.1 – Densida<strong>de</strong> 58<br />

4.1.1 - Revestimentos <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio 58<br />

4.1.2 - Revestimentos multicamada 60<br />

4.2 – Morfologia 60<br />

4.2.1 - Revestimentos <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio 60<br />

4.2.2 - Revestimentos multicamada 65<br />

4.3 – Microestrutura 67<br />

4.3.1 – Fases 67<br />

4.3.1.1 - Revestimentos <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio 69<br />

4.3.1.2 - Revestimentos multicamada 71<br />

4.3.2 - Orientações cristalinas 74<br />

4.3.2.1 - Revestimentos <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio 75<br />

4.3.2.2 - Revestimentos multicamada 79<br />

vii


Índice<br />

______________________________________________________________________________________<br />

4.3.3 - Tamanho <strong>dos</strong> cristais e microtensões 81<br />

4.3.3.1 - Revestimentos <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio 84<br />

4.3.3.2 - Revestimentos multicamada 86<br />

4.3.4 - Deformações e macrotensões 88<br />

4.3.4.1 - Revestimentos <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio 89<br />

4.3.4.2 - Revestimentos multicamada 91<br />

Conclusões 92<br />

Bibliografia 94<br />

Capítulo 5 - Proprieda<strong>de</strong>s mecânicas e tribológicas <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> 96<br />

5.1 - Tensões residuais 96<br />

5.1.1 - Revestimentos monolíticos <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio 97<br />

5.2.2 - Revestimentos multicamada 100<br />

5.2 - Módulo <strong>de</strong> Young 101<br />

5.3 – Dureza 106<br />

5.3.1 - Revestimentos monolíticos <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio 106<br />

5.3.2 - Revestimentos multicamada 109<br />

5.4 – Desgaste 110<br />

5.4.1 - Medidas <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste 110<br />

5.4.2 - Coeficiente <strong>de</strong> atrito 113<br />

5.4.3 - Tipo <strong>de</strong> falha nos testes <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste 115<br />

5.5 - A<strong>de</strong>são e observações do teste <strong>de</strong> in<strong>de</strong>ntação <strong>de</strong>slizante 117<br />

Conclusões 122<br />

Bibliografia 124<br />

Capítulo 6 - Comportamento das amostras <strong>em</strong> ambientes quimicamente agressivos 126<br />

6.1 - Corrosão <strong>em</strong> solução aquosa 128<br />

6.1.1 - Medições <strong>de</strong> potencal <strong>em</strong> circuito aberto 130<br />

6.1.1.1 - Revestimentos <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio 130<br />

6.1.1.2 - Revestimentos multicamada 132<br />

6.1.1.3 - Revestimentos <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> titânio e alumínio 134<br />

6.1.2 - Polarização potenciodinâmica 135<br />

6.1.2.1 - Revestimentos <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio 135<br />

6.1.2.2 - Revestimentos multicamada 138<br />

6.1.2.3 - Revestimentos <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> titânio e alumínio 139<br />

6.2 - Teste "Corrodkote" 140<br />

6.3 - Corrosão a t<strong>em</strong>peratura elevada <strong>em</strong> atmosfera contendo cloreto 141<br />

6.3.1 - Processos químicos na superfície <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> 141<br />

6.3.1.1 - Revestimentos basea<strong>dos</strong> no nitreto <strong>de</strong> crómio 141<br />

6.3.1.1 - Revestimentos basea<strong>dos</strong> no nitreto <strong>de</strong> titânio e alumínio 146<br />

6.3.2 - Corrosão interfacial 149<br />

Conclusões 151<br />

Corrosão nos <strong>revestimentos</strong> 151<br />

Corrosão na interface 153<br />

Bibliografia 154<br />

Capítulo 7 - Ensaios <strong>em</strong> Condições <strong>de</strong> Processamento <strong>de</strong> plásticos 157<br />

7.1 - Características <strong>dos</strong> polímeros usa<strong>dos</strong> nos testes <strong>de</strong> processamento 157<br />

7.1.1 - Poliamida 66 reforçada 157<br />

7.2 - Testes <strong>de</strong> corrosão <strong>em</strong> solução aquosa 159<br />

7.2.1 - Potencial <strong>em</strong> circuito aberto 160<br />

7.2.2 - Polarização potenciodinâmica 161<br />

7.3 - Resulta<strong>dos</strong> <strong>dos</strong> testes <strong>em</strong> máquina <strong>de</strong> injecção <strong>de</strong> polímeros 161<br />

Conclusões 170<br />

Bibliografia 171<br />

Consi<strong>de</strong>rações finais e conclusões 172<br />

Conclusões 181<br />

viii


Índice <strong>de</strong> figuras<br />

______________________________________________________________________________________<br />

Índice <strong>de</strong> figuras<br />

Figura I.1 Consumo mundial <strong>de</strong> materiais (<strong>em</strong> massa) 1<br />

Figura 1.1 Esqu<strong>em</strong>a do sensor <strong>de</strong> força no microscópio <strong>de</strong> força atómica. 15<br />

Figura 1.2 Teste da calote: (a) esqu<strong>em</strong>a representando o processo <strong>de</strong> erosão; (b) fotografia da<br />

zona <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste <strong>de</strong> uma das amostras obtida com microscópio óptico (50X).<br />

17<br />

Figura 1.3 Esqu<strong>em</strong>a da montag<strong>em</strong> para obtenção das curvas <strong>de</strong> polarização: S - amostra, R -<br />

eléctrodo <strong>de</strong> referência, C - eléctrodo auxiliar, P - potenciostato, D – unida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

controle<br />

Figura 1.4 Determinação da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corrente <strong>de</strong> corrosão por extrapolação <strong>de</strong> Tafel: βC e<br />

βA - coeficientes <strong>de</strong> Tafel catódico e anódico, i - <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corrente, icorr -<br />

<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corrente <strong>de</strong> corrosão, E - potencial, Ecorr - potencial <strong>de</strong> corrosão.<br />

20<br />

Figura 1.5 Esqu<strong>em</strong>a da câmara <strong>de</strong> testes "Corrodkote": S - amostras; H - el<strong>em</strong>ento <strong>de</strong><br />

aquecimento.<br />

21<br />

Figura 1.6 Esqu<strong>em</strong>a da montag<strong>em</strong> experimental para os testes <strong>de</strong> corrosão a t<strong>em</strong>peratura<br />

elevada: A - <strong>de</strong>pósito com solução HCl 36%; B - amostras; C - el<strong>em</strong>ento <strong>de</strong><br />

aquecimento.<br />

22<br />

Figura 1.7 Curvatura <strong>de</strong> uma amostra antes (A) e após (B) a <strong>de</strong>posição do revestimento medida<br />

ao longo do mesmo diâmetro: ∆h - medida obtidas perpendicularmente à amostra; x<br />

- posições ao longo do diâmetro.<br />

25<br />

Figura 1.8 Representação esqu<strong>em</strong>ática do equipamento <strong>de</strong> ondas superficiais. 26<br />

Figura 1.9 Esqu<strong>em</strong>a <strong>de</strong> in<strong>de</strong>ntador. 28<br />

Figura 1.10 Curva típica <strong>de</strong> carga/<strong>de</strong>slocamento, com <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> alguns da<strong>dos</strong> experimentais.<br />

28<br />

Figura 1.11 Representação esqu<strong>em</strong>ática do processo <strong>de</strong> in<strong>de</strong>ntação. 29<br />

Figura 1.12 Esqu<strong>em</strong>a <strong>de</strong> uma máquina <strong>de</strong> injecção <strong>de</strong> polímeros: A – mol<strong>de</strong>; B – motor 32<br />

Figura 1.13 Esqu<strong>em</strong>a do dispositivo-suporte das amostras para os testes <strong>de</strong> processamento <strong>de</strong><br />

polímeros.<br />

33<br />

Figura 1.14 Esqu<strong>em</strong>a da parte revestida da amostra que entra <strong>em</strong> contacto com o polímero. A<br />

zona escura representa o trajecto do polímero durante o teste. As 5 linhas<br />

representam as posições on<strong>de</strong> é medido o perfil do <strong>de</strong>sgaste.<br />

34<br />

Figura 2.1 Figura <strong>de</strong> histerese para a pulverização catódica reactiva do TiN durante o controle<br />

da pressão parcial do azoto.<br />

40<br />

Figura 2.2 Figura <strong>de</strong> histerese para a pulverização catódica reactiva do CrNx durante o controle<br />

da pressão parcial do azoto.<br />

40<br />

Figura 3.1 Esqu<strong>em</strong>a do interior da câmara <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição dor <strong>revestimentos</strong> da série RF. 51<br />

Figura 3.2 Esqu<strong>em</strong>a da câmara <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> das séries DC. 52<br />

Figura 3.3 Espectros RBS <strong>de</strong> um revestimento da série RF (CrN-8) e <strong>de</strong> um revestimento da<br />

série DC1 (G/CrN-2).<br />

54<br />

Figura 3.4 Espectros RBS <strong>de</strong> um revestimento multicamada da série DC2 (TiCrN-14). 54<br />

Figura 3.5 Composição da superfície <strong>de</strong> dois <strong>revestimentos</strong> da série RF, obtido a partir <strong>de</strong><br />

espectros XPS.<br />

55<br />

Figura 3.6 Espectro XPS para os el<strong>em</strong>entos Cr e N e respectivos ajustes, obti<strong>dos</strong> para a amostra<br />

CrN-2.<br />

56<br />

Figura 4.1 Variação da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> com a (a) t<strong>em</strong>peratura <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição; (b)<br />

polarização do substrato.<br />

59<br />

Figura 4.2 Imagens obtidas por AFM da superfície das amostras (a) CrN-2 (V = 0 V), (b) CrN-8<br />

(V = -50 V) e (c) CrN-16 (V = -75 V)<br />

59<br />

Figura 4.3 Variação da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> multicamada com o número <strong>de</strong> camadas<br />

que os constitu<strong>em</strong><br />

60<br />

Figura 4.4 Imagens da superfície <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> CrN-13 (a) e CrN-16 (b), obtidas por<br />

microscópio óptico.<br />

61<br />

Figura 4.5 Imagens obtidas por AFM da superfície das amostras (a) CrN-16 (b) CrN-16 (maior<br />

ampliação); (c) CrN-21.<br />

62<br />

Figura 4.6 Imag<strong>em</strong> obtida por SEM do revestimento <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio CrN-8, evi<strong>de</strong>nciando o<br />

crescimento colunar.<br />

63<br />

Figura 4.7 Diagrama <strong>de</strong> Thornton representando a variação da estrutura <strong>dos</strong> filmes <strong>de</strong>posita<strong>dos</strong><br />

por pulverização catódica, com a pressão <strong>de</strong> árgon (PAr) e com a t<strong>em</strong>peratura do<br />

ix<br />

18


Índice <strong>de</strong> figuras<br />

______________________________________________________________________________________<br />

substrato (T/Tm), <strong>em</strong> que Tm é a t<strong>em</strong>peratura <strong>de</strong> fusão do material <strong>de</strong>positado.<br />

64<br />

Figura 4.8 Imagens da superfície obtidas por AFM das amostras (a) CrN-16 (300ºC); (b) CrN-19<br />

(150 ºC).<br />

64<br />

Figura 4.9 Variação do diâmetro das colunas com o número <strong>de</strong> monocamadas. 67<br />

Figura 4.10 Padrões <strong>de</strong> difracção das amostras CrN-2 e G/CrN-6. No gráfico mostram-se também<br />

as posições angulares <strong>de</strong> picos correspon<strong>de</strong>ntes a planos <strong>de</strong> difracção do CrN, Cr2N, e<br />

Cr, <strong>de</strong> acordo com as tabelas JCPDS.<br />

70<br />

Figura 4.11 Padrões <strong>de</strong> difracção das amostras com <strong>revestimentos</strong> monolíticos das séries DC.<br />

70<br />

Figura 4.12 Padrões <strong>de</strong> difracção das amostras CrN-2 e CrN-23, evi<strong>de</strong>nciando a posição angular<br />

do pico ,ais intenso e comparando-a com a posição angular <strong>dos</strong> planos (111) do CrN<br />

e (110) do β−Cr2N, <strong>de</strong> acordo com as tabelas JCPDS.<br />

71<br />

Figura 4.13 Padrões <strong>de</strong> difracção das amostras com revestimento <strong>de</strong> titânio. No gráfico mostramse<br />

também as posições angulares <strong>de</strong> picos correspon<strong>de</strong>ntes a planos <strong>de</strong> difracção do<br />

Ti, <strong>de</strong> acordo com as tabelas JCPDS.<br />

72<br />

Figura 4.14 Padrões <strong>de</strong> difracção das amostras com revestimento multicamada da série DC1. 72<br />

Figura 4.15 Padrões <strong>de</strong> difracção das amostras com revestimento multicamada da série DC2. 73<br />

Figura 4.16 Padrões <strong>de</strong> difracção das amostras com revestimento multicamada da série DC3 e<br />

DC4.<br />

74<br />

Figura 4.17 (a) Variação da cristalinida<strong>de</strong> com a t<strong>em</strong>peratura <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição; (b) Variação da<br />

cristalinida<strong>de</strong> com a polarização do substrato.<br />

76<br />

Figura 4.18 Padrões <strong>de</strong> difracção <strong>de</strong> amostras <strong>de</strong> <strong>revestimentos</strong> monolíticos evi<strong>de</strong>nciando as<br />

alterações na intensida<strong>de</strong> <strong>dos</strong> picos com a t<strong>em</strong>peratura <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição.<br />

77<br />

Figura 4.19 Padrões <strong>de</strong> difracção <strong>de</strong> amostras <strong>de</strong> <strong>revestimentos</strong> monolíticos evi<strong>de</strong>nciando as<br />

alterações na intensida<strong>de</strong> <strong>dos</strong> picos com a polarização do substrato.<br />

78<br />

Figura 4.20 (a) Variação do tamanho <strong>dos</strong> cristais com a t<strong>em</strong>peratura <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição; (b) Variação<br />

do tamanho <strong>dos</strong> cristais com a polarização do substrato.<br />

85<br />

Figura 4.21 (a) Variação das microtensões com a t<strong>em</strong>peratura <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição; (b) Variação das<br />

microtensões com a polarização do substrato.<br />

86<br />

Figura 4.22 Efeito da <strong>de</strong>formação na re<strong>de</strong> cristalina na forma e <strong>de</strong>svio do pico <strong>de</strong> difracção. 89<br />

Figura 4.23 (a) Variação da <strong>de</strong>formação com a t<strong>em</strong>peratura <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição; (b) Variação da<br />

<strong>de</strong>formação com a polarização do substrato.<br />

90<br />

Figura 5.1 (a) Variação da tensão residual com a t<strong>em</strong>peratura; (b) Variação das tensões<br />

extrínsecas, intrínsecas e residuais com a t<strong>em</strong>peratura.<br />

99<br />

Figura 5.2 (a) Variação da tensão residual com a polarização do substrato. (b) Relação entre as<br />

tensões residuais biaxiais e a <strong>de</strong>formação da re<strong>de</strong> cristalina (CrN).<br />

99<br />

Figura 5.3 (a) Variação do módulo <strong>de</strong> Young com a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong>. (b) Relação<br />

entre o módulo <strong>de</strong> Young efectivo e o tamanho do grão.<br />

103<br />

Figura 5.4 Gráfico tridimensional evi<strong>de</strong>nciando a percentag<strong>em</strong> <strong>dos</strong> <strong>de</strong>feitos observa<strong>dos</strong> nos<br />

<strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio, relaciona<strong>dos</strong> com a <strong>de</strong>formação cristalina nos<br />

grãos e com o módulo <strong>de</strong> Young efectivo.<br />

106<br />

Figura 5.5 (a) Dureza média <strong>de</strong> cada amostra para cada profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> in<strong>de</strong>ntação. (b) Dureza<br />

máxima e dureza média <strong>de</strong> cada amostra.<br />

107<br />

Figura 5.6 (a) Variação da dureza com a t<strong>em</strong>peratura <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição. (b) Variação da dureza com<br />

a polarização do substrato.<br />

109<br />

Figura 5.7 Dureza <strong>de</strong> <strong>revestimentos</strong> monolíticos e multicamada <strong>de</strong> séries DC 109<br />

Figura 5.8 Resultado das medidas <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste efectuadas nos ensaios <strong>de</strong> pino sobre disco à<br />

t<strong>em</strong>peratura ambiente e a 300 ºC.<br />

112<br />

Figura 5.9 Resultado das medidas <strong>de</strong> coeficiente <strong>de</strong> atrito obtidas durante os teste <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste<br />

efectuadas nos ensaios <strong>de</strong> pino sobre disco à t<strong>em</strong>peratura ambiente e a 300 ºC.<br />

114<br />

Figura 5.10 Imag<strong>em</strong> <strong>de</strong> microscópio óptico da: (a) fronteira da pista <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste num teste<br />

efectuado à t<strong>em</strong>peratura ambiente, da amostra CrN-14; (b) da pista <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste<br />

efectuada num ensaio a 300 ºC.<br />

116<br />

Figura 5.11 Imag<strong>em</strong> <strong>de</strong> microscópio óptico da amostra CrN-23: (a) fora da pista <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste; (b)<br />

da pista <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste efectuada num ensaio à t<strong>em</strong>peratura ambiente, numa zona<br />

brilhante do revestimento.<br />

116<br />

Figura 5.12 Imag<strong>em</strong> <strong>de</strong> microscópio óptico da amostra CrN-23: (a) da pista <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste efectuada<br />

num ensaio a 300 ºC; (b) da pista <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste efectuada num ensaio à t<strong>em</strong>peratura<br />

x


Índice <strong>de</strong> figuras<br />

______________________________________________________________________________________<br />

ambiente, numa zona baça do revestimento. 117<br />

Figura 5.13 Imag<strong>em</strong> <strong>de</strong> microscópio óptico da amostra TiCrN-19: (a) da pista <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste<br />

efectuada num ensaio à t<strong>em</strong>peratura ambiente; (b) da pista <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste efectuada num<br />

ensaio a 300 ºC.<br />

Figura 5.14 Imag<strong>em</strong> <strong>de</strong> microscópio óptico da amostra <strong>de</strong> pistas <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste <strong>dos</strong> testes <strong>de</strong><br />

in<strong>de</strong>ntação <strong>de</strong>slizante: (a) falhas correspon<strong>de</strong>ntes à primeira carga crítica (LC1) na<br />

amostra CrN-24; (b) falhas correspon<strong>de</strong>ntes à segunda carga crítica (LC2) na amostra<br />

CrN-8.<br />

Figura 5.15 Imag<strong>em</strong> <strong>de</strong> microscópio óptico da amostra <strong>de</strong> pistas <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste <strong>dos</strong> testes <strong>de</strong><br />

in<strong>de</strong>ntação <strong>de</strong>slizante: (a) falhas correspon<strong>de</strong>ntes a primeira <strong>de</strong>laminação (LS) na<br />

amostra CrN-8; (b) primeiras falhas nos <strong>revestimentos</strong> menos duros (CrN-2).<br />

Figura 5.16 (a) Variação das cargas críticas (LC1 e LC2) com a dureza <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong>; (b)<br />

Variação das cargas críticas com a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong>.<br />

Figura 6.1 Corrosão nos sist<strong>em</strong>as revestimento substrato: (a) revestimento menos nobre que o<br />

substrato (revestimento sacrificial); (b) revestimento mais nobre que o substrato.<br />

Figura 6.2 Curvas <strong>de</strong> potencial <strong>em</strong> circuito aberto para algumas amostras com <strong>revestimentos</strong><br />

monolíticos <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio numa solução <strong>de</strong> HCl (1M).<br />

Figura 6.3 Relação entre a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> média <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> e o tipo <strong>de</strong> comportamento nos<br />

testes OCP.<br />

Figura 6.4 Curvas OCP da amostra CrN-23, a partir <strong>de</strong> ensaios efectua<strong>dos</strong> numa solução <strong>de</strong> HCl<br />

(1M), <strong>em</strong> zona baça e zona brilhante do revestimento.<br />

Figura 6.5 Curvas <strong>de</strong> potencial <strong>em</strong> circuito aberto para algumas amostras com <strong>revestimentos</strong><br />

monolíticos <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio e titânio, das séries DC, numa solução <strong>de</strong> HCl (1M).<br />

Figura 6.6 Curvas <strong>de</strong> potencial <strong>em</strong> circuito aberto para as amostras com <strong>revestimentos</strong><br />

multicamada e alguns <strong>revestimentos</strong> monolíticos <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio e titânio, numa<br />

solução <strong>de</strong> HCl (1M).<br />

Figura 6.7 Curvas <strong>de</strong> potencial <strong>em</strong> circuito aberto para as amostras com <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> nitreto<br />

<strong>de</strong> titânio e alumínio, numa solução <strong>de</strong> HCl (1M).<br />

Figura 6.8 Curvas <strong>de</strong> polarização potenciodinâmica <strong>de</strong> amostras com <strong>revestimentos</strong> monolíticos<br />

<strong>de</strong> nitreto crómio, numa solução <strong>de</strong> HCl (1M).<br />

Figura 6.9 Densida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> corrente <strong>de</strong> corrosão <strong>de</strong> amostras com <strong>revestimentos</strong> monolíticos <strong>de</strong><br />

nitreto crómio, numa solução <strong>de</strong> HCl (1M).<br />

Figura 6.10 (a) Variação da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corrente <strong>de</strong> corrosão com a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>dos</strong><br />

<strong>revestimentos</strong> monolíticos <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio; (b) Variação da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

corrente <strong>de</strong> corrosão com o módulo <strong>de</strong> Young efectivo <strong>de</strong> <strong>revestimentos</strong> monolíticos<br />

<strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio.<br />

137<br />

Figura 6.11 Curvas <strong>de</strong> polarização potenciodinâmica da amostra CrN-23 <strong>em</strong> zona brilhante e <strong>em</strong><br />

zona baça do revestimento, numa solução <strong>de</strong> HCl (1M).<br />

138<br />

Figura 6.12 Curvas <strong>de</strong> polarização potenciodinâmica <strong>de</strong> <strong>revestimentos</strong> multicamada, numa<br />

solução <strong>de</strong> HCl (1M).<br />

139<br />

Figura 6.13 Curvas <strong>de</strong> polarização potenciodinâmica <strong>de</strong> <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> titânio e<br />

alumínio, numa solução <strong>de</strong> HCl (1M).<br />

139<br />

Figura 6.14 Número <strong>de</strong> ciclos <strong>de</strong> 16 horas <strong>de</strong> teste "corrodkote" suportado pelas amostras. 140<br />

Figura 6.15 Composição da superfície <strong>dos</strong> revestimento CrN-2 e CrN-8 antes e após do teste <strong>de</strong><br />

corrosão a quente, obtida por XPS.<br />

Figura 6.16 Espectros XPS e ajustes com gaussianas/lorentzianas aos picos <strong>de</strong>: Cr - (a) antes e<br />

(b) após; N - (c) antes e (d) após; O -(e) antes e (f) após, os testes <strong>de</strong> corrosão a<br />

quente.<br />

Figura 6.17 Composição da superfície <strong>dos</strong> revestimento TiAlN-1 e TiAlN-2 antes e após do teste<br />

<strong>de</strong> corrosão a quente, obtida por XPS.<br />

Figura 6.18 Espectros XPS e ajustes com gaussianas/lorentzianas aos picos <strong>de</strong>: Ti - (a) antes e<br />

(b) após os testes <strong>de</strong> corrosão a quente.<br />

Figura 6.19 Espectros XPS e ajustes com gaussianas/lorentzianas aos picos <strong>de</strong>: Al - (a) antes e<br />

(b) após e N (c) antes e (d) após os testes <strong>de</strong> corrosão a quente para a amostra<br />

TiAlN-2.<br />

Figura 6.20 Imagens obtidas por SEM do revestimento após falha no teste <strong>de</strong> corrosão a quente:<br />

(a) revestimento <strong>de</strong>laminado mostrando porções <strong>de</strong> substrato – A; (b) secção<br />

xi<br />

117<br />

119<br />

119<br />

120<br />

127<br />

130<br />

132<br />

132<br />

133<br />

134<br />

135<br />

136<br />

136<br />

142<br />

143<br />

147<br />

147<br />

148


Índice <strong>de</strong> figuras<br />

______________________________________________________________________________________<br />

transversal do revestimento com porções metálicas do substrato agarra<strong>dos</strong>.<br />

Figura 6.21 Número <strong>de</strong> ciclos <strong>de</strong> teste <strong>de</strong> corrosão quente suportado pelas amostras.<br />

150<br />

151<br />

Figura 6.22 Espectros XPS <strong>dos</strong> el<strong>em</strong>entos crómio e azoto antes ((a) e (c)) e após ((b) e (d)) o teste<br />

electroquímico <strong>de</strong> corrosão <strong>em</strong> solução aquosa.<br />

152<br />

Figura 6.23 Taxa <strong>de</strong> corrosão traduzida pela <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corrente <strong>de</strong> corrosão do substrato e <strong>de</strong><br />

amostras revestidas com crómio, titânio, nitreto <strong>de</strong> crómio (CrN-2, CrN-23 <strong>em</strong> zona<br />

brilhante e G/CrN-2), multicamada (TiCrN-14 e TiCrN-18) e <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> titânio e<br />

alumínio (TiAlN-1 e TiAlN-2).<br />

153<br />

Figura 7.1 Volume específico <strong>em</strong> função da t<strong>em</strong>peratura para o PA 66 a 0 MPa e 160 MPa. 158<br />

Figura 7.2 Curvas OCP <strong>de</strong> algumas amostras. 160<br />

Figura 7.3 Curvas <strong>de</strong> polarização potenciodinâmica <strong>de</strong> algumas amostras. 161<br />

Figura 7.4 Desgaste medido nas amostras após a primeira série <strong>de</strong> testes <strong>em</strong> condições <strong>de</strong><br />

processamento. As quantida<strong>de</strong>s expressas <strong>em</strong> kg na figura representam a quantida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Ultramid usado nos ensaios na máquina <strong>de</strong> injecção <strong>de</strong> polímeros.<br />

162<br />

Figura 7.5 Imagens obtidas por microscópio óptico da superfície da zona <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste da amostra<br />

CrN-23. Na imag<strong>em</strong> com menor ampliação v<strong>em</strong>os um pouco do revestimento (C),<br />

uma parte do substrato (S) e uma parte do substrato mais corroída (P).<br />

163<br />

Figura 7.6 Imag<strong>em</strong> da superfície <strong>de</strong> amostras após o teste <strong>em</strong> condições <strong>de</strong> processamento <strong>de</strong><br />

Ultramid: (a) aço tratado termicamente (b) amostra revestida com crómio<br />

electro<strong>de</strong>positado; (c) amostra nitrurada (As zonas A, B e C são analisadas com<br />

ampliações maiores na figura 7.8).<br />

163<br />

Figura 7.7 Imagens obtidas por microscópio óptico da superfície da amostra revestida com Cr<br />

electro<strong>de</strong>positado fora (a) e <strong>de</strong>ntro (b) da pista <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste.<br />

164<br />

Figura 7.8 Imagens obtidas por microscópio óptico da superfície da amostra nitrurada fora (A) e<br />

<strong>de</strong>ntro (B e C1 e C2) da pista <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste. As imagens C1 e C2 correspon<strong>de</strong>m à mesma<br />

zona C da figura 7.6, mas com diferente focag<strong>em</strong>. As quatro imagens foram obtidas<br />

com a mesma ampliação.<br />

165<br />

Figura 7.9 Desgaste medido nas amostras após a segunda série <strong>de</strong> testes <strong>em</strong> condições <strong>de</strong><br />

processamento. As quantida<strong>de</strong>s expressas <strong>em</strong> kg na figura representam a quantida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Ultramid usado nos ensaios na máquina <strong>de</strong> injecção <strong>de</strong> polímeros.<br />

165<br />

Figura 7.10 Desgaste medido nas amostras após a terceira série <strong>de</strong> testes <strong>em</strong> condições <strong>de</strong><br />

processamento. As quantida<strong>de</strong>s expressas <strong>em</strong> kg na figura representam a quantida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Ultramid usado nos ensaios na máquina <strong>de</strong> injecção <strong>de</strong> polímeros.<br />

166<br />

Figura 7.11 Rugosida<strong>de</strong> média, medida na pista <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste das amostras, antes e após o teste <strong>de</strong><br />

processamento <strong>de</strong> Ultramid.<br />

167<br />

Figura 7.12 Variação da área ocupada pelos <strong>de</strong>feitos observáveis à superfície <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong><br />

após o teste na máquina <strong>de</strong> injecção <strong>de</strong> polímeros.<br />

168<br />

Figura 7.13 Aspecto da superfície da amostra CrN-16 fora e <strong>de</strong>ntro da pista <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste. É nítido<br />

o aumento <strong>de</strong> pequenos pontos.<br />

168<br />

Figura 7.14 Variação da área média <strong>dos</strong> <strong>de</strong>feitos observáveis à superfície <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong><br />

durante o teste na máquina <strong>de</strong> injecção <strong>de</strong> polímeros.<br />

169<br />

Figura 7.15 Variação do número <strong>de</strong> <strong>de</strong>feitos à superfície <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> área<br />

observada durante o teste na máquina <strong>de</strong> injecção <strong>de</strong> polímeros<br />

170<br />

Figura C.1 Taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste <strong>em</strong> função da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> monolíticos. 175<br />

Figura C.2 Taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste <strong>em</strong> função da dureza <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> monolíticos medida à<br />

t<strong>em</strong>peratura ambiente.<br />

175<br />

Figura C.3 Taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste <strong>em</strong> função da dureza <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> medi<strong>dos</strong> à t<strong>em</strong>peratura<br />

ambiente e a 300 ºC.<br />

176<br />

Figura C.4 Dureza <strong>em</strong> função da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> monolíticos: (a) para os<br />

<strong>revestimentos</strong> que sofreram <strong>de</strong>sgaste no teste <strong>de</strong> pino sobre disco; (b) para to<strong>dos</strong> os<br />

<strong>revestimentos</strong>.<br />

176<br />

Figura C.5 Esqu<strong>em</strong>a representando a penetração <strong>de</strong> agentes agressivos através <strong>dos</strong> poros (a) num<br />

revestimento monolítico (simples) ou (b) num revestimento multicamada.<br />

178<br />

xii


Índice <strong>de</strong> tabelas<br />

______________________________________________________________________________________<br />

Índice <strong>de</strong> tabelas<br />

Tabela I.1 Revestimentos e tratamento <strong>de</strong> superfícies <strong>de</strong> mol<strong>de</strong>s. 3<br />

Tabela 3.1 Condições <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição (P – potência da fonte, VS – Polarização do substrato, % N2<br />

– percentag<strong>em</strong> <strong>de</strong> azoto na atmosfera <strong>de</strong> trabalho, TS – T<strong>em</strong>peratura do substrato),<br />

espessura (tC), <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> (ρ) <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> simples <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio.<br />

52<br />

Tabela 3.2 Condições <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição (VS – Polarização do substrato, % N2 – percentag<strong>em</strong> <strong>de</strong><br />

azoto na atmosfera <strong>de</strong> trabalho, TS – T<strong>em</strong>peratura do substrato, I – Intensida<strong>de</strong> da<br />

corrente, V – Tensão da fonte), espessura do revestimento (tC), espessura das<br />

monocamadas (tm), número <strong>de</strong> monocamadas (n), <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> (ρ) <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong>. 53<br />

Tabela 4. 1 Da<strong>dos</strong> obti<strong>dos</strong> a partir <strong>de</strong> imagens AFM (Rugosida<strong>de</strong> e Dimensão das colunas) e<br />

microscopia óptica (<strong>de</strong>feitos).<br />

62<br />

Tabela 4. 2 Da<strong>dos</strong> obti<strong>dos</strong> a partir <strong>de</strong> imagens AFM (Rugosida<strong>de</strong> e Dimensão das colunas) e<br />

microscopia óptica (cálculos relativamente aos <strong>de</strong>feitos).<br />

66<br />

Tabela 4. 3 Localização <strong>dos</strong> picos e i<strong>de</strong>ntificação <strong>dos</strong> planos cristalinos do Cr, CrN, β-Cr2N e<br />

Ti quando são difracta<strong>dos</strong> raios-X CuKα.<br />

69<br />

Tabela 4. 4 Razão <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> <strong>dos</strong> picos <strong>de</strong> difracção do CrN para os <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong><br />

nitreto <strong>de</strong> crómio, consi<strong>de</strong>rando o pico do plano (111) como 100%, assim como a<br />

orientação relativa (factor r(hkl)) relativamente ao plano (111).<br />

75<br />

Tabela 4. 5 Razão <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> <strong>dos</strong> picos <strong>de</strong> difracção do CrN para os <strong>revestimentos</strong><br />

multicamada, consi<strong>de</strong>rando o pico do plano (111) como 100%, assim como a<br />

orientação relativa (factor r(hkl)) relativamente ao plano (111).<br />

79<br />

Tabela 4. 6 Razão <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> <strong>dos</strong> picos <strong>de</strong> difracção do Ti para os <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong><br />

multicamada, consi<strong>de</strong>rando o pico do plano (002) como 100%.<br />

80<br />

Tabela 4. 7 Orientação relativa (factor r(hkl)) relativamente ao plano (002) do Ti 81<br />

Tabela 4. 8 Algumas características <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio obtidas por uso do<br />

método pseudo-Voigt: tamanho <strong>dos</strong> cristais (D), micro<strong>de</strong>formação, < ε > e<br />

microtensão (σM).<br />

85<br />

Tabela 4. 9 Algumas características <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> multicamada obtidas por uso do método<br />

pseudo-Voigt: tamanho <strong>dos</strong> cristais (D), micro<strong>de</strong>formação, < ε > e microtensão<br />

(σM).<br />

87<br />

Tabela 4. 10 Algumas características <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio: <strong>de</strong>formação (ε),<br />

tensões residuais (σR), e Módulo <strong>de</strong> Young efectivo obtido a partir da equação 4.14.<br />

91<br />

Tabela 4. 11 Deformação na distância interplanar (ε) calculada para os picos (111) do CrN e<br />

(002) <strong>de</strong> Ti nos <strong>revestimentos</strong> multicamada (* - não medido).<br />

92<br />

Tabela 5. 1 Tensão residual (σR) <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio obtida a partir da<br />

curvatura <strong>dos</strong> substratos após a <strong>de</strong>posição, tensões térmicas (σext) tendo <strong>em</strong> conta os<br />

valores tabela<strong>dos</strong> das proprieda<strong>de</strong>s mecânicas do CrN (*intervalo <strong>de</strong> valores<br />

calculado com <strong>de</strong> módulo <strong>de</strong> Young e razão <strong>de</strong> Poisson da literatura; **valores<br />

calcula<strong>dos</strong> com o módulo <strong>de</strong> Young obtido por in<strong>de</strong>ntação e razão <strong>de</strong> Poisson 0.28).<br />

98<br />

Tabela 5. 2 Tensões térmicas (σext) <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> multicamada tendo <strong>em</strong> conta os<br />

valores tabela<strong>dos</strong> das proprieda<strong>de</strong>s mecânicas do CrN e do Ti.<br />

100<br />

Tabela 5. 3 Resulta<strong>dos</strong> das medidas <strong>de</strong> Módulo <strong>de</strong> Young para os <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong><br />

crómio: por nanoin<strong>de</strong>ntação (EM – valores médios com in<strong>de</strong>ntações entre 100 e<br />

300 nm) e (Emax – valores máximos com in<strong>de</strong>ntações <strong>de</strong> 100 nm; assinalam-se<br />

também os casos <strong>em</strong> que os valores máximos foram obti<strong>dos</strong> com outras<br />

profundida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> in<strong>de</strong>ntação (* - 50 nm; † - 200 nm; ‡ - 300 nm)), por ondas<br />

acústicas <strong>de</strong> superfície (ESAW) e a partir <strong>dos</strong> padrões <strong>de</strong> XRD e medidas <strong>de</strong> tensões<br />

residuais (EEf).<br />

102<br />

Tabela 5. 4 Resulta<strong>dos</strong> das medidas <strong>de</strong> módulo <strong>de</strong> Young para os <strong>revestimentos</strong> multicamada<br />

por nanoin<strong>de</strong>ntação (EM – valores médios com in<strong>de</strong>ntações entre 100 e 300 nm),<br />

(Emax – valores máximos com in<strong>de</strong>ntações entre 100 nm; assinalam-se também os<br />

xiii


Índice <strong>de</strong> tabelas<br />

______________________________________________________________________________________<br />

casos <strong>em</strong> que os valores máximos foram obti<strong>dos</strong> com outras profundida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

in<strong>de</strong>ntação († - 200 nm; ‡ - 300 nm), ondas acústicas <strong>de</strong> superfície (ESAW) e a partir<br />

<strong>dos</strong> padrões <strong>de</strong> XRD e medidas <strong>de</strong> tensões residuais (EEf). Apresentam-se também<br />

os resulta<strong>dos</strong> obti<strong>dos</strong> para os <strong>revestimentos</strong> simples <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio e titânio<br />

<strong>de</strong>posita<strong>dos</strong> nas condições <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> multicamada da mesma série.<br />

Tabela 5. 5 Dureza das amostras revestidas com nitreto <strong>de</strong> titânio obtidas com a média <strong>de</strong><br />

in<strong>de</strong>ntações <strong>de</strong> 100, 200 e 300 nm. A dureza máxima correspon<strong>de</strong> ao valor máximo<br />

obtido para uma medida individuais com uma profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> in<strong>de</strong>ntação <strong>de</strong><br />

100 nm (<strong>em</strong> alguns casos obtiveram-se valores superiores com outras<br />

profundida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> in<strong>de</strong>ntação: * - 50 nm; † - 200 nm; ‡ - 300 nm)<br />

Tabela 5. 6 Dureza das amostras revestidas com nitreto <strong>de</strong> titânio obtidas com a média <strong>de</strong><br />

in<strong>de</strong>ntações <strong>de</strong> 100, 200 e 300 nm. A dureza máxima correspon<strong>de</strong> ao valor máximo<br />

obtido para uma medida individuais com uma profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> in<strong>de</strong>ntação <strong>de</strong><br />

100 nm (<strong>em</strong> alguns casos obtiveram-se valores superiores com outras<br />

profundida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> in<strong>de</strong>ntação: * - 50 nm; † - 200 nm; ‡ - 300 nm).<br />

Tabela 5. 7 Desgaste à t<strong>em</strong>peratura ambiente e a 300ºC calculado após as medidas <strong>de</strong> teste <strong>de</strong><br />

pino sobre disco. Apresentam-se também as medidas <strong>de</strong> coeficiente <strong>de</strong> atrito<br />

obtidas durante o mesmo teste (n.m. - a duração do teste foi insuficiente para<br />

quantificar o coeficiente <strong>de</strong> atrito).<br />

Tabela 5. 8 Resulta<strong>dos</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste, obti<strong>dos</strong> da literatura, <strong>em</strong> ensaios <strong>de</strong> pino sobre disco a<br />

diversos <strong>revestimentos</strong>.<br />

Tabela 5. 9 Cargas do in<strong>de</strong>ntador à qual sug<strong>em</strong> falhas coesivas e a<strong>de</strong>sivas <strong>de</strong>tectadas nos<br />

diversos <strong>revestimentos</strong> testa<strong>dos</strong> após os testes <strong>de</strong> in<strong>de</strong>ntação <strong>de</strong>slizante: LC1 .<br />

Primeira carga crítica; LC2 – Segunda carga crítica; LS – carga a que acontece<br />

<strong>de</strong>laminação. (1) - não mensurável.<br />

Tabela 5. 10 Tabela com alguns valores <strong>de</strong> cargas críticas para alguns <strong>revestimentos</strong> da família<br />

<strong>dos</strong> nitretos <strong>dos</strong> metais <strong>de</strong> transição.<br />

Tabela 6. 1 Da<strong>dos</strong> obti<strong>dos</strong> a partir <strong>dos</strong> testes electroquímicos numa solução <strong>de</strong> HCl (1M).<br />

Tabela 6. 2 Valores das energias <strong>de</strong> ligação <strong>de</strong> cada um <strong>dos</strong> picos <strong>dos</strong> espectros XPS da figura<br />

6.15 e i<strong>de</strong>ntificação com o tipo <strong>de</strong> substância a partir <strong>dos</strong> valores obti<strong>dos</strong> da<br />

literatura.<br />

Tabela 6. 3 Valores das energias <strong>de</strong> ligação <strong>de</strong> cada um <strong>dos</strong> picos <strong>dos</strong> espectros XPS das<br />

amostras <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> titânio e alumínio e i<strong>de</strong>ntificação com o tipo <strong>de</strong> substância a<br />

partir <strong>dos</strong> valores obti<strong>dos</strong> da literatura.<br />

148<br />

Tabela 7. 1 Proprieda<strong>de</strong>s térmicas do PA 66. 158<br />

Tabela 7. 2 Proprieda<strong>de</strong>s mecânicas das fibras <strong>de</strong> vidro que reforçam a poliamida, da poliamida<br />

(PA 66) e do compósito (PA6 GF35)<br />

Tabela 7. 3 Contabilização <strong>dos</strong> <strong>de</strong>feitos observa<strong>dos</strong> na superfície das amostras antes e após os<br />

ensaios <strong>em</strong> condições <strong>de</strong> processamento.<br />

xiv<br />

103<br />

108<br />

110<br />

111<br />

113<br />

121<br />

122<br />

129<br />

144<br />

159<br />

167


Introdução<br />

______________________________________________________________________________________<br />

Introdução<br />

No domínio <strong>dos</strong> materiais, po<strong>de</strong> ser um lugar comum afirmá-lo, mas não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong><br />

ser verda<strong>de</strong> que o uso <strong>de</strong> materiais plásticos t<strong>em</strong> uma utilização cada vez maior <strong>em</strong> to<strong>dos</strong><br />

os aspectos do dia a dia. Existe uma enorme quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> materiais plásticos com<br />

características distintas que permite que se adapt<strong>em</strong> a um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> utilizações.<br />

A própria evolução do mercado exige a criação <strong>de</strong> novos materiais plásticos com<br />

características mais adaptadas a funções específicas ou a novas funções. Estas exigências<br />

criam uma rápida expansão da indústria produtora e transformadora.<br />

A nível mundial, o consumo por peso <strong>de</strong> materiais plásticos, ultrapassou o<br />

consumo da maior parte <strong>dos</strong> metais (figura I.1).<br />

Massa [10 3 T]<br />

10 6<br />

10 5<br />

10 4<br />

10 3<br />

200<br />

Anos<br />

Aço Plásticos<br />

Alumínio<br />

Borracha<br />

Figura I. 1 – Consumo mundial <strong>de</strong> materiais (<strong>em</strong> massa) [1].<br />

No processamento e transformação <strong>de</strong> materiais plásticos as superfícies <strong>dos</strong><br />

mol<strong>de</strong>s e da maquinaria que ficam <strong>em</strong> contacto com plástico quente estão sujeitos a um<br />

ambiente hostil, como meios corrosivos, abrasivos, erosivos, sujeitos a tensões, com<br />

t<strong>em</strong>peraturas medianamente elevadas ou uma combinação <strong>de</strong>stes factores. Sob estas<br />

Cobre<br />

Zinco<br />

1


Introdução<br />

______________________________________________________________________________________<br />

condições po<strong>de</strong>m surgir alterações importantes na superfície <strong>de</strong>sses mol<strong>de</strong>s e nos<br />

componentes das máquinas extrusoras ou <strong>de</strong> injecção que entram <strong>em</strong> contacto com o<br />

plástico fundido. Estas alterações po<strong>de</strong>m afectar o funcionamento do sist<strong>em</strong>a e provocam<br />

gradativamente uma diminuição da qualida<strong>de</strong> do produto, com todas as repercussões que<br />

isso po<strong>de</strong> ter na economia da unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produção. É conveniente que a superfície das<br />

peças que estarão <strong>em</strong> contacto com o plástico fundido sejam resistentes ao <strong>de</strong>sgaste<br />

abrasivo e erosivo, mas também possuam uma a<strong>de</strong>quada resistência à corrosão.<br />

Po<strong>de</strong> dizer-se que há quatro factores que influenciam o <strong>de</strong>sgaste e a corrosão<br />

durante o processamento: a composição da matéria prima, as condições <strong>de</strong><br />

processamento, a forma ou “<strong>de</strong>sign” do equipamento e a escolha <strong>dos</strong> materiais ou<br />

tratamentos <strong>de</strong> superfície do equipamento [2,3]. Não cabe nos objectivos <strong>de</strong>ste trabalho o<br />

estudo <strong>dos</strong> três primeiros factores, mas tentar-se-á apresentar uma contribuição<br />

relativamente à longevida<strong>de</strong> das superfícies que entram <strong>em</strong> contacto com o plástico<br />

fundido.<br />

Os componentes das máquinas <strong>de</strong> processamento <strong>de</strong> plásticos e os mol<strong>de</strong>s são<br />

normalmente sujeitos a tratamento térmico ou revesti<strong>dos</strong> para permitir que a resistência<br />

ao <strong>de</strong>sgaste e à corrosão sejam maiores. Os meios <strong>de</strong> protecção <strong>de</strong> superfícies <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m<br />

do material a processar, mas os mais utiliza<strong>dos</strong> hoje <strong>em</strong> dia no processamento <strong>de</strong><br />

materiais plásticos estão resumi<strong>dos</strong> na tabela I.1.<br />

A nitruração talvez seja o processo mais importante para aumentar a resistência ao<br />

<strong>de</strong>sgaste das superfícies que entram <strong>em</strong> contacto com o plástico fundido. Este processo<br />

consiste <strong>em</strong> fazer um tratamento térmico, entre 500 e 540 ºC numa atmosfera <strong>de</strong> azoto ou<br />

amónia, ficando assim a superfície enriquecida <strong>em</strong> azoto. A dureza <strong>de</strong>sta camada<br />

nitrurada (<strong>de</strong> poucas <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> µm até ao mm) é cerca <strong>de</strong> 63 Rockwell C, o que<br />

correspon<strong>de</strong> a cerca <strong>de</strong> 8 GPa e apresenta uma gran<strong>de</strong> resistência à abrasão [1]. O aço<br />

t<strong>em</strong>perado t<strong>em</strong> cerca <strong>de</strong> 60 Rockwell C (cerca <strong>de</strong> 7 GPa). O maior probl<strong>em</strong>a neste tipo <strong>de</strong><br />

tratamento é a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> existir<strong>em</strong> tensões que vão danificar a peça ou o mol<strong>de</strong>.<br />

Estas tensões po<strong>de</strong>m ser originadas pela geometria da peça, pelo tratamento térmico, pela<br />

maquinação, polimento, soldaduras ou combinações <strong>de</strong>stes factores que provoque um<br />

aquecimento não uniforme da peça.<br />

2


Introdução<br />

______________________________________________________________________________________<br />

Tab. I.1 – Revestimentos e tratamento <strong>de</strong> superfícies <strong>de</strong> mol<strong>de</strong>s [1,4].<br />

PROCESSO MATERIAL APLICAÇÃO OBJECTIVO<br />

Revestimento por<br />

impacto<br />

Deposição electrolítica<br />

“electroplating”<br />

Deposição química<br />

(“Electroless plating”)<br />

WS2 Em qualquer metal Reduzir o atrito e o <strong>de</strong>sgaste<br />

metal-metal com filme seco –<br />

não migrante.<br />

C Em qualquer metal Redução da colag<strong>em</strong> do<br />

plástico à superfície<br />

(“sticking”).<br />

Crómio duro Aço, Ni, ligas <strong>de</strong> Cu Protege polimento, reduz<br />

<strong>de</strong>sgaste e resiste à corrosão<br />

(excepção feita aos plásticos<br />

com Cl e F).<br />

Au Ni, Latão Protege da corrosão.<br />

Ni Aço, ligas <strong>de</strong> Cu Resistente à corrosão excepto<br />

compostos com enxofre,<br />

melhora a ligação sobre<br />

crómio e repara mol<strong>de</strong>s<br />

usa<strong>dos</strong>.<br />

Ni Aço Protege as superfícies (não <strong>de</strong><br />

mol<strong>de</strong>s) contra ferrug<strong>em</strong><br />

(“rust”)<br />

Níquel-fósforo Aço e Cu Resistente à corrosão e<br />

<strong>de</strong>sgaste.<br />

Nitruração N2 ou NH3 Alguns aços Aumenta a resistência à<br />

corrosão, ao <strong>de</strong>sgaste. É uma<br />

alternativa à electro<strong>de</strong>posição<br />

Nitruração <strong>em</strong> meio Banho<br />

líquido<br />

patenteado<br />

Anodização Oxidação<br />

electrolítica<br />

Pulverização catódica TiN, TiBN,<br />

CrN<br />

Todas as ligas<br />

<strong>de</strong> crómio e <strong>de</strong> níquel.<br />

Aumenta a lubrificação e<br />

ferrosas<br />

reduz os arranhões.<br />

Al Aumenta a dureza da<br />

superfície e aumenta a<br />

resistência à corrosão e ao<br />

<strong>de</strong>sgaste.<br />

Essencialmente aços Aumento da dureza e<br />

resistência<br />

<strong>de</strong>sgaste.<br />

à corrosão e<br />

Revestimento com crómio duro também é muito usado. O crómio duro t<strong>em</strong>, <strong>em</strong><br />

média, uma dureza entre 66 Rockwell C (cerca <strong>de</strong> 8.8 GPa) e 70 Rockwell C (cerca <strong>de</strong><br />

10.7 GPa), é frágil, geralmente está <strong>em</strong> tracção e t<strong>em</strong> uma boa resistência à corrosão<br />

relativamente a um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> agentes corrosivos. Na electro<strong>de</strong>posição do crómio<br />

a distribuição <strong>de</strong> corrente varia com a forma geométrica da amostra a revestir e<br />

consequent<strong>em</strong>ente a espessura não é homogénea. Este tipo <strong>de</strong> revestimento t<strong>em</strong> uma<br />

excelente resistência à abrasão, à erosão e à formação <strong>de</strong> cavida<strong>de</strong>s (“cavitation”). Uma<br />

dureza apropriada obtém-se a partir <strong>de</strong> espessuras da or<strong>de</strong>m <strong>dos</strong> 20 µm. No entanto, o<br />

aumento da espessura t<strong>em</strong> tendência a criar fendas <strong>de</strong>vido a fortes tensões. Este facto faz<br />

3


Introdução<br />

______________________________________________________________________________________<br />

diminuir a resistência à corrosão, pois um agente corrosivo líquido ou gasoso po<strong>de</strong><br />

penetrar até ao substrato, criando corrosão intersticial. Po<strong>de</strong> limitar-se este probl<strong>em</strong>a pela<br />

pré-<strong>de</strong>posição <strong>de</strong> níquel ou uma camada <strong>de</strong> crómio fina mas <strong>de</strong>nsa. Este tipo <strong>de</strong><br />

revestimento minimiza a colag<strong>em</strong> do produto processado ao mol<strong>de</strong>. O crómio duro é<br />

atacado pelo ácido clorídrico libertado no processamento por injecção do PVC. Este<br />

processo <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> superfície é agressivo do ponto <strong>de</strong> vista ambiental.<br />

A niquelag<strong>em</strong> não electrolítica é um processo químico <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição. Dá orig<strong>em</strong> a<br />

uma camada <strong>de</strong> níquel com uma espessura homogénea com cerca 20 µm. Esta<br />

característica permite manter a tolerância, o que não acontece com os outros processos <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>posição <strong>de</strong> metais. T<strong>em</strong> uma dureza <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 48 Rockwell C (cerca <strong>de</strong> 4.9 GPa) mas<br />

que po<strong>de</strong> ser aumentada até 68 Rockwell C (cerca <strong>de</strong> 9.6 GPa) por tratamento térmico.<br />

Este tratamento previne a corrosão e protege as superfícies <strong>em</strong> contacto com água, PVC<br />

ou outros materiais corrosivos, <strong>em</strong>bora também seja agressivo do ponto <strong>de</strong> vista<br />

ambiental.<br />

O ouro t<strong>em</strong> a vantag<strong>em</strong> <strong>de</strong> ser nobre, portanto resistente à corrosão, e faz barreira<br />

ao hidrogénio. Protege as superfícies do PVC e <strong>dos</strong> compostos fluorocarbona<strong>dos</strong>. Evita a<br />

perda <strong>de</strong> brilho (“tarnishing”), a <strong>de</strong>scoloração e a oxidação da superfície <strong>de</strong> mol<strong>de</strong>s. Uma<br />

camada <strong>de</strong> ouro com cerca <strong>de</strong> 1 µm é suficiente para este tipo <strong>de</strong> protecção, no entanto o<br />

ouro t<strong>em</strong> as <strong>de</strong>svantagens <strong>de</strong> não ser duro e encarecer substancialmente o processo. O<br />

mesmo se passa relativamente ao uso <strong>de</strong> prata ou platina.<br />

A carburação faz-se por tratamento térmico da superfície (entre 870 e 1010 ºC)<br />

na presença <strong>de</strong> carbono sólido, atmosfera rica <strong>em</strong> compostos <strong>de</strong> carbono ou sais líqui<strong>dos</strong>.<br />

Tal como a nitruração a dureza é fort<strong>em</strong>ente aumentada e as vantagens e <strong>de</strong>svantagens<br />

são as mesmas daquele processo.<br />

Po<strong>de</strong> revestir-se as superfícies por sinterização <strong>de</strong> carboneto <strong>de</strong> titânio. O<br />

componente a ser revestido é aquecido até à t<strong>em</strong>peratura <strong>de</strong> sinterização e <strong>de</strong>pois é<br />

mergulhado no pó <strong>de</strong> carboneto <strong>de</strong> titânio, retirado e aquecido até t<strong>em</strong>peraturas mais<br />

elevadas para sinterizar o revestimento ao componente.<br />

Há outros processos que não utiliza<strong>dos</strong> frequent<strong>em</strong>ente para preparar as<br />

superfícies para <strong>de</strong>termina<strong>dos</strong> meios. O politetrafluoretileno (PTFE) é usado para revestir<br />

superfícies electro<strong>de</strong>positadas como as <strong>de</strong> crómio duro. Este tratamento diminui o atrito e<br />

evita a colag<strong>em</strong> do polímero processado, enquanto se mantém as características da<br />

superfície electro<strong>de</strong>positada. O PTFE infiltra-se nos poros do revestimento base<br />

melhorando a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> resistir à corrosão.<br />

4


Introdução<br />

______________________________________________________________________________________<br />

Mais recent<strong>em</strong>ente t<strong>em</strong>-se investigado o uso <strong>de</strong> nitretos ou carbonitretos metálicos<br />

para protecção das superfícies do contacto com os plásticos quentes, nomeadamente<br />

<strong>revestimentos</strong> basea<strong>dos</strong> <strong>em</strong> titânio, essencialmente TiCN [1], TiN [3] e TiBN [5],<br />

produzi<strong>dos</strong> por técnicas <strong>PVD</strong>. O bom <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho <strong>de</strong>stes materiais cerâmicos t<strong>em</strong><br />

contribuído para o aumento da sua utilização <strong>em</strong> aplicação diversas.<br />

Nenhum <strong>dos</strong> tratamentos clássicos referi<strong>dos</strong> anteriormente é o i<strong>de</strong>al para resolver<br />

to<strong>dos</strong> os probl<strong>em</strong>as. De um modo geral os processos que actualmente se usam para<br />

proteger as superfícies são ambientalmente agressivos. Técnicas <strong>PVD</strong> são <strong>em</strong> princípio as<br />

mais limpas <strong>de</strong>ste ponto <strong>de</strong> vista. Este é um <strong>dos</strong> factores que nos influencia para estudar<br />

as potencialida<strong>de</strong>s, a nível <strong>de</strong> comportamento, <strong>de</strong> <strong>revestimentos</strong> duros e quimicamente<br />

estáveis, <strong>de</strong>posita<strong>dos</strong> por técnicas <strong>PVD</strong>. Estas técnicas <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição <strong>de</strong> <strong>revestimentos</strong><br />

po<strong>de</strong>m proteger a superfície <strong>de</strong> um modo mais abrangente.<br />

I.1 – Deposição física <strong>em</strong> fase <strong>de</strong> vapor (<strong>PVD</strong>)<br />

Nos processos <strong>PVD</strong> os átomos ou moléculas são transferi<strong>dos</strong> <strong>de</strong> uma fonte para<br />

um substrato. Os processos <strong>PVD</strong> mais utiliza<strong>dos</strong> industrialmente são a evaporação, <strong>em</strong><br />

que a fonte está fundida e os átomos são <strong>em</strong>iti<strong>dos</strong> por meios térmicos, ou pulverização,<br />

<strong>em</strong> que a fonte está no estado sólido (alvo) e os átomos são <strong>em</strong>iti<strong>dos</strong> por impacto <strong>de</strong> iões.<br />

A técnica <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição usada para produzir os <strong>revestimentos</strong> estuda<strong>dos</strong> neste<br />

trabalho foi a pulverização catódica reactiva <strong>em</strong> magnetrão utilizando fontes <strong>de</strong> corrente<br />

contínua (DC) ou <strong>de</strong> radio-frequência (RF).<br />

A <strong>de</strong>posição por pulverização catódica é uma técnica limpa do ponto <strong>de</strong> vista do<br />

ambiente. Po<strong>de</strong> ser necessário dispen<strong>de</strong>r algum t<strong>em</strong>po até que os <strong>revestimentos</strong><br />

<strong>de</strong>posita<strong>dos</strong> se apresent<strong>em</strong> optimiza<strong>dos</strong> para a função que se preten<strong>de</strong> que <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penh<strong>em</strong>,<br />

mas a técnica permite um bom controlo nas características <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> e na<br />

espessura pretendida. É um processo que utiliza baixas pressões <strong>de</strong> trabalho (no nosso<br />

caso pressões da or<strong>de</strong>m <strong>dos</strong> 10 -1 Pa). As reacções químicas po<strong>de</strong>m suce<strong>de</strong>r no caso da<br />

pulverização reactiva, quando ao gás inerte se adiciona outro gás. Neste caso<br />

processam-se reacções entre o gás reactivo e o material do alvo. Po<strong>de</strong> variar-se a<br />

composição do filme alterando o fluxo do gás reactivo, no entanto a relação entre o fluxo<br />

5


Introdução<br />

______________________________________________________________________________________<br />

do gás reactivo e a composição do filme não é linear exibindo normalmente histerese. Há<br />

uma inter<strong>de</strong>pendência complexa entre os vários parâmetros <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição.<br />

Esta técnica <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição origina normalmente um crescimento colunar e também<br />

causa frequent<strong>em</strong>ente o aparecimento <strong>de</strong> <strong>de</strong>feitos do tipo poros ou do tipo grânulos. Estes<br />

<strong>de</strong>feitos po<strong>de</strong>rão ser controla<strong>dos</strong> através das condições <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição, da geometria da<br />

câmara ou do tipo <strong>de</strong> revestimento.<br />

I.2 – Nitretos metálicos<br />

Os nitretos <strong>dos</strong> metais <strong>de</strong> transição provaram ser extr<strong>em</strong>amente duros, enquanto<br />

mantém a tenacida<strong>de</strong> do componente, com baixo coeficiente <strong>de</strong> atrito, excelente a<strong>de</strong>são,<br />

bom comportamento <strong>de</strong>slizante e com condutivida<strong>de</strong> eléctrica e térmica relativamente<br />

elevada. Estes nitretos enquanto na forma sólida, são frágeis e susceptíveis à fractura,<br />

mas quando utiliza<strong>dos</strong> como <strong>revestimentos</strong> per<strong>de</strong>m a sua fragilida<strong>de</strong> e conformam-se à<br />

tenacida<strong>de</strong> do material <strong>de</strong> base.<br />

Quando <strong>de</strong>posita<strong>dos</strong> por técnicas <strong>PVD</strong>, proteg<strong>em</strong> as superfícies contra o <strong>de</strong>sgaste<br />

abrasivo e a<strong>de</strong>sivo [6].<br />

Além <strong>de</strong>stas características os nitretos <strong>dos</strong> metais <strong>de</strong> transição são estáveis e<br />

razoavelmente inertes sob o ponto <strong>de</strong> vista químico. Se os <strong>revestimentos</strong> possuir<strong>em</strong><br />

poucos <strong>de</strong>feitos, ao ser<strong>em</strong> <strong>de</strong>posita<strong>dos</strong> sobre aços <strong>de</strong>v<strong>em</strong> garantir uma boa resistência à<br />

corrosão. A <strong>de</strong>posição <strong>de</strong>stes nitretos sobre aços inoxidáveis <strong>de</strong>ve aumentar a resistência<br />

à corrosão.<br />

O comportamento <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> materiais no que se refere à corrosão <strong>de</strong>pen<strong>de</strong><br />

bastante da qualida<strong>de</strong> do revestimento que por sua vez <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> das condições <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>posição. A presença <strong>de</strong> <strong>de</strong>feitos, como poros ou fendas, afecta significativamente o<br />

<strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho <strong>de</strong>stes sist<strong>em</strong>as, principalmente no que diz respeito à sua resistência à<br />

corrosão [7]. A própria microestrutura, espessura ou tipo <strong>de</strong> substrato po<strong>de</strong>m<br />

comprometer irr<strong>em</strong>ediavelmente as funções que se preten<strong>de</strong> que o revestimento<br />

<strong>de</strong>s<strong>em</strong>penhe.<br />

Para minimizar o probl<strong>em</strong>a da presença <strong>de</strong> poros que possam permitir a<br />

penetração <strong>de</strong> agentes agressivos até ao substrato, causando corrosão intersticial, po<strong>de</strong>m<br />

produzir-se <strong>revestimentos</strong> com condições <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição apropriadas, mas há outras<br />

6


Introdução<br />

______________________________________________________________________________________<br />

sugestões na literatura como a <strong>de</strong>posição <strong>de</strong> intercamada metálica entre o substrato e o<br />

revestimento <strong>de</strong> nitreto, <strong>revestimentos</strong> multicamada ou <strong>revestimentos</strong> com composição a<br />

variar gradativamente (ver capítulo 2).<br />

Há diversos nitretos metálicos que apresentam características muito interessantes.<br />

Neste trabalho, os <strong>revestimentos</strong> produzi<strong>dos</strong> são basea<strong>dos</strong> no nitreto <strong>de</strong> crómio. Este tipo<br />

<strong>de</strong> <strong>revestimentos</strong> já provaram ter dureza elevada e resistência à corrosão [8].<br />

I.3 - Objectivos e abordag<strong>em</strong> do trabalho apresentado nesta tese<br />

Na indústria <strong>de</strong> processamento <strong>de</strong> plásticos as técnicas <strong>de</strong> protecção das superfície<br />

<strong>de</strong> mol<strong>de</strong>s ou maquinaria po<strong>de</strong>m ser ambientalmente agressivas e não garant<strong>em</strong> uma<br />

protecção universal relativamente a agentes mecânica ou quimicamente agressivos. No<br />

trabalho que <strong>de</strong>u orig<strong>em</strong> a esta tese, foram produzi<strong>dos</strong> por pulverização catódica reactiva<br />

<strong>em</strong> magnetrão, <strong>revestimentos</strong> basea<strong>dos</strong> no nitreto <strong>de</strong> crómio, com o objectivo <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r<strong>em</strong><br />

vir a ser utiliza<strong>dos</strong> <strong>em</strong> máquinas extrusoras ou <strong>de</strong> injecção <strong>de</strong> plásticos. Há algumas<br />

questões que surg<strong>em</strong> ao enfrentarmos a tarefa <strong>de</strong> produzir e testar estes <strong>revestimentos</strong>.<br />

1 - Qual a influência da morfologia e microestrutura <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> nas<br />

proprieda<strong>de</strong>s mecânicas e no <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho <strong>em</strong> meios agressivos?<br />

2 - De que modo a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong>, ou proprieda<strong>de</strong>s mecânicas<br />

(a<strong>de</strong>são, tensões residuais, dureza, módulo <strong>de</strong> Young) influenciam a resistência à<br />

corrosão e ao <strong>de</strong>sgaste?<br />

3 – Até que ponto os <strong>de</strong>feitos do tipo poros ou do tipo grânulos, que normalmente<br />

aparec<strong>em</strong> quando se usam técnicas <strong>PVD</strong>, afectam a resistência à corrosão <strong>dos</strong><br />

<strong>revestimentos</strong>?<br />

4 - Qual o mecanismo <strong>de</strong> corrosão dominante no processamento <strong>de</strong> alguns<br />

polímeros que são agressivos do ponto <strong>de</strong> vista químico, nomeadamente a poliamida 66<br />

(PA66), ou a presença <strong>de</strong> HCl no processamento do PVC? Qual o mecanismo das<br />

reacções químicas que ocorr<strong>em</strong> à superfície do revestimento?<br />

5 - Quais as consequências, <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>s mecânicas e <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho<br />

<strong>em</strong> meios quimicamente agressivos, ao se intercalar<strong>em</strong> camadas duras <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong><br />

crómio com camadas metálicas dúcteis? Qual a consequência <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> resistência ao<br />

<strong>de</strong>sgaste e à corrosão?<br />

7


Introdução<br />

______________________________________________________________________________________<br />

6 – Até que ponto os testes <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste efectua<strong>dos</strong> a t<strong>em</strong>peratura ambiente e a<br />

300 ºC, ajudam a prever o comportamento <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> <strong>em</strong> condições reais <strong>de</strong><br />

processamento <strong>de</strong> materiais plásticos, uma vez que este processamento se processa a<br />

t<strong>em</strong>peraturas medianamente elevadas?<br />

7 – Será que os testes <strong>de</strong> corrosão aquosa a t<strong>em</strong>peratura ambiente e <strong>de</strong> corrosão a<br />

quente fornec<strong>em</strong> indicações sobre a resistência à corrosão <strong>de</strong>stes <strong>revestimentos</strong> durante o<br />

processamento <strong>de</strong> materiais plásticos?<br />

8 - Existe um ganho real <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> protecção <strong>de</strong> superfícies no processamento<br />

<strong>de</strong> plásticos, se os processos tradicionais <strong>de</strong> protecção for<strong>em</strong> substituí<strong>dos</strong> por<br />

<strong>revestimentos</strong> produzi<strong>dos</strong> por técnicas <strong>PVD</strong>? Para este último ponto foi <strong>de</strong>senvolvido<br />

uma técnica <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste acelerado <strong>de</strong> superfícies <strong>em</strong> contacto com o plástico aquecido,<br />

<strong>de</strong>vido aos testes <strong>em</strong> condições reais ser<strong>em</strong> muito <strong>de</strong>mora<strong>dos</strong> (anos) e ser<strong>em</strong> pouco<br />

controláveis.<br />

Estas questões foram colocadas após a programação do trabalho e durante a fase<br />

experimental. Preten<strong>de</strong>-se que as repostas surjam <strong>em</strong> consequência <strong>dos</strong> testes a que as<br />

amostras foram submetidas e cujos resulta<strong>dos</strong> serão apresenta<strong>dos</strong> ao longo <strong>de</strong>sta tese. Em<br />

concreto, o capítulo 1 é <strong>de</strong>dicado a uma breve <strong>de</strong>scrição das técnicas <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição,<br />

caracterização e análise que foram utilizadas. Referências a trabalhos efectua<strong>dos</strong> com<br />

<strong>revestimentos</strong> cerâmicos <strong>em</strong> geral, e <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio <strong>em</strong> particular são abordadas no<br />

capítulo 2. O capítulo 3 refere as condições <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição e indica a composição e<br />

espessura <strong>dos</strong> diferentes <strong>revestimentos</strong> produzi<strong>dos</strong>. No capítulo 4 caracteriza-se<br />

estruturalmente os <strong>revestimentos</strong>. No capítulo 5 apresentam-se algumas proprieda<strong>de</strong>s<br />

mecânicas <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> produzi<strong>dos</strong> e também resulta<strong>dos</strong> <strong>de</strong> ensaios <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste. O<br />

capítulo 6 evi<strong>de</strong>ncia o comportamento das amostras nos teste <strong>de</strong> corrosão acelera<strong>dos</strong> a<br />

que foram sujeitas. No capítulo 7 apresentam-se os resulta<strong>dos</strong> obti<strong>dos</strong> nos testes <strong>de</strong><br />

processamento <strong>em</strong> máquina <strong>de</strong> injecção <strong>de</strong> polímeros. Nas Consi<strong>de</strong>rações Finais e<br />

Conclusões dão-se respostas resumidas às oito questões apresentadas nesta Introdução e<br />

obviamente retiram-se as conclusões <strong>de</strong>ste trabalho.<br />

8


Introdução<br />

______________________________________________________________________________________<br />

Bibliografia<br />

1. Dominick V. Rosato, Donald V. Rosato, Injection Molding Handbook, Van Nostrand<br />

Reinhold, New York, 1986.<br />

2. P. Volz, “Verschleiß in <strong>de</strong>r Kunststofftechnologie”; Lagebericht, Kunststoffe, 69<br />

(11), 758 (1979).<br />

3. G. Paller, B. Matthes, W. Herr, E. Broszeit, Materials Science and Engineering,<br />

A140, 647 (1991).<br />

4. J. H. DuBois, W. I. Pribble, Plastic Mold Engineering Handbook, Van Nostrand<br />

Reinhold, New York, 1978.<br />

5. B. Matthes, E. Broszeit, K. H. Kloos, Surface and Coatings Technology 57, 97<br />

(1993).<br />

6. C. Friedrich, G. Bergh, E. Broszeit, K.-H. Kloos, Surface & Coatings Technology,<br />

74-74, 279 (1995).<br />

7. Y. Massiani, A. Medjahed, P. Gravier, J. P. Crousier, Thin Solid Films, 217, 31<br />

(1992).<br />

8. A. Schröer, W. Ensinger and G. K. Wolf, Materials Science and Engineering, A140,<br />

625 (1991).<br />

9


Breve <strong>de</strong>scrição das técnicas <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição, caracterização e análise <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong><br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

Capítulo 1<br />

Breve <strong>de</strong>scrição das técnicas <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição, caracterização e<br />

análise <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong>.<br />

The known is finite, the unknown infinite;<br />

Intelectually we stand in an islet in the midst<br />

of an illimitable ocean of inexplicability.<br />

Our business in every generation<br />

is to reclaim a little more land.<br />

T. H. Huxley<br />

Preten<strong>de</strong>-se neste capítulo fornecer informação sobre as técnicas utilizadas na produção<br />

<strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> e na caracterização ou análise as amostras. Não se preten<strong>de</strong> fazer uma<br />

<strong>de</strong>scrição exaustiva, mas simplesmente uma breve <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong>ssas técnicas.<br />

1.1 - Técnicas <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição<br />

Utilizou-se a pulverização catódica reactiva por magnetrão para produzir os<br />

<strong>revestimentos</strong>. Esta técnica apresenta algumas vantagens relativamente a outras técnicas<br />

utilizadas para revestir mol<strong>de</strong>s ou partes <strong>de</strong> máquinas injectoras ou extrusoras,<br />

nomeadamente:<br />

- Ser limpa do ponto <strong>de</strong> vista ambiental;<br />

10


Breve <strong>de</strong>scrição das técnicas <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição, caracterização e análise <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong><br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

- Não ser um processo térmico ou químico, mas sim um processo on<strong>de</strong> existe troca<br />

<strong>de</strong> momento entre iões do plasma e átomos do alvo, mas também entre os átomos e<br />

iões e a superfície do substrato ou das camadas <strong>de</strong> filme já <strong>de</strong>positadas. Neste<br />

processo, a energia <strong>dos</strong> átomos a <strong>de</strong>positar é relativamente elevada;<br />

- Facilida<strong>de</strong> <strong>em</strong> controlar a espessura <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong>;<br />

- Homogeneida<strong>de</strong> <strong>de</strong> espessura <strong>em</strong> superfícies planas;<br />

- Boa a<strong>de</strong>são;<br />

- Taxas <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição relativamente elevadas,<br />

Algumas <strong>de</strong>svantagens po<strong>de</strong>rão ser:<br />

- Custo do equipamento, principalmente <strong>de</strong>vido aos acessórios para produção <strong>de</strong><br />

vácuo;<br />

- Por vezes são <strong>de</strong>tecta<strong>dos</strong> poros ou aglomera<strong>dos</strong> nos <strong>revestimentos</strong>;<br />

- Normalmente os <strong>revestimentos</strong> possu<strong>em</strong> uma estrutura colunar, o que po<strong>de</strong> afectar<br />

o seu comportamento <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> resistência à corrosão;<br />

- Dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>positar com homogeneida<strong>de</strong> suficiente <strong>em</strong> peças <strong>de</strong> forma<br />

complexa.<br />

A pulverização catódica (não reactiva) é um processo on<strong>de</strong> há transferência do<br />

material do alvo para o substrato, <strong>de</strong>vido ao bombar<strong>de</strong>amento por iões (normalmente <strong>de</strong><br />

Árgon) e on<strong>de</strong> as reacções químicas não estão presentes. Se ao gás inerte for adicionado um<br />

gás reactivo, promov<strong>em</strong>-se reacções químicas entre os átomos <strong>de</strong> que o alvo é constituído e os<br />

átomos do gás. Esta variante é <strong>de</strong>signada por pulverização catódica reactiva. Enquanto no<br />

primeiro caso t<strong>em</strong>os um processo <strong>PVD</strong> clássico, no segundo caso, <strong>de</strong>vido à existência <strong>de</strong><br />

reacções químicas, t<strong>em</strong>os um processo que é referido frequent<strong>em</strong>ente como <strong>PVD</strong> reactivo.<br />

Por vezes há incorporação <strong>de</strong> gás no revestimento, o que é um apontado como um <strong>dos</strong><br />

factores que origina o aparecimento <strong>de</strong> tensões residuais <strong>de</strong> compressão.<br />

Para a <strong>de</strong>posição <strong>de</strong> <strong>revestimentos</strong> basea<strong>dos</strong> no nitreto <strong>de</strong> crómio foi utilizada a<br />

pulverização catódica reactiva <strong>em</strong> magnetrão. Uma <strong>de</strong>scrição mais <strong>de</strong>talhada do processo <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>posição é feita no capítulo 3.<br />

11


Breve <strong>de</strong>scrição das técnicas <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição, caracterização e análise <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong><br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

1.2 – Técnicas <strong>de</strong> Caracterização e Análise<br />

1.2.1 - Espectrometria <strong>de</strong> Retrodispersão <strong>de</strong> Rutherford (RBS) [1]<br />

Esta técnica experimental é utilizada para <strong>de</strong>terminar a composição das amostras. Para<br />

a maior parte <strong>dos</strong> casos é uma técnica que po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada não <strong>de</strong>strutiva. Ao<br />

bombar<strong>de</strong>ar a amostra com núcleos leves <strong>de</strong> alta energia (0.5 a 3 MeV), uma pequena fracção<br />

das partículas inci<strong>de</strong>ntes coli<strong>de</strong>m com núcleos <strong>de</strong> átomos da amostra e são retrodifundi<strong>dos</strong>.<br />

Este facto é <strong>de</strong>vido à repulsão coulombiana entre os núcleos que, do ponto <strong>de</strong> vista da<br />

mecânica clássica, po<strong>de</strong> ser analisada como um uma colisão elástica. A energia das partículas<br />

retrodifundidas num <strong>de</strong>terminado ângulo é usada para <strong>de</strong>terminar a massa <strong>dos</strong> átomos alvo. A<br />

<strong>de</strong>tecção e a análise da distribuição <strong>de</strong> energias das partículas retrodifundidas permite obter<br />

uma composição quantitativa e <strong>em</strong> profundida<strong>de</strong> da amostra.<br />

Para analisar a composição das amostras (<strong>de</strong>positadas sobre aço inoxidável AISI 316)<br />

usou-se feixe <strong>de</strong> iões He + criado por um acelerador <strong>de</strong> iões do tipo Van De Graaff. Sendo a<br />

profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> análise permitida por esta técnica entre cerca <strong>de</strong> 100 e 1000 nm, permite-nos<br />

obter informação sobre a composição <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong>.<br />

1.2.2 - Espectroscopia <strong>de</strong> Raios-X por Dispersão <strong>de</strong> Energia (EDX) [2]<br />

Quando um átomo é bombar<strong>de</strong>ado com electrões <strong>de</strong> alta energia (10 a 50 keV),<br />

produz<strong>em</strong>-se raios-X provoca<strong>dos</strong> pela r<strong>em</strong>oção <strong>de</strong> electrões <strong>de</strong> níveis <strong>de</strong> energia internos<br />

<strong>de</strong>sse átomo. As lacunas criadas vão ser ocupadas por electrões <strong>de</strong> níveis externos que, ao se<br />

<strong>de</strong>sexcitar<strong>em</strong>, <strong>em</strong>it<strong>em</strong> radiação-X com energia igual à diferença <strong>de</strong> energia entre os níveis <strong>de</strong><br />

partida e chegada. Estes fotões são característicos para cada el<strong>em</strong>ento e, ao medir a sua<br />

energia, po<strong>de</strong> obter-se informação sobre a composição da amostra.<br />

Este processo dá, <strong>de</strong> um modo geral, uma informação qualitativa da composição, mas<br />

é possível obter informação quantitativa usando uma referência. A profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> análise<br />

varia entre cerca <strong>de</strong> 50 e 2000 nm, po<strong>de</strong>ndo ser um pouco superior e o volume analisado é da<br />

or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 1 µm 3 . A superfície das amostras a analisar <strong>de</strong>ve ser plana e polida. Esta técnica só<br />

permite <strong>de</strong>tectar el<strong>em</strong>entos a partir do Boro.<br />

12


Breve <strong>de</strong>scrição das técnicas <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição, caracterização e análise <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong><br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

Como a profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> análise ultrapassa normalmente a espessura <strong>dos</strong> filmes, uma<br />

análise exacta da composição <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio, <strong>de</strong>posita<strong>dos</strong> sobre aço<br />

inoxidável, por este processo é quase impossível.<br />

1.2.3 - Espectroscopia <strong>de</strong> Fotoelectrões por Raios-X (XPS, ESCA) [1-7]<br />

Esta técnica permite obter informação qualitativa e quantitativa sobre os el<strong>em</strong>entos<br />

presentes na superfície <strong>de</strong> uma amostra sólida e também sobre as suas ligações químicas. A<br />

profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> análise situa-se entre cerca <strong>de</strong> 0.5 e 5 nm e a área <strong>de</strong> análise entre 1 e<br />

14 mm 2 . A informação sobre a composição é obtida <strong>de</strong>vido à incidência na superfície da<br />

amostra <strong>de</strong> raios-X, normalmente provenientes <strong>de</strong> Mg (Κα − 1253.6 eV) ou Al<br />

(Κα - 1486.6 eV). Esta radiação é suficient<strong>em</strong>ente energética para causar a <strong>em</strong>issão <strong>de</strong><br />

electrões provenientes <strong>dos</strong> átomos da superfície das amostras. Ao medir a energia <strong>de</strong>stes<br />

electrões po<strong>de</strong> calcular-se a sua energia <strong>de</strong> ligação e i<strong>de</strong>ntificar o el<strong>em</strong>ento a que pertence:<br />

E hυ<br />

− E − Φ<br />

(1. 1)<br />

k<br />

= b<br />

Na expressão anterior Ek é a energia cinética do fotoelectrão, hν a energia<br />

característica do fotão inci<strong>de</strong>nte, Eb a energia <strong>de</strong> ligação do electrão, e Φ uma função <strong>de</strong><br />

trabalho que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do espectrómetro e da amostra. Uma das gran<strong>de</strong>s vantagens <strong>de</strong>sta<br />

técnica é o facto <strong>de</strong> Eb <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r do estado <strong>de</strong> oxidação do átomo a que pertence o electrão e<br />

também <strong>dos</strong> átomos vizinhos. Estas pequenas variações da energia <strong>de</strong> ligação permit<strong>em</strong> obter<br />

informação acerca das ligações químicas.<br />

1.2.4 - Microscopia Electrónica <strong>de</strong> Varrimento (SEM) [2]<br />

É uma técnica que permite o estudo da topografia <strong>de</strong> sóli<strong>dos</strong> po<strong>de</strong>ndo conseguir-se<br />

ampliações <strong>de</strong> várias centenas <strong>de</strong> milhares <strong>de</strong> vezes. Um feixe <strong>de</strong> electrões (10 a 50 keV)<br />

inci<strong>de</strong> na amostra varrendo a sua superfície. Das várias interacções resulta a <strong>em</strong>issão, a partir<br />

da superfície, <strong>de</strong> electrões (retrodifundi<strong>dos</strong> e secundários) e fotões. Parte <strong>dos</strong> electrões são<br />

13


Breve <strong>de</strong>scrição das técnicas <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição, caracterização e análise <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong><br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

colhi<strong>dos</strong> por <strong>de</strong>tectores cuja saída é usada para modular o brilho <strong>de</strong> um tubo <strong>de</strong> raios<br />

catódicos. Existe sincronismo entre o varrimento do feixe primário com o varrimento do tubo<br />

<strong>de</strong> raios catódicos. Cada ponto da superfície on<strong>de</strong> o feixe inci<strong>de</strong> é visualizado imediatamente<br />

no ponto correspon<strong>de</strong>nte do monitor. Os electrões secundários fornec<strong>em</strong> indicações sobre a<br />

topografia. O contraste na imag<strong>em</strong> obtida a partir <strong>dos</strong> electrões retrodifundi<strong>dos</strong> são<br />

consequência das diferenças <strong>de</strong> composição. Como um microscópio electrónico <strong>de</strong> varrimento<br />

é normalmente usado <strong>em</strong> conjunção com uma sonda <strong>de</strong> microanálise <strong>de</strong> electrões (EPMA), os<br />

fotões <strong>de</strong> raios-X <strong>em</strong>iti<strong>dos</strong> são usa<strong>dos</strong> para <strong>de</strong>terminar a composição da amostra (ver EDX,<br />

EPMA).<br />

1.2.5 - Espectroscopia <strong>de</strong> Electrões Auger (AES, SAM) [1,2,4,8]<br />

É uma técnica <strong>de</strong> análise da composição da superfície. A profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> análise é da<br />

or<strong>de</strong>m <strong>dos</strong> 1 a 5 nm. Uma vantag<strong>em</strong> <strong>de</strong>sta técnica é a <strong>de</strong> permitir uma gran<strong>de</strong> resolução<br />

espacial (área <strong>de</strong> análise da or<strong>de</strong>m <strong>dos</strong> 10 -6 mm 2 ). Electrões inci<strong>de</strong>ntes na amostra (1 a<br />

20 keV) criam lacunas nos níveis electrónicos internos <strong>dos</strong> átomos da superfície da amostra,<br />

que são preenchidas por electrões <strong>de</strong> níveis mais energéticos. A energia libertada nesta<br />

transição po<strong>de</strong> dar-se pela <strong>em</strong>issão <strong>de</strong> raios-X característicos ou pela ejecção <strong>de</strong> um segundo<br />

electrão (electrão Auger – 20 a 2000 eV). A energia <strong>de</strong>stes electrões é característica para cada<br />

el<strong>em</strong>ento, o que permite uma i<strong>de</strong>ntificação <strong>dos</strong> el<strong>em</strong>entos que compõ<strong>em</strong> a superfície.<br />

1.2.6 - Microscopia <strong>de</strong> Força Atómica (AFM) [3,9 ,10]<br />

Esta técnica permite obter imagens tridimensionais com ampliações da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>za <strong>de</strong><br />

10 9 vezes da superfície das amostras. Uma ponta está montada numa alavanca muito sensível<br />

e é usada para fazer o varrimento <strong>de</strong> zonas da superfície das amostras obtendo-se imagens da<br />

topografia da superfície (ver figura 1.1) com uma resolução quase atómica.<br />

Essa ponta fica muito próxima da superfície, s<strong>em</strong> que se chegue a estabelecer contacto. As<br />

imagens obtidas por esta técnica aparec<strong>em</strong> <strong>em</strong> consequência das interacções entre os átomos<br />

da ponta e os átomos da superfície. Essas interacções são repulsivas e faz<strong>em</strong> mover a<br />

alavanca. Esse movimento é <strong>de</strong>tectado por um feixe laser que é reflectido na alavanca e inci<strong>de</strong><br />

num foto<strong>de</strong>tector <strong>de</strong> quatro sectores. A diferença <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> da luz nesses sectores é<br />

14


Breve <strong>de</strong>scrição das técnicas <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição, caracterização e análise <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong><br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

função do movimento da alavanca. A relação entre este movimento e a força necessária para o<br />

causar é dada pela lei <strong>de</strong> Hook:<br />

F = - kx (1. 2)<br />

Figura 1.1 - Esqu<strong>em</strong>a do sensor <strong>de</strong> força no microscópio <strong>de</strong> força atómica.<br />

É tecnologicamente possível produzir alavancas com uma constante elástica <strong>de</strong> 1 N/m.<br />

Po<strong>de</strong>ndo medir-se movimentos com uma amplitu<strong>de</strong> menor que 1 Å, po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>tectar-se forças<br />

menores que 1 nN.<br />

1.2.7 - Difracção <strong>de</strong> Raios-X (XRD) [2]<br />

É uma técnica que permite estudar o estado cristalino <strong>de</strong> sóli<strong>dos</strong> <strong>em</strong> geral, ou <strong>dos</strong><br />

<strong>revestimentos</strong> produzi<strong>dos</strong> <strong>em</strong> particular. Po<strong>de</strong> analisar-se a microestrutura, obter informações<br />

sobre orientação e tamanho <strong>dos</strong> cristais, parâmetros <strong>de</strong> re<strong>de</strong>, tensões internas, i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong><br />

fases, entre outras possibilida<strong>de</strong>s [11]. Radiação-X monocromática inci<strong>de</strong> na amostra e a<br />

interferência construtiva da radiação reflectida ou difractada nos planos cristalinos presentes<br />

na amostra traduz-se no aparecimento <strong>de</strong> um pico <strong>de</strong> difracção. Para um conjunto <strong>de</strong> planos<br />

cristalinos com índices <strong>de</strong> Miller (hkl), a condição para se observar interferência construtiva é<br />

traduzida pela lei <strong>de</strong> Bragg (1.3) [12] que relaciona o comprimento <strong>de</strong> onda da radiação-X (λ),<br />

o ângulo entre o feixe inci<strong>de</strong>nte e o plano <strong>de</strong> Bragg responsável pela difracção (θ) e a<br />

distância entre planos cristalinos (dhkl):<br />

Espelho<br />

Alavanca<br />

Ponta<br />

Foto<strong>de</strong>tector<br />

15


Breve <strong>de</strong>scrição das técnicas <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição, caracterização e análise <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong><br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

2 dhkl sen θ = n λ (1. 3)<br />

sendo n a or<strong>de</strong>m da difracção. A variação do ângulo <strong>de</strong> incidência do feixe sobre a amostra<br />

permite a <strong>de</strong>tecção <strong>dos</strong> picos referentes aos planos cristalinos presentes na amostra.<br />

As amostras foram estudadas num difractómetro com arranjo θ-2θ acoplado (sist<strong>em</strong>a<br />

tradicional para amostras <strong>em</strong> pó), no qual quando a amostra roda <strong>de</strong> um ângulo θ, o <strong>de</strong>tector<br />

roda simultaneamente 2θ. Obtiveram-se padrões <strong>de</strong> difracção no intervalo 30º


Breve <strong>de</strong>scrição das técnicas <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição, caracterização e análise <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong><br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

e po<strong>de</strong> ser calculada do seguinte modo:<br />

⎧<br />

⎪<br />

⎨<br />

⎪<br />

⎪⎩<br />

Revestimento<br />

Substrato<br />

( R − l )<br />

1<br />

( R − l )<br />

2<br />

2<br />

2<br />

2<br />

d<br />

2<br />

⎛ ⎞ 2 ⎧<br />

+<br />

d<br />

⎜ ⎟ = R l<br />

2 ⎪ 1 =<br />

2<br />

⎝ ⎠<br />

8R<br />

D − d<br />

2 ⇒ ⎨ 2 ⇒ tC<br />

=<br />

⎛ D ⎞<br />

D<br />

2<br />

8R<br />

+ ⎜ ⎟ = R ⎪l2<br />

=<br />

2<br />

⎪<br />

⎝ ⎠ ⎩ 8R<br />

(a) (b)<br />

2<br />

(1. 5)<br />

Figura 1.2 – Teste da calote: (a) esqu<strong>em</strong>a representando o processo <strong>de</strong> erosão; (b) fotografia da zona <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste<br />

<strong>de</strong> uma das amostras obtida com microscópio óptico (50X).<br />

O erro na <strong>de</strong>terminação da espessura é 8 %. K. Holmerg e A. Matthews [13]<br />

apresentam a seguinte equação para a <strong>de</strong>terminação da espessura pelo teste da calote:<br />

t c<br />

R<br />

R<br />

l1<br />

l2<br />

D<br />

d<br />

tc<br />

xy<br />

= (1. 6)<br />

2R<br />

<strong>em</strong> que x e y são as medidas representadas da figura 1.2(b). Os resulta<strong>dos</strong> obti<strong>dos</strong> através da<br />

equação 1.5 e 1.6 são coinci<strong>de</strong>ntes. Do ponto <strong>de</strong> vista experimental as distâncias D e d são<br />

medidas com maior rigor.<br />

y<br />

D<br />

d<br />

x<br />

17


Breve <strong>de</strong>scrição das técnicas <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição, caracterização e análise <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong><br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

1.2.10 - Perfilometria<br />

O <strong>de</strong>sgaste nas amostras foi feito por triangulação por laser. Ao movimentar o suporte<br />

do laser sobre a amostra numa só direcção, o perfil da pista <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste é registado<br />

graficamente. Para cada pista <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste nas amostras testadas efectuaram-se registos <strong>de</strong><br />

perfis <strong>em</strong> cinco posições diferentes.<br />

1.3 – Testes <strong>de</strong> Corrosão<br />

1.3.1 - Ensaios <strong>de</strong> corrosão electroquímica<br />

Efectuaram-se medidas <strong>de</strong> potencial <strong>em</strong> circuito aberto (OCP), <strong>de</strong> polarização e <strong>de</strong><br />

resistência <strong>de</strong> polarização. Usou-se como referência um Eléctrodo Padrão <strong>de</strong> Calomelanos<br />

(SCE). Como eléctrodo auxiliar utilizou-se platina. As medidas foram controladas por um<br />

potenciostato. Uma área da superfície das amostras correspon<strong>de</strong>nte a um círculo com 1 cm <strong>de</strong><br />

diâmetro (0.785 cm 2 ) foi posta <strong>em</strong> contacto com uma solução <strong>de</strong> HCl <strong>de</strong> concentração 1 M. A<br />

montag<strong>em</strong> experimental para a obtenção das curvas <strong>de</strong> polarização está esqu<strong>em</strong>atizada na<br />

figura 1.3. Nos ensaios OCP é apenas medida a diferença <strong>de</strong> potencial entre a amostra e o<br />

eléctrodo <strong>de</strong> referência.<br />

Figura 1.3 - Esqu<strong>em</strong>a da montag<strong>em</strong> para obtenção das curvas <strong>de</strong> polarização [14]: S - amostra, R -<br />

eléctrodo <strong>de</strong> referência, C - eléctrodo auxiliar, P - potenciostato, D - unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> controle<br />

18


Breve <strong>de</strong>scrição das técnicas <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição, caracterização e análise <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong><br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

O potencial <strong>em</strong> circuito aberto (entre a amostra e o eléctrodo <strong>de</strong> referência) mediu-se<br />

durante uma hora. Estes testes <strong>de</strong>corr<strong>em</strong> <strong>em</strong> condições <strong>de</strong> equilíbrio, para <strong>de</strong>screver o<br />

equilíbrio termodinâmico <strong>de</strong> um sist<strong>em</strong>a electroquímico.<br />

As medidas <strong>de</strong> polarização baseiam-se na aplicação <strong>de</strong> uma carga eléctrica externa. As<br />

amostras produzidas foram testadas por aplicação <strong>de</strong> um potencial variável no t<strong>em</strong>po (ensaios<br />

potenciodinâmicos). Nestas experiências, há três eléctro<strong>dos</strong> envolvi<strong>dos</strong>: a amostra (eléctrodo<br />

<strong>de</strong> trabalho), um eléctrodo <strong>de</strong> referência (SCE) e um eléctrodo contador ou auxiliar (<strong>de</strong><br />

platina). A corrente circula entre a amostra e o eléctrodo auxiliar enquanto o potencial da<br />

amostra vai variando <strong>de</strong>vido à acção do potenciostato. A taxa <strong>de</strong> variação <strong>de</strong> potencial nestes<br />

ensaios foi <strong>de</strong> 15 mV/min, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> um potencial <strong>de</strong> -800 mV até 500 mV e <strong>em</strong> alguns casos até<br />

800 mV. Estes ensaios <strong>de</strong> polarização potenciodinâmica terminavam automaticamente se a<br />

intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corrente atingisse o valor <strong>de</strong> 5 mA.<br />

As curvas <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corrente <strong>em</strong> função do potencial obtidas a partir das medidas<br />

polarização permit<strong>em</strong> o cálculo da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corrente <strong>de</strong> corrosão, usando a extrapolação<br />

<strong>de</strong> Tafel. Num processo dominado por transferências <strong>de</strong> carga, as curvas da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

corrente/polarização são dadas por:<br />

i =<br />

icorr<br />

⎡ ⎛ 2.<br />

3η<br />

⎞ ⎛ 2.<br />

3η<br />

⎞⎤<br />

⎢exp<br />

⎜<br />

⎟ − exp ⎜<br />

⎜−<br />

⎟<br />

⎟⎥<br />

(1. 7)<br />

⎣ ⎝ β A ⎠ ⎝ β C ⎠⎦<br />

Nesta expressão i é a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corrente, icorr é a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corrente <strong>de</strong> corrosão,<br />

η é a polarização, ou seja, a diferença entre o potencial da amostra e o potencial da amostra<br />

quando a corrente é nula (E-Ecorr), βA e βC são os <strong>de</strong>clives <strong>de</strong> Tafel anódico e catódico. Na<br />

figura 1.4 está representada a polarização <strong>em</strong> função do logaritmo da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corrente. A<br />

extrapolação <strong>de</strong> Tafel das relações lineares entre o logaritmo da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corrente e<br />

polarização para o potencial <strong>de</strong> corrosão permite obter a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corrente <strong>de</strong> corrosão do<br />

processo.<br />

19


Breve <strong>de</strong>scrição das técnicas <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição, caracterização e análise <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong><br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

Figura 1.4 - Determinação da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corrente <strong>de</strong> corrosão por extrapolação <strong>de</strong><br />

Tafel: βC e βA - coeficientes <strong>de</strong> Tafel catódico e anódico, i - <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corrente,<br />

icorr - <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corrente <strong>de</strong> corrosão, E - potencial, Ecorr - potencial <strong>de</strong> corrosão.<br />

A medida da resistência <strong>de</strong> polarização (RP) das amostras são baseadas no facto <strong>de</strong> que<br />

perto do potencial <strong>de</strong> corrosão as <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> corrente anódica e catódica variam<br />

linearmente com a polarização [15,16]. A relação entre estas gran<strong>de</strong>zas po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>scrita<br />

como:<br />

R<br />

P<br />

=<br />

2.<br />

3i<br />

β<br />

corr<br />

A<br />

β<br />

( β + β )<br />

A<br />

C<br />

E relativamente a Ecorr<br />

C<br />

(1. 8)<br />

Os valores da resistência <strong>de</strong> polarização das diversas amostras foram obti<strong>dos</strong> a partir<br />

<strong>dos</strong> testes potenciodinâmicos.<br />

1.3.2 - Testes ''corrodkote''<br />

Log icorr<br />

Log i<br />

Polarização<br />

anódica<br />

Polarização<br />

Catódica<br />

β E<br />

C = ∆<br />

∆i<br />

β = ∆E<br />

A ∆i<br />

O teste "corrodkote" [17] foi <strong>de</strong>senvolvido e padronizado para avaliar o <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho<br />

relativamente à corrosão <strong>de</strong> <strong>revestimentos</strong> electro<strong>de</strong>posita<strong>dos</strong> (por ex<strong>em</strong>plo: Cu/NiCr e Ni/Cr)<br />

[18]. Para se po<strong>de</strong>r fazer comparação o teste "corrodkote" foi aplicado a estas amostras,<br />

<strong>em</strong>bora elas tenham sido produzidas por técnicas <strong>PVD</strong>. Este teste consiste <strong>em</strong> aplicar sobre a<br />

superfície das amostras uma pasta <strong>de</strong> caulino contendo sais corrosivos provenientes <strong>de</strong> três<br />

soluções aquosas: uma <strong>de</strong> cloreto <strong>de</strong> ferro (III) hexa-hidratado (FeCl3.6H2O), outra <strong>de</strong> cloreto<br />

Ecorr<br />

20


Breve <strong>de</strong>scrição das técnicas <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição, caracterização e análise <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong><br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

<strong>de</strong> amónio (NH4Cl) e outra <strong>de</strong> nitrato <strong>de</strong> cobre (II) tri-hidratado (Cu(NO3)2.3H2O). Cada uma<br />

<strong>de</strong>stas soluções t<strong>em</strong> uma concentração b<strong>em</strong> <strong>de</strong>terminada. Esta pasta, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> colocada sobre<br />

as amostras, <strong>de</strong>ixa-se secar durante uma hora à t<strong>em</strong>peratura ambiente com uma humida<strong>de</strong><br />

relativa menor que 50%, após o que são colocadas na câmara <strong>de</strong> teste (ver figura 1.5).<br />

Ar<br />

Air<br />

Figura 1.5 - Esqu<strong>em</strong>a da câmara <strong>de</strong> testes "Corrodkote": S - amostras; H - el<strong>em</strong>ento <strong>de</strong> aquecimento.<br />

As amostras ficam durante 16 horas na câmara a uma t<strong>em</strong>peratura <strong>de</strong> 38 ºC (± 2 ºC) e<br />

a uma humida<strong>de</strong> relativa entre 80 e 90%. No final do teste são lavadas com água corrente.<br />

Este ciclo é repetido até se <strong>de</strong>tectar<strong>em</strong> <strong>de</strong>feitos, <strong>em</strong> forma <strong>de</strong> poros ou fracturas, nos<br />

<strong>revestimentos</strong>. Este teste po<strong>de</strong> causar fracturas no revestimento caso haja tensões internas<br />

excessivas.<br />

1.3.3 - Ensaios <strong>de</strong> corrosão a t<strong>em</strong>peratura elevada<br />

S<br />

T = (38 ± 2) ºC<br />

80 % < RH < 90 %<br />

A montag<strong>em</strong> experimental para este teste é constituída por um forno, que é<br />

atravessado por um longo tubo <strong>de</strong> vidro (ver figura 1.6). As amostras são colocadas no<br />

interior do tubo numa posição (B), a meio do forno. A posição (A) correspon<strong>de</strong> a um <strong>de</strong>pósito<br />

que contém uma solução <strong>de</strong> HCl 36% e que é aquecida a cerca <strong>de</strong> 100 ºC, <strong>de</strong> modo a que ao<br />

longo do tubo passe um fluxo <strong>de</strong> vapor proveniente daquela solução <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 100 sccm.<br />

H<br />

21


Breve <strong>de</strong>scrição das técnicas <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição, caracterização e análise <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong><br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

A Forno<br />

C<br />

Figura 1.6 - Esqu<strong>em</strong>a da montag<strong>em</strong> experimental para os testes <strong>de</strong> corrosão a t<strong>em</strong>peratura elevada: A - <strong>de</strong>pósito<br />

com solução HCl 36%; B - amostras; C - el<strong>em</strong>ento <strong>de</strong> aquecimento.<br />

O teste consiste no aquecimento das amostras <strong>em</strong> atmosfera do laboratório até que se<br />

atinja uma t<strong>em</strong>peratura estabilizada <strong>de</strong> 350 ºC. Este processo t<strong>em</strong> a duração <strong>de</strong> uma hora.<br />

Nesse momento t<strong>em</strong> início a exposição das amostras ao fluxo proveniente <strong>de</strong> (A) durante uma<br />

hora. Após o teste as amostras arrefec<strong>em</strong> até à t<strong>em</strong>peratura ambiente.<br />

Este equipamento permitiu fazer dois tipos <strong>de</strong> teste:<br />

i) analisar a composição da superfície <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong>, com auxílio <strong>de</strong> XPS,<br />

após o teste acima <strong>de</strong>scrito e comparar com composição da superfície do<br />

mesmo revestimento antes do teste ter sido efectuado. Esta comparação<br />

permite compreen<strong>de</strong>r o mecanismo químico do processo <strong>de</strong> corrosão na<br />

superfície <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong>;<br />

ii) repetir o teste <strong>de</strong>scrito o número <strong>de</strong> vezes suficiente até que o revestimento<br />

esteja <strong>de</strong>struído.<br />

1.4 – Técnicas para estudo <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>s mecânicas e tribológicas<br />

1.4.1 – Método da <strong>de</strong>flexão do substrato para o cálculo das tensões residuais<br />

Os <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong>posita<strong>dos</strong> por técnicas <strong>PVD</strong> encontram-se normalmente sob um<br />

estado <strong>de</strong> tensão. As proprieda<strong>de</strong>s mecânicas e tribológicas <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> são fort<strong>em</strong>ente<br />

influenciadas pelas tensões residuais (σR). Estas tensões resultam <strong>de</strong> uma componente<br />

extrínseca e uma intrínseca [19]:<br />

B<br />

22


Breve <strong>de</strong>scrição das técnicas <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição, caracterização e análise <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong><br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

σ R = σ ext + σ<br />

(1. 9)<br />

int<br />

A componente extrínseca (σext) é atribuída à diferença entre o coeficiente <strong>de</strong> expansão<br />

térmica linear do revestimento (αC) e do substrato (αS) e po<strong>de</strong> ser calculada através da<br />

expressão 1.10 [20,21]:<br />

σ<br />

E<br />

( α − )( T − T )<br />

C<br />

ext = C α S<br />

1−<br />

υC<br />

d<br />

r<br />

(1. 10)<br />

Em que EC e νC são o módulo <strong>de</strong> Young e a razão <strong>de</strong> Poisson do revestimento<br />

respectivamente, Td a t<strong>em</strong>peratura <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição e Tr a t<strong>em</strong>peratura ambiente.<br />

A componente intrínseca (σint) é causada essencialmente pelo processo <strong>de</strong> crescimento<br />

do filme durante a <strong>de</strong>posição e pela estrutura do substrato que vai condicionar a distribuição,<br />

orientação e tamanho <strong>dos</strong> cristais no revestimento.<br />

Há fundamentalmente duas técnicas para medir tensões residuais:<br />

- As que utilizam os padrões <strong>de</strong> XRD das amostras, sendo mais usado o método do<br />

sen 2 ψ. Estas técnicas têm a vantag<strong>em</strong> <strong>de</strong> permitir medir todas as componentes da<br />

tensão no revestimento [22,23] e informar sobre a distribuição da <strong>de</strong>formação<br />

relativa (“strain”) <strong>em</strong> profundida<strong>de</strong> da amostra [24];<br />

- As que se baseiam na curvatura ou <strong>de</strong>flexão do substrato. Estas técnicas t<strong>em</strong> a<br />

vantag<strong>em</strong> <strong>de</strong> ser<strong>em</strong> fáceis <strong>de</strong> usar e po<strong>de</strong> não ser necessário conhecer as constantes<br />

elásticas do revestimento. Os resulta<strong>dos</strong> obti<strong>dos</strong> por estas técnicas têm uma<br />

excelente concordância com os resulta<strong>dos</strong> obti<strong>dos</strong> por técnicas <strong>de</strong> XRD [20,25].<br />

As tensões residuais nos <strong>revestimentos</strong> produzi<strong>dos</strong> foram calculadas usando a técnica<br />

que se baseia na <strong>de</strong>flexão do substrato. Se o substrato não for <strong>de</strong>masiado espesso, estas<br />

tensões po<strong>de</strong>m provocar <strong>de</strong>flexões parabólicas nas amostras. A partir do módulo <strong>de</strong> Young e<br />

da razão <strong>de</strong> Poisson do revestimento e do substrato, da sua espessura e da curvatura das<br />

amostras, po<strong>de</strong> calcular-se a tensão residual através da fórmula <strong>de</strong> Hudson [26]:<br />

23


Breve <strong>de</strong>scrição das técnicas <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição, caracterização e análise <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong><br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

σ<br />

R<br />

⎛<br />

⎜<br />

⎜t<br />

=<br />

⎝<br />

S<br />

ES<br />

+ t<br />

1−<br />

υ<br />

⎛ Ec<br />

ES<br />

⎞<br />

tS<br />

tC<br />

⎜ +<br />

⎟<br />

⎝1<br />

−υ<br />

c 1−<br />

υ S<br />

−<br />

⎠<br />

ES<br />

2 ( tC<br />

+ t S )r<br />

1−<br />

υ<br />

S<br />

ou <strong>de</strong> Sen<strong>de</strong>roff [25,27]:<br />

S<br />

C<br />

EC<br />

⎞⎡<br />

ES<br />

⎟<br />

⎟⎢t<br />

S 1−<br />

υC<br />

⎠⎣<br />

1−<br />

υ S<br />

ES<br />

6t<br />

St<br />

C<br />

1−<br />

υ<br />

2<br />

( 1−<br />

υ S )<br />

( 1−<br />

υ )<br />

S<br />

2 2 EC<br />

2 2<br />

( 3t<br />

+ t ) + t ( 3t<br />

+ t )<br />

C<br />

( t + t )<br />

C<br />

S<br />

S<br />

r<br />

C<br />

1−<br />

υ<br />

C<br />

C<br />

S<br />

⎤<br />

⎥<br />

⎦<br />

(1. 11)<br />

⎛ EC<br />

⎞<br />

t<br />

E<br />

⎜ S +<br />

E ⎟<br />

S<br />

S C<br />

σ<br />

⎠<br />

R =<br />

⎝<br />

(1. 12)<br />

1−<br />

υ 6t<br />

t r<br />

S<br />

S<br />

C<br />

3<br />

Nestas expressões ES e νS são o módulo <strong>de</strong> Young e a razão <strong>de</strong> Poisson do substrato<br />

respectivamente, ts e tc a espessura do substrato e do revestimento respectivamente, e r o raio<br />

<strong>de</strong> curvatura após a <strong>de</strong>posição.<br />

Sendo a espessura <strong>dos</strong> substratos (<strong>em</strong> média cerca <strong>de</strong> 0.5 mm) muito superior à <strong>dos</strong><br />

<strong>revestimentos</strong> (<strong>em</strong> média cerca <strong>de</strong> 3 µm) e sendo a dimensão lateral do compósito (cerca <strong>de</strong><br />

25 mm) muito superior à espessura total, é <strong>de</strong>snecessário fazer qualquer correcção <strong>de</strong>vido ao<br />

módulo <strong>de</strong> Young do revestimento. Além disso não é simples afirmar qual o valor do módulo<br />

<strong>de</strong> Young <strong>de</strong> um revestimento (ver capítulo 5). Nestas condições é suficiente utilizar a<br />

equação <strong>de</strong> Stoney [20,28,29]:<br />

( ) ⎟ 2<br />

Est s ⎛ 1 1 ⎞<br />

σ = −<br />

⎜<br />

R<br />

−<br />

(1. 13)<br />

6tc<br />

1−ν<br />

s ⎝ ra<br />

rb<br />

⎠<br />

A curvatura das amostras foi medida antes e após a <strong>de</strong>posição, por triangulação por<br />

laser, <strong>em</strong> duas direcções ortogonais previamente <strong>de</strong>finidas. Aos pontos obti<strong>dos</strong><br />

experimentalmente efectuou-se um ajuste com um equação parabólica (Figura 1.7):<br />

24


Breve <strong>de</strong>scrição das técnicas <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição, caracterização e análise <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong><br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

Figura 1.7 - Curvatura <strong>de</strong> uma amostra antes (A) e após (B) a <strong>de</strong>posição do revestimento medida ao longo do<br />

mesmo diâmetro: ∆h - medida obtidas perpendicularmente à amostra; x - posições ao longo do diâmetro.<br />

2<br />

∆h = A + A x + A x + ...<br />

(1. 14)<br />

0<br />

∆h [m]<br />

don<strong>de</strong> se obtém o raio <strong>de</strong> curvatura:<br />

2<br />

1<br />

2.0x10 -4<br />

1.5x10 -4<br />

1.0x10 -4<br />

5.0x10 -5<br />

0.0<br />

-5.0x10 -5<br />

-1.0x10 -4<br />

2<br />

A<br />

B<br />

0.000 0.005 0.010 0.015 0.020 0.025<br />

x [m]<br />

1<br />

r = −<br />

(1. 15)<br />

2A<br />

A partir daqui calculou-se a tensão residual <strong>em</strong> cada amostra, <strong>em</strong> cada uma das<br />

direcções ortogonais previamente <strong>de</strong>finidas, usando a equação <strong>de</strong> Stoney. Os valores<br />

regista<strong>dos</strong> nas secções 4.3.4 e 5.1.1 <strong>de</strong>ste trabalho são a média <strong>dos</strong> dois valores para cada<br />

amostra.<br />

1.4.2 - Ondas acústicas <strong>de</strong> superfície induzidas por laser (SAW)[30,31]<br />

Esta técnica foi utilizada para <strong>de</strong>terminar o módulo <strong>de</strong> Young <strong>de</strong> alguns <strong>revestimentos</strong><br />

na direcção paralela à superfície da amostra 1 .<br />

1 As medidas foram efectuadas por Sandra Carvalho no laboratório da equipa que <strong>de</strong>senvolveu esta<br />

técnica, a equipa do Prof. D. Schnei<strong>de</strong>r, no Fraunhofer Institute for Material Physics and Surface Engineering,<br />

<strong>em</strong> Dres<strong>de</strong>n.<br />

25


Breve <strong>de</strong>scrição das técnicas <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição, caracterização e análise <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong><br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

Esta técnica consiste na incidência <strong>de</strong> pulsos laser sobre a superfície da amostra, que<br />

provocam ondas mecânicas que são <strong>de</strong>tectadas por um transdutor piezoeléctrico (ver figura<br />

1.8). O <strong>de</strong>caimento das ondas está relacionado com o espaço que a onda percorre entre o<br />

ponto on<strong>de</strong> ocorre a excitação e o ponto <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção. A profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> penetração das ondas<br />

é <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da sua frequência [30]. Para filmes finos será necessário usar altas frequências,<br />

<strong>de</strong> modo a que a penetração seja reduzida, minimizando a possibilida<strong>de</strong> do substrato<br />

influenciar a informação obtida.<br />

A velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> propagação das ondas <strong>de</strong> superfície num meio isotrópico é dada por<br />

[32]:<br />

0. 87 + 1.<br />

12υ<br />

E<br />

c =<br />

(1. 16)<br />

1+<br />

υ 2ρ<br />

( 1+<br />

υ)<br />

<strong>em</strong> que E é o módulo <strong>de</strong> Young, ν a razão <strong>de</strong> Poisson e ρ a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> do material testado.<br />

Num sist<strong>em</strong>a revestimento/substrato esta velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do módulo <strong>de</strong> Young, da<br />

razão <strong>de</strong> Poisson e da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> do revestimento e do substrato, mas também da espessura do<br />

revestimento (tc) e do comprimento <strong>de</strong> onda. Esta <strong>de</strong>pendência po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>scrita pela relação<br />

<strong>de</strong> dispersão [30]:<br />

ω<br />

c = = c(<br />

Ec,<br />

Es,<br />

υc<br />

, υs<br />

, ρc<br />

, ρs<br />

, tc<br />

k<br />

λ)<br />

(1. 17)<br />

sendo ω a frequência angular e k o vector <strong>de</strong> onda.<br />

Laser<br />

Amostra<br />

Mesa x-y<br />

Espelho<br />

Transdutor piezo.<br />

Osciloscópio digital<br />

Figura 1.8 - Representação esqu<strong>em</strong>ática do equipamento <strong>de</strong> ondas superficiais [30].<br />

26


Breve <strong>de</strong>scrição das técnicas <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição, caracterização e análise <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong><br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

Uma onda <strong>de</strong> superfície po<strong>de</strong> ser vista como uma sobreposição <strong>de</strong> ondas elásticas com<br />

diferentes frequências, o que significa também diferentes graus <strong>de</strong> penetração. A superfície do<br />

material influencia <strong>de</strong> modo diferente a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> propagação <strong>de</strong>stas ondas. Aumentando<br />

a distância entre a fonte do sinal acústico e o <strong>de</strong>tector, o impulso <strong>de</strong>tectado sofre um<br />

alargamento. Esta <strong>de</strong>formação permite retirar as informações sobre as características da<br />

amostra (<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> e/ou espessura e/ou módulo <strong>de</strong> Young). A <strong>de</strong>pendência da velocida<strong>de</strong> da<br />

onda <strong>de</strong> superfície com a frequência (curva <strong>de</strong> dispersão experimental), po<strong>de</strong> ser obtida da<br />

relação:<br />

c<br />

( f )<br />

=<br />

Φ<br />

( x2<br />

− x1)<br />

2πf<br />

( f ) − Φ ( f )<br />

2<br />

1<br />

(1. 18)<br />

<strong>em</strong> que xi são as distâncias entre o transdutor e o ponto on<strong>de</strong> o laser inci<strong>de</strong>, e Φi(f) são os<br />

valores <strong>de</strong> fase da onda <strong>de</strong> superfície com a frequência nos pontos xi. Estas fases são obtidas a<br />

partir <strong>dos</strong> sinais recebi<strong>dos</strong> pelo transdutor (ui(t)) e calculadas usando transformadas <strong>de</strong><br />

Fourrier, relacionando as partes imaginária e real duma função espectral complexa. A<br />

<strong>de</strong>terminação do módulo <strong>de</strong> Young do revestimento é feita usando uma regressão linear que<br />

permite ajustar uma curva <strong>de</strong> dispersão teórica à curva <strong>de</strong> dispersão experimental.<br />

1.4.3 - Nanoin<strong>de</strong>ntação<br />

Usou-se a nanoin<strong>de</strong>ntação para medir a dureza e o módulo <strong>de</strong> Young <strong>dos</strong><br />

<strong>revestimentos</strong> na direcção perpendicular à superfície.<br />

A nanoin<strong>de</strong>ntação t<strong>em</strong> a vantag<strong>em</strong> <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r ser mais facilmente minimizar a<br />

influência do substrato durante as medidas. Para filmes finos é aconselhado a que a<br />

profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> penetração da ponta não ultrapasse os 10 % da espessura <strong>dos</strong> filmes [33].<br />

Esta técnica <strong>de</strong> medir a dureza revela-se a mais a<strong>de</strong>quada para os <strong>revestimentos</strong> produzi<strong>dos</strong><br />

uma vez que estes têm espessuras <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 3 µm. Uma outra vantag<strong>em</strong> <strong>de</strong>sta técnica é a <strong>de</strong><br />

não requerer o uso das imagens das impressões <strong>de</strong>ixadas pelo in<strong>de</strong>ntador, o que evita o erro<br />

na medida das diagonais das in<strong>de</strong>ntações, principalmente quando estas são muito pequenas.<br />

Esta técnica permite um registo contínuo e simultâneo da carga e da profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

in<strong>de</strong>ntação durante os processos <strong>de</strong> carga e <strong>de</strong>scarga.<br />

27


Breve <strong>de</strong>scrição das técnicas <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição, caracterização e análise <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong><br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

Nos nanoin<strong>de</strong>ntadores (ver figura 1.9) normalmente aplica-se a carga sobre a amostra<br />

utilizando dispositivos electromagnéticos e piezoeléctricos, com uma resolução normalmente<br />

superior a 0.5 µN. A profundida<strong>de</strong> das in<strong>de</strong>ntações são medidas por um dispositivo capacitivo<br />

com resoluções da or<strong>de</strong>m <strong>dos</strong> 0.1 nm. A ponta do in<strong>de</strong>ntador é um diamante Berkovich que<br />

consiste numa pirâmi<strong>de</strong> triangular com a mesma relação profundida<strong>de</strong>-área que o in<strong>de</strong>ntador<br />

Vickers [34,35].<br />

Molas <strong>de</strong><br />

suspensão<br />

Figura 1.9 - Esqu<strong>em</strong>a <strong>de</strong> in<strong>de</strong>ntador.<br />

Um conjunto típico <strong>de</strong> da<strong>dos</strong> <strong>de</strong> carga-<strong>de</strong>scarga apresenta-se na figura 1.10 e serve<br />

para <strong>de</strong>finir as quantida<strong>de</strong>s experimentais envolvidas na análise. Os valores importantes são a<br />

carga máxima, Pmax, o <strong>de</strong>slocamento para a carga máxima, hmax, a rigi<strong>de</strong>z <strong>de</strong> contacto na parte<br />

inicial da <strong>de</strong>scarga (o <strong>de</strong>clive da parte inicial da curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>scarga) (dP/dh) e o <strong>de</strong>slocamento<br />

<strong>de</strong>terminado por extrapolação linear da fase inicial da curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>scarga, h0.<br />

Carga [P]<br />

Amostra<br />

Mesa X-Y<br />

Descarga<br />

Carga<br />

Bobina <strong>de</strong> carga<br />

Capacitor para<br />

indicação <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>slocamento<br />

Profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> in<strong>de</strong>ntaçãolocamento [h]<br />

Figura 1.10 - Curva típica <strong>de</strong> carga/profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> in<strong>de</strong>ntação, com <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> alguns da<strong>dos</strong> experimentais.<br />

28


Breve <strong>de</strong>scrição das técnicas <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição, caracterização e análise <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong><br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

Os processos físicos envolvi<strong>dos</strong> nas medidas estão esqu<strong>em</strong>atiza<strong>dos</strong> na figura 1.11.<br />

Durante a in<strong>de</strong>ntação dá-se uma <strong>de</strong>formação plástica e elástica. A <strong>de</strong>formação plástica resulta<br />

numa <strong>de</strong>formação permanente até uma profundida<strong>de</strong> hc. A <strong>de</strong>formação elástica é uma<br />

componente adicional do <strong>de</strong>slocamento hs. No processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>scarga, a <strong>de</strong>formação elástica é<br />

recuperada e os da<strong>dos</strong> obti<strong>dos</strong> a partir da curva do tipo 1.10 permite relacionar as quantida<strong>de</strong>s<br />

medidas experimentalmente com a área <strong>de</strong> contacto projectada, A, e o módulo <strong>de</strong> Young<br />

<strong>de</strong>vido à contribuição da amostra e do in<strong>de</strong>ntador, Er [36-38]. A relação é [35,39]:<br />

dP<br />

dh<br />

2<br />

= Er<br />

A<br />

(1. 19)<br />

π<br />

<strong>em</strong> que dP/dh se obtém <strong>dos</strong> da<strong>dos</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>scarga (ver fig. 1.10). A é a área <strong>de</strong> contacto do<br />

in<strong>de</strong>ntador e a relação entre o módulo <strong>de</strong> Young da amostra e do in<strong>de</strong>ntador é dada por:<br />

2<br />

2<br />

( 1−<br />

υ ) ( 1−<br />

)<br />

1 υ<br />

E<br />

c<br />

i<br />

= +<br />

(1. 20)<br />

r Ec<br />

Ei<br />

In<strong>de</strong>ntador:<br />

Ei, νi<br />

Revestimento:<br />

EC, νC, HC<br />

Substrato: ES, νS, HS<br />

Figura 1.11 - Representação esqu<strong>em</strong>ática do processo <strong>de</strong> in<strong>de</strong>ntação.<br />

Nesta expressão as gran<strong>de</strong>zas com índice c, correspon<strong>de</strong>m ao revestimento e as<br />

gran<strong>de</strong>zas com índice i, ao in<strong>de</strong>ntador, sendo ν, a razão <strong>de</strong> Poisson e E o módulo <strong>de</strong> Young.<br />

À forma do in<strong>de</strong>ntador é associada uma função área, F(d), que relaciona a área da<br />

secção perpendicular do in<strong>de</strong>ntador com a distância à ponta (d). Para um in<strong>de</strong>ntador<br />

Berkovich perfeito essa função área é F(d) = 24.5 d 2 . Para obter a função área po<strong>de</strong>m ser<br />

29


Breve <strong>de</strong>scrição das técnicas <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição, caracterização e análise <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong><br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

feitas in<strong>de</strong>ntações <strong>em</strong> materiais com proprieda<strong>de</strong>s elásticas isotrópicas b<strong>em</strong> conhecidas e a<br />

função área é <strong>de</strong>duzida a partir <strong>dos</strong> da<strong>dos</strong> <strong>de</strong> carga-<strong>de</strong>scarga, assumindo que as proprieda<strong>de</strong>s<br />

elásticas são in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes da profundida<strong>de</strong> da in<strong>de</strong>ntação [40].<br />

Para calcular a área <strong>de</strong> contacto na carga máxima (Pmax) durante a in<strong>de</strong>ntação <strong>de</strong> um<br />

filme fino, estima-se a profundida<strong>de</strong> hc, <strong>dos</strong> da<strong>dos</strong> <strong>de</strong> carga-profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> in<strong>de</strong>ntação, e a<br />

área <strong>de</strong> contacto é <strong>de</strong>terminada por avaliação da função área a essa profundida<strong>de</strong> (A = F (hc)).<br />

Assume-se que, durante as fases iniciais da <strong>de</strong>scarga, a interacção elástica entre a amostra e o<br />

in<strong>de</strong>ntador é como a <strong>de</strong> um cilindro. Neste caso uma boa estimativa da profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

contacto <strong>de</strong>termina-se por extrapolação da fase inicial <strong>de</strong> <strong>de</strong>scarga até carga nula (hc = h0)<br />

[41] – ver figura 1.11. Para que esta aproximação possa ser aplicada, é necessário que a área<br />

<strong>de</strong> contacto entre o in<strong>de</strong>ntador e a amostra se mantenha constante durante a fase inicial <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>scarga e que o comportamento seja linear, o que não acontece normalmente. Tendo <strong>em</strong><br />

conta estas observações, <strong>de</strong>senvolveu-se um processo alternativo para a <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> hc<br />

[40]:<br />

h c<br />

Pmax<br />

= h − ε<br />

(1. 21)<br />

max<br />

( dP dh)<br />

<strong>em</strong> que ε = 0.75 para um in<strong>de</strong>ntador Berkovich, e daqui resulta um valor um pouco maior. A<br />

partir do conhecimento do valor da área <strong>de</strong> contacto, a dureza po<strong>de</strong> ser calculada por:<br />

Pmax<br />

H = (1. 22)<br />

A<br />

1.4.4 - Testes <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste<br />

O teste <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste efectuado sobre as amostras produzidas foi o teste pino sobre<br />

disco. Os ensaios foram efectua<strong>dos</strong> com uma carga normal <strong>de</strong> 5 N, e uma velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>slizamento <strong>de</strong> 0.5 m/s, com um pino <strong>de</strong> Nitreto <strong>de</strong> Silício (Si3N4), com uma área <strong>de</strong><br />

contacto <strong>de</strong> 0.785 mm 2 . Para estes ensaios as amostras foram <strong>de</strong>posita<strong>dos</strong> <strong>em</strong> substratos <strong>de</strong><br />

dimensão a<strong>de</strong>quada à montag<strong>em</strong> experimental, <strong>de</strong> aço (AISI O1 – 100 MnCrW 4) e foram<br />

realiza<strong>dos</strong> no ar à t<strong>em</strong>peratura ambiente e a 300 ºC, com uma humida<strong>de</strong> relativa entre 50 e<br />

60 %.<br />

30


Breve <strong>de</strong>scrição das técnicas <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição, caracterização e análise <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong><br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

O volume <strong>de</strong> material que sofreu <strong>de</strong>sgaste (V) foi calculado a partir do produto do<br />

comprimento da pista <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste (d) pelo valor médio da área da secção transversal da pista<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste obtida <strong>em</strong> cinco pontos diferentes ():<br />

V = d (1. 23)<br />

Os perfis das pistas <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste foram obti<strong>dos</strong> por profilometria.<br />

O coeficiente <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste (K) foi calculado a partir do quociente entre o volume <strong>de</strong><br />

material r<strong>em</strong>ovido (V) e a carga aplicada perpendicularmente (L) e a distância percorrida pelo<br />

pino sobre a amostra (S):<br />

V<br />

K = (1. 24)<br />

LS<br />

O coeficiente <strong>de</strong> atrito foi medido continuamente ao longo do teste.<br />

1.4.5 – Testes <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são<br />

Efectuaram-se testes <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são por acção <strong>de</strong> uma ponta que vai <strong>de</strong>slizando sobre a<br />

amostra revestida com uma carga que vai aumentando linearmente com o t<strong>em</strong>po - testes <strong>de</strong><br />

in<strong>de</strong>ntação <strong>de</strong>slizante.<br />

Os testes <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são foram efectua<strong>dos</strong> num sist<strong>em</strong>a Sebastian - 5A (Quad group),<br />

controlado por computador e equipado com um <strong>de</strong>tector acústico. O in<strong>de</strong>ntador é <strong>de</strong> diamante<br />

com uma ponta Rockwell <strong>de</strong> raio 200 µm. Os parâmetros utiliza<strong>dos</strong> para efectuar as medidas<br />

foram os seguintes: taxa <strong>de</strong> carga (dL/dt) 100 N/min, velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> varrimento<br />

(dx/dt)10 mm/min. As cargas críticas foram obtidas fazendo a média sobre o resultado <strong>de</strong><br />

cinco riscos por cada amostra.<br />

O aumento da carga vai provocar <strong>de</strong>formação plástica e elástica no sist<strong>em</strong>a<br />

revestimento/substrato e surg<strong>em</strong> danos <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são que po<strong>de</strong>m ser coesivos quando se trata <strong>de</strong><br />

fracturas no revestimento ou a<strong>de</strong>sivos quando se trata <strong>de</strong> falhas entre o revestimento e o<br />

substrato. Po<strong>de</strong>m surgir também falhas no substrato.<br />

Apesar <strong>de</strong> estes testes fornecer<strong>em</strong> da<strong>dos</strong> quantitativos acerca da a<strong>de</strong>são <strong>dos</strong><br />

<strong>revestimentos</strong>, expressos <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> cargas críticas, estes resulta<strong>dos</strong> só <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser<br />

31


Breve <strong>de</strong>scrição das técnicas <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição, caracterização e análise <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong><br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

compara<strong>dos</strong> com aqueles que foram obti<strong>dos</strong> pelo mesmo experimentador, utilizando a mesma<br />

classificação. Não existe até hoje uma classificação sist<strong>em</strong>ática acerca <strong>dos</strong> resulta<strong>dos</strong> do teste<br />

<strong>de</strong> in<strong>de</strong>ntação <strong>de</strong>slizante. A classificação das cargas críticas nos testes efectua<strong>dos</strong> às amostras<br />

testadas está <strong>de</strong>scrita na secção 5.5.<br />

1.5 – Testes <strong>em</strong> condições <strong>de</strong> processamento <strong>de</strong> polímeros<br />

Um conjunto <strong>de</strong> amostras foi testado <strong>em</strong> condições <strong>de</strong> processamento <strong>de</strong> polímeros.<br />

Usou-se uma máquina injectora KRAUSS MAFFEI KM 60 210 A, cujo esqu<strong>em</strong>a genérico se<br />

apresenta na figura 1.12.<br />

A B<br />

Figura 1.12 – Esqu<strong>em</strong>a <strong>de</strong> uma máquina <strong>de</strong> injecção <strong>de</strong> polímeros: A – mol<strong>de</strong>; B – motor<br />

Para testar os <strong>revestimentos</strong> adaptou-se a esta máquina injectora um dispositivo<br />

(figura 1.13) que permite colocar as amostras revestidas e é colocado na máquina injectora <strong>em</strong><br />

vez do mol<strong>de</strong>. Neste dispositivo o material plástico aquecido passa por uma abertura<br />

rectangular com 0.3 mm <strong>de</strong> espessura e cerca <strong>de</strong> 5 mm <strong>de</strong> largura. Os limites superior e<br />

inferior <strong>de</strong>ste orifício são superfícies <strong>de</strong> amostras.<br />

O material plástico escolhido para o teste foi uma poliamida extr<strong>em</strong>amente abrasiva e<br />

corrosiva, <strong>de</strong>signada por PA 66 contendo 35% <strong>de</strong> fibra <strong>de</strong> vidro (Ultramid A3G7). As<br />

características <strong>de</strong>ste polímero são <strong>de</strong>scritas no capítulo 7.<br />

O <strong>de</strong>sgaste foi <strong>de</strong>terminado medindo o seu perfil <strong>em</strong> 5 posições diferentes da amostra<br />

(ver figura 1.14). A área média da secção transversal da pista <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste foi multiplicada<br />

pelo comprimento da pista, obtendo-se assim o volume <strong>de</strong> material retirado. O quociente entre<br />

32


Breve <strong>de</strong>scrição das técnicas <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição, caracterização e análise <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong><br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

esse volume e a massa <strong>de</strong> polímero usado permite estabelecer o coeficiente <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste <strong>em</strong><br />

condições normais <strong>de</strong> processamento.<br />

As condições durante o processamento foram:<br />

- Pressão do plástico fundido nas superfície das amostras - entre 10 e 12 MPa;<br />

- O percurso do plástico no interior da injectora passa por cinco secções com as<br />

seguintes t<strong>em</strong>peraturas medidas por termopar e controladas por termostato: 150 ºC,<br />

250 ºC, 320 ºC, 340 ºC e 350 ºC. Estas são as t<strong>em</strong>peraturas nos el<strong>em</strong>entos <strong>de</strong><br />

aquecimento. As amostras estarão a uma t<strong>em</strong>peratura entre 290 e 320 ºC.;<br />

- Velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> rotação do cilindro – 8 rpm;<br />

- Taxa <strong>de</strong> processamento material - ~25 g/min;<br />

- A quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> polímero usado <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>u do grau <strong>de</strong> erosão das amostras, mas<br />

situou-se entre 5.6 kg para as amostras <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste mais acentuado até os 38.2 kg<br />

para as amostras <strong>de</strong> menor <strong>de</strong>sgaste.<br />

El<strong>em</strong>ento <strong>de</strong> aquecimento<br />

Transferência do material plástico<br />

El<strong>em</strong>entos <strong>de</strong> aquecimento<br />

Medidor <strong>de</strong> pressão Termopar Amostras 14x15x6<br />

Figura 1.13 - Esqu<strong>em</strong>a do dispositivo-suporte das amostras para os testes <strong>de</strong> processamento <strong>de</strong> polímeros.<br />

33


Breve <strong>de</strong>scrição das técnicas <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição, caracterização e análise <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong><br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

Bibliografia<br />

Figura 1.14 - Esqu<strong>em</strong>a da parte revestida da amostra que entra <strong>em</strong> contacto<br />

com o polímero. A zona escura representa o trajecto do polímero durante o<br />

teste. As 5 linhas representam as posições on<strong>de</strong> é medido o perfil do<br />

<strong>de</strong>sgaste.<br />

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3<br />

4<br />

5<br />

1<br />

2<br />

34


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36


Revestimentos basea<strong>dos</strong> <strong>em</strong> nitreto <strong>de</strong> metais <strong>de</strong> transição<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

Capítulo 2<br />

Revestimentos basea<strong>dos</strong> <strong>em</strong> nitretos <strong>de</strong> metais <strong>de</strong> transição<br />

Deix<strong>em</strong>-na [à criança] saber exactamente os seus contos <strong>de</strong> fadas,<br />

e sentir, completos, alegria ou t<strong>em</strong>or na sua concepção,<br />

como se ela fosse real; <strong>de</strong>sta forma ela estará s<strong>em</strong>pre a exercitar<br />

a sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se aperceber das realida<strong>de</strong>s...<br />

John Huskin, introdução a Histórias populares al<strong>em</strong>ãs, 1868<br />

Os nitretos, carbonetos e os carbonitretos <strong>dos</strong> metais <strong>de</strong> transição binários (TiC, ZrN,<br />

TiN, HfN, BN, CrN), ou ternários (TiAlN, TiZrN, TiCrN, TiSiN, TiCN, TiBN), são duros e<br />

como tal po<strong>de</strong>m ser usa<strong>dos</strong> para proteger peças do <strong>de</strong>sgaste mecânico, o que é essencial não<br />

só do ponto <strong>de</strong> vista tecnológico, mas também do ponto <strong>de</strong> vista económico. Além da<br />

resistência ao <strong>de</strong>sgaste mecânico, alguns <strong>de</strong>stes materiais mostram ser resistentes à corrosão.<br />

Estes materiais apresentam normalmente uma aparência atractiva, como o amarelo dourado<br />

do TiN ou do ZrN, o cinzento metálico <strong>de</strong> CrN, o cinzento antracite do TiC ou do TiCrN, o<br />

vermelho dourado do TiCN, os vários tons diferentes que se po<strong>de</strong>m obter com a variação da<br />

composição do TiAlN, que é aproveitada para <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong>corativos. Estes materiais não<br />

po<strong>de</strong>m ser usa<strong>dos</strong> por si só <strong>de</strong>vido à sua susceptibilida<strong>de</strong> à fractura e fragilida<strong>de</strong>. Quando<br />

<strong>de</strong>posita<strong>dos</strong> na forma <strong>de</strong> filmes finos per<strong>de</strong>m a fragilida<strong>de</strong> e conformam-se à tenacida<strong>de</strong> do<br />

substrato. Além <strong>de</strong> duros, apresentam normalmente um baixo coeficiente <strong>de</strong> atrito, boa<br />

a<strong>de</strong>são, elevada condutivida<strong>de</strong> eléctrica e térmica.<br />

O trabalho apresentado nesta tese versa a produção, caracterização e também estudo<br />

relativamente ao <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho do ponto <strong>de</strong> vista mecânico e <strong>de</strong> resistência à corrosão, <strong>de</strong><br />

<strong>revestimentos</strong> basea<strong>dos</strong> no nitreto <strong>de</strong> crómio. Por vezes mencionar-se-á ou apresentar-se-ão<br />

37


Revestimentos basea<strong>dos</strong> <strong>em</strong> nitreto <strong>de</strong> metais <strong>de</strong> transição<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

comparações com outros <strong>revestimentos</strong> da família <strong>dos</strong> nitretos <strong>de</strong> metais <strong>de</strong> transição, mas o<br />

essencial do trabalho refere-se ao nitreto <strong>de</strong> crómio.<br />

O nitreto <strong>de</strong> crómio t<strong>em</strong> uma importância tecnológica muito gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>vido ao baixo<br />

custo do crómio e do azoto e porque se po<strong>de</strong>m formar ligações entre os dois el<strong>em</strong>entos, apesar<br />

<strong>de</strong> não tão facilmente como outros metais, como por ex<strong>em</strong>plo o titânio.<br />

Destes materiais o TiN é o que está melhor estudado e muitas vezes é apresentado<br />

como referência para aferir o potencial <strong>de</strong> outros <strong>revestimentos</strong>. Publicações referindo outros<br />

nitretos são cada vez <strong>em</strong> maior número. O interesse por outros nitretos, começou pela procura<br />

<strong>de</strong> outros materiais que trabalh<strong>em</strong> melhor <strong>em</strong> condições <strong>em</strong> que o TiN já não o consegue<br />

fazer. É b<strong>em</strong> conhecido que o TiN não t<strong>em</strong> uma suficiente resistência à oxidação acima <strong>de</strong><br />

550 ºC. A resistência à oxidação do CrN é superior [1-4] mostrando bons resulta<strong>dos</strong> até<br />

800 ºC [5]. A resistência à oxidação do CrN a altas t<strong>em</strong>peraturas é superior à do crómio<br />

metálico [2,6,7], o que associado a uma dureza relativamente elevada, conjugam-se para<br />

aplicações <strong>em</strong> ferramentas <strong>de</strong> corte. A resistência à corrosão é também superior à do TiN<br />

[4,8]. A dureza do nitreto <strong>de</strong> crómio comparada à <strong>de</strong> outros nitretos <strong>de</strong> metais <strong>de</strong> transição é<br />

relativamente baixa (1600-2000 VHN), mas t<strong>em</strong> a vantag<strong>em</strong> <strong>de</strong> estar sujeito a tensões menos<br />

elevadas. É por isso possível <strong>de</strong>positar filmes mais espessos e compensar a menor dureza, que<br />

normalmente significa menor resistência ao <strong>de</strong>sgaste, minimizando a influência do substrato.<br />

Existe também uma motivação extra para trabalhar com o nitreto <strong>de</strong> crómio e essa<br />

razão pren<strong>de</strong>-se com a substituição do crómio electro<strong>de</strong>positado <strong>de</strong>vido aos probl<strong>em</strong>as que<br />

este material coloca <strong>em</strong> termos ambientais [8]. O nitreto <strong>de</strong> crómio apresenta ainda a<br />

vantag<strong>em</strong> <strong>de</strong> não necessitar da <strong>de</strong>posição <strong>de</strong> camadas internas <strong>de</strong> cobre ou níquel.<br />

Normalmente os <strong>revestimentos</strong> CrN apresentam uma maior <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>, o que po<strong>de</strong> melhorar a<br />

resistência à corrosão.<br />

Uma das primeiras aplicações do nitreto <strong>de</strong> crómio foi na área do revestimento <strong>de</strong><br />

superfícies na produção <strong>de</strong> ferramentas metálicas. O t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> vida das peças aumentou mais<br />

<strong>de</strong> cinco vezes [5]. Para t<strong>em</strong>peraturas relativamente elevadas (700 - 800 ºC) forma-se à<br />

superfície do revestimento uma camada <strong>de</strong>nsa <strong>de</strong> óxido <strong>de</strong> crómio (Cr2O3) que impe<strong>de</strong> a<br />

progressão da oxidação do material [1,5,9,10]. A oxidação do CrN <strong>em</strong> ar acima <strong>dos</strong> 750 ºC é<br />

controlada pela difusão para o exterior <strong>de</strong> Cr através da camada <strong>de</strong> óxido <strong>de</strong> crómio [10]. Em<br />

estu<strong>dos</strong> <strong>de</strong> oxidação efectua<strong>dos</strong> até 800 ºC, a resistência à oxidação <strong>de</strong> <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> CrN<br />

mostrou-se equivalente à resistência <strong>de</strong> oxidação do TiAlN, que possui uma excelente<br />

resistência à oxidação [11-15].<br />

38


Revestimentos basea<strong>dos</strong> <strong>em</strong> nitreto <strong>de</strong> metais <strong>de</strong> transição<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

A “solubilida<strong>de</strong>” do azoto no crómio permite que possam existir várias fases, com<br />

diferentes proporções <strong>de</strong> azoto, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Cr, até Cr2N, passando pelo CrN e Cr-N. Os cristais <strong>de</strong><br />

CrN são cúbicos <strong>de</strong> face centrada e os cristais <strong>de</strong> Cr2N são hexagonais. As condições <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>posição influenciam o aparecimento <strong>de</strong> diferentes fases, cristalinas ou amorfas, durante o<br />

processo <strong>de</strong> crescimento <strong>dos</strong> filmes, além <strong>de</strong> também po<strong>de</strong>r<strong>em</strong> influenciar as suas<br />

proprieda<strong>de</strong>s mecânicas e químicas. Há registos <strong>de</strong> aumentos <strong>de</strong> dureza com uma quantida<strong>de</strong><br />

assinalável <strong>de</strong> Cr2N presente no revestimento [16], apesar <strong>de</strong> existir<strong>em</strong> referências indicando<br />

que o Cr2N não é tão duro como o CrN [17]. O Cr2N não t<strong>em</strong> tão bom <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho<br />

relativamente à protecção à corrosão, oxidação e <strong>de</strong>sgaste [17]. O coeficiente <strong>de</strong> atrito<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> também da estrutura e orientação do filme [18].<br />

Y. L. Su et al. [19] produziram e mediram a dureza e <strong>de</strong>sgaste <strong>de</strong> <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong><br />

TiN, Ti(C,N), CrN e Cr(C,N) e verificaram que apesar <strong>de</strong> uma maior dureza <strong>dos</strong><br />

<strong>revestimentos</strong> com titânio, a resistência ao <strong>de</strong>sgaste do <strong>revestimentos</strong> com crómio foi<br />

superior.<br />

2.1 – Técnicas <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição<br />

Os nitretos são normalmente <strong>de</strong>posita<strong>dos</strong> por técnicas <strong>PVD</strong> ou CVD. O CVD exige<br />

t<strong>em</strong>peraturas mais elevadas e por esta razão é menos usada para proteger as superfícies <strong>de</strong><br />

peças no processamento <strong>de</strong> plásticos [9], mas também porque po<strong>de</strong> alterar as proprieda<strong>de</strong>s<br />

mecânicas do substrato. O <strong>de</strong>senvolvimento das técnicas <strong>PVD</strong>, permitiu a <strong>de</strong>posição <strong>de</strong>ste<br />

tipo <strong>de</strong> <strong>revestimentos</strong> a t<strong>em</strong>peraturas mais baixas (menores que 500 ºC) [20], ou mesmo<br />

menores que 250 ºC.<br />

Os el<strong>em</strong>entos do grupo VI-B (Cr, Mo, W) são menos reactivos que os do grupo IV-B<br />

(Ti, Zr, Hf). Este facto faz com que sejam necessárias maiores pressões parciais <strong>de</strong> azoto para<br />

<strong>de</strong>positar nitretos <strong>dos</strong> metais do grupo VI-B, o que também torna mais fácil controlar o<br />

processo reactivo. As curvas <strong>de</strong> histerese <strong>de</strong> outros nitretos como TiN, ZrN, HfN, TiAlN,<br />

TiAlVN têm formas s<strong>em</strong>elhantes (ver curva <strong>de</strong> histerese para o TiN na figura 2.1), mas a<br />

forma muda para o nitreto <strong>de</strong> crómio (ver figura 2.2).<br />

Há referências na literatura da <strong>de</strong>posição <strong>de</strong> <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio por<br />

várias técnicas <strong>PVD</strong>, sendo a mais frequente a pulverização catódica [1,8-11,17,21-29], mas<br />

também se encontram publicações <strong>em</strong> que os <strong>revestimentos</strong> foram produzi<strong>dos</strong> por outras<br />

técnicas <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição <strong>PVD</strong>: evaporação <strong>de</strong> crómio por feixe <strong>de</strong> electrões associada com<br />

39


Revestimentos basea<strong>dos</strong> <strong>em</strong> nitreto <strong>de</strong> metais <strong>de</strong> transição<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

bombar<strong>de</strong>amento <strong>de</strong> iões <strong>de</strong> azoto (IBAD) [30,31], "ion-plating" por arco catódico [32,33],<br />

evaporação por arco catódico [34,35].<br />

Figura 2.1 - Figura <strong>de</strong> histerese para a pulverização catódica reactiva do TiN durante o controle da pressão<br />

parcial do azoto.<br />

P(N2) [mTorr]<br />

P(N2) [mTorr]<br />

Diminuiçã<br />

o<br />

Fluxo <strong>de</strong> N2 [sccm]<br />

Diminuiçã<br />

o<br />

Fluxo <strong>de</strong> N2 [sccm]<br />

Aumento<br />

Aumento<br />

Figura 2.2 - Figura <strong>de</strong> histerese para a pulverização catódica reactiva do CrNx durante o controle da pressão<br />

parcial do azoto.<br />

40


Revestimentos basea<strong>dos</strong> <strong>em</strong> nitreto <strong>de</strong> metais <strong>de</strong> transição<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

Em qualquer técnica as condições <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição influenciam as características <strong>dos</strong><br />

filmes <strong>de</strong>posita<strong>dos</strong>, nomeadamente <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> textura, dureza, a<strong>de</strong>são e morfologia. O<br />

fluxo <strong>de</strong> azoto na produção <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio por pulverização catódica reactiva <strong>em</strong><br />

magnetrão po<strong>de</strong> fazer produzir fases <strong>de</strong> Cr, Cr + N, Cr + N + Cr2N, Cr2N + CrN e CrN [22],<br />

mantendo as outras condições <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição constantes. Para <strong>revestimentos</strong> produzi<strong>dos</strong> perto<br />

da estequiometria CrxN (0.88


Revestimentos basea<strong>dos</strong> <strong>em</strong> nitreto <strong>de</strong> metais <strong>de</strong> transição<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

t<strong>em</strong>peraturas <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição [42,43]. A melhor resistência à corrosão encontra-se nos<br />

<strong>revestimentos</strong> que não possu<strong>em</strong> morfologia colunar, uma vez que a fronteira entre colunas<br />

po<strong>de</strong> permitir a penetração <strong>dos</strong> agentes corrosivos até o substrato [44]. A existência <strong>de</strong><br />

porosida<strong>de</strong> aberta po<strong>de</strong> diminuir significativamente o t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> peças, quando <strong>em</strong><br />

presença <strong>de</strong> um meio corrosivo. Esta tipo <strong>de</strong> porosida<strong>de</strong> induz a formação <strong>de</strong> uma célula<br />

galvânica e a corrente fica restringida a áreas muito pequenas (poros) [45].<br />

T. Hurkmans et al. mostraram que <strong>revestimentos</strong> simples <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio com<br />

cerca <strong>de</strong> 3 µm <strong>de</strong> espessura não obtinham tão bom comportamento relativamente à corrosão<br />

como os <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> crómio duro com 25 µm <strong>de</strong> espessura, <strong>de</strong>posita<strong>dos</strong> sobre aço<br />

inoxidável AISI 304 [24]. A razão <strong>de</strong>veu-se essencialmente ao probl<strong>em</strong>a da porosida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>revestimentos</strong> <strong>PVD</strong>. A procura <strong>de</strong> soluções que melhor<strong>em</strong> o <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho <strong>de</strong> <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong><br />

nitreto, nomeadamente aqueles que são basea<strong>dos</strong> no nitreto <strong>de</strong> crómio, continua a ser um<br />

<strong>de</strong>safio.<br />

A corrosão/erosão <strong>de</strong> aço BS 6323 e aço AISI 304 foi comparado com o <strong>de</strong><br />

<strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> TiN e CrN <strong>de</strong>posita<strong>dos</strong> sobre o primeiro daqueles aços, na presença <strong>de</strong> uma<br />

solução pastosa ("slurry") alcalina contendo partículas <strong>de</strong> alumina [46]. Os <strong>revestimentos</strong><br />

revelaram uma resistência à corrosão e à erosão significativamente superior à <strong>dos</strong> aços. As<br />

diferenças <strong>de</strong> comportamento entre os <strong>revestimentos</strong> revelaram-se relativamente pequenas.<br />

Quando comparado com outros nitretos, o nitreto <strong>de</strong> crómio apresenta geralmente um<br />

melhor <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho <strong>de</strong>vido à sua estrutura que é normalmente mais <strong>de</strong>nsa. Para melhorar o<br />

<strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho <strong>de</strong>ste revestimento testou-se o comportamento <strong>de</strong> <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong><br />

crómio com uma intercamada <strong>de</strong> crómio, e o <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho melhorou [47]. Para que os<br />

<strong>revestimentos</strong> sejam mais compactos, as condições <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser optimizadas,<br />

jogando com a taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição, polarização do substrato, t<strong>em</strong>peratura, pressões parciais<br />

[48].<br />

No sentido <strong>de</strong> melhorar o comportamento relativamente à corrosão <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong><br />

<strong>de</strong> nitreto várias soluções foram testadas. Melhorias <strong>de</strong> comportamento foram registadas<br />

quando se introduziu uma camada metálica entre o substrato e a camada <strong>de</strong> nitreto [49,50], ou<br />

por alternância <strong>de</strong> camadas metálicas com camadas <strong>de</strong> nitreto, como por ex<strong>em</strong>plo Ti/TiN<br />

[51,52]. A introdução <strong>de</strong> crómio <strong>em</strong> nitretos b<strong>em</strong> testa<strong>dos</strong> como o TiN, produzindo<br />

<strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> TiCrN melhora normalmente a resistência à corrosão [53,54]. No entanto, as<br />

soluções que evit<strong>em</strong> o aparecimento <strong>de</strong> poros <strong>de</strong>verá ser promovida para que aconteça um<br />

ganho real <strong>de</strong> eficácia <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> resistência à corrosão.<br />

42


Revestimentos basea<strong>dos</strong> <strong>em</strong> nitreto <strong>de</strong> metais <strong>de</strong> transição<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

O <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho, <strong>em</strong> soluções salinas, <strong>de</strong> outros sist<strong>em</strong>as também foram testa<strong>dos</strong>. Como<br />

por ex<strong>em</strong>plo <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> CrN com a inclusão <strong>de</strong> uma camada interna <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong><br />

titânio <strong>de</strong>positada por <strong>PVD</strong> ou <strong>de</strong> níquel por <strong>de</strong>posição não electrolítica [34]. Neste caso a<br />

intercamada <strong>de</strong> TiN piorou a resistência à corrosão, provocando maiores correntes <strong>de</strong><br />

corrosão. Este resultado é <strong>de</strong>vido ao facto <strong>de</strong> existir uma maior porosida<strong>de</strong> que nos<br />

<strong>revestimentos</strong> monocamada <strong>de</strong> CrN ou TiN. No caso <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> CrN com<br />

intercamada <strong>de</strong> níquel, a resistência à corrosão melhorou significativamente.<br />

Os <strong>revestimentos</strong> produzi<strong>dos</strong> por <strong>PVD</strong> po<strong>de</strong>m apresentar probl<strong>em</strong>as relativamente à<br />

resistência à corrosão <strong>de</strong>vido à sua porosida<strong>de</strong> que po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar que os agentes corrosivos<br />

atinjam o substrato. Este probl<strong>em</strong>a po<strong>de</strong> agravar-se quando o aço usado como substrato <strong>em</strong><br />

processamento <strong>de</strong> plásticos, ou noutra aplicação, é um aço duro após tratamento térmico, mas<br />

cuja resistência à corrosão é significativamente menor que a <strong>de</strong> um aço inoxidável. Há<br />

referências à <strong>de</strong>posição química <strong>de</strong> camadas intermédias <strong>de</strong> NiP, ou duplas camadas <strong>de</strong> CrN,<br />

tendo ambas as alternativas melhorado à resistência à corrosão relativamente a <strong>revestimentos</strong><br />

simples <strong>de</strong> CrN <strong>de</strong> <strong>PVD</strong>, <strong>de</strong>posita<strong>dos</strong> sobre aquele tipo <strong>de</strong> aço [32].<br />

2.3 – Aplicações<br />

O nitreto <strong>de</strong> crómio é usado para proteger superfícies <strong>em</strong> sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> processamento<br />

ou <strong>em</strong> mol<strong>de</strong>s [55,56], enquanto o nitreto <strong>de</strong> titânio é muito usado <strong>em</strong> ferramentas <strong>de</strong> corte<br />

[57]. O CrN estequiométrico, com espessuras entre 3 e 20 µm, po<strong>de</strong> ser usa<strong>dos</strong> com sucesso<br />

<strong>em</strong> fundição, <strong>em</strong> mol<strong>de</strong> para ligas <strong>de</strong> alumínio, moldag<strong>em</strong> a frio "cold forming", forjamento a<br />

quente "hot forging", mesmo a t<strong>em</strong>peraturas mais elevadas que os 750 ºC [11].<br />

Para alguns nitretos existe um mercado, ainda <strong>em</strong> expansão, na indústria <strong>de</strong><br />

processamento <strong>de</strong> plásticos. A elevada dureza das fibras nos plásticos reforça<strong>dos</strong> causa<br />

<strong>de</strong>sgaste abrasivo no equipamento. Além disso, alguns plásticos ou aditivos provocam<br />

corrosão <strong>de</strong>vido a processos <strong>de</strong> <strong>de</strong>composição. O revestimento com materiais resistentes à<br />

erosão e à corrosão <strong>dos</strong> mol<strong>de</strong>s, ou <strong>de</strong> válvulas ou <strong>de</strong> outras superfícies que contactam com o<br />

plástico fundido, faz aumentar o t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> vida <strong>de</strong>stas ferramentas e melhorar a qualida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ssas superfícies. Há investigações no domínio <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> resistentes à corrosão e à<br />

erosão <strong>em</strong> processamento <strong>de</strong> plásticos. Revestimentos <strong>de</strong> TiN com uma estrutura <strong>de</strong>nsa,<br />

promovida por polarizações a<strong>de</strong>quadas (-30 e -50 V) do substrato, revelaram elevada dureza,<br />

boa a<strong>de</strong>são e boa resistência ao <strong>de</strong>sgaste provocada pelo polímero Ultramid (PA66 GF35)<br />

43


Revestimentos basea<strong>dos</strong> <strong>em</strong> nitreto <strong>de</strong> metais <strong>de</strong> transição<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

[58]. Revestimentos <strong>de</strong> Ti(BN) também com estrutura optimizada (polarizações <strong>de</strong> substrato<br />

<strong>de</strong> -10V e -30 V), obtiveram resulta<strong>dos</strong> entre 2 a 3 vezes melhores que os <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong><br />

TiN, no que diz respeito à resistência à erosão com o mesmo polímero [59]. Revestimentos <strong>de</strong><br />

dupla camada Ti-B-N/Al2O3 po<strong>de</strong>m melhorar o <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho <strong>de</strong>vido à camada <strong>de</strong> alumina que<br />

aumenta a resistência à corrosão [59].<br />

O processamento do PVC liberta HCl, altamente corrosivo para as superfícies <strong>em</strong><br />

contacto com o plástico. Os aditivos <strong>dos</strong> materiais plásticos também po<strong>de</strong>m reagir<br />

quimicamente ou libertar iões cloreto. Revestimentos como o TiN e o CrN, além da<br />

resistência à erosão, também são resistentes à corrosão por cloretos e áci<strong>dos</strong> oxidantes<br />

[5,21,49,60].<br />

2.4 – Outros <strong>revestimentos</strong> produzi<strong>dos</strong> por técnicas <strong>PVD</strong><br />

A adição <strong>de</strong> alumínio aos nitretos <strong>de</strong> titânio e <strong>de</strong> crómio permitiu um aumento<br />

significativo da dureza nestes sist<strong>em</strong>as inicialmente binários, o que faz aumentar a resistência<br />

ao <strong>de</strong>sgaste. A dureza no CrAlN po<strong>de</strong> ser aumentada a mais <strong>de</strong> 2800HV0.5 com proporções<br />

Cr/Al <strong>de</strong> 3/1.<br />

Os <strong>revestimentos</strong> ternários <strong>de</strong> Cr0.72Ti0.28N e multicamada TiN/CrN revelaram uma<br />

maior resistência à oxidação que os <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> CrN ou TiN, mas possu<strong>em</strong> um<br />

mecanismo <strong>de</strong> oxidação muito complexo [23]. Otani e Hofmann [61], estudaram a oxidação<br />

<strong>em</strong> sist<strong>em</strong>as (Ti1-xCrx)N (x = 0, 0.2, 0.4, 0.7, 1) entre 350 ºC e 800 ºC, tendo verificado que<br />

até 700 ºC o crescimento da camada <strong>de</strong> óxido obe<strong>de</strong>ce à lei parabólica do t<strong>em</strong>po. O processo<br />

<strong>de</strong> difusão é atribuído à combinação da difusão do oxigénio para o interior e do crómio para o<br />

exterior. Para a composição (Ti0.6Cr0.4)N foi encontrada a menor taxa <strong>de</strong> oxidação a 400 ºC<br />

(20 vezes menor que TiN e 5 vezes menor que CrN). Aparent<strong>em</strong>ente a camada <strong>de</strong> TiO2<br />

restringe a difusão do Cr e a <strong>de</strong> Cr2O3 restringe a do oxigénio.<br />

Há estu<strong>dos</strong> realiza<strong>dos</strong> <strong>em</strong> <strong>revestimentos</strong> com variação gradual <strong>de</strong> composição, no<br />

sentido <strong>de</strong> incr<strong>em</strong>entar as proprieda<strong>de</strong>s mecânicas ou tribológicas [62-66], inclusivamente <strong>em</strong><br />

sist<strong>em</strong>as Cr-Ti-N [67]. X. Zeng et al. produziram <strong>revestimentos</strong> por pulverização catódica<br />

com quatro camadas, algumas <strong>de</strong>las com variação <strong>de</strong> composição: uma camada <strong>de</strong> crómio<br />

entre o substrato <strong>de</strong> aço rápido polido e o resto <strong>de</strong> revestimento, no sentido <strong>de</strong> melhorar a<br />

a<strong>de</strong>são; a segunda camada <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio com variação gradual da composição; a<br />

terceira camada <strong>de</strong> Cr-Ti-N também com variação gradual <strong>de</strong> composição e a camada <strong>de</strong> topo<br />

44


Revestimentos basea<strong>dos</strong> <strong>em</strong> nitreto <strong>de</strong> metais <strong>de</strong> transição<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

<strong>de</strong> Cr-Ti-N com composição constante ((Cr0.7Ti0.3)N). Os resulta<strong>dos</strong> <strong>de</strong> dureza e a<strong>de</strong>são<br />

mostram melhorias significativas <strong>em</strong> comparação com <strong>revestimentos</strong> simples <strong>de</strong> TiN e CrN.<br />

M. L. Kuruppu et al. <strong>de</strong>positaram filmes monolíticos CrN e Cr2N e filmes multicamada<br />

Cr/CrN, Cr/Cr2N e Cr2N/CrN [17] e verificaram melhoria na resistência ao <strong>de</strong>sgaste <strong>dos</strong><br />

<strong>revestimentos</strong> multicamada e mesmo melhorias <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> dureza e a<strong>de</strong>são.<br />

M. Nordin et al. produziram <strong>revestimentos</strong> <strong>PVD</strong> multicamada TiN/CrN, TiN/MoN,<br />

TiN/NbN e TiN/TaN <strong>de</strong>posita<strong>dos</strong> sobre carboneto “c<strong>em</strong>ented carbi<strong>de</strong>” [68]. As camadas <strong>de</strong><br />

TiN foram produzidas por “ion plating” e as <strong>de</strong> CrN, MoN, NbN e TaN por pulverização<br />

catódica por magnetrão. As proprieda<strong>de</strong>s mecânicas e tribológicas <strong>de</strong>stes <strong>revestimentos</strong><br />

multicamada, quando comparadas com as <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> TiN <strong>de</strong> referência, revelaramse,<br />

<strong>de</strong> um modo geral, superiores. A resistência mais alta ao <strong>de</strong>sgaste abrasivo foi obtida pelo<br />

compósito TiN/TaN, mas o melhor <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho geral foi obtido pelo compósito TiN/CrN.<br />

Este grupo sueco estudou posteriormente a influência da espessura das camadas <strong>em</strong><br />

<strong>revestimentos</strong> multicamada TiN/CrN (<strong>de</strong>posita<strong>dos</strong> sobre Si) no <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho relativamente à<br />

corrosão aquosa na presença <strong>de</strong> uma solução 0.1 M <strong>de</strong> H2SO4 [42]. Estes testes foram<br />

efectua<strong>dos</strong> comparando com <strong>revestimentos</strong> monocamada <strong>de</strong> TiN e <strong>de</strong> CrN. Tendo to<strong>dos</strong> os<br />

<strong>revestimentos</strong> a mesma espessura, os resulta<strong>dos</strong> mostraram um <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho superior <strong>dos</strong><br />

<strong>revestimentos</strong> com espessura menor das monocamadas, portanto com maior número <strong>de</strong><br />

camadas.<br />

Conclusões<br />

A referência a <strong>revestimentos</strong> basea<strong>dos</strong> no nitreto <strong>de</strong> crómio é cada vez maior. As suas<br />

características e a sua relação com condições e técnicas <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição são estudadas para<br />

optimizar as proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> modo a potenciar a sua aplicação <strong>em</strong> diversos sist<strong>em</strong>as que<br />

normalmente necessit<strong>em</strong> <strong>de</strong> resistência ao <strong>de</strong>sgaste e à corrosão. Estas capacida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

<strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio motivaram o trabalho que se apresenta nesta tese.<br />

Produziram-se <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio, to<strong>dos</strong> eles com uma camada <strong>de</strong><br />

crómio entre o substrato e o revestimento <strong>de</strong> nitreto, uma vez que se registou uma melhoria da<br />

resistência à corrosão com a introdução <strong>de</strong>ssa intercamada [9]. Foram também produzi<strong>dos</strong><br />

<strong>revestimentos</strong> multicamada alternando camadas <strong>de</strong> titânio com camadas <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio<br />

<strong>de</strong> modo a melhorar a resistência à corrosão. Este sist<strong>em</strong>a preten<strong>de</strong> interromper poros que<br />

po<strong>de</strong>riam existir ao longo <strong>de</strong> toda a espessura do revestimento, provocando corrosão acelerada<br />

45


Revestimentos basea<strong>dos</strong> <strong>em</strong> nitreto <strong>de</strong> metais <strong>de</strong> transição<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

na interface substrato/revestimento. Outra vantag<strong>em</strong> <strong>de</strong>ste sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> multicamadas será o <strong>de</strong><br />

aumentar a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação plástica do revestimento, relaxar tensões e reduzir a<br />

porosida<strong>de</strong>.<br />

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46


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23. P. Panjan, B. Navinšek, A. Cvelbar, A. Zalar, I. Milošev, Thin Solid Films 281-282, 298<br />

(1996).<br />

24. T. Hurkmans, D. B. Lewis, H. Paritong, J. S. Brooks, W. D. Münz, Surface & Coatings<br />

Technology 114, 52 (1999).<br />

25. P. M. Fabis, R. A. Cooke, S. McDonough, J. Vac. Sci. Technol A8 (5), 3509 (1990).<br />

26. C. Frierich, G. Berg, E. Broszeit, K.-H. Kloos, Surface & Coatings Technology 74-75,<br />

279 (1995).<br />

27. W. Heinke, A. Leyland, A. Matthews, G. Berg, C. Friedrich, E. Broszeit, Thin Solid Films<br />

270, 431 (1995).<br />

28. C. Meunier, S. Vives, G. Bertrand, Surface & Coatings Technology 107, 149 (1998).<br />

29. I. Milošev, B. Navinšek, Surface & Coatings Technology 60, 545 (1993).<br />

30. K. Volz, M. Kiuchi, W. Ensinger, Surface & Coatings Technology 108-109, 303 (1998).<br />

31. A. Schröer, W. Ensinger, G. K. Wolf, Materials Science Engineering A140, 625 (1991).<br />

32. P. K. Venkovski, R. Sanchez, J. R. T. Branco, M. Galvano, Surface & Coatings<br />

Technology 108-109, 599 (1998).<br />

33. N. Dingr<strong>em</strong>ont, E. Bergmann, P. Collignon, Surface & Coatings Technology 72, 157<br />

(1995).<br />

34. J. Creus, H. Idrissi, H. Mazille, F. Sanchette, P. Jacquot, Surface & Coatings Technology<br />

107, 183 (1998).<br />

35. H. Windischmann, Crit. Rev. Solid State Mater. Sci. 17 (6), 547 (1992).<br />

36. B. Matthes, E. Broszeit, J. Aromaa, H. Ronkainen, S.P. Annula, A. Leyland, A. Matthews,<br />

Surface & Coatings Technology 49, 489 (1991).<br />

37. I. M. Notter, D. R. Gabe, Corros. Rev. 10, 217 (1992).<br />

47


Revestimentos basea<strong>dos</strong> <strong>em</strong> nitreto <strong>de</strong> metais <strong>de</strong> transição<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

38. J. Mun<strong>em</strong>asa, T. Kumakiri, Surface & Coatings Technology 49, 496 (1991).<br />

39. I. M. Penttinen, A. S. Korhonen, E. Harju, M. A. Turkia, O. Forsén, E. O. Ristolainen,<br />

Surface & Coatings Technology 50, 161 (1992).<br />

40. C. Lui, A. Leyland, S. Lyon, A. Matthews, Surface & Coatings Technology 76-77, 615<br />

(1995).<br />

41. A. Leyland, M. Bin-Sudin, A. S. James, M. R. Kalantary, P. B. Wells, A. Matthews, J.<br />

Hous<strong>de</strong>n, B. Garsi<strong>de</strong>, Surface & Coatings Technology 60, 474 (1993).<br />

42. M. Nordin, M. Herranen, S. Hogmark, Thin Solid Films 348, 202 (1999).<br />

43. B. Elsener, A. Rota, Mater. Science Forum 44/45, 29 (1989).<br />

44. A. Er<strong>de</strong>mir, W. B. Carter, R. F. Hochman, E. I. Meletis, Mater. Sci. Eng. 69, 89 (1985).<br />

45. H. Dong, Y. Sun, T. Bell, Surface & Coatings Technology 90, 91 (1997).<br />

46. H. W. Wang, M. M. Stack, Tribology-Letters, Vol. 6, 23 (1999).<br />

47. W. Brandle, C. Gendig, Thin Solid Films 290-291, 343 (1996).<br />

48. I. Milošev, B. Navinšek, Surface & Coatings Technology 63, 173 (1994).<br />

49. O. Knotek, F. Löffler, A. Schrey, J. C. Verhoef, Surface Modifications Technologies V,<br />

217 (1992).<br />

50. Y. Massiani, A. Medjahed, P. Gravier, J. P. Crousier, Thin Solid Films 217, 31 (1992).<br />

51. M. Herranen, U. Wilkund, J.-O. Carlsson, S. Hogmark, Surface & Coatings Technology<br />

99, 191 (1998).<br />

52. B. En<strong>de</strong>rs, H. Martin, G. K. Wolf, Surface & Coatings Technology 60, 556 (1993).<br />

53. H. A. Jehn, F. Thiergarten, G. K. Wolf, Surface & Coatings Technology 50, 45 (1991).<br />

54. Y. Massiani, P. Gravier, L. Fredizzi, F. Marchetti, Thin Solid Films 261, 202 (1995).<br />

55. P. Terrat, J. J. Reymond, Le Vi<strong>de</strong> 280 (1996).<br />

56. B. Navinšek, P. Panjan, I. Milošev, Surface & Coatings Technology 97, 182 (1997).<br />

57. F. H. W. Löffler, Surface & Coatings Technology 68-69, 729 (1994).<br />

58. G. Paller, B. Matthes, W. Herr, E. Broszeit, Materials Science and Engineering A140, 647<br />

(1991).<br />

59. B. Matthes, E. Broszeit, K. H. Kloos, Surface & Coatings Technology 57, 97 (1993).<br />

60. L. Cunha, M. Andritschky, L. Rebouta, K. Pischow, Surface & Coatings Technology<br />

116-119, 1152 (1999).<br />

48


Revestimentos basea<strong>dos</strong> <strong>em</strong> nitreto <strong>de</strong> metais <strong>de</strong> transição<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

61. Y. Otani, S. Hofmann, Thin Solid Films 287, 188 (1996).<br />

62. D. P. Monaghan, D. G. Teer, K. C. Laing, I. Efeoglu, R. D. Arnell, Surface & Coatings<br />

Technology 59, 21 (1993).<br />

63. R. Fella, H. Holleck, H. Schultz, Surface & Coatings Technology 36, 257 (1988).<br />

64. J. Vetter, W. Burgmer, H. G. De<strong>de</strong>richs, A. J. Perry, Mater. Sci. Forum, 163-164, 527<br />

(1994).<br />

65. A. A. Voevodin, J. M. Schnei<strong>de</strong>r, C. Rebholz, A. Matthews, Tribology Int. 29, 527<br />

(1996).<br />

66. A. A. Voevodin, M. A. Capano, S. J. P. Laube, M. S. Donley, J. S. Zabinsky, Thin Solid<br />

Films 298, 107 (1997).<br />

67. X. Zeng, S. Zhang, J. Hsieh, Surface & Coatings Technology 102, 108 (1998).<br />

68. M. Nordin, M. Larsson, S. Hogmark, Surface & Coatings Technology 106, 234 (1998).<br />

49


Produção <strong>dos</strong> Revestimentos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

Capítulo 3<br />

Produção <strong>dos</strong> Revestimentos<br />

Who or<strong>de</strong>red this?<br />

I. Rabi<br />

A pulverização catódica reactiva <strong>em</strong> magnetrão foi a técnica usada para produzir<br />

<strong>revestimentos</strong> basea<strong>dos</strong> no nitreto <strong>de</strong> crómio, na forma <strong>de</strong> <strong>revestimentos</strong> monolíticos e <strong>de</strong><br />

<strong>revestimentos</strong> multicamada. Este tipo <strong>de</strong> <strong>revestimentos</strong> são duros e resistentes à corrosão [1].<br />

Estas características faz<strong>em</strong> com que possam ser um bom protector <strong>de</strong> superfícies <strong>em</strong> meios<br />

agressivos do ponto <strong>de</strong> vista mecânico e químico. Os processos <strong>de</strong> transformação <strong>de</strong> materiais<br />

plásticos po<strong>de</strong>m ser agressivos do ponto <strong>de</strong> vista mecânico, quando se processam polímeros<br />

reforça<strong>dos</strong> por fibras, e químico, <strong>de</strong>vido à libertação <strong>de</strong> agentes corrosivos pelo plástico<br />

quente.<br />

Neste capítulo indicam-se as condições <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição das amostras, referindo a<br />

espessura, <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> e composição.<br />

3.1 – Deposição<br />

3.1.1 – Revestimentos monolíticos <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio<br />

Os <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio foram produzi<strong>dos</strong> por pulverização catódica<br />

reactiva <strong>em</strong> magnetrão utilizando uma fonte <strong>de</strong> radio-frequência (<strong>revestimentos</strong> da série RF)<br />

ou uma fonte <strong>de</strong> corrente contínua (<strong>revestimentos</strong> das séries DC).<br />

50


Produção <strong>dos</strong> Revestimentos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

Figura 3.1 - Esqu<strong>em</strong>a do interior da câmara <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição dor <strong>revestimentos</strong> da série RF.<br />

As condições <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> das séries DC foram aquelas que se<br />

utilizaram na produção <strong>dos</strong> filmes multicamada, como se <strong>de</strong>screve na secção 3.1.2., com<br />

pressão total <strong>de</strong> trabalho que variou entre os 0.3 a 0.45 Pa. A percentag<strong>em</strong> do gás reactivo<br />

(azoto) foi 40%. A distância alvo-substrato manteve-se constante e igual a 65 mm no caso da<br />

série RF, DC3 e DC4 e 125 mm no caso das séries DC1 e DC2. A <strong>de</strong>posição <strong>de</strong> uma camada<br />

metálica entre o substrato e o revestimento <strong>de</strong> nitreto po<strong>de</strong> melhorar a resistência à corrosão<br />

do compósito [2,3]. Deste modo to<strong>dos</strong> os <strong>revestimentos</strong> produzi<strong>dos</strong> possu<strong>em</strong> uma fina<br />

intercamada <strong>de</strong> crómio com cerca <strong>de</strong> 100 nm <strong>de</strong> espessura.<br />

A tabela 3.1 sumaria alguns parâmetros <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição e também a espessura e<br />

<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> simples. A <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong>, ρ, foi calculada a partir<br />

da expressão:<br />

∆m<br />

ρ =<br />

(3. 1)<br />

t S<br />

c<br />

N 2<br />

Ar<br />

Plataforma com ligações eléctricas<br />

para aquecimento e polarização<br />

Alvos<br />

Arrefecimento <strong>dos</strong> magnetrões e<br />

ligações às fontes <strong>de</strong> potência.<br />

Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> controlo<br />

Porta-substratos<br />

<strong>em</strong> que ∆m representa o ganho <strong>de</strong> massa das amostras durante a <strong>de</strong>posição, tc a espessura do<br />

revestimento e S a área do substrato que se encontra revestida.<br />

Bombas<br />

51


Produção <strong>dos</strong> Revestimentos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

Tabela 3. 1– Condições <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição (P – potência da fonte, VS – Polarização do substrato, % N2 – percentag<strong>em</strong><br />

<strong>de</strong> azoto na atmosfera <strong>de</strong> trabalho, TS – T<strong>em</strong>peratura do substrato), espessura (tC), <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> (ρ) <strong>dos</strong><br />

<strong>revestimentos</strong> simples <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio.<br />

Série Amostra Outras<br />

I<strong>de</strong>ntificações<br />

P [W] VS [V] % N2 Ts [ºC] tC [µm] ρ<br />

[10 3 kg/m 3 ]<br />

RF CrN-2 A [5] 500 0 40 300 3.6 ± 0.3 3.5<br />

RF CrN-8 B [5] 500 -50 40 300 3.1 ± 0.2 3.6<br />

RF CrN-12 - 600 -50 40 300 3.5 ± 0.3 4.9<br />

RF CrN-13 - 500 -50 40 350 3.2 ± 0.3 3.6<br />

RF CrN-14 - 600 -50 40 350 3.9 ± 0.3 4.3<br />

RF CrN-15 - 500 -25 40 300 3.0 ± 0.2 4.4<br />

RF CrN-16 - 500 -75 40 300 3.1 ± 0.2 4.2<br />

RF CrN-17 - 500 -50 40 150 2.4 ± 0.2 3.9<br />

RF CrN-18 - 500 0 40 150 3.2 ± 0.3 3.5<br />

RF CrN-19 - 500 -75 40 150 2.5 ± 0.2 4.3<br />

RF CrN-20 - 500 -25 40 150 2.5 ± 0.2 4.2<br />

RF CrN-21 - 600 -25 40 300 3.0 ± 0.2 3.5<br />

RF CrN-22 - 600 -75 40 300 3.3 ± 0.3 5.1<br />

RF CrN-23 C [5] 600 0 40 300 4.5 ± 0.4 3.2<br />

RF CrN-24 - 600 -50 40 150 2.5 ± 0.2 4.7<br />

RF CrN-25 - 500 -25 40 350 2.7 ± 0.2 3.7<br />

DC1 G/CrN-2 GCrN-2 [4] 796 -50 40 ~180 6.0 ± 0.5 4.7<br />

DC2 G/CrN-6 - 760 -80 40 ~140 3.0 ± 0.2 5.1<br />

DC3 G/CrN-7 - 836 -50 40 ~200 5.1 ± 0.4 3.9<br />

DC4 G/CrN-8 - 836 -80 40 ~200 6.2 ± 0.5 4.8<br />

3.1.2 – Revestimentos multicamada<br />

Os <strong>revestimentos</strong> multicamada foram produzi<strong>dos</strong> por pulverização catódica reactiva<br />

<strong>em</strong> magnetrão utilizando uma fonte <strong>de</strong> corrente contínua. Um esqu<strong>em</strong>a da câmara <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>posição representa-se na figura 3. 2.<br />

Ar<br />

N2<br />

Alvo<br />

<strong>de</strong> Ti<br />

Mesa<br />

Rotativa<br />

Porta-substratos<br />

El<strong>em</strong>ento <strong>de</strong><br />

aquecimento<br />

Alvo<br />

<strong>de</strong>Cr<br />

Bombas<br />

Figura 3.2 - Esqu<strong>em</strong>a da câmara <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> das séries DC.<br />

52


Produção <strong>dos</strong> Revestimentos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

Os <strong>revestimentos</strong> são constituí<strong>dos</strong> por camadas <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio, obtidas a partir<br />

<strong>de</strong> um alvo puro <strong>de</strong> Cr e uma atmosfera <strong>de</strong> Ar e N2, alternadas com camadas <strong>de</strong> titânio,<br />

obtidas a partir <strong>de</strong> um alvo puro <strong>de</strong> Ti e uma atmosfera <strong>de</strong> Ar. O porta-substratos rodou entre<br />

a posição <strong>em</strong> frente do alvo <strong>de</strong> Cr para <strong>de</strong>positar as camadas <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio e entre a<br />

posição <strong>em</strong> frente do alvo <strong>de</strong> titânio para as camadas <strong>de</strong> titânio. A pressão <strong>de</strong> trabalho variou<br />

entre cerca <strong>de</strong> 0.46 Pa, com uma atmosfera <strong>de</strong> árgon, no caso da <strong>de</strong>posição das camadas <strong>de</strong><br />

titânio e os 0.52 Pa, com uma atmosfera <strong>de</strong> árgon e azoto, no caso da <strong>de</strong>posição das camadas<br />

<strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio. A distância alvo-substrato manteve-se constante e igual a 125 mm<br />

(séries DC1 e DC2) ou 65 mm (séries DC3 e DC4). A tabela 3.2 sumaria algumas condições<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>posição <strong>de</strong>stes filmes. Mostram-se também as condições <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição <strong>dos</strong> filmes<br />

simples <strong>de</strong> titânio (Ti-3, Ti-4, Ti-5 e Ti-6) e nitreto <strong>de</strong> crómio (G/CrN-2, G/CrN-6, G/CrN-7,<br />

G/CrN-8) que foram produzi<strong>dos</strong> com as mesmas condições <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição <strong>de</strong> cada uma das<br />

monocamadas <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> das séries respectivas.<br />

Em to<strong>dos</strong> os <strong>revestimentos</strong> multicamada (<strong>de</strong> TiCrN-11 até TiCrN-20), a primeira<br />

camada é s<strong>em</strong>pre <strong>de</strong> titânio e a última <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio.<br />

Tabela 3. 2– Condições <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição (VS – Polarização do substrato, TS – T<strong>em</strong>peratura do substrato, I –<br />

Intensida<strong>de</strong> da corrente, V – Tensão da fonte), espessura do revestimento (tC), espessura das monocamadas (tm),<br />

número <strong>de</strong> monocamadas (n), <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> (ρ) <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong>.<br />

Série Amostras VS<br />

[V]<br />

Ts<br />

[ºC]<br />

I<br />

[A]<br />

V<br />

[V]<br />

tC<br />

[µm]<br />

tm<br />

[nm]<br />

DC1 G/CrN-2 -50 ~180 2.03 392 6.0 - - 4.9<br />

Ti-3 -50 ~170 1.89 327 3.2 - - 4.2<br />

TiCrN-11 -50 ~170 Cr-2.03<br />

Ti-1.86<br />

Cr-392 Ti-329 3.0 50 60 4.5<br />

TiCrN-12 -50 ~170 Cr-2.03<br />

Ti-1.86<br />

Cr-388 Ti-333 3.3 25/28 120 ---<br />

TiCrN-13 -50 ~180 Cr-2.03<br />

Ti-1.86<br />

Cr-387 Ti-329 3.5 10/12 300 4.1<br />

TiCrN-14 -50 ~180 Cr-2.03<br />

Ti-1.89<br />

Cr-376 Ti-340 3.0 100 30 4.9<br />

DC2 G/CrN-6 -80 ~140 2.03 376 3.0 - - 5.1<br />

Ti-4 -80 ~140 1.89 360 3.0 - - 2.9<br />

TiCrN-16 -80 ~140 Cr-2.03<br />

Ti-1.91<br />

Cr-362 Ti-380 4.1 14 300 5.1<br />

TiCrN-17 -80 ~140 Cr-2.03<br />

Ti-1.94<br />

Cr-380 Ti-500 5.1 8 600 4.3<br />

DC3 G/CrN-7 -50 ~200 2.03 412 5.1 - - 4.8<br />

Ti-5 -50 ~200 1.89 360 3.9 - -<br />

TiCrN-18 -50 ~200 Cr-2.03<br />

Ti-1.89<br />

Cr-416 Ti-366 2.5 83-100 30 5.1<br />

TiCrN-20 -50 ~200 Cr-2.03<br />

Ti-1.89<br />

Cr-416 Ti-366 2.2 7-10 300 3.5<br />

DC4 G/CrN-8 -80 ~200 2.03 412 6.2 - - 3.9<br />

Ti-6 -80 ~200 1.89 368 4.0 - -<br />

TiCrN-19 -80 ~200 Cr-2.03<br />

Ti-1.89<br />

Cr-416 Ti-366 2.4 80-100 30 5.0<br />

n ρ<br />

[10 3 kg/m 3 ]<br />

53


Produção <strong>dos</strong> Revestimentos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

3.2 – Composição<br />

A composição <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> foi <strong>de</strong>terminada por RBS, XPS e AES. Pela primeira<br />

<strong>de</strong>stas técnicas, a composição das amostras da série RF teve uma relação 1/1 entre o Cr e N.<br />

Relação esta que se consi<strong>de</strong>ra estequiométrica: CrN. Para os <strong>revestimentos</strong> da série DC1<br />

obteve-se uma relação sub-estequiométrica relativamente ao azoto: 1/0.90. Para os<br />

<strong>revestimentos</strong> da série DC2 a relação é muito próxima da estequiométrica 1/0.95. Os erros<br />

nas <strong>de</strong>terminações <strong>de</strong>stas composições são da or<strong>de</strong>m <strong>dos</strong> 3%.<br />

A figura 3.3 mostra espectros RBS <strong>de</strong> um revestimento simples da série RF, outro da<br />

série DC1. A figura 3.4 mostra o espectro <strong>de</strong> um revestimento multicamada da série DC1.<br />

Estes espectros não evi<strong>de</strong>nciam a existência <strong>de</strong> carbono, oxigénio ou outras impurezas. Sendo<br />

estas análises efectuadas até uma profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cerca 1 µm, admiti-se que quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

impurezas estará abaixo <strong>dos</strong> 3 %.<br />

Rendimento RBS (u.a.)<br />

10000<br />

8000<br />

6000<br />

4000<br />

2000<br />

0<br />

200 300 400 500 600 700<br />

Canal<br />

CrN-8<br />

Figura 3.3 – Espectros RBS <strong>de</strong> um revestimento da série RF (CrN-8) e <strong>de</strong> um revestimento da série DC1<br />

(G/CrN-2).<br />

Rendimento RBS (u.a.)<br />

20000<br />

10000<br />

0<br />

TiCrN-14<br />

180º<br />

0<br />

200 300 400 500 600 700<br />

Figura 3.4 – Espectros RBS <strong>de</strong> um revestimento multicamada da série DC2 (TiCrN-14).<br />

Ti2<br />

Rendimento RBS (u.a.)<br />

10000<br />

8000<br />

6000<br />

4000<br />

2000<br />

200 400 600<br />

Canal<br />

Cr3 Cr2<br />

Ti1<br />

Cr1<br />

Canal<br />

G/CrN-2<br />

54


Produção <strong>dos</strong> Revestimentos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

As análises da composição superficial das amostras, obtida por XPS e AES,<br />

mostraram que além <strong>de</strong> crómio e azoto, se <strong>de</strong>tecta também oxigénio e carbono. A presença<br />

<strong>de</strong>stes el<strong>em</strong>entos explica-se por contaminação da superfície das amostras após o processo <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>posição e pelo facto <strong>de</strong> a profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> análise ser cerca <strong>de</strong> 5 nm. No entanto a relação<br />

entre o crómio e o azoto na superfície é s<strong>em</strong>pre muito próximo da relação estequiométrica<br />

(fig. 3.5).<br />

A figura 3.6 mostra espectros XPS <strong>dos</strong> el<strong>em</strong>entos crómio e azoto do revestimento<br />

CrN-2. Aos espectros foi subtraído o fundo, usando o método iterativo não linear <strong>de</strong> Shirley<br />

[10] e o processamento foi efectuado por ajustes com Gaussianas/Lorentzianas basea<strong>dos</strong> no<br />

método <strong>de</strong> Sherwood [10], com o procedimento <strong>de</strong> tentativa e erro pelo método <strong>dos</strong> mínimos<br />

quadra<strong>dos</strong>. Os ajustes permitiram <strong>de</strong>terminar as posições, alturas, larguras e relação<br />

Gaussiana/Lorentziana <strong>dos</strong> picos.<br />

19%<br />

41%<br />

CrN-2 [at %]<br />

Figura 3.5 – Composição da superfície <strong>de</strong> dois <strong>revestimentos</strong> da série RF, obtido a partir <strong>de</strong> espectros XPS.<br />

Os espectros Cr 2p mostram os picos Cr 2p3/2 e Cr 2p1/2. O processamento <strong>dos</strong><br />

espectros foi efectuado relativamente ao pico Cr 2p3/2, que apresenta normalmente a<br />

contribuição <strong>de</strong> três picos: um pico associado ao CrN centrado a 575.7 eV (Cr1), um pico<br />

associado ao Cr centrado a 574.6 eV (Cr2) e um pico associado a crómio oxidado,<br />

provavelmente hidróxido <strong>de</strong> crómio, centrado a 577.5 eV (Cr3). A literatura refere que os<br />

picos correspon<strong>de</strong>ntes às energias <strong>de</strong>stas ligações químicas aparec<strong>em</strong> centra<strong>dos</strong> a 575.8 eV<br />

(CrN) [6], 574.3 eV (Cr) [7] e 577.3 eV (Cr(OH)3) [8]. Note-se que é difícil distinguir entre a<br />

presença <strong>de</strong> CrN e β-Cr2N <strong>de</strong>vido ao facto <strong>dos</strong> valores da energia <strong>de</strong> ligação para Cr 2p3/2<br />

ser<strong>em</strong> muito próximos (∆E ≈ 0.3 eV).<br />

0%<br />

40%<br />

Cr<br />

N<br />

O<br />

Cl<br />

O espectro N 1s mostra a contribuição <strong>de</strong> dois picos centra<strong>dos</strong> a 396.6 eV, atribuído<br />

ao CrN (N1), e 397.5 eV, atribuído ao β-Cr2N (N2). Há uma predominância nítida do<br />

41%<br />

15%<br />

CrN-8 [at %]<br />

0%<br />

44%<br />

Cr<br />

N<br />

O<br />

Cl<br />

55


Produção <strong>dos</strong> Revestimentos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

primeiro <strong>de</strong>stes picos. A literatura refere estes picos centra<strong>dos</strong> a 396.7 eV para o CrN [6] e<br />

397.4 eV para o β-Cr2N [9].<br />

Intensida<strong>de</strong> [a.u.]<br />

Figura 3.6 – Espectro XPS para os el<strong>em</strong>entos Cr e N e respectivos ajustes, obti<strong>dos</strong> para a amostra CrN-2.<br />

A proporção entre o el<strong>em</strong>ento crómio e o el<strong>em</strong>ento azoto leva a crer que os<br />

<strong>revestimentos</strong> sejam forma<strong>dos</strong> por CrN, mas os espectros XPS mostram po<strong>de</strong>r existir fases <strong>de</strong><br />

β-Cr2N ou Cr. No entanto esta situação po<strong>de</strong> acontecer somente na superfície. A análise da<br />

microestrutura <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong>, com o auxílio da difracção <strong>de</strong> raios-X, po<strong>de</strong>rá permitir<br />

distinguir as fases existentes nos <strong>revestimentos</strong>.<br />

À vista <strong>de</strong>sarmada, os <strong>revestimentos</strong> produzi<strong>dos</strong> apresentam uma coloração cinzento<br />

metálico, excepto as amostras <strong>de</strong>positadas com polarização nula. Estes últimos não tinham um<br />

aspecto homogéneo. Havia áreas que tinham uma coloração s<strong>em</strong>elhante aos outros<br />

<strong>revestimentos</strong>, mas noutras áreas havia uma coloração cinzento mate.<br />

Conclusões<br />

Cr3<br />

Cr<br />

Cr<br />

Energia <strong>de</strong> ligação Energia <strong>de</strong> ligação<br />

Os <strong>revestimentos</strong> produzi<strong>dos</strong> são maioritariamente estequiométricos, ou ligeiramente<br />

sub-estequiométricos relativamente ao azoto. A informação obtida por XPS indica-nos a<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> existir algum β-Cr2N à superfície. No capítulo 4 apresentam-se os resulta<strong>dos</strong><br />

<strong>de</strong> XRD e mais alguma informação sobre a microestrutura será obtida.<br />

Os <strong>revestimentos</strong> produzi<strong>dos</strong> por técnicas <strong>PVD</strong> têm normalmente um estrutura colunar<br />

(ver capítulo 4), sendo a sua compacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte das condições <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição.<br />

Intensida<strong>de</strong> [a u ]<br />

N2<br />

N1<br />

56


Produção <strong>dos</strong> Revestimentos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

Bibliografia<br />

1. A. Schröer, W. Ensinger and G. K. Wolf, Materials Science and Engineering, A140, 625<br />

(1991).<br />

2. Y. Massiani, A. Medjahed, P. Gravier, J. P. Crousier, Thin Solid Films, 217, 31-37<br />

(1992).<br />

3. Y. Massiani, P. Gravier, L. Fedrizzi, F. Marchetti, Thin Solid Films, 261, 202-208 (1995).<br />

4. L. Cunha, M. Andritschky, K. Pischow, Z. Wang, Thin Solid Films, 355-366, 466 (1999).<br />

5. L. Cunha, M. Andritschky, L. Rebouta, K. Pischow, Surface Coatings & Technology,<br />

116-119, 1156 (1999).<br />

6. Y. M. Shul’ga, V. N. Troitskii, M. I. Aivazov, Y. G. Borod’ko, Zh. Neorg. Khim., 21,<br />

2621 (1976).<br />

7. C. D. Wagner, W. M. Riggs, L. E. Davis, J. F. Moul<strong>de</strong>r, Handbook of X-ray<br />

Photoelectron Spectroscopy (Ed G. E. Muilenberg), Perkin-Elmer Corporation, Physical<br />

Electropnics Division, E<strong>de</strong>n Prairie, Minn. (1979).<br />

8. F. M. Capece, V. Dicastro, C. Furlani, G. Mattogno, C. Fragale, M. Gargano, M. Rossi, J.<br />

Electron Spectrosc. Relat. Phenom., 27, 119 (1982).<br />

9. M. Romand, M. Roubin, Analusis, 4, 309 (1976).<br />

10. D. Briggs, M. P. Sheah (eds) "Practical Surface Analysis by AES and XPS", Wiley,<br />

Chichester (1983).<br />

57


Caracterização Estrutural <strong>dos</strong> Revestimentos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

Capítulo 4<br />

Caracterização estrutural <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong><br />

Nada é mais abundante que a inesgotável riqueza<br />

da Natureza. Ela mostra-nos apenas superfícies,<br />

mas t<strong>em</strong> um milhão <strong>de</strong> braças <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>.<br />

Ralph Waldo Emerson<br />

Neste capítulo preten<strong>de</strong>-se estudar a estrutura <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> e relacionar<br />

parâmetros <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição com as alterações na sua morfologia e microestrutura.<br />

A caracterização estrutural <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> efectuou-se com o auxílio <strong>de</strong> algumas<br />

técnicas experimentais como a microscopia óptica, microscopia electrónica <strong>de</strong> varrimento<br />

(SEM), microscopia <strong>de</strong> força atómica (AFM) e difracção <strong>de</strong> raios-X (XRD).<br />

4.1 - Densida<strong>de</strong><br />

4.1.1 – Revestimentos <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio<br />

A valor da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> do CrN referido na literatura varia entre 5.90 × 10 3 kg/m 3 [1] e<br />

6.14 × 10 3 kg/m 3 [2]. A <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> produzi<strong>dos</strong> foi calculada através da<br />

equação 3.1 e to<strong>dos</strong> eles apresentam uma <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> menor que aquela que é referida na<br />

literatura. <strong>Estudo</strong>s acerca da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong>stes <strong>revestimentos</strong> e a relação com o módulo <strong>de</strong><br />

Young, foram já publica<strong>dos</strong> pelo autor [3], mas serão objecto <strong>de</strong> análise mais <strong>de</strong>talhada no<br />

capítulo 5. Entretanto, na figura 4.1(a) verifica-se que, <strong>de</strong> um modo geral, a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong><br />

aumenta ligeiramente quando a t<strong>em</strong>peratura <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição aumenta <strong>de</strong> 150 ºC para 300 ºC,<br />

58


Caracterização Estrutural <strong>dos</strong> Revestimentos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

mas a partir <strong>dos</strong> 300 até aos 350 ºC, a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> produzi<strong>dos</strong> t<strong>em</strong> tendência<br />

a diminuir, contrariando a previsão <strong>de</strong> Thornton [4]. No entanto estas variações na estrutura<br />

não po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> levar <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração a variação do parâmetro polarização do substrato.<br />

Po<strong>de</strong>mos observar nas imagens AFM da figura 4.2 que para uma mesma t<strong>em</strong>peratura <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>posição, o aumento da polarização negativa provoca uma maior compacida<strong>de</strong> <strong>dos</strong><br />

<strong>revestimentos</strong> e também que a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> um modo geral aumenta [5,6]<br />

(ver figura 4.1(b)).<br />

Densida<strong>de</strong> [10 3 kg/m 3 ]<br />

5.0<br />

4.0<br />

3.0<br />

500W/0V 600W/-50V 500W/-50V<br />

500W/-25V 500W/-75V 600W/-75V<br />

600W/-25V 600W/0V Valores Médios<br />

2.0<br />

100 150 200 250 300 350 400<br />

T<strong>em</strong>peratura [ºC]<br />

(a) (b)<br />

Figura 4.1 - Variação da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> com a (a) t<strong>em</strong>peratura <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição; (b) polarização do<br />

substrato.<br />

(a) (b) (c)<br />

Figura 4.2 - Imagens obtidas por AFM da superfície das amostras (a) CrN-2 (V = 0 V), (b) CrN-8 (V = -50 V) e<br />

(c) CrN-16 (V = -75 V)<br />

Densida<strong>de</strong> [10 3 kg/m 3 ]<br />

5.2<br />

4.8<br />

4.4<br />

4.0<br />

3.6<br />

3.2<br />

500 W/300 ºC<br />

600 W/300 ºC<br />

500 W/350 ºC<br />

500 W/150 ºC<br />

Valores médios<br />

-90 -80 -70 -60 -50 -40 -30 -20 -10 0 10<br />

Polarização do substrato [V]<br />

59


Caracterização Estrutural <strong>dos</strong> Revestimentos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

4.1.2 – Revestimentos multicamada<br />

Partindo da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> do CrN (6.14 × 10 3 kg/m 3 [2]) e do Ti (4.51× 10 3 kg/m 3 [1]) e<br />

admitindo uma espessura s<strong>em</strong>elhante para cada tipo <strong>de</strong> monocamada, a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> teórica seria<br />

aproximadamente 5.45× 10 3 kg/m 3 . A <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> é s<strong>em</strong>pre menor que este<br />

valor.<br />

Figura 4.3 - Variação da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> multicamada com o número <strong>de</strong> camadas que os<br />

constitu<strong>em</strong>.<br />

Os resulta<strong>dos</strong> apontam para um aumento da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong>stes <strong>revestimentos</strong> com ao<br />

aumento da polarização do substrato, mas diminui com o aumento do número <strong>de</strong> camadas, ou<br />

seja com a diminuição da espessura das monocamadas (ver figura 4.3). Este facto po<strong>de</strong> <strong>de</strong>verse<br />

ao maior número <strong>de</strong> interfaces entre as camadas <strong>de</strong> titânio e <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio e essas<br />

interfaces ser<strong>em</strong> menos <strong>de</strong>nsas que cada uma das camadas que constitu<strong>em</strong> os <strong>revestimentos</strong>.<br />

4.2 – Morfologia<br />

Densida<strong>de</strong> [10 3 Kg/m 3 ]<br />

5.2<br />

5.0<br />

4.8<br />

4.6<br />

4.4<br />

4.2<br />

4.0<br />

3.8<br />

3.6<br />

3.4<br />

0 100 200 300 400 500 600<br />

Número <strong>de</strong> monocamadas<br />

4.2.1 – Revestimentos <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio<br />

-50V (DC1)<br />

-80V (DC2)<br />

-50V (DC3)<br />

-80V (DC4)<br />

A morfologia <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> das condições <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição. Nos <strong>revestimentos</strong> da<br />

série RF houve variações da polarização, da t<strong>em</strong>peratura do substrato e, <strong>de</strong> modo menos<br />

significativo, da potência da fonte. No caso <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> das séries DC, as variações<br />

60


Caracterização Estrutural <strong>dos</strong> Revestimentos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

mais significativas aconteceram com a polarização do substrato, distância alvo-substrato e<br />

t<strong>em</strong>peratura.<br />

É típico nos <strong>revestimentos</strong> <strong>PVD</strong> o aparecimento <strong>de</strong> <strong>de</strong>feitos do tipo poros ou mesmo<br />

<strong>de</strong> estruturas salientes relativamente à superfície do filme (grânulos), o que po<strong>de</strong> afectar<br />

negativamente a resistência à corrosão. A observação da superfície por microscopia óptica<br />

permite verificar a existência <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>feitos (ver figura 4.4).<br />

10 µm 10 µm<br />

(a) (b)<br />

Figura 4.4 - Imagens da superfície <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> CrN-13 (a) e CrN-16 (b), obtidas por microscópio óptico.<br />

A quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>feitos não é s<strong>em</strong>elhante para to<strong>dos</strong> os <strong>revestimentos</strong>. A partir <strong>de</strong><br />

imagens obtidas <strong>em</strong> microscópio óptico com ampliações <strong>de</strong> 500× e com auxílio <strong>de</strong> programas<br />

<strong>de</strong> análise <strong>de</strong> imag<strong>em</strong>, efectuou-se uma contag<strong>em</strong> <strong>dos</strong> <strong>de</strong>feitos observa<strong>dos</strong>, do seu tamanho e<br />

também da sua distribuição por tamanhos. Não se encontra uma relação evi<strong>de</strong>nte entre as<br />

condições <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição e a quantida<strong>de</strong> ou tamanho <strong>dos</strong> <strong>de</strong>feitos. Na tabela 4.1 estão<br />

quantifica<strong>dos</strong> alguns da<strong>dos</strong> recolhi<strong>dos</strong> e trata<strong>dos</strong> relativamente aos <strong>de</strong>feitos encontra<strong>dos</strong> na<br />

superfície <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong>. No entanto a microscopia óptica não permite distinguir com<br />

facilida<strong>de</strong> os poros <strong>dos</strong> grânulos. Para analisar <strong>de</strong> um modo mais <strong>de</strong>talhado a superfície<br />

usou-se AFM. Na figura 4.5 nota-se que a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> poros é significativamente menor<br />

que a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> grânulos. Esta constatação acontece também para os outros<br />

<strong>revestimentos</strong>. A observação cuidada <strong>dos</strong> poros parece indicar que estes ocupam posições<br />

on<strong>de</strong> existiam grânulos e que por uma razão não <strong>de</strong>terminada, talvez <strong>de</strong> tipo mecânico, foram<br />

arranca<strong>dos</strong> <strong>de</strong>sse lugar. A composição do revestimento-base e <strong>dos</strong> grânulos foi comparada<br />

por espectroscopia Auger (AES). Não se verificaram variações significativas na composição.<br />

61


Caracterização Estrutural <strong>dos</strong> Revestimentos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

(a) (b) (c)<br />

Figura 4.5 - Imagens obtidas por AFM da superfície das amostras (a) CrN-16 (b) CrN-16 (maior ampliação); (c)<br />

CrN-21.<br />

Tabela 4. 1 – Da<strong>dos</strong> obti<strong>dos</strong> a partir <strong>de</strong> imagens AFM (Rugosida<strong>de</strong> e Dimensão das colunas) e microscopia<br />

óptica (<strong>de</strong>feitos).<br />

Amostra Rugosida<strong>de</strong><br />

[nm]<br />

Dimensão<br />

das colunas<br />

[nm]<br />

% superficial<br />

<strong>de</strong>feitos<br />

500×<br />

Área média<br />

[µm 2 ]<br />

500×<br />

Densida<strong>de</strong> <strong>de</strong>feitos<br />

[mm -2 ]<br />

500×<br />

CrN-2 6.0 341 0.62 0.7 8964<br />

CrN-8 9.1 482 1.98 8.5 2331<br />

CrN-12 6.0 710 1.92 9.2 2080<br />

CrN-13 8.5 568 0.88 1.2 7028<br />

CrN-14 8.2 327 1.75 2.8 5536<br />

CrN-15 10.3 ---- 3.33 1.3 25530<br />

CrN-16 9.4 569 8.71 9.35 9323<br />

CrN-17 3.5 300 7.52 3.9 19362<br />

CrN-18 8.2 586 1.59 1.0 15490<br />

CrN-19 7.4 576 1.52 1.0 15633<br />

CrN-20 6.6 398 3.18 1.7 18287<br />

CrN-21 5.2 458 1.50 1.7 8677<br />

CrN-22 ---- ---- 2.06 15.1 1362<br />

CrN-23 11.8 219 1.69 1.0 17068<br />

CrN-24 7.3 701 1.03 1.6 6382<br />

CrN-25 9.1 300 0.66 2.7 2438<br />

G/CrN-2 8.0 629 2.33 0.6 43350<br />

G/CrN-6 3.7 215 0.18 5.9 3012<br />

G/CrN-7 12.1 224 1.69 0.5 182007<br />

G/CrN-8 7.5 255 1.43 1.0 60167<br />

62


Caracterização Estrutural <strong>dos</strong> Revestimentos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

Os filmes <strong>de</strong>posita<strong>dos</strong> por pulverização catódica têm normalmente uma estrutura<br />

colunar. Esse tipo <strong>de</strong> estrutura apercebe-se a partir das imagens AFM e também das imagens<br />

<strong>de</strong> SEM (ver figura 4.6).<br />

A relação entre os parâmetros <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição t<strong>em</strong>peratura e pressão <strong>de</strong> trabalho e a<br />

morfologia e microestrutura <strong>dos</strong> filmes foi estudada por Thornton [4,7], que elaborou um<br />

mo<strong>de</strong>lo <strong>em</strong> mea<strong>dos</strong> da década <strong>de</strong> 70. Os resulta<strong>dos</strong> <strong>de</strong>sse estudo basearam-se essencialmente<br />

<strong>em</strong> análises por SEM, o que po<strong>de</strong> tornar o mo<strong>de</strong>lo um pouco simplista, principalmente<br />

quando nos dias <strong>de</strong> hoje se po<strong>de</strong> investigar mais a fundo os <strong>revestimentos</strong> por utilização <strong>de</strong><br />

técnicas como o TEM. De qualquer modo o trabalho publicado por Thornton t<strong>em</strong> aspectos<br />

muito váli<strong>dos</strong> e as <strong>de</strong>pendências entre aqueles dois parâmetros <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição e a estrutura <strong>dos</strong><br />

filmes estão esqu<strong>em</strong>atizadas no diagrama representado na figura 4.7. O aumento <strong>de</strong><br />

t<strong>em</strong>peratura durante a <strong>de</strong>posição vai provocar transições <strong>de</strong>s<strong>de</strong> uma estrutura colunar aberta<br />

(zona 1), para uma estrutura colunar <strong>de</strong>nsa (zona T), para duas zonas com estrutura <strong>de</strong><br />

granular <strong>de</strong>nsa, separadas por fronteiras distintas (zonas 2 e 3). De um modo geral, o aumento<br />

<strong>de</strong> t<strong>em</strong>peratura provoca um aumento da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>dos</strong> filmes [4]. O diagrama mostra também<br />

que o aumento da pressão gera o efeito oposto criando <strong>revestimentos</strong> menos <strong>de</strong>nsos. Além <strong>dos</strong><br />

factores t<strong>em</strong>peratura e pressão, a zona 1 po<strong>de</strong> ser promovida por superfícies rugosas <strong>dos</strong><br />

substratos e por colocação oblíqua do substrato relativamente ao fluxo <strong>de</strong> iões.<br />

Figura 4.6 – Imag<strong>em</strong> obtida por SEM do revestimento <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio<br />

CrN-8, evi<strong>de</strong>nciando o crescimento colunar.<br />

Sendo o ponto <strong>de</strong> fusão do CrN 1050 ºC [8], <strong>de</strong>compondo-se a cerca <strong>de</strong> 1500 ºC [2] e<br />

admitindo que os <strong>revestimentos</strong> são essencialmente constituí<strong>dos</strong> por CrN, ao relacionar a<br />

t<strong>em</strong>peratura <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição com a t<strong>em</strong>peratura <strong>de</strong> fusão do CrN, e consi<strong>de</strong>rando a pressão <strong>de</strong><br />

trabalho usada (entre 0.3 e 0.45 Pa), os <strong>revestimentos</strong> produzi<strong>dos</strong> situam-se entre a zona 1 e a<br />

zona T do diagrama <strong>de</strong> Thornton. As imagens obtidas por AFM (figura 4.8) mostram a<br />

63


Caracterização Estrutural <strong>dos</strong> Revestimentos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

transição <strong>de</strong> uma estrutura que po<strong>de</strong> comparar-se à zona 1 do diagrama <strong>de</strong> Thornton, para os<br />

<strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong>posita<strong>dos</strong> a 150 ºC, para uma estrutura s<strong>em</strong>elhante à da zona T para os<br />

<strong>de</strong>posita<strong>dos</strong> a 300 ºC e 350 ºC.<br />

PAr<br />

[mTorr]<br />

Zona T<br />

Zona 3<br />

T/Tm<br />

Figura 4.7 – Diagrama <strong>de</strong> Thornton representando a variação da estrutura <strong>dos</strong> filmes<br />

<strong>de</strong>posita<strong>dos</strong> por pulverização catódica, com a pressão <strong>de</strong> árgon (PAr) e com a<br />

t<strong>em</strong>peratura do substrato (T/Tm), <strong>em</strong> que Tm é a t<strong>em</strong>peratura <strong>de</strong> fusão do material<br />

<strong>de</strong>positado.<br />

Figura 4.8 – Imagens da superfície obtidas por AFM das amostras (a) CrN-16 (300ºC); (b) CrN-19 (150 ºC).<br />

64


Caracterização Estrutural <strong>dos</strong> Revestimentos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

Verificou-se na secção 4.2 que, <strong>de</strong> um modo geral, a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> aumenta ligeiramente<br />

quando a t<strong>em</strong>peratura <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição aumenta <strong>de</strong> 150 ºC para 300 ºC, mas <strong>dos</strong> 300 ºC aos<br />

350 ºC, a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> produzi<strong>dos</strong> mostrou tendência para diminuir. No<br />

entanto, tal como referimos, <strong>de</strong>ve-se ter <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração a polarização do substrato. De facto,<br />

a polarização do substrato durante a <strong>de</strong>posição po<strong>de</strong> causar variações estruturais s<strong>em</strong>elhantes<br />

à variação da t<strong>em</strong>peratura ou da pressão.<br />

Na pulverização catódica, as partículas que se <strong>de</strong>positam têm energia relativamente<br />

baixa, sendo da or<strong>de</strong>m das unida<strong>de</strong>s ou poucas <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> eV. As partículas provenientes do<br />

alvo são predominant<strong>em</strong>ente neutras, <strong>de</strong> modo que a aplicação <strong>de</strong> uma polarização negativa<br />

do substrato provoca que alguns iões positivos provenientes do plasma se orient<strong>em</strong> para o<br />

substrato. A energia <strong>de</strong>stes iões <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da polarização e da pressão, sendo neste caso da<br />

or<strong>de</strong>m das <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> eV. O aumento da polarização negativa do substrato provoca<br />

naturalmente o aumento da energia <strong>dos</strong> iões positivos que coli<strong>de</strong>m com o substrato [9,10]. O<br />

seu impacto no substrato aumenta a mobilida<strong>de</strong> <strong>dos</strong> ad-átomos, provocando o aquecimento do<br />

substrato e gerando <strong>de</strong>feitos pontuais <strong>de</strong>vido a <strong>de</strong>slocações atómicas resultando <strong>em</strong> <strong>de</strong>feitos<br />

intersticiais e vazios (“vacancies”), na estrutura <strong>dos</strong> filme <strong>de</strong>positado [10,11,12]. Geralmente<br />

o aumento da polarização negativa do substrato provoca uma <strong>de</strong>slocação da zona T do<br />

diagrama <strong>de</strong> Thornton para t<strong>em</strong>peraturas mais baixas [13]. Já foi mostrado que o aumento da<br />

polarização negativa provoca uma maior compacida<strong>de</strong> na estrutura colunar e que a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong><br />

<strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> um modo geral aumenta [5,6] (ver figura 4.1(b)).<br />

A microscopia <strong>de</strong> força atómica, além <strong>de</strong> nos mostrar a estrutura e compacida<strong>de</strong> <strong>dos</strong><br />

<strong>revestimentos</strong>, permitiu também calcular a dimensão das colunas e a rugosida<strong>de</strong> da superfície<br />

(ver tabela 4.1).<br />

Não se encontra relação entre as condições <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição e a dimensão das colunas.<br />

Como já foi referido, a alteração mais significativa pren<strong>de</strong>-se com a estrutura colunar mais<br />

compacta <strong>de</strong>vido ao aumento da polarização do substrato.<br />

4.2.2 – Revestimentos Multicamada<br />

Os <strong>revestimentos</strong> produzi<strong>dos</strong> apresentam uma coloração cinzento metálico, tal como<br />

os <strong>revestimentos</strong> produzi<strong>dos</strong> por fonte RF.<br />

65


Caracterização Estrutural <strong>dos</strong> Revestimentos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

A <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> aumenta com a polarização do substrato, mas diminui<br />

com o aumento do número <strong>de</strong> camadas, ou seja com a diminuição da espessura das<br />

monocamadas, tal como se referiu na secção 4.1.2.<br />

Estes <strong>revestimentos</strong> apresentam também uma estrutura colunar. A microscopia <strong>de</strong><br />

força atómica permitiu medir a dimensão das colunas. Os da<strong>dos</strong> apresentam-se na tabela 4.2.<br />

Uma das preocupações para produzir os <strong>revestimentos</strong> multicamada era a <strong>de</strong> impedir a<br />

propagação <strong>de</strong> poros <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a superfície até à interface revestimento/substrato. Nota-se que a<br />

área média <strong>dos</strong> <strong>de</strong>feitos e a percentag<strong>em</strong> <strong>de</strong> área ocupada por estes <strong>de</strong>feitos <strong>em</strong> relação à área<br />

analisada é, na maior parte <strong>dos</strong> casos, bastante menor nestes <strong>revestimentos</strong> do que para os<br />

filmes da série RF. O seu <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho <strong>em</strong> ambientes corrosivos <strong>de</strong>ve beneficiar <strong>de</strong>ste facto.<br />

Tabela 4. 2 – Da<strong>dos</strong> obti<strong>dos</strong> a partir <strong>de</strong> imagens AFM (Rugosida<strong>de</strong> e Dimensão das colunas) e microscopia<br />

óptica (cálculos relativamente aos <strong>de</strong>feitos).<br />

Amostra Rugosidad<br />

e<br />

[nm]<br />

Dimensão<br />

das colunas<br />

[nm]<br />

%<br />

superficia<br />

l <strong>de</strong>feitos<br />

500×<br />

Área média<br />

[µm 2 ]<br />

500×<br />

Densida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>feitos<br />

[mm -2 ]<br />

500×<br />

G/CrN-2 8.0 629 2.33 0.6 43350<br />

TiCrN-11 6.2 337 0.46 0.9 5092<br />

TiCrN-12 5.9 414 0.62 3.1 2008<br />

TiCrN-13 4.0 295 0.50 5.0 1000<br />

TiCrN-14 6.4 449 0.70 1.0 7028<br />

Ti-4 ---- ---- 1.40 7.5 1864<br />

G/CrN-6 3.7 215 0.18 5.9 3012<br />

TiCrN-16 1.9 183 0.99 0.6 15418<br />

TiCrN-17 2.4 367 1.21 1.0 12191<br />

Ti-5 ---- ---- 0.74 7.4 1004<br />

G/CrN-7 12.1 224 1.69 0.5 182007<br />

TiCrN-18 7.4 323 0.98 0.7 13291<br />

TiCrN-20 5.0 221 0.08 0.7 1090<br />

Ti-6 ---- ---- 2.19 6.8 3203<br />

G/CrN-8 7.5 255 1.43 1.0 60167<br />

TiCrN-19 6.1 357 0.20 1.5 789<br />

Aparent<strong>em</strong>ente o aumento do número <strong>de</strong> camadas faz diminuir a dimensão das<br />

colunas e também diminuir a rugosida<strong>de</strong> <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> (figura 4.9).<br />

66


Caracterização Estrutural <strong>dos</strong> Revestimentos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

Figura 4.9 – Variação do diâmetro das colunas com o número <strong>de</strong> monocamadas.<br />

4.3 - Microestrutura<br />

As características cristalinas <strong>dos</strong> filmes <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m também das condições <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>posição. O estudo da microestrutura <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> baseia-se essencialmente na análise<br />

<strong>dos</strong> padrões <strong>de</strong> difracção <strong>de</strong> Raios-X, resultante da interacção da radiação CuKα com as<br />

amostras. Nesta secção i<strong>de</strong>ntificam-se <strong>de</strong> fases, analisam-se as orientações cristalinas/textura,<br />

calcula-se o tamanho <strong>dos</strong> cristais e as microtensões, relacionam-se as <strong>de</strong>formações com as<br />

macrotensões.<br />

Em to<strong>dos</strong> os padrões <strong>de</strong> difracção se <strong>de</strong>tectaram sinais do substrato. Significa que toda<br />

a espessura <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> foi analisada e consequent<strong>em</strong>ente o resultado obtido é uma<br />

média sobre toda a espessura do filme.<br />

As tensões nos <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> nitreto são normalmente elevadas. A produção <strong>de</strong><br />

filmes multicamada com a introdução <strong>de</strong> camadas metálicas alternando com as camadas<br />

cerâmicas po<strong>de</strong> aumentar a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação plástica do revestimento, relaxando as<br />

tensões, além <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r reduzir a porosida<strong>de</strong>.<br />

4.3.1 – Fases<br />

Diâmetro colunar [nm]<br />

500<br />

450<br />

400<br />

350<br />

300<br />

250<br />

200<br />

0 100 200 300 400<br />

Número <strong>de</strong> monocamadas<br />

-50V (DC1)<br />

-50V (DC3)<br />

-80V (DC4)<br />

Os <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio são produzi<strong>dos</strong> a partir <strong>de</strong> alvos <strong>de</strong> crómio e do<br />

gás reactivo azoto. Há possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> se <strong>de</strong>tectar<strong>em</strong> fases cristalinas <strong>de</strong> Cr (estrutura cúbica<br />

67


Caracterização Estrutural <strong>dos</strong> Revestimentos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

<strong>de</strong> corpo centrado - ccc), <strong>de</strong> CrN (estrutura cúbica <strong>de</strong> faces centradas – cfc), β-Cr2N (estrutura<br />

hexagonal) ou estruturas mistas. Nos filmes multicamada po<strong>de</strong>rá <strong>de</strong>tectar-se a fase hexagonal<br />

do Ti, <strong>de</strong>vido às camadas <strong>de</strong> titânio.<br />

O espaçamento entre planos para a estrutura cúbica é dada pela expressão [14]:<br />

d hkl<br />

a<br />

= (4. 1)<br />

2 2 2<br />

h + k + l<br />

sendo a o parâmetro da re<strong>de</strong>. Relacionando a expressão 4.1 com a lei <strong>de</strong> Bragg (relação 1.3)<br />

obtém-se a expressão 4.2 que permite calcular os ângulos <strong>de</strong> difracção para os quais <strong>de</strong>v<strong>em</strong><br />

aparecer os picos referentes às difracção nos diferentes planos (hkl) do CrN (a = 4.140 Å<br />

[15]) e do Cr (a = 2.8839 Å [16]).<br />

2 2 2<br />

λ h + k + l<br />

2θ<br />

hkl = 2 arcsen<br />

(4. 2)<br />

2a<br />

No caso do β-Cr2N e do Ti, tendo estrutura hexagonal, o espaçamento entre planos<br />

po<strong>de</strong> ser encontrado a partir da expressão [14]:<br />

1<br />

2<br />

d hkl<br />

2<br />

2 2<br />

4 ⎛ h + hk + k ⎞ l<br />

= +<br />

2<br />

2<br />

3 ⎜<br />

a<br />

⎟<br />

(4. 3)<br />

⎝<br />

⎠ c<br />

sendo a e c os parâmetros da re<strong>de</strong> hexagonal. Os ângulos para os quais po<strong>de</strong>m aparecer os<br />

picos referentes à difracção nos planos do β-Cr2N (a = 4.8113(2) Å, c = 4.4841(2) Å [17]) e<br />

do Ti (a = 2.9505(1) Å, c = 4.6826(3) Å [18]) po<strong>de</strong>m ser obti<strong>dos</strong> por:<br />

2<br />

2 2 2 2 2<br />

[ 4(<br />

h + hk + k ) c + 3a<br />

l ]<br />

2 λ<br />

sen θ =<br />

(4. 4)<br />

2 2<br />

12a<br />

c<br />

Existe a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aparecer<strong>em</strong> picos <strong>de</strong> Cr, CrN, β-Cr2N e Ti nos ângulos <strong>de</strong><br />

difracção referi<strong>dos</strong> na tabela 4.3.<br />

68


Caracterização Estrutural <strong>dos</strong> Revestimentos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

Tabela 4. 3– Localização <strong>dos</strong> picos e i<strong>de</strong>ntificação <strong>dos</strong> planos cristalinos do Cr, CrN, β-Cr2N e Ti quando são<br />

difracta<strong>dos</strong> raios-X CuKα.<br />

2θ [º] Material (hkl) 2θ [º] Material (hkl)<br />

29.3 β-Cr2N (101) 62.5 β-Cr2N (300)<br />

35.1 Ti (100) 62.9 Ti (110)<br />

37.4 β-Cr2N (110) 63.6 CrN (220)<br />

37.6 CrN (111) 64.6 Cr (200)<br />

38.4 Ti (002) 67.4 β-Cr2N (113)<br />

40.2 Ti (101) 70.7 Ti (103)<br />

40.2 β-Cr2N (002) 74.2 Ti (200)<br />

42.6 β-Cr2N (111) 74.8 β-Cr2N (220)<br />

43.4 β-Cr2N (200) 76.2 Ti (112)<br />

43.7 CrN (200) 76.3 CrN (311)<br />

44.4 Cr (110) 77.4 Ti (201)<br />

48.2 β-Cr2N (201) 79.7 β-Cr2N (302)<br />

53.0 Ti (102) 80.3 CrN (222)<br />

56.1 β-Cr2N (112)<br />

Obtiveram-se padrões <strong>de</strong> difracção <strong>de</strong> raios-X <strong>de</strong> todas as amostras revestidas e<br />

também do substrato.<br />

4.3.1.1 - Revestimentos <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio<br />

Na figura 4.10 representam-se os padrões <strong>de</strong> difracção <strong>de</strong> uma amostra da série RF<br />

(CrN-2) e <strong>de</strong> uma amostra da série DC2 (G/CrN-6). Ambas as amostras mostram a existência<br />

<strong>de</strong> picos correspon<strong>de</strong>ntes a planos cristalinos da estrutura cúbica <strong>de</strong> faces centradas (cfc) do<br />

CrN ((111) e (222) para a amostra CrN-2 e (111), (200), (220) e (311) para a amostra<br />

G/CrN-6. Nota-se a existência do pico (110) do Cr correspon<strong>de</strong>nte ao substrato <strong>de</strong> aço<br />

inoxidável. Os picos <strong>de</strong> G/CrN-6 e <strong>de</strong> bastantes outras amostras, como se verá a seguir, estão<br />

<strong>de</strong>sloca<strong>dos</strong> para menores valores <strong>de</strong> 2θ <strong>de</strong>vido à existência <strong>de</strong> tensões residuais <strong>de</strong><br />

compressão (ver capítulo 5). Somente as amostras G/CrN-2, G/CrN-7 e G/CrN-8 apresentam<br />

os picos <strong>de</strong> difracção <strong>de</strong>sloca<strong>dos</strong> para valores <strong>de</strong> 2θ maiores (ver figura 4.11). Neste casos os<br />

<strong>revestimentos</strong> estão sob tracção.<br />

69


Caracterização Estrutural <strong>dos</strong> Revestimentos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

Intensida<strong>de</strong> [u.a.]<br />

18000<br />

16000<br />

14000<br />

12000<br />

10000<br />

8000<br />

6000<br />

4000<br />

2000<br />

0<br />

[111] [200]<br />

[110] [002]<br />

[111]<br />

[200]<br />

[110]<br />

[201]<br />

[112]<br />

[211]<br />

30 40 50 60 70 80<br />

Figura 4.10 – Padrões <strong>de</strong> difracção das amostras CrN-2 e G/CrN-6. No gráfico mostram-se também as<br />

posições angulares <strong>de</strong> picos correspon<strong>de</strong>ntes a planos <strong>de</strong> difracção do CrN, Cr2N, e Cr, <strong>de</strong> acordo com<br />

as tabelas JCPDS.<br />

Intensida<strong>de</strong> [u. a.]<br />

8000<br />

6000<br />

4000<br />

2000<br />

0<br />

-80 V<br />

-50 V<br />

-80 V<br />

-50 V<br />

[111]<br />

[200]<br />

2θ [graus]<br />

Substrato<br />

[220]<br />

Figura 4.11 – Padrões <strong>de</strong> difracção das amostras com <strong>revestimentos</strong> monolíticos das séries DC.<br />

Não é evi<strong>de</strong>nte o aparecimento <strong>de</strong> picos correspon<strong>de</strong>ntes a planos cristalinos do Cr2N.<br />

Existe a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sobreposição <strong>dos</strong> picos correspon<strong>de</strong>ntes aos planos (111) do CrN e<br />

(110) do Cr2N, que nos parece r<strong>em</strong>ota, como se po<strong>de</strong> analisar pelos padrões <strong>de</strong> difracção das<br />

amostras CrN-2 e CrN-23, representa<strong>dos</strong> na figura 4.12. Como estes <strong>revestimentos</strong> estão <strong>em</strong><br />

[200]<br />

[300]<br />

[220]<br />

[311]<br />

[113] [220]<br />

[222]<br />

[311] [222]<br />

30 40 50 60 70 80<br />

2θ [graus]<br />

Substrato<br />

CrN (JCPDS)<br />

Cr 2 N (JCPDS)<br />

CrN-2<br />

Cr (JCPDS)<br />

G/CrN-6<br />

G/CrN-2<br />

G/CrN-6<br />

CrN - JCPDS<br />

G/CrN-7<br />

G/CrN-8<br />

70


Caracterização Estrutural <strong>dos</strong> Revestimentos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

compressão (ver secções 4.3.4 e 5.1), os picos aparec<strong>em</strong> <strong>de</strong>sloca<strong>dos</strong> para menores valores <strong>de</strong><br />

2θ.<br />

Intensida<strong>de</strong> [u.a.]<br />

140000<br />

120000<br />

100000<br />

80000<br />

60000<br />

40000<br />

20000<br />

0<br />

36.0 36.5 37.0 37.5 38.0 38.5 39.0<br />

Figura 4.12 – Padrões <strong>de</strong> difracção das amostras CrN-2 e CrN-23, evi<strong>de</strong>nciando a posição angular do pico ,ais<br />

intenso e comparando-a com a posição angular <strong>dos</strong> planos (111) do CrN e (110) do β−Cr2N, <strong>de</strong> acordo com as<br />

tabelas JCPDS.<br />

4.3.1.2 – Revestimentos Multicamada<br />

Os <strong>revestimentos</strong> simples <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio das séries DC foram <strong>de</strong>posita<strong>dos</strong> nas<br />

condições que <strong>de</strong>ram orig<strong>em</strong> às monocamadas <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio <strong>dos</strong> filmes multicamada.<br />

Não se evi<strong>de</strong>ncia a presença <strong>de</strong> fases <strong>de</strong> Cr2N.<br />

Os padrões <strong>de</strong> difracção mostram a existência <strong>de</strong> picos correspon<strong>de</strong>ntes a planos<br />

cristalinos da estrutura cúbica <strong>de</strong> faces centradas (cfc) do CrN ((111), (200), (220) e (311)). A<br />

amostra G/CrN-6 evi<strong>de</strong>ncia ainda a presença do pico (222). Os picos <strong>de</strong> G/CrN-6 estão<br />

<strong>de</strong>sloca<strong>dos</strong> para menores valores <strong>de</strong> 2θ <strong>de</strong>vido à existência <strong>de</strong> tensões residuais <strong>de</strong><br />

compressão (ver secções 4.3.4 e 5.1). As amostras G/CrN-2, G/CrN-7 e G/CrN-8 t<strong>em</strong> os picos<br />

<strong>de</strong> difracção <strong>de</strong>sloca<strong>dos</strong> para valores <strong>de</strong> 2θ maiores (ver figura 4.11), e neste caso os<br />

<strong>revestimentos</strong> estão sob tracção.<br />

2θ [graus]<br />

CrN-2<br />

CrN - JCPDS<br />

Cr 2 N - JCPDS<br />

CrN-23<br />

71


Caracterização Estrutural <strong>dos</strong> Revestimentos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

Intensida<strong>de</strong> [u. a.]<br />

28000<br />

24000<br />

20000<br />

16000<br />

12000<br />

8000<br />

4000<br />

0<br />

-80 V<br />

-50 V<br />

-80 V<br />

-50 V<br />

Substrato<br />

30 40 50 60 70 80<br />

2θ [graus]<br />

Ti-3<br />

Ti-4<br />

Ti-JCPDS<br />

Ti-5<br />

Ti-6<br />

Figura 4.13 – Padrões <strong>de</strong> difracção das amostras com revestimento <strong>de</strong> titânio. No gráfico mostram-se também as<br />

posições angulares <strong>de</strong> picos correspon<strong>de</strong>ntes a planos <strong>de</strong> difracção do Ti, <strong>de</strong> acordo com as tabelas JCPDS.<br />

Intensida<strong>de</strong> [u.a.]<br />

50000<br />

40000<br />

30000<br />

20000<br />

10000<br />

0<br />

+ *<br />

+<br />

*<br />

*<br />

*<br />

+<br />

* *<br />

+<br />

*<br />

*<br />

*<br />

*<br />

*<br />

*<br />

S<br />

S<br />

S<br />

S<br />

+<br />

+<br />

TiCrN14 TiCrN11<br />

TiCrN12 TiCrN13<br />

* Planos Ti + Planos CrN S - Substrato<br />

S<br />

S<br />

S<br />

S<br />

300 monocamadas<br />

120 monocamadas<br />

60 monocamadas<br />

*<br />

*<br />

30 monocamadas<br />

30 40 50 60 70 80<br />

2θ [graus]<br />

Figura 4.14 – Padrões <strong>de</strong> difracção das amostras com revestimento multicamada da série DC1.<br />

Relativamente aos padrões <strong>de</strong> difracção das amostras <strong>de</strong> Ti, po<strong>de</strong> verificar-se a<br />

presença <strong>de</strong> picos correspon<strong>de</strong>ntes a difracções <strong>em</strong> vários planos da fase hexagonal do titânio<br />

S<br />

S<br />

S<br />

S<br />

*<br />

*<br />

*<br />

*<br />

+<br />

+<br />

+<br />

+<br />

72


Caracterização Estrutural <strong>dos</strong> Revestimentos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

(100), (002), (101), (102), (103) e (112) (figura 4.13). Estes <strong>revestimentos</strong> estão <strong>em</strong><br />

compressão.<br />

Os padrões <strong>de</strong> difracção <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> multicamada apresentam algumas<br />

características interessantes. Não se po<strong>de</strong> afirmar que os difractogramas correspondam a uma<br />

sobreposição <strong>dos</strong> padrões <strong>de</strong> difracção <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> simples <strong>de</strong> Ti e <strong>de</strong> CrN. Os padrões<br />

<strong>de</strong> XRD são mais <strong>de</strong>fini<strong>dos</strong> para os <strong>revestimentos</strong> com camadas <strong>de</strong> espessuras maiores (ver<br />

figuras 4.14, 4.15, 4.16).<br />

Relativamente às fases presentes, <strong>de</strong>tectam-se essencialmente planos cristalinos da<br />

fase hexagonal do Ti e da fase cúbica do CrN.<br />

Intensida<strong>de</strong> [a.u.]<br />

6000<br />

4000<br />

2000<br />

+ *<br />

* *<br />

*<br />

+<br />

*<br />

*<br />

+<br />

S<br />

S<br />

+<br />

S<br />

600 monocamadas<br />

300 monocamadas<br />

S<br />

*<br />

TiCrN-16<br />

TiCrN-17<br />

* planos Ti<br />

+ planos CrN<br />

S - Substrato<br />

30 40 50 60 70 80<br />

2θ [graus]<br />

Figura 4.15 – Padrões <strong>de</strong> difracção das amostras com revestimento multicamada da série DC2.<br />

+<br />

+<br />

*<br />

S<br />

S<br />

*<br />

*<br />

+<br />

73


Caracterização Estrutural <strong>dos</strong> Revestimentos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

Intensida<strong>de</strong> [u.a.]<br />

40000<br />

30000<br />

20000<br />

10000<br />

Figura 4.16 – Padrões <strong>de</strong> difracção das amostras com revestimento multicamada da série DC3 e DC4.<br />

4.3.2 – Orientações Cristalinas<br />

0<br />

*<br />

+<br />

*<br />

30 40 50 60 70 80<br />

2θ [graus]<br />

A orientação <strong>dos</strong> cristais nos <strong>revestimentos</strong> não é necessariamente aleatória, como<br />

num pó. As condições <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição po<strong>de</strong>m favorecer um crescimento preferencial <strong>de</strong> acordo<br />

com <strong>de</strong>terminada orientação. Alguns <strong>revestimentos</strong> são textura<strong>dos</strong>, mas a maior parte<br />

evi<strong>de</strong>nciam várias orientações cristalinas. De acordo com a geometria do difractómetro usado,<br />

po<strong>de</strong>-se calcular factores <strong>de</strong> orientação, ao comparar as intensida<strong>de</strong>s medidas com as<br />

intensida<strong>de</strong>s tabeladas. O factor <strong>de</strong> orientação relativamente ao pico (111) po<strong>de</strong> ser obtido a<br />

partir da expressão:<br />

( 111)<br />

( 111)<br />

I exp ( hkl)<br />

I<br />

r ( hkl)<br />

= (4. 5)<br />

I(<br />

hkl)<br />

I<br />

exp<br />

*<br />

+<br />

* * *<br />

+<br />

*<br />

*<br />

S + S 30 monocamadas<br />

S<br />

S<br />

+<br />

+<br />

TiCrN20 TiCrN19<br />

TiCrN18<br />

* Planos Ti + Planos CrN<br />

S - Substrato<br />

S<br />

S<br />

300 monocamadas<br />

30 monocamadas<br />

Se aparecer mais que um pico relativamente ao qual este factor é próximo da unida<strong>de</strong>,<br />

não se po<strong>de</strong> falar <strong>em</strong> orientação preferencial. Para um pico com um factor muito menor que<br />

um, essa orientação é <strong>de</strong>sfavorecida.<br />

S<br />

S<br />

S<br />

*<br />

*<br />

*<br />

+<br />

+<br />

+<br />

74


Caracterização Estrutural <strong>dos</strong> Revestimentos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

4.3.2.1 – Revestimentos <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio<br />

De acordo com a tabela JCPDS, o pico referente ao plano (200) do CrN é aquele que<br />

<strong>de</strong>ve apresentar maior intensida<strong>de</strong>. N<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre acontece relativamente ao <strong>revestimentos</strong><br />

obti<strong>dos</strong>. Em gran<strong>de</strong> parte <strong>dos</strong> filmes nota-se uma predominância do pico correspon<strong>de</strong>nte ao<br />

plano (111), sendo mesmo o único plano <strong>de</strong>tectado nos <strong>revestimentos</strong> textura<strong>dos</strong>, por isso<br />

mesmo toma-se como referência o pico correspon<strong>de</strong>nte a este plano. Fazendo os cálculos do<br />

factor r(hkl) para os diversos planos (excepto (222) por ser múltiplo do (111)) <strong>dos</strong><br />

<strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio <strong>de</strong>tecta<strong>dos</strong> entre 30º < 2θ < 80º, obt<strong>em</strong>os os resulta<strong>dos</strong> que<br />

se apresentam na tabela 4.4.<br />

Tabela 4. 4 – Razão <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> <strong>dos</strong> picos <strong>de</strong> difracção do CrN para os <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio,<br />

consi<strong>de</strong>rando o pico do plano (111) como 100%, assim como a orientação relativa (factor r(hkl)) relativamente<br />

ao plano (111).<br />

(111) (200) (220) (311) r(111) r(200) r(220) r(311)<br />

CrN 80 100 80 60 1 1 1 1<br />

CrN-2 100 0 0 1 1 0 0 0.01<br />

CrN-8 28 100 37 3 1 2.86 0 0.14<br />

CrN-12 100 37 0 3 1 0.3 0 0.04<br />

CrN-13 100 85 0 2 1 0.68 0 0.03<br />

CrN-14 100 48 0 3 1 0.38 0 0.04<br />

CrN-15 57 100 0 0 1 1.40 0 0<br />

CrN-16 82 100 0 23 1 0.98 0 0.37<br />

CrN-17 55 100 0 0 1 1.45 0 0<br />

CrN-18 100 2 0 0 1 0.02 0 0<br />

CrN-19 100 84 0 0 1 0.67 0 0<br />

CrN-20 20 100 0 0 1 4.00 0 0<br />

CrN-21 42 100 0 0 1 1.90 0 0<br />

CrN-22 100 51 0 0 1 0.41 0 0<br />

CrN-23 100 1 0 0 1 0.01 0 0<br />

CrN-24 22 100 0 0 1 3.64 0 0<br />

CrN-25 100 55 0 0 1 0.44 0 0<br />

G/CrN-2 4 1 100 0 1 0.20 25 0<br />

G/CrN-6 20 74 100 0 1 2.96 5 0<br />

G/CrN-7 42 35 100 32 1 0.67 2.38 1.02<br />

G/CrN-8 24 100 30 11 1 3.33 1.25 0.61<br />

75


Caracterização Estrutural <strong>dos</strong> Revestimentos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

Os <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong>posita<strong>dos</strong> com polarização nula do substrato (CrN-2, CrN-18 e<br />

CrN-23) são textura<strong>dos</strong>, acontecendo uma orientação preferencial do plano (111) paralelo à<br />

superfície. Esta orientação preferencial, com um pico <strong>de</strong> difracção intenso e estreito, foi<br />

observada por outros autores para filmes <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio <strong>de</strong>posita<strong>dos</strong> s<strong>em</strong> polarização <strong>de</strong><br />

substrato por pulverização catódica reactiva <strong>em</strong> magnetrão [19,20]. To<strong>dos</strong> os outros<br />

<strong>revestimentos</strong> mostram presença não negligenciável <strong>de</strong> outras orientações. De entre to<strong>dos</strong> os<br />

outros <strong>revestimentos</strong> os CrN-12, CrN-14, CrN-22 e CrN-25, são aqueles <strong>em</strong> que se po<strong>de</strong> dizer<br />

que o crescimento preferencial acontece com o plano (111) paralelo à superfície, <strong>de</strong> qualquer<br />

modo o factor r(200) é já relativamente elevado. Por outro lado as amostras das séries DC,<br />

principalmente G/CrN-2, mostram uma orientação preferencial com o plano (220) paralelo à<br />

superfície.<br />

O factor t<strong>em</strong>peratura do substrato afecta o estado cristalino <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong>. A<br />

primeira verificação que é possível fazer é que a cristalinida<strong>de</strong> t<strong>em</strong> tendência a aumentar com<br />

o aumento <strong>de</strong> t<strong>em</strong>peratura, mas <strong>de</strong> um modo geral esse aumento é pequeno (ver figura<br />

4.17(a)). É <strong>de</strong> esperar que uma maior t<strong>em</strong>peratura durante a <strong>de</strong>posição induza uma orientação<br />

preferencial <strong>dos</strong> cristais. Se a taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição for baixa po<strong>de</strong> obter-se um crescimento<br />

epitaxial [9].<br />

Cristalinida<strong>de</strong> (normalizada)<br />

0.40<br />

0.35<br />

0.30<br />

0.25<br />

0.20<br />

0.15<br />

0.10<br />

0.05<br />

0.00<br />

600W/-50V 500W/-50V<br />

500W/-25V 500W/-75V<br />

Valores médios<br />

150 200 250 300 350<br />

T<strong>em</strong>peratura [ºC]<br />

(a) (b)<br />

Figura 4.17 - (a) Variação da cristalinida<strong>de</strong> com a t<strong>em</strong>peratura <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição; (b) Variação da cristalinida<strong>de</strong> com<br />

a polarização do substrato.<br />

Cristalinida<strong>de</strong> (normalizada)<br />

1.0<br />

0.8<br />

0.6<br />

0.4<br />

0.2<br />

0.0<br />

500 W/300 ºC 600 W/300 ºC<br />

500 W/350 ºC 500 W/150 ºC<br />

Valores médios DC<br />

-90 -80 -70 -60 -50 -40 -30 -20 -10 0 10<br />

Polarização do substrato [V]<br />

76


Caracterização Estrutural <strong>dos</strong> Revestimentos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

Ao fazer variar o parâmetro t<strong>em</strong>peratura do substrato, durante a <strong>de</strong>posição, entre os<br />

150 e os 350 ºC, para os filmes da série RF, <strong>de</strong>tectaram-se as seguintes alterações nos padrões<br />

<strong>de</strong> difracção <strong>de</strong> raios-X <strong>de</strong>stes <strong>revestimentos</strong>:<br />

- O aumento <strong>de</strong> t<strong>em</strong>peratura não provocou o surgimento <strong>de</strong> novas orientações, ou o<br />

<strong>de</strong>saparecimento <strong>de</strong> outras, mas <strong>de</strong> um modo geral, a intensida<strong>de</strong> <strong>dos</strong> picos<br />

<strong>de</strong>tecta<strong>dos</strong> a t<strong>em</strong>peraturas <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição mais baixas aumenta, como se po<strong>de</strong><br />

constatar pela figura 4.18;<br />

- Este aumento <strong>de</strong> t<strong>em</strong>peratura aumenta <strong>em</strong> média a cristalinida<strong>de</strong> <strong>dos</strong><br />

<strong>revestimentos</strong>. (ver figura 4.17(a));<br />

A t<strong>em</strong>peraturas mais elevadas, os cristais ou proto-cristais presentes nas ilhas que se<br />

vão formando durante o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição, po<strong>de</strong>m mais facilmente adquirir a orientação<br />

termodinamicamente mais estável [9]. Nestes <strong>revestimentos</strong> a orientação (111) do CrN<br />

paralela à superfície da amostra é a orientação preferencial.<br />

Intensida<strong>de</strong> [u. a.]<br />

10000<br />

8000<br />

6000<br />

4000<br />

2000<br />

350 ºC<br />

300 ºC<br />

[111]<br />

[200]<br />

Substrato<br />

CrN-17<br />

CrN-8<br />

CrN-13<br />

CrN - JCPDS<br />

150 ºC<br />

0<br />

30 35 40 45 50 55<br />

2θ [graus]<br />

150 ºC<br />

0<br />

30 35 40 45 50 55<br />

(a) (b)<br />

Figura 4.18 - Padrões <strong>de</strong> difracção <strong>de</strong> amostras <strong>de</strong> <strong>revestimentos</strong> monolíticos evi<strong>de</strong>nciando as alterações na<br />

intensida<strong>de</strong> <strong>dos</strong> picos com a t<strong>em</strong>peratura <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição.<br />

A aplicação <strong>de</strong> uma polarização negativa do substrato provoca o bombar<strong>de</strong>amento do<br />

substrato por parte <strong>dos</strong> iões positivos presentes no plasma. A energia <strong>de</strong>stes iões <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da<br />

polarização e da pressão, mas será tanto maior quanto maior o valor da polarização negativa<br />

aplicada. A sua energia é suficiente para causar alterações na microestrutura <strong>dos</strong><br />

Intensida<strong>de</strong> [u. a.]<br />

4000<br />

3000<br />

2000<br />

1000<br />

350 ºC<br />

300 ºC<br />

[111]<br />

[200]<br />

2θ [graus]<br />

Substrato<br />

CrN-20<br />

CrN-15<br />

CrN-25<br />

CrN - JCPDS<br />

77


Caracterização Estrutural <strong>dos</strong> Revestimentos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

<strong>revestimentos</strong>, causando <strong>de</strong>feitos na re<strong>de</strong> [10], apesar <strong>de</strong> um aumento <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>. No caso<br />

<strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> da série RF as alterações <strong>de</strong>tectadas pela variação <strong>de</strong>ste parâmetro <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>posição, po<strong>de</strong>m ser resumidas do seguinte modo:<br />

Intensida<strong>de</strong> [u. a.]<br />

- Revestimentos textura<strong>dos</strong> quando a <strong>de</strong>posição ocorre com o substrato ligado à<br />

terra (0 V), apresentando uma orientação preferencial do plano (111) do CrN<br />

paralelo à superfície da amostra. Ao introduzir polarização negativa, aparec<strong>em</strong><br />

picos <strong>de</strong> difracção correspon<strong>de</strong>ntes a novas orientações ((200), (311)) (ver figuras<br />

4.19);<br />

- Com baixa polarização (-25 V) o grau <strong>de</strong> cristalinida<strong>de</strong> é baixo (os picos <strong>de</strong><br />

difracção apresentam intensida<strong>de</strong> muito baixa - CrN-15, CrN-20, CrN-21,<br />

CrN-25), mas que aumenta com o aumento da polarização negativa, até -75 V (ver<br />

figura 4.17(b)). No entanto a maior cristalinida<strong>de</strong> verifica-se para os <strong>revestimentos</strong><br />

<strong>de</strong>posita<strong>dos</strong> s<strong>em</strong> polarização <strong>de</strong> substrato (CrN-2, CrN-18, CrN-23);<br />

20000<br />

16000<br />

12000<br />

8000<br />

-75 V<br />

-50 V<br />

4000<br />

-25 V<br />

[111]<br />

[200]<br />

Substrato<br />

CrN-2 CrN-15<br />

CrN-8 CrN-16<br />

CrN - JCPDS<br />

0 V<br />

0<br />

30 40 50<br />

2θ [graus]<br />

8000<br />

-75 V<br />

-50 V<br />

4000<br />

-25 V<br />

0 V<br />

0<br />

30 40 50<br />

2θ [graus]<br />

(a) (b)<br />

Figura 4.19 - Padrões <strong>de</strong> difracção <strong>de</strong> amostras <strong>de</strong> <strong>revestimentos</strong> monolíticos evi<strong>de</strong>nciando as alterações na<br />

intensida<strong>de</strong> <strong>dos</strong> picos com a polarização do substrato.<br />

Na figura 4.19 po<strong>de</strong> notar-se que nos <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong>posita<strong>dos</strong> s<strong>em</strong> polarização <strong>de</strong><br />

substrato (CrN-2, CrN-23), o pico correspon<strong>de</strong>nte à difracção no plano (111) é muito intenso,<br />

po<strong>de</strong>ndo ter uma intensida<strong>de</strong> com uma or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>za superior relativamente ao mesmo<br />

pico <strong>de</strong> outros <strong>revestimentos</strong>, aparecendo também o pico correspon<strong>de</strong>nte ao plano (222),<br />

múltiplo daquele. Os picos estão normalmente <strong>de</strong>sloca<strong>dos</strong> para os menores ângulos, resultado<br />

da existência <strong>de</strong> tensões <strong>de</strong> compressão. S<strong>em</strong> este <strong>de</strong>svio, o pico correspon<strong>de</strong>nte ao plano<br />

cristalino (222) não seria <strong>de</strong>tectável neste varrimento pois apareceria para 2θ > 80º.<br />

Intensida<strong>de</strong> [u. a.]<br />

20000<br />

16000<br />

12000<br />

[111]<br />

[200]<br />

CrN-23 CrN-21<br />

CrN-12 CrN-22<br />

CrN - JCPDS<br />

Substrato<br />

78


Caracterização Estrutural <strong>dos</strong> Revestimentos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

Provavelmente a orientação termodinamicamente mais estável é aquela <strong>em</strong> que o plano (111)<br />

do CrN é paralelo à superfície da amostra. Ao ser aumentada a energia <strong>dos</strong> iões que chegam<br />

ao substrato, <strong>de</strong>vido ao aumento da polarização, torna-se menos provável o rearranjo <strong>dos</strong><br />

ad-átomos <strong>de</strong> modo que os cristais cresçam com orientação preferencial. Deste modo<br />

aparec<strong>em</strong> outras orientações.<br />

4.3.2.2 – Revestimentos Multicamada<br />

Antes da análise <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> multicamada, <strong>de</strong>ve notar-se que os padrões <strong>de</strong><br />

raios-X representa<strong>dos</strong> na figura 4.11, para as amostras <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio das séries DC<br />

(G/CrN-2, G/CrN-6, G/CrN-7, G/CrN-8) mostram os picos <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong><br />

crómio <strong>de</strong>posita<strong>dos</strong> nas condições que são utilizadas nas monocamadas <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio.<br />

O picos correspon<strong>de</strong>ntes aos planos CrN (200) e (220) são os mais intensos, mas é <strong>de</strong>tectada<br />

também a presença <strong>dos</strong> planos (111), (311) e (222) (este só para G/CrN-6). De um modo geral<br />

os picos da amostra G/CrN-6 são os mais b<strong>em</strong> <strong>de</strong>fini<strong>dos</strong>.<br />

É curioso verificar que os <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio da série DC<br />

apresentaram uma estrutura cristalina diferente quando compara<strong>dos</strong> com os da série RF. O<br />

pico referente ao plano (220), nunca se tinha evi<strong>de</strong>nciado nos <strong>revestimentos</strong> das séries RF.<br />

Tabela 4. 5 – Razão <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> <strong>dos</strong> picos <strong>de</strong> difracção do CrN para os <strong>revestimentos</strong> multicamada,<br />

consi<strong>de</strong>rando o pico do plano (111) como 100%, assim como a orientação relativa (factor r(hkl)) relativamente<br />

ao plano (111).<br />

(111) (200) (220) (311) r(111) r(200) r(220) r(311)<br />

CrN 80 100 80 60 1 1 1 1<br />

TiCrN-11 100 0 0 0 1 0 0 0<br />

TiCrN-12 100 0 0 0 1 0 0 0<br />

TiCrN-13 100 0 0 0 1 0 0 0<br />

TiCrN-14 100 0 0 0 1 0 0 0<br />

TiCrN-16 100 0 0 0 1 0 0 0<br />

TiCrN-17 100 0 0 0 1 0 0 0<br />

TiCrN-18 100 20 0 9 1 0.16 0 0.12<br />

TiCrN-20 100 7 1 18 1 0.05 0.01 0.24<br />

TiCrN-19 100 30 0 12 1 0.24 0 0.16<br />

79


Caracterização Estrutural <strong>dos</strong> Revestimentos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

Nos <strong>revestimentos</strong> multicamada os padrões <strong>de</strong> XRD para o CrN mostram orientações<br />

completamente distintas quando comparadas <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio, <strong>de</strong>positado<br />

nas mesmas condições das camadas <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio <strong>de</strong>stes <strong>revestimentos</strong>.<br />

Enquanto os <strong>revestimentos</strong> simples apresentam vários planos paralelos à superfície, as<br />

fases CrN <strong>dos</strong> filmes multicamada têm uma orientação preferencial com o plano (111)<br />

paralelo à superfície. Os <strong>revestimentos</strong> das séries DC1 e DC2 são os melhores ex<strong>em</strong>plos, pois<br />

os <strong>revestimentos</strong> das séries DC3 e DC4 (TiCrN-18, TiCrN-20 e TiCrN-19) apresentam<br />

factores <strong>de</strong> orientação <strong>de</strong> outros planos não negligenciáveis .<br />

Tabela 4. 6 – Razão <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> <strong>dos</strong> picos <strong>de</strong> difracção do Ti para os <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> multicamada,<br />

consi<strong>de</strong>rando o pico do plano (002) como 100%.<br />

(100) (002) (101) (102) (110) (103) (200) (112) (201)<br />

Ti 20 30 100 13 11 11 1 9 6<br />

Ti-3 50 100 6 0 2 0 1 1 3<br />

TiCrN-11 0 100 26 2 1 2 0 4 0<br />

TiCrN-12 0 100 25 0 0 0 0 0 0<br />

TiCrN-13 0 100 12 1 0 0 0 2 0<br />

TiCrN-14 0 100 25 2 1 1 0 4 0<br />

Ti-4 1 100 0 0 2 0 0 0 0<br />

TiCrN-16 0 100 22 6 18 15 0 11 0<br />

TiCrN-17 0 100 0 3 76 0 0 42 0<br />

Ti-5 0 100 1 0 0 0 0 0 0<br />

TiCrN-18 0 100 22 1 0 1 0 0 0<br />

TiCrN-20 0 79 100 4 0 6 0 0 0<br />

Ti-6 0 100 1 0 0 0 0 0 0<br />

TiCrN-19 1 100 26 2 0 0 1 0 0<br />

A fase Ti <strong>de</strong>stes <strong>revestimentos</strong> mostra, <strong>de</strong> um modo geral, alguma orientação<br />

preferencial com o plano (002) paralelo à superfície, mas a textura não é tão evi<strong>de</strong>nte como<br />

relativamente à fase CrN. Entre os <strong>revestimentos</strong> multicamada, exceptuando a amostra<br />

TiCrN-13, as amostras com menor espessura das monocamadas (TiCrN-16, TiCrN-17 e<br />

TiCrN-20) são as que apresentam menor grau <strong>de</strong> orientação preferencial. Nos outros<br />

<strong>revestimentos</strong> a predominância do plano (002) paralelo à superfície da amostra é maior (ver<br />

tabelas 4.6 e 4.7).<br />

80


Caracterização Estrutural <strong>dos</strong> Revestimentos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

Tabela 4. 7 –Orientação relativa (factor r(hkl)) relativamente ao plano (002) do Ti<br />

r(100) r(002) r(101) r(102) (110) (103) r(200) r(112) r(201)<br />

Ti 1 1 1 1 1 1 1 1 1<br />

Ti-3 0.62 1 0.2 0 0.05 0 0.21 0.04 0.16<br />

TiCrN-11 0 1 0.08 0.05 0.02 0.06 0 0.12 0<br />

TiCrN-12 0 1 0.08 0.01 0 0 0 0 0<br />

TiCrN-13 0 1 0.04 0.03 0 0.01 0 0.07 0<br />

TiCrN-14 0 1 0.08 0.04 0.02 0.02 0 0.14 0<br />

Ti-4 0.01 1 0 0 0 0.06 0 0 0<br />

TiCrN-16 0 1 0.07 0.14 0.49 0.4 0 0.37 0<br />

TiCrN-17 0 1 0 0.07 2.08 0 0 1.42 0<br />

Ti-5 0 1 0 0 0 0 0 0 0<br />

TiCrN-18 0 1 0.07 0.02 0 0.03 0 0 0<br />

TiCrN-20 0 1 0.38 0.11 0 0.20 0 0 0<br />

Ti-6 0 1 0 0 0 0 0 0 0<br />

TiCrN-19 0.01 1 0.08 0.04 0 0.01 0.15 0 0<br />

4.3.3 – Tamanho <strong>dos</strong> Cristais e Microtensões<br />

Há vários mo<strong>de</strong>los que permit<strong>em</strong> <strong>de</strong>terminar o tamanho <strong>dos</strong> cristais nas amostras e <strong>de</strong> calcular<br />

as micro<strong>de</strong>formações. Alguns recorr<strong>em</strong> a coeficientes <strong>de</strong> Fourrier tais como o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong><br />

Warren-Averbach [21,22], que necessita <strong>de</strong> dois picos <strong>de</strong> difracção <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m múltipla, ou o<br />

mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Mignot-Rondot [23], que necessita <strong>de</strong> um só pico <strong>de</strong> difracção. Outros utilizam a<br />

equação <strong>de</strong> Scherrer (relação 4.8), como o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Williamson-Hall [24], com necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> usar dois picos <strong>de</strong> difracção <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m múltipla e o mo<strong>de</strong>lo pseudo-Voigt [25], que<br />

necessita <strong>de</strong> um só pico. Há ainda o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Langford [26] que usa os coeficientes <strong>de</strong><br />

Fourrier e a função Voigt, necessitando <strong>de</strong> um só pico <strong>de</strong> difracção.<br />

Estes mo<strong>de</strong>los usam a largura integral <strong>dos</strong> perfis (β), <strong>de</strong>finida pela equação 4.6, e consi<strong>de</strong>ram<br />

que o alargamento é <strong>de</strong>vido ao tamanho <strong>dos</strong> cristais e à <strong>de</strong>formação.<br />

∫ +∞<br />

I(<br />

x)<br />

dx<br />

−∞<br />

β =<br />

(4. 6)<br />

I(<br />

x)<br />

Max<br />

81


Caracterização Estrutural <strong>dos</strong> Revestimentos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

Nas amostras produzidas, o pico (111) do CrN é s<strong>em</strong>pre <strong>de</strong>tectado, pelo que foi<br />

escolhido um método que consi<strong>de</strong>rasse um só pico. Usou-se o método pseudo-Voigt, <strong>em</strong> que<br />

a função pseudo-Voigt (IPV(x)) consiste na soma <strong>de</strong> n funções <strong>de</strong> Cauchy (C(x)) com 1-n<br />

funções <strong>de</strong> Gauss (G(x), com 0 ≤ n ≤ 1):<br />

IPV(x) = IMax [n C(x) + (1-n) G(x)] (4. 7)<br />

<strong>em</strong> que IMax é a intensida<strong>de</strong> máxima do pico <strong>de</strong> difracção. A componente <strong>de</strong> Cauchy é<br />

pressuposto ser <strong>de</strong>vida somente ao tamanho <strong>dos</strong> cristais e as componente <strong>de</strong> Gauss <strong>de</strong>vida às<br />

micro<strong>de</strong>formações [27-29].<br />

O alargamento <strong>de</strong> perfil <strong>dos</strong> picos <strong>de</strong> difracção, é relacionável com o tamanho <strong>dos</strong><br />

cristais (D), através da equação <strong>de</strong> Scherrer (4.8) [30]:<br />

<strong>em</strong> que<br />

c Kλ<br />

β C = (4. 8)<br />

D cosθ<br />

c<br />

β C é a largura integral corrigida da componente <strong>de</strong> Cauchy numa escala 2θ, λ é o<br />

comprimento <strong>de</strong> onda da radiação inci<strong>de</strong>nte (1.50456 Å para a risca Cu Kα1), θ é a posição<br />

angular do perfil do pico <strong>de</strong> difracção e K é o factor <strong>de</strong> forma <strong>dos</strong> cristais (0.9 para cristais<br />

esféricos [31]). Quando se <strong>de</strong>sconhece a forma <strong>dos</strong> cristais assume-se K = 1, sendo nestes<br />

casos o erro inferior a 20% [32].<br />

A micro<strong>de</strong>formação <strong>dos</strong> cristais é dada por:<br />

c<br />

1<br />

2 β 2 G<br />

< ε > =<br />

(4. 9)<br />

4tgθ<br />

c<br />

<strong>em</strong> que β G é a largura integral corrigida da componente <strong>de</strong> Gauss numa escala 2θ.<br />

No entanto a largura <strong>dos</strong> picos <strong>de</strong> difracção não se <strong>de</strong>ve somente ao tamanho <strong>dos</strong><br />

cristais. Essa largura é também <strong>de</strong>vida a outros factores:<br />

- Nenhum feixe é perfeitamente monocromático. A radiação Kα do cobre apresenta<br />

o dupleto Kα1 e Kα2 sobreposto à radiação <strong>de</strong> fundo. A intensida<strong>de</strong> da componente<br />

Kα2 do cobre no difractómetro que se utilizou é meta<strong>de</strong> da intensida<strong>de</strong> da<br />

82


Caracterização Estrutural <strong>dos</strong> Revestimentos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

componente Kα1. O <strong>de</strong>sfasamento angular vai <strong>de</strong> aproximadamente <strong>de</strong> 0.08º para<br />

2θ = 30º até aproximadamente 0.24º para 2θ = 80º. Como o difractómetro não<br />

t<strong>em</strong> filtro da componente Cu Kα2, no processo <strong>de</strong> ajuste por funções pseudo-Voigt<br />

t<strong>em</strong> <strong>de</strong> se introduzir o efeito <strong>de</strong>sta componente;<br />

- O perfil instrumental <strong>de</strong>vido à geometria do difractómetro. Este probl<strong>em</strong>a po<strong>de</strong><br />

resolver-se pelo padrão <strong>de</strong> difracção <strong>de</strong> uma referência adquirido nas mesmas<br />

condições;<br />

- A difracção <strong>de</strong> raios-X ocorre <strong>de</strong> um modo discreto para os ângulos <strong>de</strong>fini<strong>dos</strong> pela<br />

lei <strong>de</strong> Bragg, mas para valores ligeiramente diferentes <strong>dos</strong> ângulos <strong>de</strong> Bragg,<br />

ocorre também difracção. Se a diferença <strong>de</strong> percurso entre raios que se difractam<br />

no primeiro e segun<strong>dos</strong> planos cristalinos diferir <strong>de</strong> muito pouco <strong>de</strong> um múltiplo<br />

inteiro <strong>de</strong> comprimento <strong>de</strong> onda, um plano que difracte um raio <strong>em</strong> oposição <strong>de</strong><br />

fase ao que se difracta no primeiro plano estará muito no interior do cristal. Se o<br />

cristal for pequeno, esse plano não existe e daí resulta um pico mais largo;<br />

- Deformação não uniforme;<br />

- Falhas no <strong>em</strong>pacotamento (“Stacking faults”);<br />

- A estrutura <strong>em</strong> mosaico <strong>dos</strong> cristais po<strong>de</strong> também contribuir para um alargamento<br />

<strong>dos</strong> picos <strong>de</strong> difracção.<br />

Para <strong>de</strong>terminar o tamanho <strong>dos</strong> cristais com o menor erro possível, t<strong>em</strong> <strong>de</strong> se fazer<br />

correcção <strong>dos</strong> perfis experimentais <strong>dos</strong> picos.<br />

A sequência <strong>dos</strong> cálculos para <strong>de</strong>terminar o tamanho <strong>de</strong> grão e as micro<strong>de</strong>formações<br />

<strong>em</strong> cada amostra po<strong>de</strong> ser resumida nos seguintes passos:<br />

- Não há méto<strong>dos</strong> exactos para calcular e eliminar o ruído <strong>de</strong> fundo. Para que a<br />

influência do ruído <strong>de</strong> fundo fosse a menor possível, o processo utilizado foi o <strong>de</strong><br />

consi<strong>de</strong>rar que este sofre uma variação linear entre dois pontos significativamente<br />

afasta<strong>dos</strong> do pico a analisar e subtrair essa variação aos valores experimentais das<br />

intensida<strong>de</strong>s.<br />

- Desconvolução do perfil experimental com as contribuições <strong>de</strong> Cauchy e Gauss<br />

para ambas as componentes da Cu Kα.<br />

83


Caracterização Estrutural <strong>dos</strong> Revestimentos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

- Cálculo das larguras integrais da componente <strong>de</strong> Cauchy e <strong>de</strong> Gauss da<br />

componente Cu Kα1. O cálculo da largura integral da componente experimental,<br />

dado pela equação 4.6, é também efectuada para o pico da referência.<br />

- Cálculo da largura integral das componentes <strong>de</strong> Cauchy e Gauss, corrigindo pela<br />

eliminação da componente instrumental. Nas expressões 4.10 e 4.11, os expoentes<br />

das larguras integrais c, e e i, significam respectivamente corrigida, experimental e<br />

instrumental:<br />

β = β − β<br />

(4. 10)<br />

c<br />

C<br />

c<br />

G<br />

e<br />

C<br />

i<br />

C<br />

( ) ( ) 2<br />

2 e<br />

i<br />

β β<br />

β = −<br />

(4. 11)<br />

G<br />

G<br />

- Cálculo do tamanho <strong>de</strong> grão (D) utilizando a equação <strong>de</strong> Scherrer (4.8) e das<br />

micro<strong>de</strong>formações através da equação 4.9.<br />

- Cálculo das microtensões (σM) que é feito a partir das micro<strong>de</strong>formações por<br />

aplicação da expressão (4.12) usando as proprieda<strong>de</strong>s elásticas do CrN<br />

(E111 = 400 GPa e ν = 0.28 [33,34]):<br />

E111<br />

σ M = < ε ><br />

(4. 12)<br />

( 1−<br />

υ)<br />

4.3.3.1 – Revestimentos <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio<br />

Os resulta<strong>dos</strong> obti<strong>dos</strong> relativos a tamanho <strong>de</strong> cristais, micro<strong>de</strong>formações e<br />

microtensões, para os <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> CrN a partir do uso do mo<strong>de</strong>lo pseudo-Voigt estão<br />

expressos na tabela 4.8.<br />

O tamanho <strong>dos</strong> cristais t<strong>em</strong> tendência a aumentar com o aumento <strong>de</strong> t<strong>em</strong>peratura do<br />

substrato durante a <strong>de</strong>posição (ver figura 4.20(a)). Esta tendência po<strong>de</strong>ria repercutir-se na<br />

<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>dos</strong> filmes, aproximando-se do valor tabelado, mas, como se verificou na secção<br />

4.1, isso não acontece a partir <strong>dos</strong> 300 ºC. Sendo a estrutura <strong>de</strong>stes <strong>revestimentos</strong> basicamente<br />

colunar, os grãos cristalinos localizam-se nessas colunas sob a forma <strong>de</strong> “fibras” [3,13]. O<br />

84


Tamanho <strong>dos</strong> cristais (normalizado)<br />

Caracterização Estrutural <strong>dos</strong> Revestimentos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

volume entre as colunas <strong>de</strong>ve ser preenchido por estruturas amorfas com baixa <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> ou<br />

mesmo por vazios, o que aparent<strong>em</strong>ente é mais nítido nos <strong>revestimentos</strong> produzi<strong>dos</strong> a 350 ºC.<br />

1.6<br />

1.4<br />

1.2<br />

1.0<br />

0.8<br />

0.6<br />

0.4<br />

0.2<br />

0.0<br />

Tabela 4. 8 – Algumas características <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio obtidas por uso do<br />

método pseudo-Voigt: tamanho <strong>dos</strong> cristais (D), micro<strong>de</strong>formação < ε > e microtensão (σM).<br />

500/0 600/-50 500/-50<br />

500/-25 500/-75 600/-75<br />

600/-25 600/0 Valores médios<br />

140 160 180 200 220 240 260 280 300 320 340 360<br />

Amostra D [Å] < ε >[%] σM [GPa]<br />

CrN-2 70 0.3014 ±1.7<br />

CrN-8 128 0.7943 ±4.4<br />

CrN-12 203 0.6603 ±3.7<br />

CrN-13 177 0.7160 ±4.0<br />

CrN-14 178 0.7096 ±3.9<br />

CrN-15 62 1.0639 ±5.9<br />

CrN-16 132 0.6865 ±3.8<br />

CrN-17 108 0.9832 ±5.5<br />

CrN-18 111 0.3199 ±1.8<br />

CrN-19 166 0.7294 ±4.0<br />

CrN-20 52 1.9783 ±11.0<br />

CrN-21 65 2.0544 ±11.4<br />

CrN-22 153 0.7034 ±3.9<br />

CrN-23 124 0.2515 ±1.4<br />

CrN-24 161 0.7640 ±4.2<br />

CrN-25 159 0.3537 ±2.0<br />

G/CrN-2 36 1.6595 ±9.2<br />

G/CrN-6 148 0.5825 ±3.2<br />

G/CrN-7 78 1.7219 ±9.6<br />

(a) (b)<br />

Figura 4.20 - (a) Variação do tamanho <strong>dos</strong> cristais com a t<strong>em</strong>peratura <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição; (b) Variação do tamanho <strong>dos</strong><br />

cristais com a polarização do substrato.<br />

Tamanho <strong>dos</strong> cristais (normalizado)<br />

1.6<br />

1.4<br />

1.2<br />

1.0<br />

0.8<br />

0.6<br />

0.4<br />

0.2<br />

500/300 600/300 500/350<br />

600/350 500/150 600/150<br />

Valores médios DC<br />

T<strong>em</strong>peratura [ºC] -80 -70 -60 -50 -40 -30 -20 -10 0 10<br />

Polarização do substrato [V]<br />

85


Caracterização Estrutural <strong>dos</strong> Revestimentos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

A análise estrutural <strong>de</strong>stes <strong>revestimentos</strong> não é tão fácil, mas as medidas do módulo <strong>de</strong><br />

Young que serão apresentadas no capítulo 5 e os estu<strong>dos</strong> sobre o seu comportamento<br />

relativamente à corrosão, no capítulo 6, po<strong>de</strong>rão fornecer indicações mais precisas.<br />

As micro<strong>de</strong>formações nos planos cristalinos (111) do CrN, paralelos à superfície,<br />

diminu<strong>em</strong> com o aumento da t<strong>em</strong>peratura, <strong>de</strong>vido a relaxação térmica (figura 4.21(a)). Sendo<br />

as microtensões directamente proporcionais às micro<strong>de</strong>formações (equação 4.12), obviamente<br />

diminu<strong>em</strong> também.<br />

< ε > [%]<br />

2.0<br />

1.5<br />

1.0<br />

0.5<br />

150 200 250 300 350<br />

T<strong>em</strong>peratura [ºC]<br />

500 W/0 V<br />

500 W/-50 V<br />

600 W/-50 V<br />

500 W/-25 V<br />

(a) (b)<br />

Figura 4.21 - (a) Variação das microtensões com a t<strong>em</strong>peratura <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição; (b) Variação das microtensões com<br />

a polarização do substrato.<br />

O tamanho do grão diminui fort<strong>em</strong>ente quando a polarização passa <strong>de</strong> nula a -25 V,<br />

mas torna a aumentar <strong>de</strong> um modo geral com o aumento da polarização, no entanto a partir <strong>de</strong><br />

-50 V o tamanho do grão aumenta menos ou até diminui (ver figura 4.20(b)). No caso<br />

concreto <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> das séries DC, o tamanho <strong>dos</strong> cristais aumenta significativamente<br />

com o aumento da polarização <strong>de</strong> –50 V para –80 V.<br />

A micro<strong>de</strong>formações nos planos cristalinos (111) do CrN, paralelos à superfície,<br />

geralmente aumentam <strong>de</strong> polarização nula para polarização –25 V e a partir e diminu<strong>em</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

esse valor <strong>de</strong> polarização até –75 V (figura 4.21(b)). Sendo as microtensões directamente<br />

proporcionais às micro<strong>de</strong>formações (equação 4.12), variam do mesmo modo.<br />

4.3.3.2 – Revestimentos Multicamada<br />

Para o cálculo do tamanho <strong>dos</strong> cristais e das microtensões, neste tipo <strong>de</strong> <strong>revestimentos</strong>,<br />

houve necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fazer uma <strong>de</strong>sconvolução do conjunto <strong>de</strong> picos que aparec<strong>em</strong> entre 36º<br />

e os 42º. Essa <strong>de</strong>sconvolução foi efectuada fazendo ajustes com várias funções pseudo-Voigt.<br />

< ε > [%]<br />

2.4<br />

2.0<br />

1.6<br />

1.2<br />

0.8<br />

0.4<br />

500 W/300 ºC<br />

600 W/300 ºC<br />

500 W/350 ºC<br />

500 W/150 ºC<br />

DC<br />

-100 -80 -60 -40 -20 0<br />

Polarização do substrato [V]<br />

86


Caracterização Estrutural <strong>dos</strong> Revestimentos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

Esta acção permitiu i<strong>de</strong>ntificar a contribuição <strong>de</strong> cada plano para o conjunto <strong>de</strong> picos e numa<br />

fase posterior fazer o tratamento separado para os picos <strong>dos</strong> planos CrN (111) e Ti (002) <strong>de</strong><br />

acordo com o procedimento <strong>de</strong>scrito na secção 4.3.3. Os resulta<strong>dos</strong> apresentam-se na tabela<br />

4.9.<br />

Tabela 4. 9 – Algumas características <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> multicamada obtidas por uso do método pseudo-Voigt:<br />

tamanho <strong>dos</strong> cristais (D), micro<strong>de</strong>formação, < ε > e microtensão (σM).<br />

Amostra Série D [Å]<br />

CrN (111) / Ti (002)<br />

< ε > [%]<br />

CrN (111) / Ti (002)<br />

σM [GPa]<br />

CrN (111) / Ti<br />

(002)<br />

Ti-3 DC1 --- / 113 --- / 0.7804 --- / ±1.2<br />

G/CrN-2 DC1 36 / --- 1.6595 / --- ±9.2 / ---<br />

TiCrN-11 DC1 169/ 108 0.9494 / 0.8890 ±5.3 / ±1.4<br />

TiCrN-12 DC1 162 / 129 0.9570 / 0.7225 ±5.3 / ±1.2<br />

TiCrN-13 DC1 --- / --- --- / --- --- / ---<br />

TiCrN-14 DC1 162 / 133 0.9582 / 0.7425 ±5.3 / ±1.2<br />

Ti-4 DC2 --- / 130 --- / 0.7580 --- / ±1.2<br />

G/CrN-6 DC2 148 / --- 0.5825 / --- ±3.2 / ---<br />

TiCrN-16 DC2 --- / --- --- / --- --- / ---<br />

TiCrN-17 DC2 --- / --- --- / --- --- / ---<br />

Ti-5 DC3 --- / 439 --- / 0.3474 --- / ±0.5<br />

G/CrN-7 DC3 78 / --- 1.7219 / --- ±9.6 / ---<br />

TiCrN18 DC3 143 / 135 1.0643 / 0.7441 ±5.9 / ±1.2<br />

TiCrN20 DC3 --- / --- --- / --- --- / ---<br />

Ti-6 DC4 --- / 272 --- / 0.583 --- / ±0.9<br />

G/CrN-8 DC4 ---- 1.9566 / --- ±10.8 / ---<br />

TiCrN19 DC4 161 / 115 1.0259 / 0.8321 ±5.7 / ±1.3<br />

De acordo com os ajustes efectua<strong>dos</strong> verifica-se que o tamanho <strong>dos</strong> cristais obtido a<br />

partir <strong>dos</strong> picos CrN (111) e Ti (002), para os <strong>revestimentos</strong> multicamada, se situam entre<br />

108 Å e os 169 Å. O tamanho <strong>dos</strong> cristais é inferior à espessura das monocamadas.<br />

Em termos <strong>de</strong> microtensões, há alguns pormenores a reter:<br />

- os <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio das séries DC1, DC3 e DC4 apresentam<br />

valores <strong>de</strong> microtensões superiores a ±8 GPa;<br />

- o revestimento G/CrN-6, da série DC2, é o que apresenta valor mais baixo<br />

(±3.2 GPa) e no qual as macrotensões são <strong>de</strong> compressão;<br />

- os <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> titânio apresentam valores <strong>de</strong> microtensões significativamente<br />

inferiores (menores que ±1.2 GPa);<br />

- nos filmes multicamada das séries DC1, DC3 e DC4, as microtensões calculadas<br />

relativamente ao pico (111) do CrN são menores que nos <strong>revestimentos</strong><br />

monolíticos da mesma série;<br />

87


Caracterização Estrutural <strong>dos</strong> Revestimentos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

- as microtensões calculadas relativamente aos planos Ti (002) mostram que to<strong>dos</strong><br />

mostram microtensões mais elevadas ou iguais à <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> monolíticos<br />

<strong>de</strong>posita<strong>dos</strong> <strong>em</strong> condições s<strong>em</strong>elhantes.<br />

Aparent<strong>em</strong>ente os cristais <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio têm tendência a relaxar as <strong>de</strong>formações<br />

forçando os cristais das camadas <strong>de</strong> titânio a ficar<strong>em</strong> sujeitos a maiores tensões do que<br />

aquelas a que estavam sujeitos nos revestimento monolítico. Os <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong><br />

monocamadas mais finas são os que apresentam microtensões mais elevadas.<br />

4.3.4 – Deformação e Macrotensões<br />

Os esta<strong>dos</strong> <strong>de</strong> tensão presentes no <strong>revestimentos</strong> têm uma consequência na forma e<br />

posição <strong>dos</strong> picos <strong>de</strong> difracção (ver figura 4.22). Um <strong>dos</strong> factores já referido na secção 4.3.3,<br />

que influencia a largura <strong>dos</strong> picos é a existência <strong>de</strong> tensões não uniformes. Por outro lado a<br />

posição também po<strong>de</strong> estar <strong>de</strong>slocada relativamente à posição padrão <strong>de</strong>vido à existência <strong>de</strong><br />

tensões uniformes (macrotensões).<br />

Estes <strong>de</strong>svios foram usa<strong>dos</strong> para calcular a <strong>de</strong>formação entre planos cristalinos<br />

("strain"), ε, através da equação 4.13, relativamente ao espaçamento entre planos tabelado, d0<br />

[15].<br />

d − d<br />

=<br />

o ε (4. 13)<br />

do<br />

Esta <strong>de</strong>formação relativa foi <strong>de</strong>terminada para o plano (111) do CrN, pois foi o único<br />

plano cristalino cujo pico apareceu nos padrões <strong>de</strong> difracção <strong>de</strong> todas as amostras (ver tabela<br />

4.10).<br />

As <strong>de</strong>formações po<strong>de</strong>m ser relacionadas com o módulo <strong>de</strong> Young efectivo do<br />

revestimento, EEf, com o módulo <strong>de</strong> Poisson do revestimento, νC, e com as tensões residuais<br />

biaxiais, σ11 e σ22, a partir da expressão 4.14 [35]:<br />

υC<br />

E Ef = − ( σ 11 + σ 22 )<br />

(4. 14)<br />

ε<br />

88


Caracterização Estrutural <strong>dos</strong> Revestimentos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

Re<strong>de</strong> Cristalina<br />

(a) S<strong>em</strong> <strong>de</strong>formação<br />

(b) Com <strong>de</strong>formação<br />

uniforme<br />

(c) com <strong>de</strong>formação<br />

não uniforme<br />

Linha <strong>de</strong><br />

Difracção<br />

Figura 4.22 - Efeito da <strong>de</strong>formação na re<strong>de</strong> cristalina na forma e <strong>de</strong>svio do pico <strong>de</strong> difracção.<br />

Nesta secção é estudada essencialmente a <strong>de</strong>formação relativa. Na secção 5.1 far-se-á<br />

referência mais <strong>de</strong>talhada sobre as tensões residuais. Uma análise também <strong>de</strong>talhada sobre o<br />

módulo <strong>de</strong> Young efectivo <strong>de</strong>stes <strong>revestimentos</strong> e também do módulo <strong>de</strong> Young obtido a<br />

partir <strong>de</strong> nanoin<strong>de</strong>ntação e por utilização <strong>de</strong> ondas acústicas <strong>de</strong> superfície será efectuada no<br />

capítulo 5.<br />

4.3.4.1 – Revestimentos <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio<br />

Os picos <strong>de</strong>tecta<strong>dos</strong> nos padrões <strong>de</strong> raios-X <strong>de</strong> todas as amostras apresentam <strong>de</strong>svios<br />

para menores valores <strong>de</strong> 2θ, quando compara<strong>dos</strong> com os valores tabela<strong>dos</strong> nas fichas JCPDS<br />

[15]. Há excepções, nos <strong>revestimentos</strong> G/CrN-2, G/CrN-7 e G/CrN-8. Dentro <strong>dos</strong> limites <strong>de</strong><br />

t<strong>em</strong>peratura e polarização do substrato usa<strong>dos</strong> durante a <strong>de</strong>posição <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong>, o<br />

parâmetro polarização do substrato é aquele que mais fort<strong>em</strong>ente influencia o <strong>de</strong>svio <strong>dos</strong><br />

89


Caracterização Estrutural <strong>dos</strong> Revestimentos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

picos <strong>de</strong> difracção. O aumento <strong>de</strong> t<strong>em</strong>peratura só provocou que a magnitu<strong>de</strong> <strong>dos</strong> <strong>de</strong>svios não<br />

fosse tão gran<strong>de</strong>.<br />

O aumento t<strong>em</strong>peratura <strong>de</strong> substrato entre 150 e 350 ºC, faz com que os <strong>de</strong>svios para<br />

menores valores <strong>de</strong> 2θ sejam menores tornando as distâncias interplanares mais próximas do<br />

valor tabelado. Este comportamento indica uma diminuição do estado <strong>de</strong> tensão compressiva<br />

<strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong>. A figura 4.23(a) mostra a variação da <strong>de</strong>formação da distância interplanar<br />

(ε), calculada através da expressão 4.13, com a t<strong>em</strong>peratura.<br />

O <strong>de</strong>svio da posição <strong>dos</strong> picos no sentido <strong>dos</strong> menores ângulos <strong>de</strong> difracção aumenta<br />

<strong>de</strong> um modo geral com o aumento da polarização negativa. No entanto a partir <strong>de</strong> uma<br />

polarização negativa maior que -50 V, o aumento da <strong>de</strong>formação é menor do que até aí, ou<br />

diminui (ver figura 4.23(b)). Este facto traduz-se na presença <strong>de</strong> tensões residuais <strong>de</strong><br />

compressão crescentes (ver secção 5.1).<br />

ε (CrN [111]) [%]<br />

4.0<br />

3.5<br />

3.0<br />

2.5<br />

2.0<br />

1.5<br />

1.0<br />

0.5<br />

0.0<br />

500 W/ 0 V 500 W/-25 V<br />

500 W/-50 V 500 W/-75 V<br />

600 W/-50 V<br />

140 160 180 200 220 240 260 280 300 320 340 360<br />

T [ºC]<br />

(a) (b)<br />

Figura 4.23 - (a) Variação da <strong>de</strong>formação com a t<strong>em</strong>peratura <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição; (b) Variação da <strong>de</strong>formação com a<br />

polarização do substrato.<br />

Nos <strong>revestimentos</strong> da série DC quando a polarização do substrato é -50 V e num <strong>dos</strong><br />

<strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong>posita<strong>dos</strong> com -80 V (G/CrN-8), observa-se um comportamento diferente.<br />

Há <strong>de</strong>formação negativa o que significa uma diminuição do espaçamento entre os planos<br />

cristalinos paralelos à superfície, que provoca um aumento do espaçamento <strong>dos</strong> planos<br />

perpendiculares e presença <strong>de</strong> tensões <strong>de</strong> tracção. No revestimento G/CrN-6 <strong>de</strong>positado com<br />

ε (CrN [111]) [%]<br />

3.0<br />

2.5<br />

2.0<br />

1.5<br />

1.0<br />

0.5<br />

0.0<br />

-0.5<br />

-1.0<br />

-1.5<br />

-2.0<br />

500 W/300 ºC<br />

500 W/150 ºC<br />

600 W/300 ºC<br />

DC<br />

-80 -70 -60 -50 -40 -30 -20 -10 0 10<br />

Polarização do substrato [V]<br />

90


Caracterização Estrutural <strong>dos</strong> Revestimentos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

uma polarização <strong>de</strong> substrato <strong>de</strong> -80 V, o comportamento é s<strong>em</strong>elhante aos <strong>revestimentos</strong> da<br />

série RF – <strong>de</strong>formações positivas e presença <strong>de</strong> tensões <strong>de</strong> compressão.<br />

Tabela 4. 10 – Algumas características <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio: <strong>de</strong>formação (ε), tensões<br />

residuais (σR), e Módulo <strong>de</strong> Young efectivo obtido a partir da equação 4.14.<br />

Amostra ε<br />

[%]<br />

σR<br />

[GPa]<br />

EEf<br />

[GPa]<br />

CrN-2 0.2590 -0.7 151<br />

CrN-8 2.3762 -4.9 115<br />

CrN-12 2.2511 -4.8 119<br />

CrN-13 2.3635 -3.8 90<br />

CrN-14 2.2175 -3.7 93<br />

CrN-15 1.0710 -5.2 272<br />

CrN-16 2.3415 -6.2 148<br />

CrN-17 2.9570 -7.5 142<br />

CrN-18 0.4802 -2.1 244<br />

CrN-19 2.6879 -4.5 94<br />

CrN-20 1.7136 -7.0 229<br />

CrN-21 1.3870 -3.3 133<br />

CrN-22 2.4532 -5.1 116<br />

CrN-23 0.3622 -2.0 309<br />

CrN-24 2.3750 -7.4 174<br />

CrN-25 0.8354 -5.1 342<br />

G/CrN-2 -1.0785 ---- ----<br />

G/CrN-6 1.1434 -2.7 132<br />

G/CrN-7 -0.5910 ---- ----<br />

G/CrN-8 -0.6274 ---- ----<br />

4.3.4.2 – Revestimentos Multicamada<br />

Os <strong>revestimentos</strong> multicamada mostram <strong>de</strong> um modo geral <strong>de</strong>formações positivas<br />

(<strong>de</strong>svio <strong>dos</strong> picos para os menores ângulos), quer no que diz respeito aos picos<br />

correspon<strong>de</strong>ntes a planos do CrN quer a planos <strong>de</strong> Ti.<br />

Obtiveram valores <strong>de</strong> tensões diferentes medi<strong>dos</strong> <strong>em</strong> cada um <strong>dos</strong> eixos<br />

perpendiculares. Uma análise mais cuidada às medidas <strong>de</strong> curvatura mostra que o erro<br />

cometido no cálculo da tensão residual po<strong>de</strong> ser gran<strong>de</strong>. Os pontos experimentais obti<strong>dos</strong><br />

antes e após o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição mostram uma dispersão apreciável. Esta constatação<br />

po<strong>de</strong> significar que as tensões residuais obtidas possam situar-se abaixo do nível <strong>de</strong> resolução<br />

possível do equipamento utilizado. Po<strong>de</strong> no entanto comparar-se as <strong>de</strong>formações nos planos<br />

(111) do CrN e (002) do Ti <strong>de</strong>stes <strong>revestimentos</strong> multicamada com os <strong>dos</strong> filmes <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong><br />

crómio e titânio <strong>de</strong>posita<strong>dos</strong> <strong>em</strong> condições s<strong>em</strong>elhantes.<br />

91


Caracterização Estrutural <strong>dos</strong> Revestimentos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

Exceptuando o revestimento G/CrN-6, os <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio das séries<br />

DC têm <strong>de</strong>formações negativas, enquanto que nos <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> titânio são positivas. Nos<br />

<strong>revestimentos</strong> multicamada que possu<strong>em</strong> monocamadas menos espessas (TiCrN-13, TiCrN-<br />

17 e TiCrN-20) não é possível ter uma i<strong>de</strong>ia <strong>dos</strong> <strong>de</strong>svios <strong>dos</strong> picos, pois po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>vi<strong>dos</strong><br />

aos perío<strong>dos</strong> da multicamada. apresentam Aparent<strong>em</strong>ente as tensões <strong>de</strong> tracção são atenuadas<br />

ou mesmo transformadas <strong>em</strong> compressão, por efeito das camadas <strong>de</strong> titânio nos casos <strong>em</strong> que<br />

as monocamadas são mais espessas (tm > 14 nm).<br />

Tabela 4. 11 – Deformação na distância interplanar (ε) calculada para os picos (111) do CrN e<br />

(002) <strong>de</strong> Ti nos <strong>revestimentos</strong> multicamada.<br />

Amostra ε [%]<br />

CrN (111)<br />

Conclusões<br />

ε [%]<br />

Ti (002)<br />

Ti-3 ---- 0.3227<br />

G/CrN-2 -1.0785 ----<br />

TiCrN-11 0.8912 0.6522<br />

TiCrN-12 0.6616 0.6272<br />

TiCrN-13 ---- ----<br />

TiCrN-14 0.6634 0.7564<br />

Ti-4 ---- 0.3732<br />

G/CrN-6 1.1434 ----<br />

TiCrN-16 1.4274 1.1199<br />

TiCrN-17 ---- ----<br />

Ti-5 ---- 0.5627<br />

G/CrN-7 -0.5910 ----<br />

TiCrN18 0.5650 0.4253<br />

TiCrN20 ---- ----<br />

Ti-6 ---- 0.9551<br />

G/CrN-8 -0.66274 ----<br />

TiCrN19 0.8530 0.6865<br />

Como conclusão <strong>de</strong>ste capítulo po<strong>de</strong>mos afirmar que <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> condições <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>posição aquela que mostrou mais influência, <strong>de</strong>ntro <strong>dos</strong> limites utiliza<strong>dos</strong>, foi a polarização<br />

do substrato. A primeira consequência reflecte-se na compacida<strong>de</strong> da estrutura colunar <strong>de</strong>stes<br />

<strong>revestimentos</strong>. As fronteiras entre as colunas po<strong>de</strong>m ter vazios ou material menos estruturado<br />

e <strong>de</strong> menor <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>. Em consequência os <strong>revestimentos</strong> são s<strong>em</strong>pre menos <strong>de</strong>nsos que o<br />

material volumétrico. Isto verifica-se para to<strong>dos</strong> os <strong>revestimentos</strong> produzi<strong>dos</strong>. O aumento da<br />

polarização negativa faz aumentar a compacida<strong>de</strong> das colunas traduzindo-se também num<br />

aumento da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>. Relativamente ao <strong>revestimentos</strong> multicamada, a medida da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong><br />

92


Caracterização Estrutural <strong>dos</strong> Revestimentos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

parece <strong>de</strong>monstrar que a interface entre as camadas é menos <strong>de</strong>nsa que cada uma das camadas<br />

<strong>em</strong> si.<br />

A superfície <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> revela <strong>de</strong>feitos. Estes <strong>de</strong>feitos são essencialmente do<br />

tipo grânulos. O AFM revelou alguns poros, <strong>em</strong> quantida<strong>de</strong> menor e aparent<strong>em</strong>ente os poros,<br />

ou buracos, <strong>de</strong>tecta<strong>dos</strong> são posições anteriormente ocupadas por grânulos que por alguma<br />

razão saíram <strong>de</strong>ssas posições. A composição <strong>de</strong>stes grânulos é a mesma do revestimento base.<br />

Os <strong>revestimentos</strong> multicamada apresentam <strong>de</strong>feitos que relativamente à área analisada<br />

ocupam uma área menor. A sua área média é também menor.<br />

O estudo <strong>dos</strong> padrões <strong>de</strong> raios X das amostras analisadas revelam a existência <strong>de</strong> fases<br />

CrN nos <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio. Não é evi<strong>de</strong>nte o aparecimento <strong>de</strong> fases β-Cr2N.<br />

Os <strong>revestimentos</strong> da série RF apresentam to<strong>dos</strong> eles <strong>de</strong>svios <strong>dos</strong> picos <strong>de</strong> difracção para<br />

menores valores <strong>de</strong> 2θ. Este <strong>de</strong>svio significa essencialmente <strong>de</strong>formação nas dimensões da<br />

re<strong>de</strong>, provocando um alargamento da distância interplanar na direcção perpendicular à<br />

superfície. Este encurtamento é essencialmente <strong>de</strong>vido a tensões residuais <strong>de</strong> compressão.<br />

Mesmo nas amostras que apresentam um pico mais largo, este aparece <strong>de</strong>slocado para<br />

menores valores do ângulo <strong>de</strong> difracção. Esta observação significa que po<strong>de</strong>m existir tensões<br />

não uniformes ou tamanhos <strong>de</strong> grão menores, havendo s<strong>em</strong>pre um estado <strong>de</strong> compressão. A<br />

magnitu<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste <strong>de</strong>svio <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> essencialmente da polarização do substrato. Os menores<br />

<strong>de</strong>svios são consegui<strong>dos</strong> com polarização nula. Além da <strong>de</strong>formação, a polarização do<br />

substrato provoca o aparecimento <strong>de</strong> novas orientações <strong>dos</strong> cristais <strong>de</strong> CrN, <strong>de</strong>vido ao<br />

bombar<strong>de</strong>amento iónico do substrato. Com o substrato ligado à terra, os <strong>revestimentos</strong> são<br />

textura<strong>dos</strong> com a orientação termodinamicamente mais estável, ou seja, com o plano (111)<br />

paralelo à superfície. O aumento <strong>de</strong> t<strong>em</strong>peratura faz com que a intensida<strong>de</strong> <strong>dos</strong> picos aumente,<br />

aumentando assim a cristalinida<strong>de</strong>. O tamanho <strong>dos</strong> cristais é <strong>em</strong> média superior aos 100 Å,<br />

<strong>em</strong>bora nos <strong>revestimentos</strong> produzi<strong>dos</strong> com polarização <strong>de</strong> –25 V o tamanho seja menores que<br />

100 Å.<br />

Os <strong>revestimentos</strong> simples da série DC, com excepção <strong>de</strong> um, mostraram <strong>de</strong>svios <strong>dos</strong><br />

picos para ângulos maiores. Nestes casos acontece o oposto do que acontece nos<br />

<strong>revestimentos</strong> da série RF, evi<strong>de</strong>nciando tensões <strong>de</strong> tracção. Estes <strong>revestimentos</strong> mostraram<br />

s<strong>em</strong>pre várias orientações cristalinas.<br />

No caso <strong>dos</strong> revestimento multicamada, além das fases CrN, aparec<strong>em</strong> também as<br />

fases Ti. Nestes casos a fase CrN apresenta textura com a direcção (111) paralela à superfície.<br />

Enquanto as fases Ti mostram um crescimento preferencial <strong>dos</strong> cristais com o plano (002)<br />

paralelo à superfície, mas a textura não se apresenta tão evi<strong>de</strong>nte como no caso da fase CrN.<br />

93


Caracterização Estrutural <strong>dos</strong> Revestimentos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

Os picos <strong>dos</strong> planos cristalinos nestes <strong>revestimentos</strong> apresentam também <strong>de</strong>svios no sentido<br />

<strong>dos</strong> menores ângulos, a não ser nos <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> monocamadas menos espessas. Nestes<br />

casos o tamanho do grão é também menor, <strong>de</strong> um modo geral. Nos <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong><br />

monocamadas mais espessas o tamanho <strong>de</strong> grão médio é superior a 100 Å.<br />

Os <strong>revestimentos</strong> multicamada apresentam microtensões entre os 5 e os 6 GPa,<br />

quando calculadas a partir do plano (111) do CrN, exceptuando os <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong><br />

monocamadas mais finas <strong>em</strong> que esse valor é significativamente maior, po<strong>de</strong>ndo ir <strong>dos</strong><br />

6.8 GPa até aos 15.8 GPa. As microtensensões calculadas a partir do plano (002) do Ti, são<br />

s<strong>em</strong>pre menores que as registadas para os planos do CrN. As camadas <strong>de</strong> Ti parec<strong>em</strong> fazer<br />

relaxar as tensões que as camadas cerâmicas têm tendência a gerar.<br />

Algumas da<strong>dos</strong> mais sobre a estrutura <strong>de</strong>stes <strong>revestimentos</strong> serão obti<strong>dos</strong> a partir das<br />

medidas <strong>de</strong> módulo <strong>de</strong> Young <strong>em</strong> direcções perpendiculares (capítulo 5) e também a partir<br />

das medidas <strong>de</strong> resistência à corrosão (capítulo 6).<br />

Bibliografia<br />

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94


Caracterização Estrutural <strong>dos</strong> Revestimentos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

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16. Tabelas <strong>de</strong> ASTM, Ficha JCPDS nº 6-0694.<br />

17. Tabelas <strong>de</strong> ASTM, Ficha JCPDS nº 35-803.<br />

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DGM – Informations Gesellschaft-Verlag.<br />

35. I. C. Noyan, J. B. Cohen, Residual Stress – Measur<strong>em</strong>ent by Diffraction and Interpretation,<br />

Springer-Verlag, New York, (1987).<br />

95


Proprieda<strong>de</strong>s Mecânicas e Tribológicas <strong>dos</strong> Revestimentos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

Capítulo 5<br />

Proprieda<strong>de</strong>s mecânicas e tribológicas <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong><br />

Não é teu <strong>de</strong>ver terminar o trabalho, no entanto,<br />

também não é teu <strong>de</strong>ver <strong>de</strong>sistir <strong>de</strong>le.<br />

Rabbi Tarfon, Pirke Avotti<br />

Correspon<strong>de</strong> este capítulo a uma primeira abordag<strong>em</strong> às proprieda<strong>de</strong>s mecânicas <strong>dos</strong><br />

<strong>revestimentos</strong> e aquilatar das potencialida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>stes <strong>revestimentos</strong> para uma utilização<br />

agressiva do ponto <strong>de</strong> vista mecânico.<br />

Apresentam-se os resulta<strong>dos</strong> <strong>de</strong> medidas e ensaios mecânicos efectua<strong>dos</strong> aos diversos<br />

<strong>revestimentos</strong>. Realizaram-se medidas <strong>de</strong> tensões residuais pelo método da <strong>de</strong>flexão do<br />

substrato, medidas <strong>de</strong> dureza e <strong>de</strong> módulo <strong>de</strong> Young por nanoin<strong>de</strong>ntação, medidas <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste<br />

por utilização do equipamento <strong>de</strong> pino sobre disco e medidas <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência por teste <strong>de</strong><br />

in<strong>de</strong>ntação <strong>de</strong>slizante. O módulo <strong>de</strong> Young também foi calculado por utilização da técnica <strong>de</strong><br />

ondas acústicas <strong>de</strong> superfície (SAW) e a partir <strong>dos</strong> resulta<strong>dos</strong> <strong>de</strong> raios-X.<br />

5.1 – Tensões residuais<br />

A produção <strong>de</strong> <strong>revestimentos</strong> por <strong>PVD</strong>, exceptuando a evaporação térmica simples<br />

[1], origina que estes se encontr<strong>em</strong> <strong>em</strong> esta<strong>dos</strong> <strong>de</strong> tensão <strong>de</strong>vido essencialmente ao<br />

bombar<strong>de</strong>amento por iões durante a <strong>de</strong>posição. Tal como foi referido no capítulo anterior, a<br />

incidência <strong>de</strong>sses iões po<strong>de</strong> criar <strong>de</strong>feitos estruturais. As tensões residuais consequentes são<br />

96


Proprieda<strong>de</strong>s Mecânicas e Tribológicas <strong>dos</strong> Revestimentos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

na maior parte das vezes compressivas. A sua magnitu<strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> das condições durante a<br />

<strong>de</strong>posição [1-12], mas é frequent<strong>em</strong>ente da or<strong>de</strong>m <strong>dos</strong> GPa.<br />

5.1.1 – Revestimentos monolíticos <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio<br />

Na tabela 5.1 apresentam-se os valores da tensão residual <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> nitreto<br />

<strong>de</strong> crómio, σR, calculada pelo método indicado na secção 1.4.1 e por aplicação da equação <strong>de</strong><br />

Stoney (1.10). Apresentam-se também os erros nessas <strong>de</strong>terminações. Estipulam-se os valores<br />

das tensões extrínsecas (σext), <strong>de</strong> orig<strong>em</strong> térmica, e calculadas a partir da expressão 1.7,<br />

admitindo que os <strong>revestimentos</strong> são CrN. Esses valores apresentam-se na forma <strong>de</strong> um<br />

intervalo tendo <strong>em</strong> conta que foram usa<strong>dos</strong> os valores limite das proprieda<strong>de</strong>s do CrN<br />

encontra<strong>dos</strong> na literatura (330 GPa [13] < ECrN < 400 GPa [14,15], 0.2 [13] < νCrN < 0.28 [14]<br />

e αCrN = 2.3×10 -6 K -1 [13, 15]). Para o substrato <strong>de</strong> aço inoxidável (AISI 316) o valor do<br />

coeficiente <strong>de</strong> expansão térmica linear é αS = 16.2×10 -6 K -1 [16], o módulo <strong>de</strong> Young<br />

168.3 GPa [16] e a razão <strong>de</strong> Poisson 0.3 [16]<br />

O aumento <strong>de</strong> t<strong>em</strong>peratura durante a <strong>de</strong>posição provoca geralmente diminuição da<br />

tensão residual <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> [1,17-19]. Po<strong>de</strong> verificar-se esta variação na figura 5.1(a).<br />

No entanto esta diminuição t<strong>em</strong> orig<strong>em</strong> no processo <strong>de</strong> crescimento do filme (componente<br />

intrínseca) e não é <strong>de</strong>vida às tensões térmicas, pois estas tornam-se maiores com o aumento <strong>de</strong><br />

t<strong>em</strong>peratura.<br />

A diminuição da tensão residual po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ver-se à mobilida<strong>de</strong> <strong>dos</strong> ad-átomos que<br />

originam relaxação térmica. Po<strong>de</strong> ver-se na figura 5.1(b), que no caso <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong><br />

nitreto <strong>de</strong> crómio, a intensida<strong>de</strong> das tensões térmicas não parec<strong>em</strong> ser <strong>de</strong>sprezáveis. Para<br />

outros <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> nitretos <strong>de</strong> metais <strong>de</strong> transição, tal como TiN, ZrN ou HfN, a<br />

influência das tensões térmicas é menor <strong>de</strong>vido ao facto da diferença entre o valor do<br />

coeficiente <strong>de</strong> expansão térmica linear do material e o do aço não ser tão gran<strong>de</strong> como para o<br />

caso do CrN. O valor real das tensões térmicas <strong>de</strong>ve ser inferior aos valores apresenta<strong>dos</strong> na<br />

figura 5.1(b) <strong>de</strong>vido ao facto do módulo <strong>de</strong> Young <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> ser inferior ao módulo<br />

<strong>de</strong> Young do CrN obti<strong>dos</strong> na literatura. A estrutura colunar <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong>ve permitir<br />

que as tensões <strong>de</strong> orig<strong>em</strong> térmica sejam menores. Foram efectuadas medidas do módulo <strong>de</strong><br />

Young <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> produzi<strong>dos</strong> nas direcções paralela e perpendicular à superfície (ver<br />

secção 5.3) e qualquer <strong>dos</strong> valores obti<strong>dos</strong> para as amostras foram s<strong>em</strong>pre inferiores ao valor<br />

97


Proprieda<strong>de</strong>s Mecânicas e Tribológicas <strong>dos</strong> Revestimentos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

da literatura. Em média, os valores do módulo <strong>de</strong> Young, na direcção perpendicular à<br />

superfície das amostras, é entre 32% (relativamente a 400 GPa) e 17% (relativamente a<br />

330 GPa), inferior aos valores da literatura. Na direcção paralela à superfície, os valores<br />

obti<strong>dos</strong> são ainda inferiores. Por esta razão as tensões térmicas <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser inferiores. Na<br />

última coluna da tabela 5.1 apresentam-se os valores das tensões térmicas calculadas a partir<br />

do módulo <strong>de</strong> Young medido na direcção perpendicular à superfície <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong>. Estes<br />

valores do módulo <strong>de</strong> Young apresentam-se na tabela 5.3.<br />

Tabela 5. 1 – Tensão residual (σR) <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio obtida a partir da curvatura <strong>dos</strong><br />

substratos após a <strong>de</strong>posição, tensões térmicas (σext) tendo <strong>em</strong> conta os valores tabela<strong>dos</strong> das proprieda<strong>de</strong>s<br />

mecânicas do CrN (*intervalo <strong>de</strong> valores calculado com <strong>de</strong> módulo <strong>de</strong> Young e razão <strong>de</strong> Poisson da literatura;<br />

**valores calcula<strong>dos</strong> com o módulo <strong>de</strong> Young obtido por in<strong>de</strong>ntação e razão <strong>de</strong> Poisson 0.28).<br />

Amostra σR ± ∆σR<br />

[GPa]<br />

σext *<br />

[GPa]<br />

σext **<br />

[GPa]<br />

CrN-2 -0.7 ± 0.05 [–1.6, -2.1] -1.5<br />

CrN-8 -4.9 ± 0.5 [–1.6, -2.1] -1.6<br />

CrN-12 -4.8 ± 0.4 [–1.6, -2.1] -1.6<br />

CrN-13 -3.8 ± 0.3 [–1.9, -2.5] -1.8<br />

CrN-14 -3.7 ± 0.3 [–1.9, -2.5] -1.9<br />

CrN-15 -5.2 ± 0.4 [–1.6, -2.1] -1.4<br />

CrN-16 -6.2 ± 0.5 [–1.6, -2.1] -1.6<br />

CrN-17 -7.5 ± 0.8 [–0.7, –1.0] -0.7<br />

CrN-18 -2.1 ± 0.2 [–0.7, –1.0] -0.6<br />

CrN-19 -4.5 ± 0.5 [–0.7, –1.0] -0.7<br />

CrN-20 -7.0 ± 0.7 [–0.7, –1.0] -0.6<br />

CrN-21 -3.3 ± 0.3 [–1.6, -2.1] -1.2<br />

CrN-22 -5.1 ± 0.4 [–1.6, -2.1] -1.3<br />

CrN-23 -2.0 ± 0.1 [–1.6, -2.1] -0.7/-2.0<br />

CrN-24 -7.4 ± 0.7 [–0.7, –1.0] -0.7<br />

CrN-25 -5.1 ± 0.5 [–1.9, -2.5] -1.3<br />

G/CrN-2 ---- [–0.9, –1.2] -0.8<br />

G/CrN-6 -2.7 ± 0.3 [–0.6, –0.9] -0.7<br />

G/CrN-7 ---- [–1.0, –1.3] -1.1<br />

G/CrN-8 ---- [–1.0, –1.3] -1.3<br />

De um modo geral a tensão residual <strong>de</strong> compressão aumenta com o aumento da<br />

polarização negativa do substrato [1,16]. Há no entanto limites para este aumento da tensão.<br />

A partir <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminado valor <strong>de</strong> polarização aplicada ao substrato, verifica-se uma<br />

diminuição <strong>dos</strong> valores da tensão, como se ilustra na figura 5.2(a). Este facto po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>vido<br />

a <strong>de</strong>formação plástica, microfracturas (“cracking”), ou por relaxação durante a <strong>de</strong>posição a<br />

t<strong>em</strong>peraturas mais elevadas. Po<strong>de</strong> verificar-se nessa figura esta variação e também uma<br />

inversão <strong>de</strong>ssa tendência nos <strong>revestimentos</strong> produzi<strong>dos</strong> com uma potência <strong>de</strong> fonte <strong>de</strong> 500 W<br />

e t<strong>em</strong>peratura <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição <strong>de</strong> 150 ºC para uma polarização <strong>de</strong> –75 V (amostra CrN-19). Este<br />

caso não po<strong>de</strong> ser justificado por relaxação térmica, pois nas outras duas séries <strong>de</strong>positadas a<br />

98


σ R [GPa]<br />

Proprieda<strong>de</strong>s Mecânicas e Tribológicas <strong>dos</strong> Revestimentos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

maiores t<strong>em</strong>peraturas este fenómeno não ocorreu. A possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ter<strong>em</strong> acontecido<br />

microfracturas não po<strong>de</strong> ser rejeitada, como se po<strong>de</strong>rá ver pelos testes electroquímicos <strong>de</strong><br />

corrosão, principalmente através da medida do potencial <strong>em</strong> circuito aberto (OCP). Po<strong>de</strong> ter<br />

também acontecido <strong>de</strong>formação plástica. Note-se que a partir <strong>de</strong> -50 V <strong>de</strong> polarização, a<br />

<strong>de</strong>formação (ε) diminui, ou aumenta muito pouco, o que influencia o modo como a tensão<br />

varia. Isto po<strong>de</strong> ser observado ao comparar a figura 4.26(b), com a figura 5.2(a).<br />

0<br />

-2<br />

-4<br />

-6<br />

-8<br />

-10<br />

(a) (b)<br />

Figura 5.1 - (a) Variação da tensão residual com a t<strong>em</strong>peratura; (b) Variação das tensões extrínsecas, intrínsecas<br />

e residuais com a t<strong>em</strong>peratura.<br />

σ R [GPa]<br />

140 160 180 200 220 240 260 280 300 320 340 360<br />

0<br />

-1<br />

-2<br />

-3<br />

-4<br />

-5<br />

-6<br />

-7<br />

-8<br />

500 W/300 ºC<br />

500 W/150 ºC<br />

600 W/300 ºC<br />

Valores médios<br />

T [ºC]<br />

-80 -70 -60 -50 -40 -30 -20 -10 0 10<br />

Polarização do substrato [V]<br />

500W/0V<br />

500W/-50V<br />

600W/-50V<br />

500W/-25V<br />

0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0<br />

(a) (b)<br />

Figura 5.2 - (a) Variação da tensão residual com a polarização do substrato. (b) Relação entre as tensões<br />

residuais biaxiais e a <strong>de</strong>formação da re<strong>de</strong> cristalina (CrN).<br />

Na amostra CrN-2, se compararmos os valores da tensão residual com os valores da<br />

tensão térmica, e admitindo que este último valor está perto do valor real, o processo <strong>de</strong><br />

crescimento originaria por si só tensões intrínsecas <strong>de</strong> tracção.<br />

σ [GPa]<br />

8<br />

6<br />

4<br />

2<br />

0<br />

-2<br />

-4<br />

-6<br />

-8<br />

σ 11 + σ 22 [GPa]<br />

140 160 180 200 220 240 260 280 300 320 340 360<br />

0<br />

-2<br />

-4<br />

-6<br />

-8<br />

-10<br />

-12<br />

-14<br />

-16<br />

σ ext<br />

σ R (300 W/ 0 V) σ int (300 W/ 0 V)<br />

σ R (500 W/-50 V) σ int (500 W/-50 V)<br />

σ R (600 W/-50 V) σ int (600 W/-50 V)<br />

σ R (500 W/-25 V) σ int (500 W/-25 V)<br />

T<strong>em</strong>peratura [ºC]<br />

ε [%]<br />

99


Proprieda<strong>de</strong>s Mecânicas e Tribológicas <strong>dos</strong> Revestimentos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

A variação da tensão residual <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> com a t<strong>em</strong>peratura e a polarização do<br />

substrato relacionam-se com a variação da <strong>de</strong>formação entre os planos cristalinos com os<br />

mesmos parâmetros <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição (fig. 5.2(b)).<br />

5.1.2 – Revestimentos Multicamada<br />

O cálculo das tensões residuais pelo método da curvatura do substrato, nos<br />

<strong>revestimentos</strong> multicamada, não permite apresentar com gran<strong>de</strong> precisão os valores da tensão<br />

residual, tal como se referiu na secção 4.3.4.3. Este facto po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ver-se a baixas tensões<br />

residuais, que a resolução do método usado não permite calcular com uma precisão a<strong>de</strong>quada.<br />

Acreditamos que os valores das tensões residuais sejam significativamente mais<br />

baixos, quando compara<strong>dos</strong> com os valores obti<strong>dos</strong> para os <strong>revestimentos</strong> simples <strong>de</strong> nitreto<br />

<strong>de</strong> crómio. A introdução <strong>de</strong> camadas metálicas alternando com as camadas cerâmicas po<strong>de</strong><br />

aumentar a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação plástica do revestimento, relaxar as tensões, reduzir a<br />

porosida<strong>de</strong> e principalmente impedir a propagação <strong>de</strong> poros <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a superfície até à interface<br />

revestimento/substrato [22].<br />

Tabela 5. 2 – Tensões térmicas (σext) <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> multicamada tendo <strong>em</strong> conta os valores tabela<strong>dos</strong> das<br />

proprieda<strong>de</strong>s mecânicas do CrN e do Ti.<br />

Amostra σext (S/C) [GPa] σext (S/Ti) [GPa] σext (Ti/CrN) [GPa]<br />

TiCrN-12 -0.5 -0.2 [ –0.2, –0.3]<br />

TiCrN-13 -0.4 -0.2 [ –0.2, –0.3]<br />

TiCrN-14 -0.4 -0.2 [ –0.2, –0.3]<br />

TiCrN-16 -0.4 -0.1 [ –0.2, –0.3]<br />

TiCrN-17 -0.4 -0.1 [ –0.2, –0.3]<br />

TiCrN-18 -0.6 -0.2 [ –0.2, –0.3]<br />

TiCrN-20 -0.7 -0.2 [ –0.2, –0.3]<br />

TiCrN-19 -0.6 -0.2 [ –0.2, –0.3]<br />

A introdução das camadas metálicas alternando com as camadas <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio,<br />

sendo a primeira camada s<strong>em</strong>pre <strong>de</strong> titânio, permite que as tensões térmicas sejam menores<br />

que nos <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio. Na tabela 5.2 apresentam-se os valores das<br />

tensões térmicas calculadas ou estimadas. A tabela está organizada do seguinte modo: na<br />

coluna (σext (S/C)) apresentam-se os resulta<strong>dos</strong> admitindo o revestimento como um todo <strong>em</strong><br />

que o módulo <strong>de</strong> Young correspon<strong>de</strong> ao obtido por in<strong>de</strong>ntação, a razão <strong>de</strong> Poisson é a média<br />

<strong>dos</strong> valores para o CrN e Ti (νTi = 0.3 [13]) obti<strong>dos</strong> da literatura e o coeficiente <strong>de</strong> expansão<br />

linear é a média do CrN e do Ti (αTi = 8.4×10 -6 K -1 [13]); na coluna (σext (S/Ti))<br />

apresentam-se os resulta<strong>dos</strong> das tensões térmicas entre o substrato e o titânio, utilizando para<br />

o titânio valores do módulo <strong>de</strong> Young e do coeficiente <strong>de</strong> expansão térmica publica<strong>dos</strong><br />

100


Proprieda<strong>de</strong>s Mecânicas e Tribológicas <strong>dos</strong> Revestimentos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

(ETi = 111 GPa [13]); na coluna (σext (Ti/CrN)) apresentam-se os resulta<strong>dos</strong> das tensões<br />

térmicas entre as camadas <strong>de</strong> Ti e <strong>de</strong> CrN, consi<strong>de</strong>rando os valores da literatura do módulo <strong>de</strong><br />

Young e do coeficiente <strong>de</strong> expansão linear para ambos os materiais e para a razão <strong>de</strong> Poisson<br />

os dois valores extr<strong>em</strong>os encontra<strong>dos</strong> na literatura, razão pela qual os resulta<strong>dos</strong> são<br />

apresenta<strong>dos</strong> num intervalo.<br />

O facto <strong>de</strong> o coeficiente <strong>de</strong> expansão linear do Ti ser maior que o <strong>de</strong> CrN, mas menor<br />

que o do substrato, permite que a variação <strong>de</strong>stas tensões extrínsecas não sejam tão violenta<br />

na interface substrato/revestimento como nos <strong>revestimentos</strong> simples.<br />

5.2 – Módulo <strong>de</strong> Young<br />

Para a maior parte <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> produzi<strong>dos</strong>, o módulo <strong>de</strong> Young foi <strong>de</strong>terminado<br />

<strong>de</strong> três mo<strong>dos</strong> distintos:<br />

- por nanoin<strong>de</strong>ntação, com profundida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> penetração <strong>de</strong> 100, 200 e 300 nm,<br />

sendo esta técnica também utilizada para medir a dureza <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> (ver<br />

secção 5.3);<br />

- a partir do <strong>de</strong>slocamentos <strong>dos</strong> picos referentes aos planos (111) do CrN e das<br />

tensões residuais biaxiais <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> (EEf), utilizando a expressão [23]:<br />

( 11 22 ) σ σ<br />

υ<br />

E Ef = − +<br />

(5. 12)<br />

ε<br />

- para algumas amostras utilizando ondas acústicas <strong>de</strong> superfície (ESAW);<br />

A elasticida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um revestimento <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> obviamente da sua morfologia. Os<br />

resulta<strong>dos</strong> apresenta<strong>dos</strong> nas tabelas 5.3 e 5.4 parec<strong>em</strong> mostrar que o módulo <strong>de</strong> Young <strong>de</strong> um<br />

revestimento com estrutura colunar <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da posição <strong>em</strong> que a medida é feita, mas também<br />

da direcção <strong>em</strong> que se efectua essa medida. Por in<strong>de</strong>ntação po<strong>de</strong>m encontrar-se por vezes<br />

valores maiores que 400 GPa na direcção <strong>de</strong> crescimento das colunas (perpendicular à<br />

superfície). Para cargas pequenas este medida é influenciada pela proximida<strong>de</strong> da ponta do<br />

in<strong>de</strong>ntador com o centro <strong>de</strong> uma coluna.<br />

101


Proprieda<strong>de</strong>s Mecânicas e Tribológicas <strong>dos</strong> Revestimentos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

Na figura 5.3 representam-se os valores do módulo <strong>de</strong> Young <strong>em</strong> função da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong><br />

<strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong>. Nesta figura apresentam-se também os valores mais altos do módulo <strong>de</strong><br />

elasticida<strong>de</strong> <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> (Emax) medi<strong>dos</strong> com profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> in<strong>de</strong>ntação <strong>de</strong> 100 nm.<br />

Para medidas individuais obtiveram-se valores acima <strong>dos</strong> 400 GPa. Contudo quando se faz<br />

uma média das 30 medidas <strong>em</strong> diferentes posições com in<strong>de</strong>ntações <strong>de</strong> 100, 200 e 300 nm,<br />

obtêm-se valores significativamente mais baixos, à volta <strong>dos</strong> 290 GPa, <strong>em</strong> que o <strong>de</strong>svio<br />

padrão médio é cerca <strong>de</strong> 13%. Na literatura encontram-se valores <strong>de</strong> módulo <strong>de</strong> Young do<br />

CrN entre 330 GPa [13] e 400 GPa [14].<br />

Tabela 5. 3 – Resulta<strong>dos</strong> das medidas <strong>de</strong> Módulo <strong>de</strong> Young para os <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio: por<br />

nanoin<strong>de</strong>ntação (EM – valores médios com in<strong>de</strong>ntações entre 100 e 300 nm) e (Emax – valores máximos com<br />

in<strong>de</strong>ntações <strong>de</strong> 100 nm; assinalam-se também os casos <strong>em</strong> que os valores máximos foram obti<strong>dos</strong> com outras<br />

profundida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> in<strong>de</strong>ntação (* - 50 nm; † - 200 nm; ‡ - 300 nm)), por ondas acústicas <strong>de</strong> superfície (ESAW) e a<br />

partir <strong>dos</strong> padrões <strong>de</strong> XRD e medidas <strong>de</strong> tensões residuais (EEf).<br />

Amostra EM ± σEM<br />

[GPa]<br />

E max<br />

[GPa]<br />

E SAW<br />

[GPa]<br />

E Ef.<br />

[GPa]<br />

Substrato 235 ± 35 418 196 ----<br />

CrN-2 283 ± 28 398/423* 126 208<br />

CrN-8 298 ± 65 410/432* 112 117<br />

CrN-12 304 ± 40 396 ---- 93<br />

CrN-13 290 ± 40 363/445* ---- 101<br />

CrN-14 301 ± 26 345/576* 158 87<br />

CrN-15 261 ± 46 331 92 291<br />

CrN-16 302 ± 38 379 123 150<br />

CrN-16 (grânulos) 313 ± 41 413 ---- ----<br />

CrN-17 283 ± 19 329 49.5 154<br />

CrN-18 266 ± 22 309 ---- 287<br />

CrN-19 292 ± 38 396 84.5 80<br />

CrN-20 271 ± 26 325 ---- 202<br />

CrN-21 222 ± 19 265 ---- 136<br />

CrN-22 253 ± 32 333 ---- 126<br />

CrN-23 (z. baça) 126 ± 29 147 ---- 407<br />

CrN-23 (z. brilhante) 367 ± 66 536 131 407<br />

CrN-24 292 ± 59 361 ---- 157<br />

CrN-25 204 ± 51 321 ---- 383<br />

G/CrN-2 261 ± 19 289 ---- ----<br />

G/CrN-6 315 ± 23 386 92 132<br />

G/CrN-7 331 ± 38 411 ---- ----<br />

G/CrN-8 383 ± 53 506 ---- ----<br />

Enquanto o módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong> obtido por in<strong>de</strong>ntação aumenta ligeiramente com o<br />

aumento da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong>, o módulo <strong>de</strong> Young paralelo à superfície diminui<br />

com o aumento <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>. Esta verificação parece indicar que na direcção paralela à<br />

superfície, o módulo <strong>de</strong> Young po<strong>de</strong> ser muito afectado pela existência <strong>de</strong> vazios ou <strong>de</strong><br />

material amorfo. O módulo <strong>de</strong> Young po<strong>de</strong> diferir muito <strong>dos</strong> valores encontra<strong>dos</strong> por<br />

in<strong>de</strong>ntação.<br />

102


Proprieda<strong>de</strong>s Mecânicas e Tribológicas <strong>dos</strong> Revestimentos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

Po<strong>de</strong> encontrar-se porosida<strong>de</strong> aberta ou fechada <strong>em</strong> <strong>revestimentos</strong> com maior<br />

<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> e mais baixo módulo <strong>de</strong> Young efectivo. Revestimentos com <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> mais baixa<br />

e módulo <strong>de</strong> Young efectivo mais elevado não apresentaram necessariamente porosida<strong>de</strong><br />

aberta [21].<br />

E [GPa]<br />

500<br />

400<br />

300<br />

200<br />

100<br />

E M<br />

E Max<br />

E SAW<br />

E Ef<br />

0<br />

3.4 3.6 3.8 4.0 4.2 4.4 4.6 4.8 5.0 5.2<br />

ρ [10 3 kg/m 3 ]<br />

(a) (b)<br />

Figura 5.3 - (a) Variação do módulo <strong>de</strong> Young com a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong>. (b) Relação entre o módulo<br />

<strong>de</strong> Young efectivo e o tamanho do grão.<br />

Tabela 5. 4 – Resulta<strong>dos</strong> das medidas <strong>de</strong> módulo <strong>de</strong> Young para os <strong>revestimentos</strong> multicamada por<br />

nanoin<strong>de</strong>ntação (EM – valores médios com in<strong>de</strong>ntações entre 100 e 300 nm), (Emax – valores máximos com<br />

in<strong>de</strong>ntações entre 100 nm; assinalam-se também os casos <strong>em</strong> que os valores máximos foram obti<strong>dos</strong> com outras<br />

profundida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> in<strong>de</strong>ntação († - 200 nm; ‡ - 300 nm), ondas acústicas <strong>de</strong> superfície (ESAW) e a partir <strong>dos</strong><br />

padrões <strong>de</strong> XRD e medidas <strong>de</strong> tensões residuais (EEf). Apresentam-se também os resulta<strong>dos</strong> obti<strong>dos</strong> para os<br />

<strong>revestimentos</strong> simples <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio e titânio <strong>de</strong>posita<strong>dos</strong> nas condições <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> multicamada<br />

da mesma série.<br />

Amostra EM ± σEM<br />

[GPa]<br />

Emax<br />

[GPa]<br />

ESAW<br />

[GPa]<br />

Substrato 235 ± 35 418 196<br />

Ti-3 136 ± 16 154/159† ----<br />

G/CrN-2 261 ± 19 289 ----<br />

TiCrN-12 201 ± 22 207/298‡ 164<br />

TiCrN-13 177 ± 16 198/202‡ 68.4<br />

TiCrN-14 177 ± 29 241/333‡ 55.1<br />

Ti-4 165 ± 23 230 ----<br />

G/CrN-6 315 ± 23 386 92<br />

TiCrN-16 234 ± 15 248/267‡ 140.1<br />

TiCrN-17 233 ± 17 238/276‡ 64.6<br />

Ti-5 ---- ---- ----<br />

G/CrN-7 331 ± 38 411 ----<br />

TiCrN-18 212 ± 17 232/232‡ ----<br />

TiCrN-20 250 ± 16 282 ----<br />

Ti-6 ---- ---- ----<br />

G/CrN-8 383 ± 53 506 ----<br />

TiCrN-19 215 ± 21 262 ----<br />

E Ef [GPa]<br />

350<br />

300<br />

250<br />

200<br />

150<br />

100<br />

50<br />

40 60 80 100 120 140 160 180 200 220<br />

D [A]<br />

103


Proprieda<strong>de</strong>s Mecânicas e Tribológicas <strong>dos</strong> Revestimentos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

Os cristais <strong>de</strong> CrN presentes nos <strong>revestimentos</strong> estão <strong>de</strong>forma<strong>dos</strong> <strong>em</strong> consequência do<br />

processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição. Esta <strong>de</strong>formação é inerente ao processo <strong>de</strong> crescimento <strong>dos</strong> filmes,<br />

que inclui incorporação <strong>de</strong> impurezas e bombar<strong>de</strong>amento <strong>de</strong> iões. Esta <strong>de</strong>formação <strong>dos</strong><br />

cristais influencia a <strong>de</strong>formação do substrato, contribuindo para a <strong>de</strong>flexão parabólica<br />

observada após o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição. Esta <strong>de</strong>formação permitiu o cálculo das tensões<br />

residuais (secção 5.1), e está relacionado com o módulo <strong>de</strong> Young efectivo (EEf), paralelo à<br />

superfície. Devido à existência <strong>de</strong> vazios na estrutura do revestimento, este módulo <strong>de</strong> Young<br />

efectivo é normalmente bastante menor que o módulo <strong>de</strong> Young perpendicular à superfície<br />

calculado por in<strong>de</strong>ntação (ver figura 5.3(a)). O módulo <strong>de</strong> Young efectivo obtido a partir da<br />

expressão 5.1 não correspon<strong>de</strong> a um módulo <strong>de</strong> Young calculado a partir da <strong>de</strong>formação e da<br />

microtensão, uma vez que o material é heterogéneo (colunas, zonas <strong>de</strong> menor <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> entre<br />

as colunas, vazios) e a tensão é uma tensão efectiva e não local.<br />

É interessante verificar que o modulo <strong>de</strong> Young efectivo <strong>de</strong>cresce com o aumento da<br />

<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> e, <strong>de</strong> um modo mais específico, com o aumento do tamanho <strong>dos</strong><br />

cristais, como se po<strong>de</strong> ver pela figura 5.3(b). A melhor organização <strong>dos</strong> átomos <strong>em</strong> cristais <strong>de</strong><br />

maior tamanho, obtida com uma taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição constante, permitiu obter <strong>revestimentos</strong><br />

com uma maior <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>. Contudo, nestes casos, o espaço entre as colunas po<strong>de</strong> ser<br />

dominado por vazios e não por material menos organizado (amorfo). Estes vazios faz<strong>em</strong><br />

<strong>de</strong>crescer o módulo <strong>de</strong> Young <strong>de</strong> um modo mais eficaz que o material <strong>de</strong>sorganizado [20]. A<br />

medida do módulo <strong>de</strong> Young por ondas acústicas <strong>de</strong> superfície é dominada por estes vazios.<br />

Os resulta<strong>dos</strong> obti<strong>dos</strong> por esta técnica mais do que valores absolutos do módulo <strong>de</strong> Young<br />

confirmam a existência <strong>dos</strong> vazios e do baixo módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong> nas direcções paralelas à<br />

superfície do revestimento [21].<br />

Como já foi referido no capítulo 3, as amostras <strong>de</strong>positadas s<strong>em</strong> polarização <strong>de</strong><br />

substrato (CrN-2, CrN-18 e CrN-23) mostraram heterogeneida<strong>de</strong>s no seu aspecto após o<br />

processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição, aparecendo zonas brilhantes, como nos <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong>posita<strong>dos</strong><br />

noutras condições, e zonas baças. O caso do revestimento CrN-23 é interessante. Foi possível<br />

efectuar medidas por in<strong>de</strong>ntação <strong>em</strong> cada uma <strong>de</strong>ssas zonas. Verificou-se que a zona brilhante<br />

mostrou elevado módulo <strong>de</strong> Young e na zona baça esta proprieda<strong>de</strong> tinha um valor menor que<br />

meta<strong>de</strong> do valor na zona brilhante. Por outro lado sendo uma amostra <strong>em</strong> que a <strong>de</strong>formação<br />

entre os planos cristalinos era menor e as tensões residuais mais baixas, o módulo <strong>de</strong> Young<br />

efectivo apresenta valores eleva<strong>dos</strong> e o resultado obtido por ondas acústicas <strong>de</strong> superfície,<br />

medido numa zona brilhante, é também um <strong>dos</strong> mais eleva<strong>dos</strong>. Relativamente a outras<br />

amostras produzidas s<strong>em</strong> polarização <strong>de</strong> substrato, a CrN-2, com medidas <strong>de</strong> in<strong>de</strong>ntação<br />

104


Proprieda<strong>de</strong>s Mecânicas e Tribológicas <strong>dos</strong> Revestimentos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

efectuadas <strong>em</strong> zona brilhante mostrou valores médios <strong>de</strong> módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong> (EM) <strong>de</strong>ntro<br />

da média <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio, mas o valor máximo (EMax) está acima da<br />

média. Os resulta<strong>dos</strong> obti<strong>dos</strong> por ondas acústicas <strong>de</strong> superfície, feitos <strong>em</strong> zonas brilhantes, são<br />

acima da média. A amostra CrN-18 com medidas efectuadas <strong>em</strong> zonas baças, apresenta um<br />

<strong>dos</strong> cinco valores mais baixos na medida por in<strong>de</strong>ntação e o valor mais baixo, nas medida por<br />

ondas acústicas <strong>de</strong> superfície. Estas verificações mostram que as zonas baças apresentam<br />

valores mais baixos <strong>de</strong> módulo <strong>de</strong> Young nas direcções medidas, com as zonas brilhantes a<br />

apresentar<strong>em</strong> valores eleva<strong>dos</strong> ou significativamente mais eleva<strong>dos</strong>. Esta constatação po<strong>de</strong><br />

também querer dizer que algumas heterogeneida<strong>de</strong>s encontradas entre os valores do módulo<br />

<strong>de</strong> Young medi<strong>dos</strong> <strong>em</strong> direcções diferentes po<strong>de</strong>m indicar pequenas zonas <strong>de</strong> morfologia<br />

s<strong>em</strong>elhante à das zonas baças, apesar <strong>de</strong> não <strong>de</strong>tectáveis com tanta facilida<strong>de</strong>. Essas zonas, <strong>de</strong><br />

menor <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>, apresentando provavelmente vazios, po<strong>de</strong>m fazer atenuar fort<strong>em</strong>ente as<br />

ondas <strong>de</strong> superfície e como resultado obter baixos valores <strong>de</strong> ESAW.<br />

Na amostra CrN-16, que apresenta gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> grânulos na superfície foi<br />

medido o módulo <strong>de</strong> Young, por in<strong>de</strong>ntação, nos grânulos observáveis na superfície. O<br />

módulo <strong>de</strong> Young é um pouco maior, mas não <strong>de</strong> modo significativo, do que aquele que foi<br />

<strong>de</strong>terminado para o revestimento base (ver tabela 5.2). O facto <strong>de</strong> o módulo <strong>de</strong> Young ser um<br />

pouco mais elevado po<strong>de</strong> querer dizer que os grânulos são mais ricos <strong>em</strong> cristais e que esses<br />

cristais po<strong>de</strong>rão ter uma taxa <strong>de</strong> crescimento mais elevada que aqueles que aparec<strong>em</strong><br />

preferencialmente no revestimento base [25]. No capítulo 4 já foi referido que a composição<br />

<strong>dos</strong> <strong>de</strong>feitos é idêntica à composição do revestimento base [25].<br />

A <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>feitos observada na superfície <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> está relacionada<br />

com a <strong>de</strong>formação (ε) nos cristais e com o módulo <strong>de</strong> Young efectivo (ver figura 5.4). Apesar<br />

da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> da<strong>dos</strong> experimentais não ser muito elevada po<strong>de</strong>-se inferir que há uma<br />

influência da tensão no aparecimento <strong>de</strong> cristais com diferente taxa <strong>de</strong> crescimento e uma<br />

relaxação da tensão <strong>de</strong>vida ao aparecimento <strong>de</strong>sses cristais [21,25]. Como a aplicação <strong>de</strong><br />

polarização no substrato durante a <strong>de</strong>posição provoca o aparecimento <strong>de</strong> novas orientações,<br />

não é possível correlacionar os grânulos observáveis por microscopia óptica com o<br />

aparecimento <strong>de</strong> cristais com uma <strong>de</strong>terminada direcção <strong>de</strong> crescimento [21].<br />

Os <strong>revestimentos</strong> multicamada apresentam forçosamente valores <strong>de</strong> módulo <strong>de</strong> Young<br />

inferiores aos <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio. O titânio, com módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong><br />

menor, faz diminuir o módulo <strong>de</strong> Young do compósito.<br />

105


Proprieda<strong>de</strong>s Mecânicas e Tribológicas <strong>dos</strong> Revestimentos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

Figura 5.4 - Gráfico tridimensional evi<strong>de</strong>nciando a percentag<strong>em</strong> <strong>dos</strong> <strong>de</strong>feitos observa<strong>dos</strong> nos <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong><br />

nitreto <strong>de</strong> crómio, relaciona<strong>dos</strong> com a <strong>de</strong>formação cristalina nos grãos e com o módulo <strong>de</strong> Young efectivo.<br />

As diferenças entre os resulta<strong>dos</strong> obti<strong>dos</strong> pelas diferentes técnicas é s<strong>em</strong>elhante àqueles que se<br />

obtiveram para os <strong>revestimentos</strong> simples <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio.<br />

5.3 – Dureza<br />

Área <strong>dos</strong> <strong>de</strong>feitos [%]<br />

8<br />

6<br />

4<br />

2<br />

0<br />

0<br />

1<br />

ε [%]<br />

5.3.1 – Revestimentos monolíticos <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio<br />

2<br />

3<br />

A dureza <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio foi medida por nanoin<strong>de</strong>ntação, tal<br />

como se <strong>de</strong>screve na secção 1.4.3. A técnica utilizada permitiu medir simultaneamente a<br />

dureza e o módulo <strong>de</strong> Young (secção 5.2) na direcção perpendicular à superfície das amostras.<br />

Os resulta<strong>dos</strong> apresenta<strong>dos</strong> na tabela 5.5 são os valores médios <strong>dos</strong> resulta<strong>dos</strong> <strong>de</strong> dureza<br />

obti<strong>dos</strong> por in<strong>de</strong>ntações <strong>de</strong> 100 nm, 200 nm e 300 nm. Algumas amostras também sofreram<br />

in<strong>de</strong>ntações <strong>de</strong> 50 nm e uma <strong>de</strong>las <strong>de</strong> 500 nm. Em média foram efectuadas 10 in<strong>de</strong>ntações<br />

para cada uma daquelas profundida<strong>de</strong>s. A figura 5.5(a) mostra para cada amostra a dureza<br />

média para cada profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> penetração do in<strong>de</strong>ntador.<br />

100<br />

200<br />

300<br />

400<br />

E Ef [GPa]<br />

106


Dureza [GPa]<br />

Proprieda<strong>de</strong>s Mecânicas e Tribológicas <strong>dos</strong> Revestimentos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

35<br />

30<br />

25<br />

20<br />

15<br />

10<br />

5<br />

0<br />

100 nm<br />

200 nm<br />

300 nm<br />

50 nm<br />

500 nm<br />

CrN-23 (baça)<br />

CrN-25<br />

G/CrN-2<br />

CrN-15<br />

G/CrN-6<br />

CrN-21<br />

CrN-22<br />

G/CrN-7<br />

CrN-2<br />

CrN-14<br />

CrN-18<br />

CrN-20<br />

CrN-16<br />

CrN-13<br />

CrN-12<br />

CrN-24<br />

CrN-19<br />

CrN-17<br />

CrN-23 (brilh.)<br />

CrN-8<br />

G/CrN-8<br />

CrN-23 (baça)<br />

CrN-25<br />

G/CrN-2<br />

CrN-15<br />

G/CrN-6<br />

CrN-21<br />

CrN-22<br />

G/CrN-7<br />

CrN-18<br />

CrN-2<br />

CrN-14<br />

CrN-20<br />

CrN-13<br />

CrN-16<br />

CrN-12<br />

CrN-24<br />

CrN-19<br />

CrN-17<br />

CrN-23 (brilh.)<br />

CrN-8<br />

G/CrN-8<br />

(a) (b)<br />

Figura 5.5 - (a) Dureza média <strong>de</strong> cada amostra para cada profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> in<strong>de</strong>ntação. (b) Dureza máxima e<br />

dureza média <strong>de</strong> cada amostra.<br />

Po<strong>de</strong> observar-se que, <strong>de</strong> um modo geral, a dureza diminui para in<strong>de</strong>ntações mais<br />

profundas. Este facto <strong>de</strong>ve-se à influência do substrato, que é mais macio do que os<br />

<strong>revestimentos</strong>. Na tabela 5.5, a coluna “Dureza máxima” mostra o valor máximo <strong>de</strong> dureza<br />

obtido com uma medida para uma profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> in<strong>de</strong>ntação <strong>de</strong> 100 nm. Em quase to<strong>dos</strong> os<br />

casos, o valor mais elevado <strong>de</strong> dureza foi obtido com in<strong>de</strong>ntações <strong>de</strong> 100 nm, exceptuando as<br />

amostras CrN-13 e CrN-14, <strong>em</strong> que o máximo valor foi obtido com in<strong>de</strong>ntações <strong>de</strong> 50 nm e as<br />

amostras CrN-23, <strong>em</strong> zona mate, e G/CrN-6 <strong>em</strong> que o máximo valor obtido foi com<br />

in<strong>de</strong>ntações <strong>de</strong> 300 nm. No caso da amostra CrN-23 enten<strong>de</strong>-se aquela variação porque o<br />

substrato é <strong>em</strong> média mais duro que a zona mate do revestimento, <strong>de</strong> modo que a influência<br />

do substrato, acontece <strong>em</strong> sentido inverso. Na figura 5.5(b) po<strong>de</strong> ver-se que os valores<br />

máximos <strong>de</strong> dureza são <strong>em</strong> média 39% superiores ao valor <strong>de</strong> dureza <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong>, se<br />

usarmos somente os valores máximos obti<strong>dos</strong> com profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> penetração <strong>de</strong> 100 nm.<br />

As diferenças entre os valores máximos <strong>de</strong> dureza e dureza média são s<strong>em</strong>elhantes aos<br />

que obtiv<strong>em</strong>os para o módulo <strong>de</strong> Young nas medidas por in<strong>de</strong>ntação.<br />

Ao relacionar a dureza <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> com a variação das condições <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição,<br />

nomeadamente <strong>em</strong> relação à t<strong>em</strong>peratura, verifica-se que há uma diminuição da dureza com o<br />

aumento <strong>de</strong> t<strong>em</strong>peratura (ver figura 5.6(a)).<br />

Relativamente ao parâmetro polarização do substrato verifica-se que, <strong>de</strong> um modo<br />

geral, a dureza das amostras produzidas aumentou com o aumento da polarização negativa do<br />

substrato. No entanto uma polarização <strong>de</strong> -50 V constitui o valor limite para que o aumento da<br />

Dureza [GPa]<br />

50<br />

45<br />

40<br />

35<br />

30<br />

25<br />

20<br />

15<br />

10<br />

5<br />

0<br />

dureza média<br />

dureza máxima<br />

107


Proprieda<strong>de</strong>s Mecânicas e Tribológicas <strong>dos</strong> Revestimentos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

dureza aconteça (ver figura 5.6(b)). Se compararmos a variação da dureza com a polarização,<br />

expressa nesta figura, com a variação da <strong>de</strong>formação e da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> com o bombar<strong>de</strong>amento<br />

iónico (figuras 4.1(b), e 4.26(b), verificamos que a <strong>de</strong>formação (ε), <strong>de</strong> um modo nítido e a<br />

tensão residual <strong>de</strong> compressão (σR), <strong>de</strong> um modo não tão evi<strong>de</strong>nte, ating<strong>em</strong> um máximo para<br />

esse valor <strong>de</strong> polarização. A <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> também aumenta com a<br />

polarização, mas a partir <strong>de</strong> -50 V esse aumento é mais lento.<br />

Um aspecto importante neste estudo é o <strong>de</strong> os filmes po<strong>de</strong>r<strong>em</strong> apresentar<br />

heterogeneida<strong>de</strong>s significativas <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> dureza, quando a polarização é nula,<br />

correspon<strong>de</strong>ndo as diferenças às zonas brilhantes ou baças das amostras.<br />

A dureza <strong>dos</strong> grânulos que aparec<strong>em</strong> à superfície <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> foi também<br />

medida para amostras CrN-16 (ver tabela 5.5). A dureza é maior, tal como o módulo <strong>de</strong><br />

Young (secção 5.3). O valor máximo da in<strong>de</strong>ntação é também um pouco maior, o que parece<br />

confirmar que provavelmente os grânulos são mais ricos <strong>em</strong> cristais que o revestimento base.<br />

Tabela 5. 5 – Dureza das amostras revestidas com nitreto <strong>de</strong> crómio obtidas com a média <strong>de</strong> in<strong>de</strong>ntações <strong>de</strong> 100,<br />

200 e 300 nm. A dureza máxima correspon<strong>de</strong> ao valor máximo obtido para uma medida individuais com uma<br />

profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> in<strong>de</strong>ntação <strong>de</strong> 100 nm (<strong>em</strong> alguns casos obtiveram-se valores superiores com outras<br />

profundida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> in<strong>de</strong>ntação: * - 50 nm; † - 200 nm; ‡ - 300 nm).<br />

Amostra Dureza [GPa] Dureza máxima<br />

[GPa]<br />

Substrato 4.6 ± 1.5 9.2<br />

CrN-2 22.5 ± 3.8 34.6<br />

CrN-8 28.6 ± 7.7 46.9<br />

CrN-12 25.4 ± 4.2 36.4<br />

CrN-13 25.4 ± 5.7 33.0/45.4*<br />

CrN-14 25.2 ± 6.1 31.7/51.4*<br />

CrN-15 19.2 ± 4.8 27.6<br />

CrN-16 24.8 ± 4.0 33.2<br />

CrN-16 (grânulos) 26.4 ± 4.6 37.8<br />

CrN-17 26.5 ± 3.1 33.9<br />

CrN-18 22.8 ± 3.3 29.6<br />

CrN-19 26.9 ± 5.6 40.9<br />

CrN-20 23.6 ± 2.9 29.9<br />

CrN-21 21.3 ± 2.6 27.1<br />

CrN-22 21.8 ± 3.7 28.1<br />

CrN-23 (z. baça) 4.0 ± 1.0 5.1/5.85‡<br />

CrN-23 (z. brilhante) 27.8 ± 5.8 40.0<br />

CrN-24 25.7 ± 5.8 34.4<br />

CrN-25 12.3 ± 4.8 25.2<br />

G/CrN-2 19.3 ± 2.1 22.7<br />

G/CrN-6 21.2 ± 1.6 24.5/25.1‡<br />

G/CrN-7 22.6 ± 3.6 27.0/29.2†<br />

G/CrN-8 30.4 ± 5.3 43.3<br />

108


Dureza [GPa]<br />

Proprieda<strong>de</strong>s Mecânicas e Tribológicas <strong>dos</strong> Revestimentos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

32<br />

30<br />

28<br />

26<br />

24<br />

22<br />

20<br />

18<br />

16<br />

14<br />

12<br />

10<br />

8<br />

500 W/0 V<br />

500 W/-25 V<br />

500 W/-50 V<br />

500 W/-75 V<br />

600 W/-50 V<br />

Valores médios<br />

150 200 250 300 350<br />

T<strong>em</strong>peratura [ºC]<br />

(a) (b)<br />

Figura 5.6 - (a) Variação da dureza com a t<strong>em</strong>peratura <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição. (b) Variação da dureza com a polarização<br />

do substrato.<br />

5.3.2 – Revestimentos Multicamada<br />

Sendo os <strong>revestimentos</strong> multicamada forma<strong>dos</strong> por camadas alternadas <strong>de</strong> titânio e<br />

nitreto <strong>de</strong> crómio, mediu-se a dureza <strong>de</strong> <strong>revestimentos</strong> simples <strong>de</strong> cada um <strong>dos</strong> componentes<br />

<strong>de</strong>posita<strong>dos</strong> nas mesmas condições. Os resulta<strong>dos</strong> estão expressos na tabela 5.6 e po<strong>de</strong>m<br />

visualizar-se na figura 5.7.<br />

Hardness [GPa]<br />

25<br />

20<br />

15<br />

10<br />

5<br />

0<br />

G/CrN-2<br />

G/CrN-6<br />

G/CrN-7<br />

G/CrN-8<br />

Ti-3<br />

Ti-4<br />

Ti/CrN-12<br />

-80 -70 -60 -50 -40 -30 -20 -10 0 10<br />

Figura 5.7 – Dureza <strong>de</strong> <strong>revestimentos</strong> monolíticos e multicamada <strong>de</strong> séries DC.<br />

A dureza <strong>dos</strong> filmes multicamada correspon<strong>de</strong> aproximadamente à média das durezas<br />

<strong>dos</strong> dois tipos <strong>de</strong> camadas que as constitu<strong>em</strong>. Entre os <strong>revestimentos</strong> multicamada, os que<br />

Ti/CrN-13<br />

Dureza [GPa]<br />

Ti/CrN-14<br />

32<br />

28<br />

24<br />

20<br />

16<br />

12<br />

Revestimentos <strong>de</strong> Nitreto <strong>de</strong> Crómio (DC)<br />

Revestimentos <strong>de</strong> Titânio (DC)<br />

Revestimentos Multicamada (DC)<br />

8<br />

4<br />

0<br />

Ti/CrN-16<br />

Ti/CrN-17<br />

Ti/CrN-18<br />

500 W/300 ºC<br />

600 W/300 ºC<br />

500 W/350 ºC<br />

500 W/150 ºC<br />

Valores médios<br />

DC<br />

Ti/CrN-19<br />

Ti/CrN-20<br />

Polarização do substrato [V]<br />

109


Proprieda<strong>de</strong>s Mecânicas e Tribológicas <strong>dos</strong> Revestimentos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

apresentam maior dureza são, se exceptuarmos a amostra TiCrN-13, os que possu<strong>em</strong><br />

monocamadas mais finas.<br />

Tabela 5. 6 - Dureza das amostras obtidas com a média <strong>de</strong> in<strong>de</strong>ntações <strong>de</strong> 100, 200 e 300 nm. A dureza máxima<br />

correspon<strong>de</strong> ao valor máximo obtido para uma medida individuais com uma profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> in<strong>de</strong>ntação <strong>de</strong><br />

100 nm (<strong>em</strong> alguns casos obtiveram-se valores superiores com outras profundida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> in<strong>de</strong>ntação: * - 50 nm;<br />

† - 200 nm; ‡ - 300 nm).<br />

Amostra Dureza [GPa] Dureza máxima<br />

[GPa]<br />

Substrato 4.6 ± 1.5 9.2<br />

Ti-3 4.4 ± 0.6 5.3<br />

G/CrN-2 19.3 ± 2.1 22.7<br />

TiCrN-12 13.2 ± 1.4 15.4<br />

TiCrN-13 10.5 ± 1.4 13.5<br />

TiCrN-14 10.1 ± 1.3 12.4<br />

Ti-4 5.5 ± 1.1 8.9<br />

G/CrN-6 21.2 ± 1.6 24.5/25.1‡<br />

TiCrN-16 13.5 ± 0.9 14.5<br />

TiCrN-17 14.1 ± 0.5 15.1<br />

G/CrN-7 22.6 ± 3.6 27.0/29.2†<br />

TiCrN-18 12.0 ± 1.0 23.2<br />

TiCrN-20 15.7 ± 1.8 19.6<br />

G/CrN-8 30.4 ± 5.4 43.3<br />

TiCrN-19 12.4 ± 1.7 16.9<br />

5.4 – Desgaste<br />

5.4.1 – Medidas <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste<br />

Os ensaios <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste a algumas das amostras produzidas foram efectua<strong>dos</strong> usando o<br />

teste pino sobre disco (ver secção 1.4.4). Os ensaios foram efectua<strong>dos</strong> com uma carga <strong>de</strong> 5 N,<br />

com uma velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>slizamento <strong>de</strong> 0.5 m/s, com um pino <strong>de</strong> Nitreto <strong>de</strong> Silício (Si3N4),<br />

com uma área <strong>de</strong> contacto <strong>de</strong> 0.785 mm 2 . Os testes foram efectua<strong>dos</strong> à t<strong>em</strong>peratura ambiente<br />

e a 300 ºC, com uma humida<strong>de</strong> relativa entre 50 e 60%. Estes valores correspon<strong>de</strong>m a uma<br />

pressão <strong>de</strong> 6.4 MPa do pino sobre a amostra. O uso <strong>de</strong> um pino <strong>de</strong> Si3N4 <strong>de</strong>ve-se ao facto <strong>de</strong> o<br />

seu <strong>de</strong>sgaste ser significativamente menor do que o <strong>de</strong> um pino <strong>de</strong> aço. Para estes ensaios as<br />

amostras foram <strong>de</strong>posita<strong>dos</strong> <strong>em</strong> substratos <strong>de</strong> dimensão a<strong>de</strong>quada à montag<strong>em</strong> experimental,<br />

feitos <strong>de</strong> aço ligado (AISI O1).<br />

Foi estudado o <strong>de</strong>sgaste <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio da série RF que<br />

apresentaram boa resistência à corrosão, elevada dureza, elevado módulo <strong>de</strong> Young, elevada<br />

carga crítica no teste <strong>de</strong> in<strong>de</strong>ntação <strong>de</strong>slizante e elevada textura. Também foi medido o<br />

<strong>de</strong>sgaste <strong>de</strong> alguns <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> séries DC - monolíticos ou multicamada.<br />

110


Proprieda<strong>de</strong>s Mecânicas e Tribológicas <strong>dos</strong> Revestimentos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

Os resulta<strong>dos</strong> das medidas <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste, calcula<strong>dos</strong> a partir da expressão 1.24, estão<br />

expressos na tabela 5.7, mas <strong>em</strong> termos comparativos o gráfico da figura 5.8 evi<strong>de</strong>ncia as<br />

diferenças <strong>de</strong> comportamento encontradas.<br />

Tabela 5. 7 - Desgaste à t<strong>em</strong>peratura ambiente e a 300ºC calculado após as medidas <strong>de</strong> teste <strong>de</strong> pino sobre disco.<br />

Apresentam-se também as medidas <strong>de</strong> coeficiente <strong>de</strong> atrito obtidas durante o mesmo teste (n.m. - a duração do<br />

teste foi insuficiente para quantificar o coeficiente <strong>de</strong> atrito).<br />

Amostra Desgaste a T<br />

ambiente<br />

KTA [m 3 /N]<br />

Coef. <strong>de</strong><br />

atrito (T. A.)<br />

Desgaste a T=300<br />

ºC K300 [m 3 /N]<br />

Coef. <strong>de</strong> atrito<br />

(T = 300 ºC)<br />

K300/KTA<br />

CrN-8 7.7×10 -16 0.44 3.2×10 -14 0.76 41.6<br />

CrN-14 1.5×10 -15 0.91 3.7×10 -14 0.79 24.7<br />

CrN-15 9.9×10 -16 0.67 6.6×10 -15 0.72 6.7<br />

CrN-16 1.2×10 -15 0.77 5.5×10 -14 0.69 27.5<br />

CrN-23 1.6×10 -15 0.69 2.7×10 -14<br />

0.84 16.9<br />

G/CrN-6 1.5×10 -15 0.81 1.2×10 -14 0.99 8.0<br />

TiCrN-16 3.5×10 -12 0.54 1.2×10 -11 n. m. 3.4<br />

TiCrN-17 2.8×10 -12 n. m. 5.8×10 -11 n. m. 20.7<br />

TiCrN-18 1.1×10 -12 0.26* 1.7×10 -12 0.43* 1.5<br />

TiCrN-19 3.9×10 -12 n. m. 4.0×10 -12 n. m. 1.0<br />

TiCrN-20 6.5×10 -12 n. m. 2.6×10 -12 n. m. 0.4<br />

O menor <strong>de</strong>sgaste à t<strong>em</strong>peratura ambiente é obtido para as amostras com dureza e<br />

módulo <strong>de</strong> Young eleva<strong>dos</strong> (CrN-8 e CrN-14), mas qualquer <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong><br />

crómio apresenta <strong>de</strong>sgastes da mesma or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>za. A diferença encontrada não é<br />

muito significativa.<br />

Nos <strong>revestimentos</strong> multicamada o <strong>de</strong>sgaste é muito mais acentuado, sendo mais <strong>de</strong><br />

duas or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>za superior aos <strong>revestimentos</strong> simples <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio.<br />

A 300 ºC to<strong>dos</strong> os <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio apresentam um <strong>de</strong>sgaste uma<br />

or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>za superior. Este resultado mostra que mesmo a esta t<strong>em</strong>peratura, o <strong>de</strong>sgaste<br />

<strong>de</strong>stes <strong>revestimentos</strong> é menor que o <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> multicamada à t<strong>em</strong>peratura ambiente.<br />

O revestimento que apresentou menor <strong>de</strong>sgaste nestas condições foi aquele que apresentou<br />

maior valor <strong>de</strong> segunda carga crítica no teste <strong>de</strong> in<strong>de</strong>ntação <strong>de</strong>slizante (CrN-15). O <strong>de</strong>sgaste<br />

foi cerca <strong>de</strong> sete vezes superior se comparado com os resulta<strong>dos</strong> a t<strong>em</strong>peratura ambiente. O<br />

revestimento <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio da série DC (G/CrN-6), que tinha apresentado o segundo<br />

pior resultado à t<strong>em</strong>peratura ambiente, foi <strong>dos</strong> que menos piorou o seu comportamento (o<br />

<strong>de</strong>sgaste aumentou somente 8 vezes). No cômputo geral este revestimento é o que t<strong>em</strong> o<br />

segundo melhor comportamento no teste <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste a 300 ºC e foi o que piorou menos na<br />

transição <strong>de</strong> t<strong>em</strong>peratura ambiente para 300 ºC.<br />

111


Proprieda<strong>de</strong>s Mecânicas e Tribológicas <strong>dos</strong> Revestimentos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

K [m 2 /N]<br />

1E-10<br />

1E-11<br />

1E-12<br />

1E-13<br />

1E-14<br />

1E-15<br />

CrN-8<br />

CrN-14<br />

T<strong>em</strong>peratura ambiente<br />

300 ºC<br />

CrN-15<br />

CrN-16<br />

CrN-23<br />

Figura 5.8 – Resultado das medidas <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste efectuadas nos ensaios <strong>de</strong> pino sobre disco à t<strong>em</strong>peratura<br />

ambiente e a 300 ºC.<br />

Para os <strong>revestimentos</strong> multicamada, o <strong>de</strong>sgaste aumentou um pouco ou diminui <strong>em</strong><br />

dois casos, mas <strong>de</strong> um modo que não se po<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar significativo. Só o revestimento<br />

TiCrN-17 apresentou um <strong>de</strong>sgaste bastante superior (~18 vezes).<br />

Há resulta<strong>dos</strong> na literatura <strong>de</strong> testes <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste <strong>de</strong> pino sobre disco <strong>em</strong> vários tipos <strong>de</strong><br />

amostras. N<strong>em</strong> to<strong>dos</strong> utilizam o pino feito do mesmo material ou a mesma carga, ou a mesma<br />

velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>slizamento e, <strong>em</strong> alguns casos, o <strong>de</strong>slizamento não é efectuado <strong>em</strong> rotação da<br />

amostra mas <strong>em</strong> modo unidireccional. Apesar da comparação <strong>de</strong> resulta<strong>dos</strong> não po<strong>de</strong>r ser<br />

efectuada somente pelo valor do coeficiente <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste, apresentam-se na tabela 5.8 alguns<br />

resulta<strong>dos</strong> extraí<strong>dos</strong> <strong>de</strong> artigos, referindo as condições <strong>de</strong> ensaio mais relevantes.<br />

Tipicamente, o coeficiente <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste normalizado para <strong>revestimentos</strong> cerâmicos resistentes<br />

ao <strong>de</strong>sgaste situa-se na gama 10 -15 - 10 -13 m 2 /N [26], o que coloca to<strong>dos</strong> os <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong><br />

nitreto <strong>de</strong> crómio com um comportamento igual ou melhor que esse intervalo. Alguns<br />

<strong>revestimentos</strong> multicamada não consegu<strong>em</strong> situar-se <strong>de</strong>ntro daquela gama. Para comparação<br />

coloca-se também o resultado da amostra CrN-8.<br />

G/CrN-6<br />

TiCrN-16<br />

TiCrN-17<br />

TiCrN-18<br />

TiCrN-19<br />

TiCrN-20<br />

112


Proprieda<strong>de</strong>s Mecânicas e Tribológicas <strong>dos</strong> Revestimentos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

Tabela 5. 8 – Resulta<strong>dos</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste, obti<strong>dos</strong> da literatura, <strong>em</strong> ensaios <strong>de</strong> pino sobre disco a diversos<br />

<strong>revestimentos</strong>.<br />

Amostras Pino (material/) Carg RH T [ºC] v [m/s] K [m<br />

a [N] [%]<br />

2 /N]<br />

CrN-8 sobre aço O1 Si3N4<br />

Área 0.785 mm 2<br />

5 50 a 60 ~25 Rotação<br />

0.5<br />

7.7×10 -16<br />

Vidro/Ag [27] Esfera <strong>de</strong> Safira 0.05 / 32 21 Unidirecc.<br />

diâmetro 3.9 mm 0.10<br />

5×10 -4<br />

1.8×10 -13 /8.7×10 -13<br />

Vidro/ZnO/Ag [27] Esfera <strong>de</strong> Safira 0.05 / 32 21 Unidirecc.<br />

diâmetro 3.9 mm 0.10<br />

5×10 -4<br />

2.8×10 -13 /3.0×10 -13<br />

Aço rápido/CrTiN- Esfera <strong>de</strong> Alumina 5 45 ± 10 24 ± 1 Rotação<br />

“gradativo” [28]<br />

0.2<br />

Aço A2/CrN [29] WC (6% Co) 10 50 23 Rotação<br />

Diâmetro 20 mm<br />

0.1<br />

Aço A2/Cr2N [29] WC (6% Co) 10 50 23 Rotação<br />

Diâmetro 20 mm<br />

0.1<br />

Aço A2/Cr/CrN [29] WC (6% Co) 10 50 23 Rotação<br />

2 camadas Diâmetro 20 mm<br />

0.1<br />

Aço A2/Cr/CrN [29] WC (6% Co) 10 50 23 Rotação<br />

8 camadas Diâmetro 20 mm<br />

0.1<br />

Aço A2/Cr/Cr2N [29] WC (6% Co) 10 50 23 Rotação<br />

8 camadas Diâmetro 20 mm<br />

0.1<br />

Aço A2/Cr2N/CrN WC (6% Co) 10 50 23 Rotação<br />

[29]<br />

8 camadas<br />

Diâmetro 20 mm<br />

0.1<br />

Aço A2/Cr/CrN [29] WC (6% Co) 10 50 23 Rotação<br />

8 camadas esp. dif. Diâmetro 20 mm<br />

0.1<br />

Aço AISI 4340 [30] Stellite liga 6 19.6 - - Rotação<br />

1<br />

Aço AISI 4340 [30] Stellite liga 6 19.6 - - Rotação<br />

2<br />

Aço Aço Rápido(M50) 10 50 ± 10 23 ± 1 Rotação<br />

Rápido(M50)/TiN<br />

[35]<br />

diâmetro 9.525 mm<br />

0.1<br />

Aço<br />

Si3N4 10 50 ± 10 23 ± 1 Rotação<br />

Rápido(M50)/TiN<br />

[35]<br />

diâmetro 9.54 mm<br />

0.1<br />

5.4.2 – Coeficiente <strong>de</strong> atrito<br />

4.16×10 -16<br />

~1.0×10 -16<br />

~6.2×10 -16<br />

~2.5×10 -16<br />

~1.0×10 -15<br />

~1.7×10 -15<br />

~1.0×10 -16<br />

~1.0×10 -16<br />

~1.5×10 -14<br />

~1.0×10 -14<br />

1.11×10 -14<br />

8.17×10 -15<br />

Ao longo <strong>dos</strong> ensaios <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste foi também medido o coeficiente <strong>de</strong> atrito. À<br />

t<strong>em</strong>peratura ambiente, <strong>de</strong> um modo geral o <strong>de</strong>sgaste é maior quanto maior é o coeficiente <strong>de</strong><br />

atrito. Há a excepção do revestimento CrN-14 que t<strong>em</strong> um alto coeficiente <strong>de</strong> atrito e o<br />

<strong>de</strong>sgaste é pequeno (ver figura 5.9). Tal como já foi referido no capítulo 3, os <strong>revestimentos</strong><br />

<strong>de</strong>posita<strong>dos</strong> s<strong>em</strong> polarização do substrato, como o CrN-23, apresentam um aspecto não<br />

homogéneo. Em <strong>de</strong>terminadas áreas da superfície apresentam-se com uma coloração cinzento<br />

metálico, enquanto outras áreas são cinzento baço. Os testes <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste não permit<strong>em</strong><br />

113


Proprieda<strong>de</strong>s Mecânicas e Tribológicas <strong>dos</strong> Revestimentos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

distinguir o coeficiente <strong>de</strong> atrito nestas duas áreas. Portanto quer o <strong>de</strong>sgaste quer o coeficiente<br />

<strong>de</strong> atrito são valores médios incluindo ambas as áreas.<br />

Para t<strong>em</strong>peraturas mais elevadas, não é tão claro o aumento do <strong>de</strong>sgaste com o<br />

aumento do coeficiente <strong>de</strong> atrito, como se po<strong>de</strong> comprovar pela figura 5.9. A não ser a<br />

amostra CrN-15, para as outras amostras, o <strong>de</strong>sgaste é menor para os <strong>revestimentos</strong> que<br />

apresentam maior coeficiente <strong>de</strong> atrito entre o pino e a superfície.<br />

É curioso verificar que o coeficiente <strong>de</strong> atrito à t<strong>em</strong>peratura <strong>de</strong> 300 ºC é superior ao<br />

coeficiente <strong>de</strong> atrito à t<strong>em</strong>peratura ambiente, excepto para as amostras CrN-14 e CrN-16.<br />

Estes são também, <strong>de</strong> entre os <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio, aqueles cujo<br />

comportamento mais piorou ao passar da t<strong>em</strong>peratura ambiente para os 300 ºC.<br />

K [m 3 /N.rot]<br />

1E-14<br />

1E-15<br />

CrN-16<br />

T<strong>em</strong>peratura ambiente<br />

300 ºC<br />

CrN-8<br />

CrN-15<br />

CrN-23<br />

G/CrN-6<br />

CrN-8<br />

1E-16<br />

CrN-15<br />

CrN-16<br />

CrN-14<br />

0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1.0<br />

Coeficiente <strong>de</strong> atrito<br />

Figura 5.9 – Resultado das medidas <strong>de</strong> coeficiente <strong>de</strong> atrito obtidas durante os teste <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste efectuadas nos<br />

ensaios <strong>de</strong> pino sobre disco à t<strong>em</strong>peratura ambiente e a 300 ºC.<br />

O estudo do coeficiente <strong>de</strong> atrito <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> não po<strong>de</strong> ser feito <strong>de</strong> um modo<br />

completo porque o t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> duração <strong>dos</strong> ensaios não foi suficiente para obter os valores do<br />

coeficiente <strong>de</strong> atrito. Na tabela 5.7 só estão representa<strong>dos</strong> dois resulta<strong>dos</strong> para t<strong>em</strong>peratura<br />

ambiente e um resultado para t<strong>em</strong>peratura elevada e <strong>em</strong> qualquer <strong>de</strong>les o coeficiente <strong>de</strong> atrito<br />

é significativamente inferior ao que foi obtido para os <strong>revestimentos</strong> simples. Este facto não<br />

impediu que o <strong>de</strong>sgaste fosse muito maior.<br />

De um modo geral o atrito existente entre as amostras e o pino <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> silício não<br />

parece influenciar <strong>de</strong> modo significativo o <strong>de</strong>sgaste. Um <strong>dos</strong> factores que po<strong>de</strong> influenciar a<br />

variação do atrito é quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>feitos observáveis na superfície.<br />

CrN-14<br />

CrN-23<br />

G/CrN-6<br />

114


Proprieda<strong>de</strong>s Mecânicas e Tribológicas <strong>dos</strong> Revestimentos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

5.4.3 - Tipo <strong>de</strong> falha nos testes <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste<br />

A superfície das amostras, fora e <strong>de</strong>ntro das zonas <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste, foi observada com<br />

microscópio óptico. Nos <strong>revestimentos</strong> monolíticos <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio, <strong>de</strong> um modo geral<br />

(CrN-8, CrN-14, CrN-16), a zona <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste quando o ensaio é realizado à t<strong>em</strong>peratura<br />

ambiente, parece mostrar somente erosão. Esta constatação po<strong>de</strong> verificar-se através da<br />

análise da figura 5.10(a), <strong>em</strong> que se nota que na pista <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste para a amostra CrN-14, o<br />

número <strong>de</strong> <strong>de</strong>feitos é menor. Este comportamento é s<strong>em</strong>elhante para outras amostras que<br />

mostraram fraco <strong>de</strong>sgaste. Esta observação mostra que os <strong>de</strong>feitos do tipo grânulos não<br />

atravessam o filme <strong>em</strong> toda a sua espessura e que na fase final da <strong>de</strong>posição a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>feitos parece aumentar.<br />

Nos testes <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste à t<strong>em</strong>peratura <strong>de</strong> 300 ºC, além <strong>de</strong> uma erosão maior, parece<br />

acontecer alguma oxidação. As figuras 5.10(b) mostram áreas escurecidas que parec<strong>em</strong><br />

correspon<strong>de</strong>r a oxidação na pista <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste. Essa áreas não correspon<strong>de</strong>m à área completa<br />

da pista <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste, o que po<strong>de</strong> significar que <strong>de</strong>vido à geometria do pino, po<strong>de</strong> haver zonas<br />

on<strong>de</strong> o contacto é preferencial e aí a pressão ser superior aos 6.4 MPa que exist<strong>em</strong> na fase<br />

inicial <strong>de</strong> cada ensaio. Apesar da t<strong>em</strong>peratura média da amostra ser 300 ºC, <strong>de</strong> um modo<br />

geral, o atrito aumenta nos ensaios a 300 ºC (ver secção 5.5.2), e isso po<strong>de</strong> significar<br />

t<strong>em</strong>peraturas mais elevadas na pista <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste. Conjugando estes factores, po<strong>de</strong> haver áreas<br />

que sofr<strong>em</strong> t<strong>em</strong>peraturas e pressões mais elevadas que outras e isso po<strong>de</strong> traduzir-se na<br />

oxidação <strong>de</strong>ssas zonas. Sabe-se que no ar, a t<strong>em</strong>peraturas superiores a 450 ºC, é induzida a<br />

formação <strong>de</strong> Cr2O3 por substituição <strong>de</strong> azoto por oxigénio [24], mas mesmo a t<strong>em</strong>peraturas<br />

inferiores já se po<strong>de</strong> encontrar oxinitretos <strong>de</strong> crómio[24].<br />

A análise da superfície do revestimento CrN-23 é mais rica <strong>de</strong>vido à presença da zona<br />

brilhante e da zona baça. Na zona brilhante o comportamento à t<strong>em</strong>peratura ambiente e a<br />

300 ºC é s<strong>em</strong>elhante ao das outras amostras (ver figuras 5.11 e 5.12(a)). Na zona baça, é<br />

perfeitamente visível na figura 5.12(b) que, na pista <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste, o aspecto da superfície é<br />

s<strong>em</strong>elhante ao da zona brilhante. Isto parece <strong>de</strong>monstrar que a zona baça é superficial.<br />

115


Proprieda<strong>de</strong>s Mecânicas e Tribológicas <strong>dos</strong> Revestimentos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

Pista <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sgaste<br />

Zona não<br />

<strong>de</strong>sgastada<br />

100 µ m<br />

(a) (b)<br />

Figura 5.10 – Imag<strong>em</strong> <strong>de</strong> microscópio óptico da: (a) fronteira da pista <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste num teste efectuado à<br />

t<strong>em</strong>peratura ambiente, da amostra CrN-14; (b) da pista <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste efectuada num ensaio a 300 ºC.<br />

10 µm<br />

(a) (b)<br />

10 µ m<br />

10 µm<br />

Figura 5.11 – Imag<strong>em</strong> <strong>de</strong> microscópio óptico da amostra CrN-23: (a) fora da pista <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste; (b) da<br />

pista <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste efectuada num ensaio à t<strong>em</strong>peratura ambiente, numa zona brilhante do revestimento.<br />

116


Proprieda<strong>de</strong>s Mecânicas e Tribológicas <strong>dos</strong> Revestimentos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

(a) (b)<br />

Figura 5.12 – Imag<strong>em</strong> <strong>de</strong> microscópio óptico da amostra CrN-23: (a) da pista <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste efectuada num ensaio a<br />

300 ºC; (b) da pista <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste efectuada num ensaio à t<strong>em</strong>peratura ambiente, numa zona baça do revestimento.<br />

Os <strong>revestimentos</strong> multicamada <strong>de</strong>sgastam-se muito rapidamente quando compara<strong>dos</strong><br />

com os <strong>revestimentos</strong> simples. Na figura 5.13, vêm-se as pistas <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste à t<strong>em</strong>peratura<br />

ambiente e a 300 ºC e parece verificar-se uma maior oxidação a t<strong>em</strong>peratura mais elevada.<br />

100 µm<br />

10 µm<br />

(a) (b)<br />

Figura 5.13 – Imag<strong>em</strong> <strong>de</strong> microscópio óptico da amostra TiCrN-19: (a) da pista <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste efectuada num<br />

ensaio à t<strong>em</strong>peratura ambiente; (b) da pista <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste efectuada num ensaio a 300 ºC.<br />

5.5 – A<strong>de</strong>são e observações do teste <strong>de</strong> in<strong>de</strong>ntação <strong>de</strong>slizante<br />

10 µm<br />

100 µm<br />

A a<strong>de</strong>são <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> foi medida pelo teste <strong>de</strong> in<strong>de</strong>ntação <strong>de</strong>slizante tal como se<br />

<strong>de</strong>screveu na secção 1.4.5. Os estragos no <strong>revestimentos</strong> foram analisa<strong>dos</strong> por microscopia<br />

óptica e classifica<strong>dos</strong> do seguinte modo:<br />

117


Proprieda<strong>de</strong>s Mecânicas e Tribológicas <strong>dos</strong> Revestimentos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

- primeira carga crítica (LC1) correspon<strong>de</strong>nte à menor carga <strong>em</strong> que ocorr<strong>em</strong> falhas<br />

no revestimento;<br />

- segunda carga critica (LC2) correspon<strong>de</strong>nte à carga <strong>em</strong> que mais <strong>de</strong> 50% do<br />

revestimento é r<strong>em</strong>ovido do substrato, correspon<strong>de</strong>nte a falha a<strong>de</strong>siva (figura<br />

5.14(b));<br />

- como referência adicional a ocorrência <strong>de</strong> <strong>de</strong>laminação (LS) está também tabelada<br />

(5.9) e correspon<strong>de</strong> às primeiras <strong>de</strong>laminações que acontec<strong>em</strong> ao revestimento<br />

durante o teste (falha a<strong>de</strong>siva) (figura 5.15(a)).<br />

As figuras referidas mostram ex<strong>em</strong>plos <strong>de</strong> tipos <strong>de</strong> falhas nos <strong>revestimentos</strong><br />

produzi<strong>dos</strong>. Nos <strong>revestimentos</strong> mais duros a primeira carga crítica correspon<strong>de</strong> ao<br />

aparecimento <strong>de</strong> fractura conformacional na pista <strong>de</strong> in<strong>de</strong>ntação ou na sua marg<strong>em</strong>,<br />

correspon<strong>de</strong>ntes a falhas coesivas (figura 5.14(a)). Nos <strong>revestimentos</strong> menos duros não é<br />

evi<strong>de</strong>nte o este tipo <strong>de</strong> falha. Estes <strong>revestimentos</strong> apresentam pequenas fracturas, praticamente<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início da pista <strong>de</strong> in<strong>de</strong>ntação, que se vão propagando com o aumento da carga do<br />

in<strong>de</strong>ntador, até que o revestimento é r<strong>em</strong>ovido. A figura 5.15(b) mostra o ex<strong>em</strong>plo da re<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

pequenas fracturas nos <strong>revestimentos</strong> menos duros.<br />

A dureza <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> está directamente relacionada com as falhas observadas no<br />

teste <strong>de</strong> in<strong>de</strong>ntação <strong>de</strong>slizante. Como durante o teste o limite <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong> do revestimento é<br />

ultrapassado, é <strong>de</strong> esperar que se verifique a relação entre a dureza e as falhas.<br />

Nos <strong>revestimentos</strong> mais duros aparec<strong>em</strong>, <strong>de</strong> um modo sist<strong>em</strong>ático, fracturas ("cracks")<br />

conformacionais (fracturas s<strong>em</strong>icirculares na pista do teste) para cargas mais baixas (LC1), do<br />

tipo da que se po<strong>de</strong> ver na figura 5.14(a). A figura 5.16 mostra esta característica. Verifica-se<br />

que, para os casos representa<strong>dos</strong> na figura 5.16, os <strong>revestimentos</strong> mais duros apresentam<br />

valores menores para LC1, no entanto não são representa<strong>dos</strong> os casos <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> menos<br />

duros <strong>em</strong> que LC1 não é mensurável. Os <strong>revestimentos</strong> menos duros não mostram este tipo <strong>de</strong><br />

falha. Nestes <strong>revestimentos</strong> surg<strong>em</strong> pequenas fracturas (ver figura 5.15(b)) cuja quantida<strong>de</strong><br />

vai aumentando com o aumento da carga do in<strong>de</strong>ntador, até que finalmente o revestimento é<br />

arrancado. A a<strong>de</strong>rência média <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio, calculada nas<br />

condições <strong>de</strong> ensaio <strong>de</strong>scritas, é expressa normalmente por LC2, e vale 56.1 N, sendo para<br />

40% das amostras testadas superiores a 60 N. Com o aumento da dureza acontece uma<br />

diminuição da segunda carga crítica (ver figura 5.16(a)).<br />

118


Proprieda<strong>de</strong>s Mecânicas e Tribológicas <strong>dos</strong> Revestimentos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

50 µm<br />

(a) (b)<br />

Figura 5.14 – Imag<strong>em</strong> <strong>de</strong> microscópio óptico da amostra <strong>de</strong> pistas <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste <strong>dos</strong> testes <strong>de</strong> in<strong>de</strong>ntação<br />

<strong>de</strong>slizante: (a) falhas correspon<strong>de</strong>ntes à primeira carga crítica (LC1) na amostra CrN-24; (b) falhas<br />

correspon<strong>de</strong>ntes à segunda carga crítica (LC2) na amostra CrN-8.<br />

(a) (b)<br />

Figura 5.15 – Imag<strong>em</strong> <strong>de</strong> microscópio óptico da amostra <strong>de</strong> pistas <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste <strong>dos</strong> testes <strong>de</strong> in<strong>de</strong>ntação<br />

<strong>de</strong>slizante: (a) falhas correspon<strong>de</strong>ntes a primeira <strong>de</strong>laminação (LS) na amostra CrN-8; (b) primeiras falhas nos<br />

<strong>revestimentos</strong> menos duros (CrN-2).<br />

25 µm<br />

25 µm 25 µm<br />

119


Cargas críticas [N]<br />

Proprieda<strong>de</strong>s Mecânicas e Tribológicas <strong>dos</strong> Revestimentos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

80<br />

70<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

0<br />

LC2<br />

LC1<br />

18 20 22 24<br />

Dureza [GPa]<br />

26 28 30<br />

10<br />

3.0 3.5 4.0 4.5 5.0 5.5<br />

Figura 5.16 – (a) Variação das cargas críticas (LC1 e LC2) com a dureza <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong>; (b) Variação das<br />

cargas críticas com a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong>.<br />

Apesar <strong>de</strong> existir uma dispersão <strong>de</strong> valores, principalmente no caso da segunda carga<br />

crítica, as amostras com menor <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> falham para menores valores <strong>de</strong> cargas críticas (ver<br />

figura 5.16(b)).<br />

Os <strong>revestimentos</strong> multicamada, por ser<strong>em</strong> significativamente mais macios que os<br />

<strong>revestimentos</strong> simples <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio, apresentam um comportamento s<strong>em</strong>elhante ao<br />

<strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> moles. Na maior parte <strong>dos</strong> casos não é perceptível com clareza a primeira<br />

falha coesiva. O que se nota são falhas minúsculas cuja <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> vai aumentando com o<br />

aumento da carga do in<strong>de</strong>ntador. As falhas a<strong>de</strong>sivas, representadas por LS e LC2 aparec<strong>em</strong><br />

para cargas mais baixas que nos <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio. Somente um <strong>dos</strong><br />

<strong>revestimentos</strong> analisa<strong>dos</strong> mostrou nitidamente uma primeira carga crítica (LC1) e falha <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>laminação (LS), tal como foram <strong>de</strong>finidas.<br />

Da mesma forma que para os testes <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste, a comparação <strong>de</strong> resulta<strong>dos</strong> <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são<br />

entre amostras testadas <strong>em</strong> condições e laboratórios diferentes, não <strong>de</strong>ve ser feita só por<br />

comparação do resultado. Po<strong>de</strong> ajudar a situar a a<strong>de</strong>são <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> relativamente aos<br />

produzi<strong>dos</strong> noutros laboratórios, mas não po<strong>de</strong>mos afirmar com certeza que um maior valor<br />

<strong>de</strong> carga crítica signifique que a a<strong>de</strong>são seja maior. De qualquer modo, alguns resulta<strong>dos</strong><br />

obti<strong>dos</strong> da literatura po<strong>de</strong>m ser analisa<strong>dos</strong> na tabela 5.10.<br />

Cargas críticas [N]<br />

80<br />

70<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

Densida<strong>de</strong> [10 3 kg/m 3 ]<br />

LC1<br />

LC2<br />

120


Proprieda<strong>de</strong>s Mecânicas e Tribológicas <strong>dos</strong> Revestimentos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

Tabela 5. 9 – Cargas do in<strong>de</strong>ntador à qual sug<strong>em</strong> falhas coesivas e a<strong>de</strong>sivas <strong>de</strong>tectadas nos diversos<br />

<strong>revestimentos</strong> testa<strong>dos</strong> após os testes <strong>de</strong> in<strong>de</strong>ntação <strong>de</strong>slizante: LC1 . Primeira carga crítica; LC2 – Segunda carga<br />

crítica; LS – carga a que acontece <strong>de</strong>laminação. (1) - não mensurável.<br />

Sample LC1<br />

[N]<br />

LS<br />

[N]<br />

LC2<br />

[N]<br />

CrN-2 (1) 29.1 52.3<br />

CrN-8 14.0 17.1 34.9<br />

CrN-12 22.1 31.7 52.1<br />

CrN-13 14.7 19.0 45.8<br />

CrN-14 14.7 19.9 39.1<br />

CrN-15 (1) 57.4 74.9<br />

CrN-16 24.1 47.2 71.2<br />

CrN-17 13.9 48.1 62.8<br />

CrN-18 (1) 33.6 55.1<br />

CrN-19 20.8 42.5 66.5<br />

CrN-20 13.1 17.8 49.8<br />

CrN-21 22.1 33.8 62.8<br />

CrN-23 17.7 31.15 56.8<br />

CrN-24 20.4 37.5 62.8<br />

G/CrN-6 (1) 24.3 54.0<br />

TiCrN-12 (1) ---- 31.6<br />

TiCrN-13 (1) ---- 46.3<br />

TiCrN-14 11.9 15.3 45.3<br />

TiCrN-18 (1) ---- 39.1<br />

TiCrN-20 (1) ---- 37.2<br />

TiCrN-19 (1) ---- 46.9<br />

Para os resulta<strong>dos</strong> apresenta<strong>dos</strong> na tabela é necessário esclarecer que os valores<br />

apresenta<strong>dos</strong> são <strong>de</strong>fini<strong>dos</strong> <strong>de</strong> acordo com as seguintes condições:<br />

Resulta<strong>dos</strong> <strong>de</strong> [28] - Falhas observadas por microscópio óptico. Primeiras falhas a<br />

aparecer que são falhas coesivas (fracturas transversais). Para estas cargas o revestimento<br />

ainda está a<strong>de</strong>rente ao substrato.<br />

Resulta<strong>dos</strong> <strong>de</strong> [29] - Falhas observadas por microscópio óptico ou SEM. Foi usado um<br />

pino <strong>de</strong> diamante Rockwell C. A a<strong>de</strong>são foi classificada <strong>de</strong> acordo com as normas al<strong>em</strong>ãs<br />

DIN-Fachbericht 39 (1993), com uma carga <strong>de</strong> 150 kgf. Foi usada uma escala <strong>de</strong> seis pontos<br />

(HF1 a HF6) <strong>em</strong> que HF1 correspon<strong>de</strong> a pequenos fracturas no revestimento e HF6 a<br />

<strong>de</strong>laminação completa <strong>em</strong> torno do in<strong>de</strong>ntador.<br />

Resulta<strong>dos</strong> <strong>de</strong> [31] – Falhas observadas por microscópio óptico. Foi usado um pino <strong>de</strong><br />

diamante Rockwell C. A taxa <strong>de</strong> carga foi <strong>de</strong> 100 N/min e a velocida<strong>de</strong> da mesa suporte <strong>de</strong><br />

10 mm/min. A carga máxima nominal foi <strong>de</strong> 100 N.Testes executa<strong>dos</strong> com t<strong>em</strong>peratura <strong>de</strong><br />

22 ± 1 ºC e humida<strong>de</strong> relativa entre 50 e 70 %. A primeira carga crítica foi <strong>de</strong>finida como a<br />

carga relativamente à qual aparec<strong>em</strong> as primeiras fracturas (falhas coesivas) e a segunda carga<br />

121


Proprieda<strong>de</strong>s Mecânicas e Tribológicas <strong>dos</strong> Revestimentos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

crítica foi <strong>de</strong>finida como a carga para a qual aparec<strong>em</strong> as primeiras <strong>de</strong>laminações na fronteira<br />

da pista (falhas a<strong>de</strong>sivas).<br />

Resulta<strong>dos</strong> <strong>de</strong> [32] – Falhas observadas por microscópio óptico e relacionadas com os<br />

sinais <strong>de</strong> <strong>em</strong>issão acústica. O intervalo <strong>de</strong> valores apresentado é <strong>de</strong>vido a <strong>revestimentos</strong><br />

produzi<strong>dos</strong> com condições <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição diferentes. O teste foi efectuado com a carga<br />

aumentando gradativamente até um valor máximo <strong>de</strong> 100 N.<br />

Resulta<strong>dos</strong> <strong>de</strong> [33] – Foi usado um pino <strong>de</strong> diamante Rockwell C. A carga crítica é<br />

<strong>de</strong>finida pelo aparecimento das falhas na periferia da pista e <strong>em</strong> análise <strong>de</strong> Weibull.<br />

Tabela 5. 10 - Tabela com alguns valores <strong>de</strong> cargas críticas para alguns <strong>revestimentos</strong> da família <strong>dos</strong> nitretos <strong>dos</strong><br />

metais <strong>de</strong> transição.<br />

Amostras Carga crítica [N] Amostras Carga crítica [N]<br />

Aço A2/CrN [29] 39.2 (4 g – HF3) Aço 100Cr6/TiN [32]<br />

3.88 µm<br />

50<br />

Aço A2/Cr2N [29] 19.6 (2 g – HF5) Aço 100Cr6/TiN [32]<br />

1.95 µm<br />

43<br />

Aço A2/Cr/CrN [29] 49.0 (5 g - (HF2) Aço 100Cr6/CrN [32]<br />

55<br />

2 camadas<br />

19.34 µm<br />

Aço A2/Cr/CrN [29] 78.5 (8 g - HF1-2) Aço 100Cr6/CrN [32]<br />

33<br />

8 camadas<br />

11.13 µm<br />

Aço A2/Cr/Cr2N [29] 68.7 (7 g - HF2-3) Aço 100Cr6/CrN [32]<br />

24<br />

8 camadas<br />

5.08 µm<br />

Aço A2/Cr2N/CrN [29]<br />

8 camadas<br />

19.6 (2 g – HF2) Aço 100Cr6/Cr2N [32]<br />

22.45 µm<br />

36<br />

Aço A2/Cr/CrN [29] 59.9 (6 g - HF1-2) Aço 100Cr6/Cr2N [32]<br />

23<br />

8 camadas esp. dif.<br />

8.85 µm<br />

Aço rápido/TiCrN [28]<br />

Ti:Cr = 1:1<br />

58 Aço 100Cr6/Cr2N [32]<br />

6.54 µm<br />

25<br />

Aço rápido/TiCrN [28]<br />

Ti:Cr = 0.5:1<br />

78 Aço rápido(AISI M42)/TiN<br />

[33]<br />

45 < LC < 83<br />

Aço 100Cr6/TiBN [31] 41 < LC2 < 79 Aço Austenítico/TiN [34] 15 < LC < 29<br />

PACVD<br />

Aço 100Cr6/TiB2 [31] 38 Aço Austenítico/TiN [34]<br />

<strong>PVD</strong><br />

Conclusões<br />

15 < LC < 36<br />

Os <strong>revestimentos</strong> produzi<strong>dos</strong> por técnicas <strong>PVD</strong>, neste caso particular por pulverização<br />

catódica, possu<strong>em</strong> tensões residuais relativamente elevadas (da or<strong>de</strong>m <strong>dos</strong> GPa). Estes valores<br />

eleva<strong>dos</strong> são <strong>de</strong>vi<strong>dos</strong> essencialmente ao bombar<strong>de</strong>amento iónico durante a <strong>de</strong>posição. Por esta<br />

razão, nos <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio produzi<strong>dos</strong>, a tensão residual aumenta com o<br />

aumento da polarização do substrato. Por outro lado o aumento da polarização do substrato<br />

torna os filmes produzi<strong>dos</strong> mais compactos, mais duros, e com um módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong><br />

mais elevado. Estas variações com o aumento do nível <strong>de</strong> bombar<strong>de</strong>amento iónico foram<br />

122


Proprieda<strong>de</strong>s Mecânicas e Tribológicas <strong>dos</strong> Revestimentos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

também observadas por outros autores [36]. Em termos <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são comparando com<br />

<strong>revestimentos</strong> produzi<strong>dos</strong> <strong>em</strong> outros laboratórios, com as reservas <strong>de</strong>vidas a diferentes<br />

critérios <strong>de</strong> análise, as amostras produzidas estão <strong>de</strong>ntro <strong>dos</strong> valores médios encontra<strong>dos</strong> na<br />

literatura. Em termos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste os <strong>revestimentos</strong> simples <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio apresentam<br />

um <strong>de</strong>sgaste <strong>de</strong>ntro da média <strong>de</strong> <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> tipo s<strong>em</strong>elhante.<br />

A produção <strong>de</strong> filmes com as camadas <strong>de</strong> nitreto alternando com camadas metálicas <strong>de</strong><br />

titânio faz diminuir as tensões residuais. A camada <strong>de</strong> nitreto pela sua a dureza e a camada<br />

metálica pela sua ductilida<strong>de</strong>, que po<strong>de</strong> permitir a relaxação das tensões acumuladas na<br />

camada cerâmica, apresentavam bom potencial para conjugar<strong>em</strong> estas características. Os<br />

resulta<strong>dos</strong> obti<strong>dos</strong> não foram encorajadores <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> dureza, <strong>de</strong>sgaste e a<strong>de</strong>são. Os<br />

<strong>revestimentos</strong> multicamada apresentam uma dureza que é meta<strong>de</strong> da dureza <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong><br />

<strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio. Em termos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste, os <strong>revestimentos</strong> multicamada apresentam um<br />

<strong>de</strong>sgaste cerca <strong>de</strong> três or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>za superior à <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> simples à t<strong>em</strong>peratura<br />

ambiente e duas or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>za à t<strong>em</strong>peratura <strong>de</strong> 300 ºC. O probl<strong>em</strong>a da a<strong>de</strong>são<br />

acentua-se para além da interface substrato/revestimento. Todas as interfaces<br />

cerâmico/metálico po<strong>de</strong>m aumentar os probl<strong>em</strong>as da a<strong>de</strong>são. Deve no entanto notar-se que<br />

comparando os resulta<strong>dos</strong> obti<strong>dos</strong> com os que aparec<strong>em</strong> na literatura para <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong><br />

nitreto, algumas amostras não se situam muito fora <strong>dos</strong> limites apresenta<strong>dos</strong>.<br />

Um aspecto interessante <strong>de</strong>ste capítulo e que ajuda a compl<strong>em</strong>entar a informação já<br />

referida acerca da morfologia e microestrutura t<strong>em</strong> a ver com a diferença encontrada nas<br />

medições <strong>de</strong> módulo <strong>de</strong> Young nas direcções perpendiculares e paralela à superfície. Sendo o<br />

módulo <strong>de</strong> Young na direcção <strong>de</strong> crescimento do filme significativamente superior ao módulo<br />

<strong>de</strong> Young paralelo à superfície, é evi<strong>de</strong>nciada a uma diferença significativa na estrutura <strong>dos</strong><br />

<strong>revestimentos</strong> naquelas direcções. Esta constatação é reforçada pela obtenção <strong>de</strong> valores<br />

máximos para o módulo <strong>de</strong> Young na direcção do crescimento (para pequenas profundida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> in<strong>de</strong>ntação) ser<strong>em</strong> <strong>em</strong> média cerca <strong>de</strong> 27% superiores aos valores médios obti<strong>dos</strong> por<br />

in<strong>de</strong>ntação. Estes valores máximos <strong>de</strong>v<strong>em</strong> acontecer quando a ponta do in<strong>de</strong>ntador inci<strong>de</strong> no<br />

centro <strong>de</strong> uma coluna ou mesmo <strong>de</strong> um grânulo. Por outro lado, as medidas <strong>de</strong> módulo <strong>de</strong><br />

Young por ondas <strong>de</strong> superfície mostram uma forte atenuação das ondas, o que parece<br />

evi<strong>de</strong>nciar a presença <strong>de</strong> vazios ou <strong>de</strong> zonas amorfa <strong>de</strong> menor <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>, provavelmente<br />

localiza<strong>dos</strong> nas fronteiras das colunas. Os <strong>revestimentos</strong> revelam alguma porosida<strong>de</strong> que nos<br />

<strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> maior <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser aberta. Sendo o contrário também possível, ou<br />

seja <strong>revestimentos</strong> com menor <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> não apresentar<strong>em</strong> porosida<strong>de</strong> aberta. Alguns <strong>dos</strong><br />

123


Proprieda<strong>de</strong>s Mecânicas e Tribológicas <strong>dos</strong> Revestimentos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

testes <strong>de</strong> corrosão referi<strong>dos</strong> no capítulo 6 po<strong>de</strong>rão reforçar e compl<strong>em</strong>entar algumas das<br />

afirmações incluídas neste capítulo e no capítulo 4.<br />

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124


Proprieda<strong>de</strong>s Mecânicas e Tribológicas <strong>dos</strong> Revestimentos<br />

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125


Comportamento das amostras <strong>em</strong> ambientes quimicamente agressivos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

Capítulo 6<br />

Comportamento das amostras <strong>em</strong> ambientes quimicamente<br />

agressivos<br />

Rust never sleeps...<br />

Song by Neil Young & Crazy Horse<br />

A corrosão é uma reacção química ou electroquímica entre um material e o ambiente<br />

que o ro<strong>de</strong>ia, que causa <strong>de</strong>terioração do material e das suas proprieda<strong>de</strong>s. A corrosão <strong>de</strong>pen<strong>de</strong><br />

não só da composição do ambiente que ro<strong>de</strong>ia o material, mas também da t<strong>em</strong>peratura,<br />

alterações <strong>de</strong> t<strong>em</strong>peratura e do modo como esta variação se dá.<br />

Os produtos da reacção <strong>de</strong> corrosão po<strong>de</strong>m ser espécies dissolvidas ou produtos<br />

sóli<strong>dos</strong>, mas as reacções <strong>de</strong> corrosão ocorr<strong>em</strong> porque o sist<strong>em</strong>a t<strong>em</strong> tendência a fazer<br />

<strong>de</strong>crescer a sua energia livre.<br />

Po<strong>de</strong>-se proteger uma superfície através da <strong>de</strong>posição <strong>de</strong> <strong>revestimentos</strong> resistentes à<br />

corrosão. Além das qualida<strong>de</strong>s base do material que constitui o revestimento, este <strong>de</strong>ve ser<br />

<strong>de</strong>sprovido <strong>de</strong> <strong>de</strong>feitos tipo poros e possuir uma boa a<strong>de</strong>são.<br />

Ao ser estudado o mecanismo <strong>de</strong> corrosão <strong>de</strong> sist<strong>em</strong>as substrato/revestimento, os<br />

<strong>revestimentos</strong> po<strong>de</strong>m ter potencial <strong>de</strong> corrosão menos ou mais nobre que o substrato, tal como<br />

se encontra esqu<strong>em</strong>atizado na figura 6.1. No primeiro caso t<strong>em</strong>os um revestimento sacrificial,<br />

já que se dissolve mais rapidamente que o substrato. No segundo caso, partes <strong>de</strong>sprotegidas<br />

do substrato serão corroídas mais rapidamente dando lugar a picadas. Este tipo <strong>de</strong> situação<br />

po<strong>de</strong> causar danos graves no compósito num intervalo <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po muito curto.<br />

126


Comportamento das amostras <strong>em</strong> ambientes quimicamente agressivos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

Revest.<br />

Menos nobre<br />

Revest.<br />

Substrato<br />

Mais nobre<br />

Poro<br />

Substrato<br />

(a) (b)<br />

Mais nobre<br />

Menos nobre<br />

Figura 6.1 – Corrosão nos sist<strong>em</strong>as revestimento substrato: (a) revestimento menos nobre que o substrato<br />

(revestimento sacrificial); (b) revestimento mais nobre que o substrato.<br />

Os nitretos <strong>dos</strong> metais <strong>de</strong> transição são electroquimicamente nobres e estáveis do<br />

ponto <strong>de</strong> vista químico e consequent<strong>em</strong>ente po<strong>de</strong>m oferecer uma boa resistência à corrosão.<br />

Ao ser<strong>em</strong> <strong>de</strong>posita<strong>dos</strong> sobre aço inoxidável pertenc<strong>em</strong> ao segundo tipo <strong>de</strong> <strong>revestimentos</strong>.<br />

Como já foi referido, a presença <strong>de</strong> micro<strong>de</strong>feitos do tipo poros po<strong>de</strong> afectar <strong>de</strong> modo<br />

significativo o comportamento <strong>dos</strong> compósitos. Para um revestimento realmente protector a<br />

presença <strong>dos</strong> poros t<strong>em</strong> <strong>de</strong> ser anulada.<br />

É frequente na <strong>de</strong>posição <strong>de</strong> <strong>revestimentos</strong> por pulverização catódica o aparecimento<br />

<strong>de</strong> poros. Esta situação é má <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> corrosão. Os <strong>revestimentos</strong> multicamada po<strong>de</strong>rão<br />

evitar que os poros atravess<strong>em</strong> toda a espessura do revestimento. Se algum <strong>de</strong>feito aparecer<br />

numa camada, a camada seguinte po<strong>de</strong> cobrir esse <strong>de</strong>feito.<br />

Os <strong>revestimentos</strong> com camadas cerâmicas alternando com camadas metálicas po<strong>de</strong>m,<br />

além <strong>de</strong> fazer diminuir a tensão residual <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong>, contribuir para uma melhoria da<br />

protecção à corrosão.<br />

Tendo <strong>em</strong> atenção a utilização agressiva, do ponto <strong>de</strong> vista químico, que se prevê para<br />

os <strong>revestimentos</strong> estuda<strong>dos</strong> neste trabalho, o seu comportamento relativamente à corrosão foi<br />

estudada a partir <strong>de</strong> três tipos <strong>de</strong> testes: testes electroquímicos, <strong>em</strong> solução aquosa, à<br />

t<strong>em</strong>peratura ambiente; teste "corrodkote" [1] numa atmosfera húmida a cerca <strong>de</strong> 38 ºC, com<br />

as amostras cobertas pela pasta quimicamente agressiva <strong>de</strong>scrita na secção 1.3.2; teste <strong>em</strong><br />

atmosfera contendo H2O/HCl a 350 ºC.<br />

Embora o teste "corrodkote" e o teste <strong>de</strong> corrosão <strong>em</strong> atmosfera contendo H2O/HCl a<br />

350 ºC sejam completamente diferentes, os resulta<strong>dos</strong> po<strong>de</strong>m compl<strong>em</strong>entar-se. Durante estes<br />

testes, os ambientes agressivos contendo os sais corrosivos provenientes das soluções <strong>de</strong><br />

127


Comportamento das amostras <strong>em</strong> ambientes quimicamente agressivos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

Cu(NO3)2/FeCl3/NH4Cl, no caso do "corrodkote", ou H2O/HCl, no teste a quente, difun<strong>de</strong>mse<br />

através <strong>dos</strong> poros até à interface metálica, corroendo-a e provocando perda <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são.<br />

Interessa que os meios corrosivos on<strong>de</strong> as amostras são testadas possam, <strong>de</strong> algum modo,<br />

ajudar a prever o comportamento <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> <strong>em</strong> situação real e que esses meios sejam<br />

à partida suficient<strong>em</strong>ente agressivos. O HCl é um agente fort<strong>em</strong>ente corrosivo que po<strong>de</strong> estar<br />

presente no processamento do PVC e por isso é um agente cuja acção nas amostras é<br />

predominant<strong>em</strong>ente estudada neste capítulo.<br />

A título comparativo efectuaram-se alguns <strong>de</strong>stes testes <strong>de</strong> corrosão a amostras com<br />

<strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> titânio e alumínio, uma produzida numa das câmaras <strong>de</strong><br />

pulverização catódica do Departamento <strong>de</strong> Física da Universida<strong>de</strong> do Minho (amostra<br />

TiAlN-1) e outra comercial 2 (amostra TiAlN-2).<br />

O revestimento da amostra TiAlN-1 foi produzido a partir <strong>de</strong> dois alvos puros, um <strong>de</strong><br />

titânio, ligado a uma fonte RF, usando uma potência <strong>de</strong> 700 W, e outro <strong>de</strong> alumínio, ligado a<br />

uma fonte DC, com uma corrente <strong>de</strong> 0.7 A. A atmosfera <strong>de</strong> trabalho era constituída por árgon<br />

e azoto, com uma pressão total <strong>de</strong> 0.45 Pa. Na atmosfera <strong>de</strong> trabalho, a percentag<strong>em</strong> <strong>de</strong> azoto<br />

era <strong>de</strong> 8.3 %. Este revestimento possui uma intercamada <strong>de</strong> titânio com cerca <strong>de</strong> 700 nm <strong>de</strong><br />

espessura, sendo a espessura da camada cerâmica <strong>de</strong> 2.6 µm. A razão (TiAl):N é 1:1, sendo a<br />

razão Ti:Al igual a 0.27:0.73, relações obtidas por RBS. Deve ser referido que este<br />

revestimento foi seleccionado <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> <strong>revestimentos</strong> produzi<strong>dos</strong> pela mesma<br />

técnica, mas com proporções Ti/Al diferentes, por ter sido o que melhores resulta<strong>dos</strong> obteve<br />

<strong>em</strong> termos <strong>de</strong> resistência à corrosão.<br />

O revestimento da amostra TiAlN-2 foi produzido por pulverização catódica <strong>em</strong><br />

magnetrão não balanceado <strong>de</strong> campo fechado, usando fontes DC. A razão (TiAl):N é 1:1,<br />

sendo a razão Ti:Al igual a 0.73:0.27 (RBS) e a espessura do revestimento é <strong>de</strong> 1.3 µm.<br />

6.1 – Corrosão <strong>em</strong> solução aquosa<br />

A corrosão <strong>em</strong> solução aquosa é uma reacção <strong>de</strong> superfície que acontece como um<br />

processo electroquímico. As medidas electroquímicas são as mais a<strong>de</strong>quadas para estudar a<br />

corrosão <strong>de</strong>ste tipo.<br />

2 Produzida pela <strong>em</strong>presa finlan<strong>de</strong>sa Savcor Coatings Oy.<br />

128


Comportamento das amostras <strong>em</strong> ambientes quimicamente agressivos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

Para estudar a corrosão aquosa das amostras usou-se uma solução <strong>de</strong> HCl 1M. O ácido<br />

clorídrico é um ácido forte e, <strong>em</strong> solução aquosa, a presença do ião halogeneto Cl - potencia a<br />

ocorrência <strong>de</strong> corrosão por picada.<br />

Tabela 6. 1 – Da<strong>dos</strong> obti<strong>dos</strong> a partir <strong>dos</strong> testes electroquímicos numa solução <strong>de</strong> HCl (1M).<br />

icorr<br />

[µA/cm 2 ]<br />

E (i=0)<br />

[mV]<br />

E (OCP)<br />

[mV]<br />

βA<br />

[mV]<br />

βC<br />

[mV]<br />

Rp<br />

[kΩ.cm 2 ]<br />

Substrato 55.0 -385.3 -384.0 46.2 -81.3 0.2<br />

Revestimento Cr 1.0 -304.4 -313.0 35.2 -64.4 6.3<br />

CrN-2 0.8 -297.2 -304.0 28.7 -97.0 10.2<br />

CrN-8 1.7 -276.1 -146.0 142.5 -106.6 8.9<br />

CrN-12 0.8 -294.1 -302.0 18.8 -34.7 4.2<br />

CrN-13 1.1 -303.6 -311.0 33.4 -96.5 6.1<br />

CrN-14 2.0 -301.7 -308.0 50.2 -85.5 8.6<br />

CrN-15 1.5 -295.6 -298.0 39.0 -172.3 4.3<br />

CrN-16 2.6 -281.3 -36.0 151.8 -239.6 8.5<br />

CrN-17 1.5 -333.8 -321.0 33.1 -89.9 4.7<br />

CrN-18 1.9 -284.2 -42.0 86.5 -172.5 8.1<br />

CrN-19 1.1 -263.1 -252.0 128.1 -159.5 12.2<br />

CrN-20 1.7 -313.7 -301.0 29.5 -97.4 4.1<br />

CrN-22 1.4 -289.3 -298.0 27.4 -95.1 5.1<br />

CrN-23 (baça) 3.5 -406.4 -94.0 27.1 -51.6 1.9<br />

CrN-23 (brilhante) 0.4 184.9 222.0 26.1 -91.4 11.4<br />

CrN-24 1.5 -270.3 -275.0 115.4 -186.9 10.6<br />

CrN-25 --- --- -100.0 --- --- ---<br />

G/CrN-2 0.3 -289.8 -284.0 18.4 -37.6 13.4<br />

G/CrN-6 0.6 -286.4 -270.0 44.3 -112.5 18.0<br />

G/CrN-7 5.4 -210.4 59.0 78.4 -60.5 1.6<br />

G/CrN-8 0.7 -207.1 29.0 13.8 -20.9 6.0<br />

TiCrN-11 13.2 -416.8 -352.0 35.9 -30.6 0.3<br />

TiCrN-12 0.7 -279.0 -298.0 33.4 -44.5 8.1<br />

TiCrN-13 0.1 129.5 106.0 25.5 -40.6 35.4<br />

TiCrN-14 0.03 258.3 -233.0 62.1 -55.1 1760.0<br />

Ti-4 1.1 -351.6 -280.0 80.2 -80.7 11.2<br />

TiCrN-16 0.5 -221.2 -280.0 65.2 -46.3 18.1<br />

TiCrN-17 0.4 29.4 -50.0 38.4 -43.2 16.0<br />

TiCrN-18 0.2 -212.8 21.0 4.6 3.2 2.3<br />

TiCrN-19 0.7 -215.0 152.0 6.9 -6.9 1.1<br />

TiCrN-20 0.8 -221.7 -67.0 10.1 -11.6 2.0<br />

TiAlN-1 0.7 -270.3 -268.0 175.4 -232 24.4<br />

TiAlN-2 0.7 -262.7 343.0 183.3 -63.2 12.0<br />

Efectuaram-se os testes electroquímicos <strong>de</strong>scritos na secção 1.3.1: medição <strong>de</strong><br />

potencial <strong>em</strong> circuito aberto (OCP), polarização potenciodinâmica e resistência <strong>de</strong><br />

polarização. A medição OCP po<strong>de</strong> indicar-nos o potencial <strong>em</strong> equilíbrio da amostra, no meio<br />

<strong>em</strong> que está inserida, se há formação <strong>de</strong> filmes passivos na superfície sujeita a teste. Po<strong>de</strong><br />

também dar-nos indicações se há ou não penetração por parte da solução através do<br />

revestimento e portanto da presença <strong>de</strong> <strong>de</strong>feitos [2]. O teste <strong>de</strong> polarização potenciodinâmica<br />

fornece informação sobre o comportamento do sist<strong>em</strong>a <strong>em</strong> estudo perante <strong>de</strong>terminado meio.<br />

129


Comportamento das amostras <strong>em</strong> ambientes quimicamente agressivos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

A resistência <strong>de</strong> polarização não foi medida isoladamente. Aproveitaram-se os da<strong>dos</strong> das<br />

medidas potenciodinâmicas para calcular a resistência <strong>de</strong> polarização.<br />

A tabela 6.1 resume os resulta<strong>dos</strong> obti<strong>dos</strong> a partir <strong>dos</strong> testes electroquímicos das<br />

diferentes amostras testadas. A discussão mais <strong>de</strong>talhada <strong>dos</strong> resulta<strong>dos</strong> é feita nas secções<br />

6.1.1 e 6.1.2.<br />

6.1.1 - Medição <strong>de</strong> Potencial <strong>em</strong> Circuito Aberto<br />

6.1.1.1 – Revestimentos <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio<br />

Efectuaram-se medidas <strong>de</strong> potencial <strong>em</strong> circuito aberto ao aço (substrato), ao aço<br />

revestido com um filme <strong>de</strong> crómio (correspon<strong>de</strong>nte à intercamada <strong>de</strong> todas as amostras com<br />

<strong>revestimentos</strong> homogéneos <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio) e aos <strong>revestimentos</strong> monolíticos e<br />

multicamada.<br />

A figura 6.2 mostra que o substrato <strong>de</strong> aço inoxidável AISI 316 apresenta o<br />

comportamento menos nobre. O seu potencial aumenta ligeiramente até estabilizar a cerca <strong>de</strong><br />

-360 mV. A amostra revestida com crómio é mais nobre e estabiliza o potencial a cerca <strong>de</strong><br />

-310 mV.<br />

E vs. SCE [V]<br />

0.1<br />

0.0<br />

-0.1<br />

-0.2<br />

-0.3<br />

-0.4<br />

-0.5<br />

0 400 800 1200 1600 2000 2400 2800 3200 3600<br />

t [s]<br />

Substrato<br />

Revestimento <strong>de</strong> Cr<br />

CrN-14<br />

CrN-17<br />

CrN-15<br />

CrN-8<br />

CrN-18<br />

Figura 6.2 – Curvas <strong>de</strong> potencial <strong>em</strong> circuito aberto para algumas amostras com <strong>revestimentos</strong> monolíticos <strong>de</strong><br />

nitreto <strong>de</strong> crómio numa solução <strong>de</strong> HCl (1M).<br />

130


Comportamento das amostras <strong>em</strong> ambientes quimicamente agressivos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

Na figura não se encontram as curvas OPC <strong>de</strong> todas as amostras com <strong>revestimentos</strong><br />

monolíticos <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio, no entanto os ex<strong>em</strong>plos apresenta<strong>dos</strong> correspon<strong>de</strong>m a três<br />

comportamentos típicos que po<strong>de</strong>mos classificar do seguinte modo:<br />

(i) amostras <strong>em</strong> que o potencial livre atinge, <strong>de</strong> forma abrupta, o potencial da amostra<br />

revestida com crómio. Nalgumas <strong>de</strong>stas amostras este comportamento verifica-se<br />

imediatamente após o início do teste como é o caso das amostras CrN-14, CrN-2, CrN-13,<br />

CrN-22 e CrN-24. Noutras amostras aquele comportamento acontece numa fase posterior<br />

antes do fim do teste. As amostras CrN-15, CrN-17, CrN-20, G/CrN-2 e G/CrN-6 também<br />

têm este comportamento;<br />

(ii) amostras <strong>em</strong> que o valor do potencial parece vir a ser atingido <strong>de</strong> uma forma<br />

bastante mais lenta, mas não é atingido antes do final do teste (CrN-8, CrN-12, CrN-19,<br />

CrN-23 (zona baça), CrN-25);<br />

(iii) amostras que parec<strong>em</strong> manter o potencial ao longo da experiência ou formar um<br />

filme passivo <strong>de</strong> potencial maior que o potencial do início da experiência (CrN-18, CrN-16,<br />

CrN-23 (zona brilhante), G/CrN-7 e G/CrN-8).<br />

Este comportamento da variação do potencial com o t<strong>em</strong>po <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>dos</strong> <strong>de</strong>feitos do<br />

tipo poros que as amostras possu<strong>em</strong>. A quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> poros <strong>de</strong>ve diminuir <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os<br />

<strong>revestimentos</strong> com comportamento <strong>de</strong> tipo (i) até aqueles que apresentam comportamento (ii).<br />

Provavelmente os <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> tipo (iii) não apresentam porosida<strong>de</strong> aberta, formando-se<br />

um filme passivo. No entanto não se po<strong>de</strong> relacionar directamente este comportamento com a<br />

área percentual <strong>de</strong> <strong>de</strong>feitos apresentada no capítulo 3, uma vez que os <strong>de</strong>feitos contabiliza<strong>dos</strong><br />

não correspon<strong>de</strong>m somente a poros. Em todas as amostras analisadas, a maior parte <strong>dos</strong><br />

<strong>de</strong>feitos contabiliza<strong>dos</strong> são grânulos. Os resulta<strong>dos</strong> apresenta<strong>dos</strong> no capítulo 3 acerca da<br />

quantida<strong>de</strong> e área <strong>dos</strong> <strong>de</strong>feitos e os resulta<strong>dos</strong> <strong>dos</strong> testes OCP apresenta<strong>dos</strong> neste capítulo, não<br />

são facilmente relacionáveis. Mesmo colocando a hipótese da fronteira <strong>dos</strong> grânulos ser uma<br />

via preferencial <strong>de</strong> penetração da solução através do revestimento, os resulta<strong>dos</strong> não permit<strong>em</strong><br />

confirmá-la.<br />

No capítulo anterior sugeriu-se que <strong>revestimentos</strong> mais <strong>de</strong>nsos po<strong>de</strong>m apresentar<br />

porosida<strong>de</strong> aberta, portanto mais nociva do ponto <strong>de</strong> vista da corrosão. A figura 6.3, mostra a<br />

variação da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> média <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> com o tipo <strong>de</strong> comportamento no teste OCP.<br />

Verifica-se que as amostras que apresentaram pior comportamento, no sentido que o potencial<br />

livre atingiu rapidamente o valor do potencial da intercamada <strong>de</strong> crómio, possu<strong>em</strong> uma<br />

131


Comportamento das amostras <strong>em</strong> ambientes quimicamente agressivos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> média mais elevada que aqueles <strong>em</strong> que a penetração é mais difícil ou não<br />

acontece. Os <strong>revestimentos</strong> menos <strong>de</strong>nsos po<strong>de</strong>m ter uma quantida<strong>de</strong> mais elevada <strong>de</strong><br />

material amorfo <strong>de</strong> menor <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>.<br />

[kg/m 3 ]<br />

Figura 6.3 – Relação entre a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> média <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> e o tipo <strong>de</strong> comportamento nos testes OCP.<br />

Foi possível para a amostra CrN-23 efectuar os testes electroquímicos numa zona baça<br />

e numa zona brilhante. O comportamento do teste OCP é bastante diferente. Enquanto na<br />

zona baça da amostra o potencial foi <strong>de</strong>crescendo regularmente, mas s<strong>em</strong> atingir o potencial<br />

da intercamada <strong>de</strong> crómio durante a duração do teste, o revestimento brilhante parece ter dado<br />

orig<strong>em</strong> a um filme passivo que periodicamente quebra para <strong>de</strong> imediato voltar a passivar (ver<br />

figura 6.4).<br />

E vs. SCE [V]<br />

4.4<br />

4.3<br />

4.2<br />

4.1<br />

4.0<br />

3.9<br />

3.8<br />

0.25<br />

0.20<br />

0.15<br />

0.10<br />

0.05<br />

0.00<br />

-0.05<br />

-0.10<br />

i ii iii<br />

Comportamento OCP<br />

CrN-23 (Zona baça)<br />

CrN-23 (Zona brilhante)<br />

0 900 1800 2700 3600<br />

t [s]<br />

Figura 6.4 – Curvas OCP da amostra CrN-23, a partir <strong>de</strong> ensaios efectua<strong>dos</strong> numa solução <strong>de</strong> HCl (1M), <strong>em</strong><br />

zona baça e zona brilhante do revestimento.<br />

132


Comportamento das amostras <strong>em</strong> ambientes quimicamente agressivos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

6.1.1.2 – Revestimentos Multicamada<br />

Neste tipo <strong>de</strong> <strong>revestimentos</strong> cada tipo <strong>de</strong> monocamada t<strong>em</strong> o seu comportamento<br />

típico. As amostras com <strong>revestimentos</strong> simples <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio apresentam um<br />

comportamento do tipo (i) (ii) ou (iii), (ver curvas OCP da figura 6.5), tal como é <strong>de</strong>scrito na<br />

secção 6.1.1.1. A amostra revestida a titânio apresenta um comportamento estável ao longo do<br />

teste.<br />

E vs. SCE [V]<br />

0.1<br />

0.0<br />

-0.1<br />

-0.2<br />

-0.3<br />

-0.4<br />

0 900 1800 2700 3600<br />

t [s]<br />

Substrato Ti-4<br />

G/CrN-2 G/CrN-6<br />

G/CrN-7 G/CrN-8<br />

Figura 6.5 – Curvas <strong>de</strong> potencial <strong>em</strong> circuito aberto para algumas amostras com <strong>revestimentos</strong> monolíticos <strong>de</strong><br />

nitreto <strong>de</strong> crómio e titânio, das séries DC, numa solução <strong>de</strong> HCl (1M).<br />

Relativamente aos <strong>revestimentos</strong> multicamada, apresentam geralmente um<br />

comportamento mais nobre que o substrato ou que os <strong>revestimentos</strong> monolíticos. Para a maior<br />

parte das amostras acontece estabilização do potencial livre entre cerca <strong>de</strong> –60 mV e<br />

15 mV(ver curvas OCP da figura 6.6). As amostras TiCrN-13 e TiCrN-19 evi<strong>de</strong>nciam a<br />

formação <strong>de</strong> um filme passivo (comportamento tipo (iii)). As amostras TiCrN-11 e TiCrN-16<br />

tiveram um <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho fraco relativamente aos outros <strong>revestimentos</strong> multicamada. Após os<br />

testes <strong>de</strong> corrosão verificou-se que o revestimento tinha sido completamente r<strong>em</strong>ovido, no<br />

primeiro caso ou evi<strong>de</strong>nciavam gran<strong>de</strong>s picadas, no segundo. Essa é a razão do potencial <strong>de</strong><br />

tornar mais negativo com o <strong>de</strong>correr do t<strong>em</strong>po, atingindo no caso da amostra TiCrN-11, ou<br />

133


Comportamento das amostras <strong>em</strong> ambientes quimicamente agressivos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

quase atingindo, no caso da amostra TiCrN-16, o potencial do substrato. Esta ocorrência po<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ver-se à existência <strong>de</strong> poros que, mesmo com as diversas camadas que constitu<strong>em</strong> o filme,<br />

permitiram que a solução corrosiva penetrasse até ao substrato e provocasse r<strong>em</strong>oção do<br />

revestimento.<br />

E vs SCE [V]<br />

0.6<br />

0.4<br />

0.2<br />

0.0<br />

-0.2<br />

-0.4<br />

0 900 1800 2700 3600<br />

t [s]<br />

Figura 6.6 – Curvas <strong>de</strong> potencial <strong>em</strong> circuito aberto para as amostras com <strong>revestimentos</strong> multicamada e alguns<br />

<strong>revestimentos</strong> monolíticos <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio e titânio, numa solução <strong>de</strong> HCl (1M).<br />

Os <strong>revestimentos</strong> multicamada apresentaram um comportamento mais estável que os<br />

<strong>revestimentos</strong> simples <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio. Este comportamento não parece <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r da<br />

espessuras das monocamadas. Há os casos <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> TiCrN-11 e TiCrN-16 <strong>em</strong> que<br />

os <strong>revestimentos</strong> tiveram fraco <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho, mas isso po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ver-se a alguma razão<br />

<strong>de</strong>sconhecida durante a <strong>de</strong>posição que tenha provocado condições que não permitiram que o<br />

comportamento <strong>de</strong>stes <strong>revestimentos</strong> fosse s<strong>em</strong>elhante ao <strong>dos</strong> restantes.<br />

6.1.1.3 – Revestimentos <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> titânio e alumínio<br />

Substrato<br />

TiCrN-11<br />

TiCrN-12<br />

TiCrN-13<br />

TiCrN14<br />

TiCrN-16<br />

TiCrN-17<br />

TiCrN-18<br />

TiCrN-19<br />

TiCrN-20<br />

Os <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> titânio e alumínio mostraram comportamentos<br />

diferentes (ver figura 6.7). A amostra TiAlN-1 parece mostrar penetração da solução <strong>de</strong> HCl<br />

até à intercamada, tendo um comportamento do tipo (i), enquanto a amostra comercial<br />

(TiAlN-2) parece mostrar uma tendência <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> filme passivo que, enquanto o teste<br />

<strong>de</strong>corre sofre inúmeras perfurações <strong>de</strong> barreira, mas que tornam a passivar <strong>de</strong> imediato.<br />

134


Comportamento das amostras <strong>em</strong> ambientes quimicamente agressivos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

E vs. SCE [V]<br />

Figura 6.7 – Curvas <strong>de</strong> potencial <strong>em</strong> circuito aberto para as amostras com <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> titânio e<br />

alumínio, numa solução <strong>de</strong> HCl (1M).<br />

6.1.2 – Polarização Potenciodinâmica<br />

0.4<br />

0.3<br />

0.2<br />

0.1<br />

0.0<br />

-0.1<br />

-0.2<br />

-0.3<br />

Substrato Ti-4<br />

TiAlN-1 TiAlN-2<br />

-0.4<br />

0 900 1800 2700 3600<br />

t [s]<br />

6.1.2.1 – Revestimentos <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio<br />

Na figura 6.8, po<strong>de</strong>mos verificar alguns comportamentos típicos <strong>de</strong> amostras com<br />

<strong>revestimentos</strong> homogéneos e também do substrato. Verifica-se que as <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> corrente<br />

nas amostras revestidas com o metal crómio, <strong>de</strong>positado por pulverização catódica (metal<br />

usado na intercamada) e com os <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio, po<strong>de</strong>m ser mais <strong>de</strong> duas<br />

or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>za menores que as <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> corrente do substrato. Há no entanto<br />

amostras que apresentaram um comportamento muito mau. A amostra CrN-23, <strong>em</strong> zona baça,<br />

apresenta <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> corrente anódicas s<strong>em</strong>elhantes às do substrato, como se po<strong>de</strong> ver na<br />

figura 6.8. Nos <strong>revestimentos</strong> que tiveram um comportamento s<strong>em</strong>elhante a este, verificou-se<br />

que, após o teste <strong>de</strong> corrosão, todo o revestimento tinha sido r<strong>em</strong>ovido. Este comportamento<br />

po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ver-se à presença <strong>de</strong> poros que permitam penetração da solução através do<br />

revestimento e se inicie o processo <strong>de</strong> corrosão do substrato. De um modo geral os<br />

<strong>revestimentos</strong> monolíticos <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio apresentam curvas <strong>de</strong> polarização<br />

potenciodinâmica muito s<strong>em</strong>elhantes às da amostra CrN-8 da figura 6.9. Para estes<br />

<strong>revestimentos</strong>, os <strong>mecanismos</strong> <strong>de</strong> corrosão <strong>em</strong> solução aquosa <strong>de</strong> HCl são s<strong>em</strong>elhantes.<br />

135


Comportamento das amostras <strong>em</strong> ambientes quimicamente agressivos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

Figura 6.8 – Curvas <strong>de</strong> polarização potenciodinâmica <strong>de</strong> amostras com <strong>revestimentos</strong> monolíticos <strong>de</strong> nitreto<br />

crómio, numa solução <strong>de</strong> HCl (1M).<br />

Os melhores valores <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> corrente <strong>de</strong> corrosão foram inferiores a<br />

1 µA/cm 2 (ver figura 6.9).<br />

i corr [µA/cm 2 ]<br />

E vs.SCE [V]<br />

10<br />

1<br />

0.1<br />

0.4<br />

0.2<br />

0.0<br />

-0.2<br />

-0.4<br />

Substrato<br />

Cr<br />

CrN-8<br />

CrN-23<br />

-0.6<br />

-9 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2<br />

log 10(i [A/cm 2<br />

])<br />

Substrato<br />

Revest. Cr<br />

CrN-2<br />

CrN-8<br />

CrN-12<br />

CrN-13<br />

CrN-14<br />

CrN-15<br />

CrN-16<br />

CrN-17<br />

CrN-18<br />

CrN-19<br />

CrN-20<br />

CrN-22<br />

CrN-23 (brilh.)<br />

CrN-24<br />

G/CrN-2<br />

G/CrN-6<br />

G/CrN-8<br />

Figura 6.9 – Densida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> corrente <strong>de</strong> corrosão <strong>de</strong> amostras com <strong>revestimentos</strong> monolíticos <strong>de</strong> nitreto crómio,<br />

numa solução <strong>de</strong> HCl (1M).<br />

136


Comportamento das amostras <strong>em</strong> ambientes quimicamente agressivos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

O número <strong>de</strong> <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio produzi<strong>dos</strong> com utilização <strong>de</strong> uma<br />

fonte DC foram <strong>em</strong> menor número que os da série RF. Mas <strong>de</strong> um modo geral, os<br />

<strong>revestimentos</strong> da série DC apresentam <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> corrente <strong>de</strong> corrosão s<strong>em</strong>elhantes às <strong>dos</strong><br />

melhores resulta<strong>dos</strong> obti<strong>dos</strong> com os <strong>revestimentos</strong> da série RF. O substrato apresenta cerca <strong>de</strong><br />

55 µA/cm 2 .<br />

Relacionando a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> e o módulo <strong>de</strong> Young efectivo <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> nitreto<br />

<strong>de</strong> crómio com as <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> corrente <strong>de</strong> corrosão (ver fig.6.10), verifica-se que há<br />

menores correntes <strong>de</strong> corrosão para os <strong>revestimentos</strong> com menor e maior <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> ou<br />

módulo <strong>de</strong> Young efectivo. Os casos <strong>de</strong> <strong>revestimentos</strong> com valores <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> ou módulo<br />

<strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong> intermédia apresentam <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> corrente <strong>de</strong> corrosão superiores. Esta<br />

verificação parece confirmar que no caso <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio as<br />

<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> corrente <strong>de</strong> corrosão po<strong>de</strong>rão ser inferiores a 1 µA/cm 2 , quando os<br />

<strong>revestimentos</strong> não apresentam porosida<strong>de</strong> aberta. Se há porosida<strong>de</strong> aberta as correntes<br />

po<strong>de</strong>rão ter tendência a aumentar, porque nesse caso está-se a contribuir com a corrosão do<br />

substrato.<br />

i corr [µA/cm 2 ]<br />

10<br />

1<br />

0.1<br />

3.2 3.6 4.0 4.4 4.8 5.2<br />

ρ [10 3 kg/cm 3 ]<br />

(a) (b)<br />

Figura 6.10 - (a) Variação da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corrente <strong>de</strong> corrosão com a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> monolíticos<br />

<strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio; (b) Variação da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corrente <strong>de</strong> corrosão com o módulo <strong>de</strong> Young efectivo <strong>de</strong><br />

<strong>revestimentos</strong> monolíticos <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio.<br />

O comportamento da amostra CrN-23 <strong>em</strong> zona baça parece mostrar que o<br />

revestimento é rapidamente r<strong>em</strong>ovido, apresentando <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> corrente elevadas (figura<br />

6.11). Apesar da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corrente <strong>de</strong> corrosão ser quase 16 vezes menor que a do<br />

substrato, na parte anódica do varrimento as <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> corrente são idênticas às do<br />

i corr [µA/cm 2 ]<br />

10<br />

1<br />

0.1<br />

50 100 150 200 250<br />

E Ef [GPa]<br />

137


Comportamento das amostras <strong>em</strong> ambientes quimicamente agressivos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

substrato, como se po<strong>de</strong> ver pela figura 6.8. No final do teste confirmou-se que o revestimento<br />

tinha sido completamente r<strong>em</strong>ovido. A zona brilhante do revestimento <strong>de</strong> CrN-23 mostrou<br />

uma <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corrente <strong>de</strong> corrosão cerca <strong>de</strong> 10 vezes menor que a da zona baça, e <strong>em</strong><br />

todo o varrimento anódico as <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> corrente são cerca <strong>de</strong> duas or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>zas<br />

menores (figura 6.11). A forma da curva <strong>de</strong> polarização potenciodinâmica da zona brilhante<br />

do revestimento CrN-23 parece mostrar a criação <strong>de</strong> um filme passivo que com o aumento da<br />

diferença <strong>de</strong> potencial mostra algumas “perfurações” <strong>de</strong>ssa camada, mas que fecha até que se<br />

atinge o potencial crítico.<br />

E vs SCE [V]<br />

1.0<br />

0.8<br />

0.6<br />

0.4<br />

0.2<br />

0.0<br />

-0.2<br />

-0.4<br />

-0.6<br />

-0.8<br />

CrN-23 (Zona baça)<br />

CrN-23 (Zona brilhante)<br />

-1.0<br />

-8 -7 -6 -5 -4 -3 -2<br />

log 10 (i [µA/cm 2 ]<br />

Figura 6.11 – Curvas <strong>de</strong> polarização potenciodinâmica da amostra CrN-23 <strong>em</strong> zona brilhante e <strong>em</strong> zona baça do<br />

revestimento, numa solução <strong>de</strong> HCl (1M).<br />

6.1.2.2 – Revestimentos multicamada<br />

As curvas resultantes <strong>dos</strong> testes <strong>de</strong> polarização potenciodinâmica estão representa<strong>dos</strong><br />

na figura 6.12. O comportamento da amostra com revestimento homogéneo <strong>de</strong> titânio é<br />

s<strong>em</strong>elhante ao <strong>de</strong> crómio da figura 6.8.<br />

As amostras com revestimento multicamada apresentam <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> corrente uma<br />

ou duas or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>za menores que os <strong>revestimentos</strong> simples durante praticamente todo<br />

o varrimento <strong>de</strong> potencial. Algumas amostras tiveram um <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho fraco (TiCrN-11), mas<br />

que <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>rado uma excepção. Esse comportamento po<strong>de</strong> ser justificado por<br />

<strong>de</strong>feitos originários no processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição. De qualquer modo esses <strong>de</strong>feitos parec<strong>em</strong> ser<br />

menos frequentes que nos <strong>revestimentos</strong> simples.<br />

138


Comportamento das amostras <strong>em</strong> ambientes quimicamente agressivos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

E vs. SCE [V]<br />

0.6<br />

0.4<br />

0.2<br />

0.0<br />

-0.2<br />

-0.4<br />

-0.6<br />

-0.8<br />

-9 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1<br />

Figura 6.12 – Curvas <strong>de</strong> polarização potenciodinâmica <strong>de</strong> <strong>revestimentos</strong> multicamada, numa solução <strong>de</strong> HCl<br />

(1M).<br />

Os melhores resulta<strong>dos</strong> <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> corrente <strong>de</strong> corrosão são uma<br />

or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>za menores que os melhores resulta<strong>dos</strong> <strong>de</strong> <strong>revestimentos</strong> simples.<br />

6.1.2.3 – Revestimentos <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> titânio e alumínio<br />

As amostras <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> titânio e alumínio mostram <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> corrente <strong>de</strong><br />

corrosão muito s<strong>em</strong>elhantes.<br />

E vs. SCE [V]<br />

0.6<br />

0.4<br />

0.2<br />

0.0<br />

-0.2<br />

-0.4<br />

-0.6<br />

-0.8<br />

Substrato<br />

Ti-4<br />

TiAlN-1<br />

TiAlN-2<br />

log 10 (i [A/cm 2 ])<br />

-10 -9 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2<br />

log 10 (i [µA/cm 2 ])<br />

Substrato<br />

Ti-4<br />

TiCrN-11<br />

TiCrN-13<br />

TiCrN-14<br />

G/CrN-6<br />

TiCrN-17<br />

Figura 6.13 – Curvas <strong>de</strong> polarização potenciodinâmica <strong>de</strong> <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> titânio e alumínio, numa<br />

solução <strong>de</strong> HCl (1M).<br />

139


Comportamento das amostras <strong>em</strong> ambientes quimicamente agressivos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

Ao longo do varrimento <strong>de</strong> potencial na zona anódica, as <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> corrente são cerca <strong>de</strong><br />

quatro or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>za inferiores à do substrato e entre uma e três or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>za<br />

menores que a da amostra revestida com titânio. O revestimento TiAlN-2 apresenta um<br />

patamar <strong>de</strong> passivação mais alargado que a amostra TiAlN-1, sendo a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corrente<br />

crítica encontrada só a 400 mV (figura 6.13).<br />

6.2 – Teste "Corrodkote"<br />

Este teste foi efectuado nas condições <strong>de</strong>scritas na secção 1.2.10. Tal como foi<br />

referido anteriormente, no caso <strong>de</strong> haver poros, os sais presentes na pasta que cobre os<br />

<strong>revestimentos</strong> difun<strong>de</strong>m-se através <strong>de</strong>les e reag<strong>em</strong> com a interface metálica. Nestes casos<br />

observam-se, à vista <strong>de</strong>sarmada, gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>feitos. No caso <strong>de</strong> fortes tensões intrínsecas,<br />

aparec<strong>em</strong> fracturas visíveis também a olho nu.<br />

Número <strong>de</strong> ciclos<br />

5<br />

4<br />

3<br />

2<br />

1<br />

0<br />

Substrato<br />

CrN-2<br />

CrN-8<br />

CrN-12<br />

CrN-13<br />

CrN-14<br />

CrN-23<br />

Figura 6.14 - Número <strong>de</strong> ciclos <strong>de</strong> 16 horas <strong>de</strong> teste "corrodkote" suportado pelas amostras.<br />

Na figura 6.14 apresentam-se o número <strong>de</strong> ciclos que algumas amostras aguentaram<br />

antes <strong>de</strong> ser<strong>em</strong> <strong>de</strong>tectadas falhas. O comportamento <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> multicamada é<br />

significativamente melhor que o comportamento <strong>dos</strong> revestimento simples. Estes resulta<strong>dos</strong><br />

po<strong>de</strong>m mostrar que os <strong>revestimentos</strong> multicamadas não apresentam <strong>de</strong>feitos ou poros que<br />

G/CrN-2<br />

G/CrN-6<br />

Ti/CrN-13<br />

Ti/CrN-14<br />

Ti/CrN-16<br />

Ti/CrN-17<br />

TiAlN-2<br />

140


Comportamento das amostras <strong>em</strong> ambientes quimicamente agressivos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

atravess<strong>em</strong> toda a espessura do revestimento, ou, se existir uma via para que as sais<br />

corrosivos chegu<strong>em</strong> ao substrato, essa via é bastante mais difícil 3 .<br />

Quer o substrato quer a amostra CrN-14 apresentaram <strong>de</strong>feitos ao fim do primeiro<br />

ciclo. A figura mostra também, a título <strong>de</strong> comparação, o resultado obtido com o revestimento<br />

comercial <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> titânio e alumínio (TiAlN-2), <strong>de</strong>positado num substrato do mesmo aço<br />

que os <strong>revestimentos</strong> basea<strong>dos</strong> no nitreto <strong>de</strong> crómio. O seu comportamento po<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar-se<br />

razoável. Aguentou o mesmo número <strong>de</strong> ciclos que uma das amostras <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio,<br />

mas não resistiu tanto como os melhores revestimento multicamada.<br />

6.3 – Corrosão a t<strong>em</strong>peratura elevada <strong>em</strong> atmosfera contendo cloreto<br />

O mecanismo <strong>de</strong> corrosão <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong>ste teste é estudado por duas perspectivas. A<br />

composição das amostras é verificada antes e após um ciclo <strong>de</strong> corrosão por XPS e RBS.<br />

Como o XPS permite obter informação acerca das ligações químicas <strong>dos</strong> el<strong>em</strong>entos<br />

constituintes, po<strong>de</strong> obter-se informação acerca das reacções químicas ocorridas durante o<br />

teste. A segunda perspectiva baseia-se simplesmente <strong>em</strong> efectuar o número <strong>de</strong> ciclos<br />

necessários até se verificar macroscopicamente que o revestimento esteja danificado.<br />

6.3.1 – Processos químicos na superfície <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong><br />

6.3.1.1 – Revestimentos basea<strong>dos</strong> no nitreto <strong>de</strong> crómio<br />

Já foi referido no capítulo 1 que os <strong>revestimentos</strong> monolíticos são estequiométricos<br />

(Cr:N 1:1) ou ligeiramente sub-estequiométricos relativamente ao azoto. A composição <strong>de</strong>stes<br />

<strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio obtida por RBS, não mostram a existência <strong>de</strong> carbono,<br />

oxigénio ou outras impurezas antes e após as experiências <strong>de</strong> corrosão realizadas a<br />

t<strong>em</strong>peratura elevada. Isto significa que a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> impurezas está abaixo <strong>dos</strong> 2 % até<br />

cerca <strong>de</strong> uma profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 1 µm. Significa também que os danos causa<strong>dos</strong> por estes testes<br />

<strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser essencialmente superficiais. Como se <strong>de</strong>tectam diferenças <strong>de</strong> coloração, a<br />

composição superficial <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong>ve ter-se alterado, no entanto o RBS não<br />

3<br />

O mercado americano exige que os <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong>corativos resistam dois ciclos do teste<br />

"corrodkote"<br />

141


Comportamento das amostras <strong>em</strong> ambientes quimicamente agressivos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

consegue distinguir diferença na composição do filme após os testes <strong>de</strong> corrosão. Uma técnica<br />

mais a<strong>de</strong>quada para <strong>de</strong>terminar o que acontece ao nível da superfície é o XPS.<br />

As medidas por XPS só analisam até uma profundida<strong>de</strong> entre 5 e 10 nm. Nesta região<br />

a composição varia significativamente quando comparada ao revestimento no seu todo, tal<br />

como analisado por RBS. Em todas as amostras, antes do teste <strong>de</strong> corrosão, é <strong>de</strong>tectada uma<br />

quantida<strong>de</strong> significativa <strong>de</strong> oxigénio na superfície (entre 20 e 40 %). Esta quantida<strong>de</strong> é<br />

atribuída a reacções na superfície entre o oxigénio e o revestimento <strong>de</strong> nitreto, levando à<br />

formação <strong>de</strong> óxi<strong>dos</strong> metálicos.<br />

A figura 6.15 mostra a diferença na composição da superfície, antes e após os testes <strong>de</strong><br />

corrosão a quente, a partir <strong>dos</strong> da<strong>dos</strong> obti<strong>dos</strong> por XPS. Esta figura mostra que, a nível<br />

el<strong>em</strong>entar, acontece uma perda acentuada <strong>de</strong> azoto e um enriquecimento substancial <strong>em</strong><br />

oxigénio.<br />

CrN-8 antes <strong>de</strong> corrosão a quente [at %]<br />

41%<br />

15%<br />

0%<br />

44%<br />

CrN-2 antes <strong>de</strong> corrosão a quente [at %]<br />

19%<br />

41%<br />

0%<br />

40%<br />

Cr<br />

N<br />

O<br />

Cl<br />

Cr<br />

N<br />

O<br />

Cl<br />

CrN-8 após corrosão a quente [at %]<br />

Figura 6.15 - Composição da superfície <strong>dos</strong> revestimento CrN-2 e CrN-8 antes e após do teste <strong>de</strong> corrosão a<br />

quente, obtida por XPS.<br />

Uma análise <strong>de</strong>talhada do espectro XPS do oxigénio, azoto e crómio é mostrado na<br />

figura 6.16. A <strong>de</strong>sconvolução <strong>dos</strong> picos pelo método <strong>de</strong> Sherwood mostra a presença <strong>de</strong><br />

diferentes esta<strong>dos</strong> <strong>de</strong> ligação para estes el<strong>em</strong>entos. Na tabela 6.2 i<strong>de</strong>ntificam-se os picos<br />

41%<br />

4%<br />

23%<br />

32%<br />

CrN-2 após corrosão a quente [at %]<br />

60%<br />

5%<br />

28%<br />

7%<br />

Cr<br />

N<br />

O<br />

Cl<br />

Cr<br />

N<br />

O<br />

Cl<br />

142


Comportamento das amostras <strong>em</strong> ambientes quimicamente agressivos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

obti<strong>dos</strong> da <strong>de</strong>sconvolução <strong>dos</strong> espectros, por confronto com os valores <strong>de</strong> energia <strong>de</strong> ligação<br />

obti<strong>dos</strong> da literatura.<br />

Intensida<strong>de</strong> [a.u.]<br />

Intensida<strong>de</strong> [a.u.]<br />

Intensida<strong>de</strong> [u.a.]<br />

Cr 3<br />

Cr 1<br />

Cr<br />

2<br />

(a) (b)<br />

(c<br />

Energia <strong>de</strong> ligação [eV]<br />

N 2<br />

Energia <strong>de</strong> ligação [eV]<br />

O 2<br />

Energia <strong>de</strong> ligação [eV]<br />

N 1<br />

O 1<br />

Energia <strong>de</strong> ligação<br />

Figura 6.16 – Espectros XPS e ajustes com gaussianas/lorentzianas aos picos <strong>de</strong>: Cr - (a) antes e (b) após; N -<br />

(c) antes e (d) após; O -(e) antes e (f) após, os testes <strong>de</strong> corrosão a quente.<br />

Relativamente à análise das amostras antes da experiência <strong>de</strong> corrosão a t<strong>em</strong>peratura<br />

elevada, o espectro Cr 2p3/2, ilustrado na figura 6.16(a), mostra a contribuição <strong>de</strong> três picos.<br />

Além do pico associado ao CrN (Cr 1), centrado a 575.7 eV, aparece um pico atribuído ao<br />

crómio metálico (Cr 2) a 574.6 eV, mas é também <strong>de</strong>tectada uma forma oxidada <strong>de</strong> crómio<br />

Intensida<strong>de</strong> [a.u.]<br />

Intensida<strong>de</strong> [u.a.]<br />

Intensida<strong>de</strong> [u a ]<br />

(e) (f)<br />

(d)<br />

N<br />

3<br />

Cr 3<br />

N<br />

2<br />

Energia <strong>de</strong> ligação<br />

O 1<br />

Energia <strong>de</strong> ligação<br />

Cr 1<br />

N 1<br />

O 3<br />

143


Comportamento das amostras <strong>em</strong> ambientes quimicamente agressivos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

(Cr 3), provavelmente hidróxido <strong>de</strong> crómio Cr(OH)3, a 577.5 eV. A formação do hidróxido <strong>de</strong><br />

crómio é típica para a oxidação a baixa t<strong>em</strong>peratura do crómio numa atmosfera com<br />

humida<strong>de</strong>.<br />

Tabela 6. 2 – Valores das energias <strong>de</strong> ligação <strong>de</strong> cada um <strong>dos</strong> picos <strong>dos</strong> espectros XPS da figura 6.15 e<br />

i<strong>de</strong>ntificação com o tipo <strong>de</strong> substância a partir <strong>dos</strong> valores obti<strong>dos</strong> da literatura.<br />

I<strong>de</strong>ntificação Substância Energia <strong>de</strong> ligação Energia <strong>de</strong> ligação Referência<br />

do pico<br />

experimental [eV] literatura [eV]<br />

Cr 1 CrN 575.7 575.8 [3]<br />

Cr 2 Cr met 574.6 574.3 [4]<br />

Cr 3 Cr(OH)3 577.5 577.3 [5]<br />

Cr 4 CrO3 578.6 578.1-579.8 [14-19]<br />

N 1 CrN 396.6 396.7 [3]<br />

N 2<br />

N 3<br />

Cr2N<br />

N2<br />

397.5<br />

402.4<br />

397.4<br />

402.5<br />

[10]<br />

[22]<br />

O 1 Cr(OH)3 531.3 530.8-531.7 [6-8]<br />

O 2<br />

O 3<br />

H2O<br />

Cr2O3<br />

533.3<br />

530.4<br />

533.1<br />

529.8-530.8<br />

[9]<br />

[6-9,23-28]<br />

CrO3<br />

529.7-530.8 [7,8,29]<br />

Uma confirmação <strong>de</strong>stes pressupostos aparece quando se analisa o sinal do oxigénio<br />

do espectro XPS (O 1s) na figura 6.16(e). A presença do hidróxido é indicada pelo pico O 1 a<br />

531.3 eV. Aparece também cerca <strong>de</strong> 2% <strong>de</strong> água (O 2) a 533.3 eV.<br />

O pico <strong>de</strong> azoto consegue também ser <strong>de</strong>scrito como a sobreposição <strong>de</strong> 2 picos, <strong>de</strong><br />

intensida<strong>de</strong> diferente, centra<strong>dos</strong> a 396.6 eV (N 1) e 397.5 eV (N 2), atribuí<strong>dos</strong> aos dois<br />

nitretos <strong>de</strong> crómio, CrN e Cr2N respectivamente (ver figura 6.16(c)). Existe uma clara<br />

predominância da fase CrN. Como a fase Cr2N não foi <strong>de</strong>tectada por XRD, n<strong>em</strong> nenhum<br />

excesso significativo <strong>de</strong> crómio foi <strong>de</strong>tectado por RBS, a presença <strong>de</strong> Cr2N (menos <strong>de</strong> 10 %)<br />

po<strong>de</strong> ser somente um fenómeno superficial. Deve ser referido que é difícil distinguir estes<br />

dois nitretos a partir da <strong>de</strong>sconvolução <strong>dos</strong> picos XPS do Cr 2p3/2, pois os valores da sua<br />

energia <strong>de</strong> ligação são <strong>de</strong>masiado próximos (∆E ≈ 0.3 eV).<br />

O teste <strong>de</strong> corrosão a t<strong>em</strong>peratura elevada não r<strong>em</strong>ove os produtos <strong>de</strong> corrosão da<br />

superfície da amostra e consequent<strong>em</strong>ente po<strong>de</strong>m ser i<strong>de</strong>ntifica<strong>dos</strong> por XPS. Durante a<br />

experiência o revestimento é atacado pela atmosfera ácida e a superfície evi<strong>de</strong>ncia uma forte<br />

perda <strong>de</strong> azoto e enriquecimento <strong>em</strong> oxigénio. Detecta-se também menos <strong>de</strong> 5 % <strong>de</strong> cloro<br />

(figura 6.14).<br />

Após o teste <strong>de</strong> corrosão a <strong>de</strong>sconvolução <strong>dos</strong> picos Cr 2p, N 1s e O 1s do espectro<br />

XPS mostra, nas figuras 6.16(b)(d) e (f), a contribuição <strong>de</strong> dois ou três picos para cada um <strong>dos</strong><br />

el<strong>em</strong>entos <strong>de</strong>tecta<strong>dos</strong>, <strong>em</strong> consequência <strong>de</strong> diferentes tipos <strong>de</strong> ligação química. Detecta-se<br />

também a presença <strong>dos</strong> picos Cl 2p.<br />

144


Comportamento das amostras <strong>em</strong> ambientes quimicamente agressivos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

O teste <strong>de</strong> corrosão a t<strong>em</strong>peratura elevada causa um <strong>de</strong>svio do pico Cr 2p3/2, para<br />

energias <strong>de</strong> ligação mais elevadas. Este efeito po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ver-se à substituição do azoto pelo<br />

oxigénio na superfície do revestimento, aumentando a concentração <strong>de</strong> hidróxido <strong>de</strong> crómio,<br />

óxido <strong>de</strong> crómio (III) - Cr2O3 – ou óxido <strong>de</strong> crómio (VI) - CrO3 - mas também <strong>de</strong> uma forma<br />

mista contendo oxigénio e azoto <strong>em</strong> proporções diversas (oxinitreto <strong>de</strong> crómio CrNxOy). De<br />

um modo geral a 350 ºC algum nitreto <strong>de</strong> crómio é transformado <strong>em</strong> óxido <strong>de</strong> crómio (III)<br />

ou/e oxinitreto <strong>de</strong> crómio. O crómio metálico praticamente <strong>de</strong>saparece após o tratamento a<br />

350 ºC, formando-se provavelmente óxido <strong>de</strong> crómio. As transformações ocorridas na<br />

superfície <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> po<strong>de</strong> ser traduzida nas equações químicas seguintes [11]:<br />

2 CrN + 3 H2O → Cr2O3 + N2 + 3 H2 (1)<br />

4 CrN + 3 O2 → 2 Cr2O3 + 2 N2 (2)<br />

CrN + y H2O → CrNxOy + (1-x)/2 N2+ y/2 H2 (3)<br />

CrN + y/2 O2 → CrNxOy + (1-x)/2 N2 (4)<br />

4 Cr + 3 O2 → 2 Cr2O3 (5)<br />

A t<strong>em</strong>peratura elevada o crómio reage facilmente com o HCl formando-se CrCl2 [12].<br />

Contudo a espectroscopia XPS não <strong>de</strong>tectou a presença <strong>de</strong>ste composto n<strong>em</strong> a <strong>de</strong> qualquer<br />

composto com a ligação Cr-Cl. A energia <strong>de</strong> ligação no cloreto <strong>de</strong> crómio (III) é 577.8 eV<br />

[13]. O espectro da amostra CrN-23, após o teste <strong>de</strong> corrosão apresenta um pico do crómio<br />

apresenta um pico (Cr 4) a 578.6 eV e correspon<strong>de</strong> à forma oxidada do crómio Cr (VI),<br />

provavelmente CrO3. Nas outras amostras a <strong>de</strong>sconvolução <strong>dos</strong> espectros não tinha originado<br />

este pico a energia <strong>de</strong> ligação tão elevada. A diferença <strong>de</strong> energias livres <strong>de</strong> Gibbs padrão <strong>de</strong><br />

formação <strong>de</strong> Cr (III) e Cr (IV) é pequena (-569 kJ/mol para o Cr2O3 e –589.9 kJ/mol para<br />

CrO3 [21]). Aparent<strong>em</strong>ente nesta amostra CrN-23 a formação do Cr (VI) é favorecida.<br />

O espectro XPS das amostras para o el<strong>em</strong>ento azoto, mostra o aparecimento <strong>de</strong> um<br />

novo pico após a experiência <strong>de</strong> corrosão a t<strong>em</strong>peratura elevada. Este pico está centrado a<br />

cerca <strong>de</strong> 402.4 eV (N 3 na figura 6.16(d)). Esta energia <strong>de</strong> ligação é atribuída ao azoto<br />

molecular.<br />

145


Comportamento das amostras <strong>em</strong> ambientes quimicamente agressivos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

A água que existia inicialmente, adsorvida à superfície, <strong>de</strong>saparece após o teste <strong>de</strong><br />

corrosão. Parte <strong>de</strong>sta água reage provavelmente com o crómio e o nitreto <strong>de</strong> crómio. Um novo<br />

pico <strong>de</strong> oxigénio surge a 530.4 eV (O 3) que po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong> novo atribuído ao óxido <strong>de</strong><br />

crómio (III) ou óxido <strong>de</strong> crómio (VI).<br />

6.3.1.2 – Revestimentos <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> titânio e alumínio<br />

Em todas as amostras, antes do teste <strong>de</strong> corrosão, é <strong>de</strong>tectada uma quantida<strong>de</strong><br />

significativa <strong>de</strong> oxigénio na superfície (entre 20 e 40 %). Esta quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> oxigénio é<br />

atribuída a reacções na superfície entre o oxigénio e o revestimento <strong>de</strong> nitreto, levando à<br />

formação <strong>de</strong> óxi<strong>dos</strong> metálicos. Na figura 6.17 mostra-se a diferença na composição da<br />

superfície, antes e após os testes <strong>de</strong> corrosão a quente, a partir <strong>dos</strong> da<strong>dos</strong> obti<strong>dos</strong> por XPS.<br />

Esta figura mostra que, a nível el<strong>em</strong>entar, acontece uma perda acentuada <strong>de</strong> azoto e um<br />

enriquecimento substancial <strong>em</strong> oxigénio.<br />

Uma análise <strong>de</strong>talhada do espectro XPS do azoto, titânio e alumínio é mostrado nas<br />

figuras 6.18 e 6.19. A <strong>de</strong>sconvolução <strong>dos</strong> picos mostra a presença <strong>de</strong> diferentes esta<strong>dos</strong> <strong>de</strong><br />

ligação para estes el<strong>em</strong>entos.<br />

As amostras <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> titânio e alumínio antes do teste <strong>de</strong> corrosão a quente<br />

mostram a contribuição <strong>de</strong> dois picos <strong>de</strong> Ti 2p3/2: um associado ao nitreto <strong>de</strong> titânio (Ti 1),<br />

centrado a 455.3 eV e o outro (Ti 2), centrado a 457.3 eV e po<strong>de</strong> ser associado a um óxido <strong>de</strong><br />

titânio, tal como Ti2O3 ou a um oxinitreto <strong>de</strong> titânio [14,32]. O pico do alumínio Al 2p po<strong>de</strong><br />

também ser <strong>de</strong>sconvoluído <strong>em</strong> dois picos: a 73.9 eV, (Al 1) associado ao nitreto <strong>de</strong> alumínio e<br />

Al2O3; ou Al(OH)3. Os óxi<strong>dos</strong> <strong>de</strong> titânio e <strong>de</strong> alumínio contribu<strong>em</strong> somente com cerca <strong>de</strong><br />

10% da intensida<strong>de</strong> total <strong>dos</strong> picos <strong>de</strong> Ti e Al, respectivamente. Devido a esta razão o óxido<br />

<strong>de</strong> alumínio está abaixo do limite <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção na amostra mais rica <strong>em</strong> titânio (amostra<br />

TiAlN-2) e o mesmo se passa relativamente ao óxido <strong>de</strong> titânio na amostra rica <strong>em</strong> alumínio<br />

(amostra TiAlN-1), razão pela qual o pico <strong>de</strong> óxido <strong>de</strong> alumínio não está representado na<br />

figura 6.19(a). O espectro do N 1s mostra a contribuição <strong>de</strong> dois picos associa<strong>dos</strong> ao TiN<br />

(N 4), a 397.0 eV, e AlN (N 5), a 397.6 eV.<br />

146


Comportamento das amostras <strong>em</strong> ambientes quimicamente agressivos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

Figura 6.17 - Composição da superfície <strong>dos</strong> revestimento TiAlN-1 e TiAlN-2 antes e após do teste <strong>de</strong> corrosão a<br />

quente, obtida por XPS.<br />

Intensida<strong>de</strong> [u.a.]<br />

TiAlN-1 antes <strong>de</strong> corrosão a quente [at %]<br />

37%<br />

22%<br />

0%<br />

8%<br />

33%<br />

TiAlN-2 antes <strong>de</strong> corrosão a quente [at %]<br />

24%<br />

33%<br />

0%<br />

Ti 2<br />

23%<br />

20%<br />

Ti 1<br />

Ti<br />

Al<br />

N<br />

O<br />

Cl<br />

Ti<br />

Al<br />

N<br />

O<br />

Cl<br />

TiAlN-1 após corrosão a quente [at %]<br />

Figura 6.18 – Espectros XPS e ajustes com gaussianas/lorentzianas aos picos <strong>de</strong>: Ti - (a) antes e (b) após os<br />

testes <strong>de</strong> corrosão a quente.<br />

61%<br />

2%<br />

13%<br />

5%<br />

19%<br />

TiAlN-2 após corrosão a quente [at %]<br />

Energia <strong>de</strong> ligação Energia <strong>de</strong> ligação [eV]<br />

Intensida<strong>de</strong> [u.a.]<br />

53%<br />

(a) (b)<br />

2%<br />

Ti 4<br />

13%<br />

9%<br />

23%<br />

Ti 3<br />

Ti<br />

Al<br />

N<br />

O<br />

Cl<br />

Ti<br />

Al<br />

N<br />

O<br />

Cl<br />

147


Comportamento das amostras <strong>em</strong> ambientes quimicamente agressivos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

Intensida<strong>de</strong> [u.a.]<br />

Energia <strong>de</strong> ligação [eV]<br />

(a)<br />

(c)<br />

Energia <strong>de</strong> ligação [eV] Energia <strong>de</strong> ligação [eV]<br />

N 5<br />

Al 1<br />

Energia <strong>de</strong> ligação [eV]<br />

Figura 6.19 – Espectros XPS e ajustes com gaussianas/lorentzianas aos picos <strong>de</strong>: Al - (a) antes e (b) após e N<br />

(c) antes e (d) após os testes <strong>de</strong> corrosão a quente para a amostra TiAlN-2.<br />

Tabela 6. 3 – Valores das energias <strong>de</strong> ligação <strong>de</strong> cada um <strong>dos</strong> picos <strong>dos</strong> espectros XPS das amostras <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong><br />

titânio e alumínio e i<strong>de</strong>ntificação com o tipo <strong>de</strong> substância a partir <strong>dos</strong> valores obti<strong>dos</strong> da literatura.<br />

I<strong>de</strong>ntificação Substância Energia <strong>de</strong> ligação Energia <strong>de</strong> ligação Referência<br />

do pico<br />

experimental [eV] literatura [eV]<br />

Ti 1 TiN 455.3 455.7 [30]<br />

Ti 2 Ti2O3 457.3 eV 457.8 [31]<br />

Ti 3 Oxinitreto<br />

<strong>de</strong> Ti<br />

456.6 - [14,32]<br />

Ti 4 TiO2 458.9 458.7-459.2 [23,14]<br />

Al 1 AlN 73.9-74.2 74.0 [33]<br />

Al 2 Al2O3<br />

Al(OH)3<br />

73.7 73.7 – 74.1<br />

73.9<br />

[34-35]<br />

[36]<br />

N 3 N2 402.1 402.5 [22]<br />

N 4 TiN 396.1-397.0 396.9 [3]<br />

N 5 AlN 397.0-397.6 397.3 [33]<br />

As observações relativamente a estes dois <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> titânio e<br />

alumínio são s<strong>em</strong>elhantes. Após a <strong>de</strong>posição acontece <strong>de</strong>gradação superficial na forma <strong>de</strong><br />

óxi<strong>dos</strong> ou hidróxi<strong>dos</strong>, durante as primeiras c<strong>em</strong> horas. Esta <strong>de</strong>gradação é limitada às primeiras<br />

Energia <strong>de</strong> ligação [eV]<br />

Intensida<strong>de</strong> [u.a.]<br />

(b)<br />

Al 1<br />

Al 2<br />

N 4 N 4<br />

(d)<br />

N 3<br />

N 5<br />

Energia <strong>de</strong> ligação [eV]<br />

148


Comportamento das amostras <strong>em</strong> ambientes quimicamente agressivos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

camadas atómicas e não evolui com o t<strong>em</strong>po. Alguma água está também incorporada à<br />

superfície (


Comportamento das amostras <strong>em</strong> ambientes quimicamente agressivos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

Após alguns ciclos <strong>de</strong> testes cujo número <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> quanto cada amostra resiste s<strong>em</strong><br />

falha assinalável, o revestimento po<strong>de</strong> separar-se completamente do substrato como se fosse<br />

um pó.<br />

A<br />

(a) (b)<br />

Figura 6.20 – Imagens obtidas por SEM do revestimento após falha no teste <strong>de</strong> corrosão a quente: (a)<br />

revestimento <strong>de</strong>laminado mostrando porções <strong>de</strong> substrato – A; (b) secção transversal do revestimento com<br />

porções metálicas do substrato agarra<strong>dos</strong>.<br />

A figura 6.20 mostra uma imag<strong>em</strong> obtida por SEM on<strong>de</strong> se nota o revestimento<br />

fragmentado e separado da superfície, mas tanto quanto é possível avaliar por análise<br />

microscópica, o material que constitui o revestimento não se encontra <strong>de</strong>struído pelo ataque<br />

corrosivo. Os pedaços <strong>de</strong> revestimento que estão inverti<strong>dos</strong>, expondo a interface, têm<br />

fragmentos <strong>de</strong> substrato agarra<strong>dos</strong>. Análises por EDX confirmam a presença <strong>de</strong> Fe, Ni, Cr, Cl<br />

e O nessas porções. No processo <strong>de</strong> corrosão o substrato é preferencialmente atacado.<br />

A figura 6.21 mostra o número <strong>de</strong> ciclos que algumas amostras aguentaram. O teste é<br />

extr<strong>em</strong>amente violento, mas os revestimento aguentaram no mínimo dois ciclos s<strong>em</strong><br />

mostrar<strong>em</strong> danos. As amostras TiCrN-13 e TiCrN-14 no final do quarto ciclo ainda não<br />

mostravam danos macroscópicos.<br />

As amostra TiAlN-1 e TiAlN-2 resistiram 3 ciclos, o que se po<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar um<br />

resultado médio quando comparado com os <strong>revestimentos</strong> basea<strong>dos</strong> no nitreto <strong>de</strong> crómio.<br />

A<br />

150


Comportamento das amostras <strong>em</strong> ambientes quimicamente agressivos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

Conclusões<br />

Número <strong>de</strong> ciclos<br />

Figura 6.21 - Número <strong>de</strong> ciclos <strong>de</strong> teste <strong>de</strong> corrosão quente suportado pelas amostras.<br />

Nos processos <strong>de</strong> corrosão das superfícies revestidas, dois <strong>mecanismos</strong> <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser<br />

consi<strong>de</strong>ra<strong>dos</strong>. O primeiro consiste no ataque químico e consequente <strong>de</strong>gradação da superfície<br />

do revestimento. O segundo consiste na difusão do agente corrosivo através do revestimento<br />

<strong>de</strong>vido aos <strong>de</strong>feitos e a consequente corrosão do substrato causando corrosão por picada ou<br />

<strong>de</strong>gradação interfacial, provocando perda <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são, <strong>de</strong>laminando o revestimento.<br />

Corrosão nos <strong>revestimentos</strong><br />

5<br />

4<br />

3<br />

2<br />

1<br />

0<br />

CrN-2<br />

CrN-8<br />

CrN-23<br />

G/CrN-2<br />

G/CrN-6<br />

Como resultado <strong>dos</strong> três testes <strong>de</strong> corrosão, a <strong>de</strong>gradação <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> po<strong>de</strong> ser<br />

essencialmente <strong>de</strong>scrita do seguinte modo. A corrosão aquosa, medida por processos<br />

electroquímicos, é uma corrosão mista. Provoca dissolução do revestimento, se os<br />

<strong>revestimentos</strong> não for<strong>em</strong> porosos, e neste caso não há evidências <strong>de</strong> reacções químicas na<br />

superfície <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong>, como se po<strong>de</strong> comprovar pelos espectros XPS da figura 6.22,<br />

mas havendo porosida<strong>de</strong> aberta há essencialmente dissolução do substrato ou da intercamada.<br />

Ti/CrN-13<br />

Ti/CrN-14<br />

Ti/CrN-16<br />

Ti/CrN-17<br />

TiAlN-1<br />

TiAlN-2<br />

151


Comportamento das amostras <strong>em</strong> ambientes quimicamente agressivos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

Intensida<strong>de</strong> [u.a.]<br />

Intensida<strong>de</strong> [u.a.]<br />

(a)<br />

Energia <strong>de</strong> ligação [eV]<br />

(c)<br />

Energia <strong>de</strong> ligação [eV]<br />

Energia <strong>de</strong> ligação [eV]<br />

Figura 6.22 – Espectros XPS <strong>dos</strong> el<strong>em</strong>entos crómio e azoto antes ((a) e (c)) e após ((b) e (d)) o teste<br />

electroquímico <strong>de</strong> corrosão <strong>em</strong> solução aquosa.<br />

Na figura 6.23 apresentam-se os valores da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corrente <strong>de</strong> corrosão para o<br />

substrato, por amostras revestidas por crómio (intercamada nos <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong><br />

crómio), por titânio (intercamada <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> titânio e alumínio e camadas<br />

metálicas <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> multicamada), por nitreto <strong>de</strong> crómio (produzidas por fonte RF e<br />

DC), por multicamadas e por nitreto <strong>de</strong> titânio e alumínio. Nos <strong>revestimentos</strong> basea<strong>dos</strong> <strong>em</strong><br />

nitretos <strong>de</strong> crómio apresenta-se um resultado médio e o melhor resultado. Os <strong>revestimentos</strong><br />

multicamada resist<strong>em</strong> significativamente melhor à corrosão aquosa.<br />

Análises XPS e AES à superfície <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio antes e após<br />

os testes <strong>de</strong> corrosão electroquímica não mostram variações significativas <strong>de</strong> composição.<br />

Aparent<strong>em</strong>ente não há formação <strong>de</strong> novos compostos, havendo somente dissolução do<br />

revestimento. Muitas das amostras testadas apresentam sinais <strong>de</strong> picadas após os testes <strong>de</strong><br />

corrosão aquosa com HCl.<br />

Intensida<strong>de</strong> [u.a.]<br />

Intensida<strong>de</strong> [u.a.]<br />

(b)<br />

(d)<br />

Energia <strong>de</strong> ligação [eV]<br />

152


Comportamento das amostras <strong>em</strong> ambientes quimicamente agressivos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

i corr [µA/cm 2 ]<br />

10<br />

Substrato<br />

Figura 6.23 – Taxa <strong>de</strong> corrosão traduzida pela <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corrente <strong>de</strong> corrosão do substrato e <strong>de</strong> amostras<br />

revestidas com crómio, titânio, nitreto <strong>de</strong> crómio (CrN-2, CrN-23 <strong>em</strong> zona brilhante e G/CrN-2), multicamada<br />

(TiCrN-14 e TiCrN-18) e <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> titânio e alumínio (TiAlN-1 e TiAlN-2).<br />

Os testes <strong>de</strong> corrosão a quente <strong>de</strong>stes <strong>revestimentos</strong> a 350 ºC num ambiente muito<br />

ácido, proveniente <strong>de</strong> uma solução HCl/H2O 36%, causa oxidação da superfície<br />

transformando cerca <strong>de</strong> 50% <strong>dos</strong> nitretos metálicos <strong>em</strong> óxi<strong>dos</strong> ou oxinitretos metálicos. Entre<br />

3 e 5 nm da espessura analisada está oxidada, o que é significativamente mais do que se<br />

espera por extrapolação da taxa <strong>de</strong> oxidação medida ao ar (cerca <strong>de</strong> 0.1 nm/h a 350 ºC [37]).<br />

Esta maior taxa <strong>de</strong> oxidação <strong>de</strong>ve-se ao facto da atmosfera ser quimicamente agressiva. Esta<br />

camada oxidada <strong>de</strong>ve ser menos resistente ao <strong>de</strong>sgaste abrasivo e também <strong>de</strong>ve ser mais<br />

quebradiço que o revestimento <strong>de</strong> nitreto que lhe <strong>de</strong>u orig<strong>em</strong>.<br />

Corrosão na interface<br />

1<br />

0.1<br />

0.01<br />

Revest. Cr<br />

Revest. Ti<br />

CrN-2<br />

CrN-23(brilh.)<br />

O processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição por pulverização catódica origina <strong>de</strong>feitos visíveis por<br />

microscopia óptica. Alguns <strong>de</strong>sses <strong>de</strong>feitos são poros, o que piora significativamente a<br />

resistência à corrosão. No teste OCP, muitos <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio e o<br />

G/CrN-2<br />

TiCrN-14<br />

TiCrN-18<br />

TiAlN-1<br />

TiAlN-2<br />

153


Comportamento das amostras <strong>em</strong> ambientes quimicamente agressivos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

revestimento TiAlN-1 evi<strong>de</strong>nciam a penetração da solução <strong>de</strong> HCl até à intercamada <strong>de</strong><br />

crómio ou <strong>de</strong> titânio, respectivamente. Alguns casos evi<strong>de</strong>nciam mesmo penetração até ao<br />

substrato. Nestes casos verifica-se que no final do teste o revestimento tinha sido<br />

completamente r<strong>em</strong>ovido. No entanto, os melhores <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio, quase<br />

to<strong>dos</strong> os <strong>revestimentos</strong> multicamada e o revestimento TiAlN-2, mostraram um potencial<br />

significativamente mais nobre durante todo o teste OCP, havendo nalguns casos evidências <strong>de</strong><br />

formação <strong>de</strong> filmes passivos. A formação <strong>de</strong>stes filmes é evi<strong>de</strong>nciada também pelos testes <strong>de</strong><br />

polarização potenciodinâmica. Nestes testes, os <strong>revestimentos</strong> com pior comportamento<br />

mostraram <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> corrente anódicas s<strong>em</strong>elhantes ás do substrato. No final do ensaio<br />

confirmou-se o <strong>de</strong>saparecimento <strong>de</strong>stes revestimento na zona testada.<br />

De qualquer modo, nos ensaios <strong>de</strong> corrosão aquosa, se o revestimento simples for<br />

<strong>de</strong>nso, s<strong>em</strong> evidências <strong>de</strong> porosida<strong>de</strong> aberta, po<strong>de</strong> apresentar comportamentos s<strong>em</strong>elhantes ao<br />

<strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> multicamada.<br />

Apesar <strong>dos</strong> testes <strong>de</strong> “corrodkote” e <strong>de</strong> corrosão a quente ser<strong>em</strong> completamente<br />

distintos, algumas das informações resultantes são compl<strong>em</strong>entares. Em ambos os ensaios os<br />

agentes corrosivos po<strong>de</strong>m difundir-se através <strong>dos</strong> poros e corroer a interface causando perda<br />

<strong>de</strong> a<strong>de</strong>são do revestimento. Esta perda <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são é mais evi<strong>de</strong>nte nos testes <strong>de</strong> corrosão a<br />

quente. Quando o revestimento per<strong>de</strong> a a<strong>de</strong>são, verifica-se que não é <strong>de</strong>struído, mas fractura<br />

<strong>de</strong>vido às enormes tensões provocadas pelo aumento <strong>de</strong> volume consequente das reacções na<br />

interface.<br />

Os <strong>revestimentos</strong> basea<strong>dos</strong> no nitreto <strong>de</strong> crómio mostraram <strong>em</strong> geral um melhor<br />

comportamento relativamente aos agentes agressivos contendo iões cloreto que os<br />

<strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> titânio e alumínio. De entre to<strong>dos</strong> os <strong>revestimentos</strong> aqueles que<br />

mostraram um melhor comportamento nos três testes foram os <strong>revestimentos</strong> multicamada<br />

Ti/CrN.<br />

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155


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912 (1998).<br />

156


Ensaios <strong>em</strong> condições <strong>de</strong> processamento <strong>de</strong> plásticos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

Capítulo 7<br />

Ensaios <strong>em</strong> condições <strong>de</strong> processamento <strong>de</strong> plásticos<br />

O esforço para a compreensão do Universo é uma<br />

das muito poucas coisas que elevam a existência<br />

humana um pouco acima do nível da farsa<br />

e lhe dão algo do encanto da tragédia.<br />

Steven Weinberg<br />

Os <strong>revestimentos</strong> foram testa<strong>dos</strong> <strong>em</strong> condições <strong>de</strong> processamento <strong>de</strong> polímeros. As<br />

condições <strong>de</strong> processamento estão genericamente <strong>de</strong>scritas na secção 1.5. Além <strong>de</strong> amostras<br />

com <strong>revestimentos</strong> <strong>PVD</strong>, testaram-se também amostras com revestimento <strong>de</strong> crómio duro<br />

electro<strong>de</strong>positado (dureza <strong>de</strong> 9 GPa), amostras com superfície nitrurada (dureza <strong>de</strong> 7.8 GPa),<br />

o substrato <strong>de</strong> aço ligado AISI O1 t<strong>em</strong>perado (dureza 7.2 GPa) e uma amostra com<br />

revestimento <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio produzida comercialmente 4 . Este revestimento comercial é<br />

usado para revestir peças <strong>em</strong> processos <strong>de</strong> transformação <strong>de</strong> materiais plásticos.<br />

7.1 – Características <strong>dos</strong> polímeros usa<strong>dos</strong> nos testes <strong>de</strong> processamento<br />

7.1.1 – Poliamida 66 reforçada<br />

Um <strong>dos</strong> polímeros usado no teste foi a Poliamida 66 reforçada com 35 % <strong>de</strong> fibras <strong>de</strong><br />

vidro (PA66 GF 35), <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> massa (19.3 % <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> volume). O PA66 t<strong>em</strong> um<br />

carácter hidrófobo [1] e a fórmula química do monómero é:<br />

157


Ensaios <strong>em</strong> condições <strong>de</strong> processamento <strong>de</strong> plásticos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

[ - NH - ( CH 2 ) − NH - CO - ( CH 2 ) − CO -]<br />

6<br />

4<br />

n<br />

As fibras possu<strong>em</strong> um comprimento e um diâmetro médios <strong>de</strong> 0.20 mm e 0.01 mm,<br />

respectivamente. A <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> do compósito no estado sólido é <strong>de</strong> 1410.75 kg/m 3 . A<br />

<strong>de</strong>signação comercial <strong>de</strong>ste produto é Ultramid A3G7 5 . Este material é extr<strong>em</strong>amente<br />

abrasivo e corrosivo, e por isso consi<strong>de</strong>ramos ser o i<strong>de</strong>al para testar o <strong>de</strong>sgaste das amostras<br />

<strong>em</strong> condições <strong>de</strong> processamento. Revestimentos duros <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> titânio e <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong><br />

boro e titânio foram testa<strong>dos</strong> <strong>em</strong> condições <strong>de</strong> processamento <strong>de</strong> plásticos usando uma técnica<br />

s<strong>em</strong>elhante e usando o mesmo material <strong>de</strong> teste [2,3].<br />

Algumas proprieda<strong>de</strong>s térmicas <strong>de</strong>ste material são:<br />

Tabela 7. 1 - Proprieda<strong>de</strong>s térmicas do PA 66.<br />

Condutivida<strong>de</strong> [W/m/ºC] 0.125<br />

Calor específico [J/kg/ºC] 2889.0<br />

Densida<strong>de</strong> (quando fundido) [kg/m 3 ] 1198.0<br />

O volume específico do Ultramid <strong>em</strong> função da t<strong>em</strong>peratura está <strong>de</strong>scrito na figura<br />

7.1. O Ultramid possui elevada resistência mecânica, rigi<strong>de</strong>z, resistência ao calor e uma boa<br />

tenacida<strong>de</strong> a baixa t<strong>em</strong>peratura. Algumas proprieda<strong>de</strong>s mecânicas <strong>de</strong>ste material, estão<br />

<strong>de</strong>scritas na tabela 7.2.<br />

Volume específico [cm 3 /g]<br />

0.80<br />

0.78<br />

0.76<br />

0.74<br />

0.72<br />

0.70<br />

0.68<br />

0 MPa<br />

160 MPa<br />

0 50 100 150 200 250 300 350<br />

T [ºC]<br />

Figura 7.1 - Volume específico <strong>em</strong> função da t<strong>em</strong>peratura para o PA 66 a 0 MPa e 160 MPa.<br />

4 Produzida pela <strong>em</strong>presa finlan<strong>de</strong>sa Savcor Coatings Oy.<br />

5 Produzido pela <strong>em</strong>presa al<strong>em</strong>ã BASF.<br />

158


Ensaios <strong>em</strong> condições <strong>de</strong> processamento <strong>de</strong> plásticos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

A PA66 fun<strong>de</strong> entre 260 ºC [1] e 265 ºC [6]. A t<strong>em</strong>peratura aconselhada para trabalhar<br />

com este polímero é 290 ºC, tendo como limites mínimos e máximos 270 e 310 ºC,<br />

respectivamente. A t<strong>em</strong>peratura <strong>dos</strong> mol<strong>de</strong>s aconselhada é <strong>de</strong> 60 ºC, sendo os limites mínimos<br />

e máximos 40 e 80 ºC, respectivamente. A t<strong>em</strong>peratura <strong>de</strong> processamento <strong>de</strong> 330 ºC nunca<br />

<strong>de</strong>ve ser ultrapassada pois há o risco <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradar o polímero.<br />

O Ultramid é usado <strong>em</strong> muitos componentes <strong>de</strong> automóveis. Devido a ser resistente ao<br />

calor, é muito utilizado <strong>em</strong> peças do compartimento do motor, mas também nos pedais,<br />

suportes <strong>dos</strong> “airbags”, etc. Este material não reage com os combustíveis, óleos e flui<strong>dos</strong><br />

hidráulicos ou <strong>de</strong> arrefecimento, pelo que po<strong>de</strong> ser usado com sucesso <strong>em</strong> dispositivos <strong>de</strong>sses<br />

sist<strong>em</strong>as [4].<br />

Tabela 7. 2 - Proprieda<strong>de</strong>s mecânicas das fibras <strong>de</strong> vidro que reforçam a poliamida, da poliamida (PA 66) e do<br />

compósito (PA6 GF35).<br />

Proprieda<strong>de</strong> Fibras (“filler”) Polímero Compósito<br />

Razão <strong>de</strong> Poisson 0.2000 0.4200 0.3607<br />

Módulo <strong>de</strong> tensão (Paralelo) [GPa] 72.00 2.80 10.08<br />

Módulo <strong>de</strong> tensão (Perpendicular) [GPa] 72.00 2.80 5.14<br />

Módulo <strong>de</strong> cisalhamento [GPa] 30.00 0.95 -<br />

O Ultramid também se usa <strong>em</strong> materiais <strong>de</strong> isolamento eléctrico <strong>de</strong> alta qualida<strong>de</strong> e<br />

po<strong>de</strong> ser usado <strong>em</strong> muitos componentes do lar (portas, janelas, material <strong>de</strong> higiene). Po<strong>de</strong><br />

também ser usado para <strong>em</strong>balag<strong>em</strong>, inclusivamente no sector da alimentação, pois t<strong>em</strong><br />

excelente <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho como barreira ao oxigénio, solventes orgânicos e sabores [4].<br />

7.2 – Testes <strong>de</strong> corrosão <strong>em</strong> solução aquosa<br />

O <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho <strong>de</strong> <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio relativamente ao ataque do<br />

enxofre <strong>em</strong> processamento <strong>de</strong> plásticos é bom, no entanto a presença <strong>de</strong> iões cloreto ainda<br />

acarreta alguns probl<strong>em</strong>as [5]. Este probl<strong>em</strong>a foi já abordado no capítulo 6, mas a adopção <strong>de</strong><br />

sist<strong>em</strong>as multicamada melhora significativamente o comportamento <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong><br />

revestimento.<br />

Os <strong>revestimentos</strong> para os ensaios <strong>em</strong> situação <strong>de</strong> processamento foram <strong>de</strong>posita<strong>dos</strong> <strong>em</strong><br />

aço ligado AISI O1. É um aço menos resistente à corrosão e por isso os testes electroquímicos<br />

po<strong>de</strong>rão ser diferentes. Nesta secção mostram-se os resulta<strong>dos</strong> <strong>de</strong> ensaios <strong>de</strong> corrosão <strong>em</strong><br />

solução aquosa <strong>de</strong> alguns <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong>posita<strong>dos</strong> <strong>em</strong> aço ligado compara<strong>dos</strong> com o<br />

159


Ensaios <strong>em</strong> condições <strong>de</strong> processamento <strong>de</strong> plásticos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

resultado <strong>dos</strong> mesmos <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong>posita<strong>dos</strong> sobre <strong>em</strong> aço inoxidável. Estes testes <strong>de</strong><br />

corrosão <strong>em</strong> solução aquosa são feitos <strong>em</strong> solução HCl (1M).<br />

7.2.1 – Potencial <strong>em</strong> circuito aberto<br />

Na figura 7.2 po<strong>de</strong> observar-se o resultado das medições do potencial livre ao longo<br />

do t<strong>em</strong>po durante uma hora. O potencial do aço O1 é menos nobre que o do aço 316, como se<br />

estava à espera. A amostra com revestimento <strong>de</strong> crómio electro<strong>de</strong>positado apresenta um<br />

potencial s<strong>em</strong>elhante ao da amostra com revestimento <strong>de</strong> crómio <strong>PVD</strong>. As pequenas<br />

diferenças po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>vidas a erros associa<strong>dos</strong> ao processo experimental.<br />

E vs. SCE [V]<br />

0.2<br />

0.0<br />

-0.2<br />

-0.4<br />

AISI O1 Superfície nitrurada<br />

Revestimento Cr electro<strong>de</strong>positado<br />

CrN-15 (AISI O1) AISI 316<br />

CrN-15 (AISI 316) Revestimento Cr <strong>PVD</strong><br />

0 900 1800 2700 3600<br />

Figura 7.2 - Curvas OCP <strong>de</strong> algumas amostras.<br />

Os <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio (CrN-15) <strong>de</strong>posita<strong>dos</strong> num ou no outro aço<br />

apresentam comportamentos significativamente diferentes. Enquanto na amostra <strong>de</strong>positada<br />

no aço ligado o potencial livre se aproxima continuamente do potencial do aço, na amostra<br />

<strong>de</strong>positada no aço inoxidável o potencial é s<strong>em</strong>pre mais nobre, tomando valores cada vez<br />

mais negativos, mas muito lentamente até cerca <strong>dos</strong> 2000 s caindo <strong>de</strong>pois abruptamente até o<br />

potencial do crómio, que correspon<strong>de</strong> à intercamada entre o revestimento cerâmico e o<br />

substrato. Após os testes <strong>de</strong> corrosão a amostra <strong>de</strong> aço ligado já não tinha revestimento e a<br />

amostra <strong>em</strong> aço inoxidável apresentava sinais <strong>de</strong> picada.<br />

Surpreen<strong>de</strong>nte é o comportamento da amostra nitrurada, <strong>em</strong> que o potencial é s<strong>em</strong>pre<br />

menos nobre que qualquer das outras amostras, incluindo a do aço ligado.<br />

t [s]<br />

160


Ensaios <strong>em</strong> condições <strong>de</strong> processamento <strong>de</strong> plásticos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

7.2.2 – Polarização potenciodinâmica<br />

A figura 7.3 mostra as curvas <strong>de</strong> polarização potenciodinâmica das mesmas amostras<br />

<strong>em</strong> que se mediu o OCP. Como se esperava após o teste OCP, as amostras com pior<br />

comportamento são as <strong>de</strong> aço, a amostra com superfície nitrurada e a amostra com o<br />

revestimento CrN-15 <strong>de</strong>positada sobre aço O1.<br />

E vs. SCE [V]<br />

0.8<br />

0.6<br />

0.4<br />

0.2<br />

0.0<br />

-0.2<br />

-0.4<br />

-0.6<br />

-0.8<br />

Revestimento Cr <strong>PVD</strong> CrN-15 (O1)<br />

Revestimento Cr electro<strong>de</strong>positado<br />

Superfície nitrurada AISI O1<br />

CrN-15 (AISI 316) AISI 316<br />

-8 -7 -6 -5 -4 -3 -2<br />

log (i [A/cm 2 ])<br />

Figura 7.3 - Curvas <strong>de</strong> polarização potenciodinâmica <strong>de</strong> algumas amostras.<br />

O melhor comportamento é obtido pela amostra com revestimento CrN-15 <strong>de</strong>positada<br />

<strong>em</strong> aço 316 e também pela amostra com revestimento <strong>de</strong> Cr <strong>de</strong>positado por pulverização<br />

catódica. O revestimento com Cr electro<strong>de</strong>positado t<strong>em</strong> a zona transpassiva a um potencial<br />

cerca <strong>de</strong> 150 mV menos nobre que a das amostras com <strong>revestimentos</strong> <strong>PVD</strong>.<br />

7.3 – Resulta<strong>dos</strong> <strong>dos</strong> testes <strong>em</strong> máquina <strong>de</strong> injecção <strong>de</strong> polímeros<br />

Os <strong>revestimentos</strong> foram testa<strong>dos</strong> nas condições <strong>de</strong>scritas na secção 1.5. A quantida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> plástico que passou nos <strong>revestimentos</strong> variou entre os 5.3 kg e os 17.3 kg, <strong>em</strong> duas séries<br />

diferentes. O <strong>de</strong>sgaste nos <strong>revestimentos</strong> foi calculado a partir do traçado do perfil da pista <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sgaste, feito por profilometria, <strong>em</strong> cinco posições diferentes, e calculando a área<br />

correspon<strong>de</strong>nte. O volume <strong>de</strong> revestimento <strong>de</strong>sgastado é calculado pela produto entre a área<br />

média e o comprimento da pista <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste. Este processo <strong>de</strong> medir o <strong>de</strong>sgaste <strong>dos</strong><br />

<strong>revestimentos</strong> apresenta um erro menor do que se o cálculo do <strong>de</strong>sgaste fosse efectuado a<br />

161


Ensaios <strong>em</strong> condições <strong>de</strong> processamento <strong>de</strong> plásticos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

partir da diferença <strong>de</strong> massa das amostras antes e após o teste <strong>de</strong> corrosão. Há s<strong>em</strong>pre algum<br />

material polimérico que fica agarrado à amostra mesmo após a lavag<strong>em</strong> com solvente<br />

apropriado (solução constituída por Fenol e 1,2-Diclorobenzeno - 50%:50% <strong>em</strong> massa).<br />

Alguns <strong>revestimentos</strong> e naturalmente o substrato mostraram <strong>de</strong>sgaste acentuado logo<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a primeira série <strong>de</strong> testes, como se po<strong>de</strong> verificar na fig. 7.4, on<strong>de</strong> se apresenta o<br />

volume <strong>de</strong> revestimento gasto por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> massa <strong>de</strong> polímero processado.<br />

Desgaste [m 3 /kg]<br />

1.8x10 -10<br />

1.6x10 -10<br />

1.4x10 -10<br />

1.2x10 -10<br />

1.0x10 -10<br />

8.0x10 -11<br />

6.0x10 -11<br />

4.0x10 -11<br />

2.0x10 -11<br />

0.0<br />

5.6 kg<br />

Aço<br />

7.3 kg<br />

Cromado<br />

7.3 kg<br />

Nitrurado<br />

5.5 kg<br />

TiCrN-18<br />

Figura 7.4 - Desgaste medido nas amostras após a primeira série <strong>de</strong> testes <strong>em</strong> condições <strong>de</strong> processamento. As<br />

quantida<strong>de</strong>s expressas <strong>em</strong> kg na figura representam a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ultramid usado nos ensaios na máquina <strong>de</strong><br />

injecção <strong>de</strong> polímeros.<br />

O aço revela um <strong>de</strong>sgaste elevado, o revestimento com crómio electro<strong>de</strong>positado<br />

reduz o <strong>de</strong>sgaste para cerca <strong>de</strong> meta<strong>de</strong> e a amostra nitrurada para quase um terço. Em termos<br />

das amostra com <strong>revestimentos</strong> <strong>PVD</strong>, verifica-se que a amostra CrN-23 t<strong>em</strong> um<br />

comportamento fraco pois apesar do <strong>de</strong>sgaste calculado ser s<strong>em</strong>elhante ao da amostra com<br />

revestimento <strong>de</strong> crómio electro<strong>de</strong>positado, verifica-se que é suficiente para que <strong>em</strong><br />

<strong>de</strong>terminadas zonas, se atinja o substrato. O comportamento <strong>de</strong>ste revestimento é<br />

probl<strong>em</strong>ático <strong>de</strong>vido à presença heterogeneida<strong>de</strong>s <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> aspecto (zonas brilhantes e<br />

zonas baças) e <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> dureza e módulo <strong>de</strong> Young (ver capítulo 5). Algumas imagens<br />

obtidas <strong>em</strong> microscópio óptico (figura 7.5) mostram o aspecto da superfície na pista <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sgaste <strong>de</strong>sta amostra, sendo possível observar o substrato, e uma zona do substrato com<br />

sinais <strong>de</strong> corrosão.<br />

5.3 kg<br />

TiCrN-17<br />

Desgaste médio<br />

5.3 kg<br />

G/CrN-6<br />

6.0 kg<br />

CrN-23<br />

6.0 kg<br />

CrN-16<br />

162


Ensaios <strong>em</strong> condições <strong>de</strong> processamento <strong>de</strong> plásticos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

P<br />

C<br />

S<br />

100 µm<br />

10 µm<br />

10 µm<br />

10 µm<br />

Figura 7.5 – Imagens obtidas por microscópio óptico da superfície da zona <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste da amostra CrN-23. Na<br />

imag<strong>em</strong> com menor ampliação v<strong>em</strong>os um pouco do revestimento (C), uma parte do substrato (S) e uma parte do<br />

substrato mais corroída (P).<br />

A amostra com crómio electro<strong>de</strong>positado apresenta um <strong>de</strong>sgaste nítido, po<strong>de</strong>ndo<br />

inclusivamente observar-se as marcas <strong>de</strong> um <strong>de</strong>sgaste típico <strong>de</strong> um fluido sobre uma<br />

superfície sólida (ver figura 7.6(b)).<br />

(a) (b) (c)<br />

Figura 7.6 – Imag<strong>em</strong> da superfície <strong>de</strong> amostras após o teste <strong>em</strong> condições <strong>de</strong> processamento <strong>de</strong> Ultramid: (a) aço<br />

tratado termicamente (b) amostra revestida com crómio electro<strong>de</strong>positado; (c) amostra nitrurada (As zonas A, B<br />

e C são analisadas com ampliações maiores na figura 7.8).<br />

B<br />

A<br />

C<br />

163


Ensaios <strong>em</strong> condições <strong>de</strong> processamento <strong>de</strong> plásticos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

A observação com uma ampliação maior das zonas <strong>de</strong>ntro e fora da pista <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste,<br />

mostra diferenças significativas (ver figura 7.7). O aspecto da superfície não erodida é<br />

totalmente diferente do das amostras produzidas por pulverização catódica. Mesmo após o<br />

teste <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste <strong>em</strong> condições <strong>de</strong> processamento, as amostras com revestimento <strong>PVD</strong> não<br />

apresentam diferenças tão acentuadas.<br />

10 µm<br />

(a) (b)<br />

Figura 7.7 – Imagens obtidas por microscópio óptico da superfície da amostra revestida com Cr<br />

electro<strong>de</strong>positado fora (a) e <strong>de</strong>ntro (b) da pista <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste.<br />

10 µm<br />

No caso da superfície nitrurada exist<strong>em</strong> também diferenças significativas como se<br />

po<strong>de</strong> observar nas figuras 7.8. Há danos resultantes da erosão (zona B das imagens) mas<br />

também há zonas <strong>em</strong> que é nítida a corrosão (imag<strong>em</strong> C1 e C2).<br />

As outras amostras testadas apresentam um comportamento significativamente<br />

melhor. A amostra com revestimento multicamada TiCrN-18 t<strong>em</strong> um <strong>de</strong>sgaste cerca <strong>de</strong> 30<br />

vezes menor que o substrato e as amostras TiCrN-17, CrN-16 e G/CrN-6 apresentam um<br />

<strong>de</strong>sgaste tão pequeno que não é mensurável com a técnica utilizada.<br />

As medidas efectuadas após a segunda série <strong>de</strong> testes mostram os <strong>de</strong>sgastes médios<br />

observáveis na figura 7.9. Apesar do aumento significativo da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> material plástico<br />

a passar nas amostras, o <strong>de</strong>sgaste continua a estar abaixo do limite <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção do<br />

profilómetro, o que obrigou a efectuar a terceira série <strong>de</strong> testes na máquina <strong>de</strong> injecção <strong>de</strong><br />

polímeros. Os resulta<strong>dos</strong> obti<strong>dos</strong> encontram-se na figura 7.10.<br />

164


Ensaios <strong>em</strong> condições <strong>de</strong> processamento <strong>de</strong> plásticos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

Figura 7.8 – Imagens obtidas por microscópio óptico da superfície da amostra nitrurada fora (A) e <strong>de</strong>ntro (B e C1<br />

e C2) da pista <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste. As imagens C1 e C2 correspon<strong>de</strong>m à mesma zona C da figura 7.6, mas com diferente<br />

focag<strong>em</strong>. As quatro imagens foram obtidas com a mesma ampliação.<br />

Desgaste [m 3 /kg]<br />

1.8x10 -10<br />

1.6x10 -10<br />

1.4x10 -10<br />

1.2x10 -10<br />

1.0x10 -10<br />

8.0x10 -11<br />

6.0x10 -11<br />

4.0x10 -11<br />

2.0x10 -11<br />

0.0<br />

5.6 kg<br />

Aço<br />

7.3 kg<br />

Cromado<br />

17.4 kg<br />

Cromado<br />

7.3 kg<br />

Nitrurado<br />

A B<br />

C1<br />

11.9 kg<br />

CrN-8<br />

8.1 kg<br />

CrN-14<br />

11.9 kg<br />

CrN-15<br />

Figura 7.9 - Desgaste medido nas amostras após a segunda série <strong>de</strong> testes <strong>em</strong> condições <strong>de</strong> processamento. As<br />

quantida<strong>de</strong>s expressas <strong>em</strong> kg na figura representam a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ultramid usado nos ensaios na máquina <strong>de</strong><br />

injecção <strong>de</strong> polímeros.<br />

16.1 kg<br />

NM NM NM NM<br />

CrN-16<br />

6.0 kg<br />

CrN-23<br />

11.4 kg<br />

NM<br />

CrN-fin<br />

14.6 kg<br />

NM<br />

G/CrN-6<br />

14.6 kg<br />

NM<br />

TiCrN-17<br />

15.9 kg<br />

TiCrN-18<br />

8.1 kg<br />

NM<br />

TiCrN-20<br />

C2<br />

10 µm<br />

165


Ensaios <strong>em</strong> condições <strong>de</strong> processamento <strong>de</strong> plásticos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

Desgaste [m 3 /kg]<br />

10 -10<br />

10 -11<br />

10 -12<br />

10 -13<br />

5.6 kg<br />

Aço<br />

7.3 kg<br />

Cromado<br />

17.4 kg<br />

Cromado<br />

7.3 kg<br />

Nitrurado<br />

31.9 kg<br />

CrN-8<br />

28.1 kg<br />

CrN-14<br />

32.6 kg<br />

CrN-15<br />

36.7 kg<br />

CrN-16<br />

Figura 7.10 - Desgaste medido nas amostras após a terceira série <strong>de</strong> testes <strong>em</strong> condições <strong>de</strong> processamento. As<br />

quantida<strong>de</strong>s expressas <strong>em</strong> kg na figura representam a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ultramid usado nos ensaios na máquina <strong>de</strong><br />

injecção <strong>de</strong> polímeros.<br />

Mesmo com mais <strong>de</strong> 30 kg <strong>de</strong> plástico processado, o <strong>de</strong>sgaste nas amostras CrN-16 e<br />

G/CrN-6 não é <strong>de</strong>tectável. Note-se que estes <strong>revestimentos</strong> monolíticos foram <strong>de</strong>positadas <strong>em</strong><br />

condições <strong>de</strong> maior bombar<strong>de</strong>amento iónico: -75 V para CrN-16 e –80 V para G/CrN-6. O<br />

revestimento G/CrN-6 é o mais <strong>de</strong>nso <strong>de</strong> to<strong>dos</strong> os <strong>revestimentos</strong> produzi<strong>dos</strong> e CrN-16 é um<br />

<strong>dos</strong> mais <strong>de</strong>nsos da série RF.<br />

Efectuaram-se também medidas <strong>de</strong> rugosida<strong>de</strong> na pista <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste antes e após o<br />

teste. Os resulta<strong>dos</strong> apresentam-se na figura 7.11. Para as amostras que apresentaram menor<br />

<strong>de</strong>sgaste, a rugosida<strong>de</strong> média aumenta no máximo 1.9 vezes (CrN-15), mas para algumas<br />

amostras acontece mesmo uma diminuição (CrN-14, G/CrN-6), como se tivesse havido um<br />

polimento da superfície. Nas amostras <strong>de</strong> maior <strong>de</strong>sgaste (aço, superfície nitrurada,<br />

revestimento <strong>de</strong> crómio duro e CrN-23) a rugosida<strong>de</strong> média aumenta entre cinco e <strong>de</strong>z vezes.<br />

Após a segunda série <strong>de</strong> testes fizeram-se observações nas pistas <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste da<br />

amostra e compararam-se com a superfície na zona fora <strong>de</strong>ssa pista. Em todas as amostras<br />

com <strong>revestimentos</strong> <strong>PVD</strong> se verifica a existência <strong>de</strong> pequenos pontos <strong>de</strong> corrosão como se<br />

po<strong>de</strong> observar nas imagens da figuras 7.13 para o caso da amostra CrN-16. Este tipo <strong>de</strong><br />

comportamento foi também observado <strong>em</strong> <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> titânio [2].<br />

NM<br />

6.0 kg<br />

CrN-23<br />

35.2 kg<br />

CrN-fin<br />

34.6 kg<br />

NM<br />

G/CrN-6<br />

34.6 kg<br />

TiCrN-17<br />

38.2 kg<br />

TiCrN-18<br />

166


Ensaios <strong>em</strong> condições <strong>de</strong> processamento <strong>de</strong> plásticos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

R a [µm]<br />

0.35<br />

0.30<br />

0.25<br />

0.20<br />

0.15<br />

0.10<br />

0.05<br />

0.00<br />

Substrato<br />

Cr duro<br />

Nitrurada<br />

CrN-8<br />

CrN-14<br />

CrN-15<br />

Figura 7.11 – Rugosida<strong>de</strong> média, medida na pista <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste das amostras com rugosímetro, antes e após o teste<br />

<strong>de</strong> processamento <strong>de</strong> Ultramid.<br />

Tabela 7. 3 - Contabilização <strong>dos</strong> <strong>de</strong>feitos observa<strong>dos</strong> na superfície das amostras antes e após os ensaios <strong>em</strong><br />

condições <strong>de</strong> processamento.<br />

Amostras % Área<br />

superficial média<br />

<strong>de</strong>feitos [µm<br />

500×<br />

2 Densida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>feitos<br />

] [µm<br />

500×<br />

-2 % Área<br />

superficial média<br />

] <strong>de</strong>feitos [µm<br />

500×<br />

500×<br />

2 Densida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>feitos<br />

] [µm<br />

500×<br />

-2 ]<br />

500×<br />

CrN-8 3.36/ 3.1/ 1.1×10 -2 / 8.62 0.5 1.8×10 -1<br />

CrN-14 0.93/1.75 2.2/1.2 4.3×10 -3 /5.5×10 -3 1.00 0.5 1.8×10 -2<br />

CrN-15 5.56/3.33 1.4/1.3 4.0×10 -2 /2.5×10 -2 11.21 0.6 1.9×10 -1<br />

CrN-16 0.44/8.71 2.4/9.3 1.9×10 -3 /9.3×10 -3 6.20 0.5 1.2×10 -1<br />

CrN-fin 2.20 0.3 8.2×10 -2 1.04 0.2 5.6×10 -2<br />

G/CrN-6 1.03/0.18 0.5/5.9 2.0×10 -2 /3.0×10 -3 0.53 0.4 1.3×10 -2<br />

TiCrN-17 1.21 /1.0 /1.2×10 -2 2.63 1.0 2.6×10 -2<br />

TiCrN-18 0.11/ 1.3/ 8.6×10 -4 0.58 1.2 4.7×10 -3<br />

TiCrN-20 /0.08 /0.7 /1.0×10 -3 0.77 0.4 2.1×10 -2<br />

Em termos gerais a área ocupada pelos <strong>de</strong>feitos e o número <strong>de</strong> <strong>de</strong>feitos aumenta<br />

<strong>de</strong>pois da passag<strong>em</strong> do polímero sobre o revestimento (figuras 7.12).<br />

CrN-16<br />

CrN-23<br />

R a antes do teste<br />

R b após o teste<br />

G/CtN-6<br />

TiCrN-17<br />

TiCrN-18<br />

TiCrN-20<br />

167


Ensaios <strong>em</strong> condições <strong>de</strong> processamento <strong>de</strong> plásticos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

% superficial <strong>de</strong> <strong>de</strong>feitos<br />

10<br />

1<br />

0.1<br />

CrN-8<br />

CrN-14<br />

CrN-15<br />

Figura 7.12 – Variação da área ocupada pelos <strong>de</strong>feitos observáveis à superfície <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> após o teste na<br />

máquina <strong>de</strong> injecção <strong>de</strong> polímeros.<br />

Este aumento da área ocupada pelos <strong>de</strong>feitos é essencialmente provocada pelos<br />

pequenos pontos <strong>de</strong> corrosão idênticos aos que se po<strong>de</strong>m observar na figura 7.13 para a<br />

amostra CrN-16. Na quase totalida<strong>de</strong> <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong>, a área média <strong>dos</strong> <strong>de</strong>feitos diminui<br />

após o teste essencialmente <strong>de</strong>vido a esses pequenos pontos <strong>de</strong> corrosão (figura 7.14). É<br />

importante notar que os pequenos pontos <strong>de</strong> corrosão aparec<strong>em</strong> preferencialmente ao longo<br />

das linhas <strong>de</strong> polimento, que se consegu<strong>em</strong> ainda distinguir após a <strong>de</strong>posição do revestimento.<br />

10 µm<br />

CrN-16<br />

CrN-23<br />

10 µm<br />

Figura 7.13 – Aspecto da superfície da amostra CrN-16 fora e <strong>de</strong>ntro da pista <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste. É nítido o aumento <strong>de</strong><br />

pequenos pontos.<br />

G/CrN-6<br />

CrN-fin<br />

TiCrN-17<br />

Antes<br />

Após<br />

TiCrN-18<br />

TiCrN-20<br />

168


Ensaios <strong>em</strong> condições <strong>de</strong> processamento <strong>de</strong> plásticos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

Comparando o estado das superfícies <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> testa<strong>dos</strong> <strong>em</strong> condições <strong>de</strong><br />

processamento <strong>de</strong> polímeros, verifica-se que nos <strong>revestimentos</strong> multicamada a área <strong>dos</strong><br />

<strong>de</strong>feitos na superfície é geralmente menor que nos <strong>revestimentos</strong> monolíticos. Exceptuando<br />

no revestimento G/CrN-6 e no revestimento comercial (CrN-fin) esta área aumenta após os<br />

testes. Em virtu<strong>de</strong> do aparecimento <strong>dos</strong> pequenos pontos <strong>de</strong> corrosão, a área média <strong>dos</strong><br />

<strong>de</strong>feitos diminui drasticamente nos <strong>revestimentos</strong> monolíticos. No revestimento CrN-23 a<br />

área média <strong>dos</strong> <strong>de</strong>feitos aumentou drasticamente, mas também esta foi, <strong>de</strong> entre as amostras<br />

<strong>PVD</strong>, aquela cujo comportamento foi pior, havendo zonas <strong>em</strong> que o revestimento foi<br />

completamente r<strong>em</strong>ovido. Essa diminuição não é tão evi<strong>de</strong>nte nos <strong>revestimentos</strong> multicamada<br />

<strong>de</strong>vido ao facto <strong>de</strong> nestes a área média ser à partida menor (figura 7.14).<br />

Área média [µm 2 ]<br />

3.0<br />

2.5<br />

2.0<br />

1.5<br />

1.0<br />

0.5<br />

0.0<br />

CrN-8<br />

CrN-14<br />

CrN-15<br />

CrN-16<br />

Figura 7.14 – Variação da área média <strong>dos</strong> <strong>de</strong>feitos observáveis à superfície <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> durante o teste na<br />

máquina <strong>de</strong> injecção <strong>de</strong> polímeros.<br />

A quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>feitos por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> área aumenta após os testes <strong>de</strong><br />

processamento <strong>de</strong> plásticos, exceptuando o caso das amostras G/CrN-6 e CrN-fin, que já<br />

tinham sido aquelas relativamente às quais a área ocupada pelos <strong>de</strong>feitos tinha diminuído.<br />

CrN-23<br />

G/CrN-6<br />

CrN-fin<br />

TiCrN-17<br />

Antes<br />

Após<br />

TiCrN-18<br />

TiCrN-20<br />

169


Ensaios <strong>em</strong> condições <strong>de</strong> processamento <strong>de</strong> plásticos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

Figura 7.15 – Variação do número <strong>de</strong> <strong>de</strong>feitos à superfície <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> área observada<br />

durante o teste na máquina <strong>de</strong> injecção <strong>de</strong> polímeros<br />

Conclusões<br />

Densida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>feitos [µm -2 ]<br />

10 -1<br />

10 -2<br />

10 -3<br />

CrN-8<br />

CrN-14<br />

CrN-15<br />

CrN-16<br />

CrN-23<br />

O resultado <strong>dos</strong> testes acelera<strong>dos</strong> <strong>em</strong> processamento <strong>de</strong> polímeros mostram que as<br />

amostras revestidas apresentam, na quase totalida<strong>de</strong> <strong>dos</strong> casos, um <strong>de</strong>sgaste muito menor que<br />

o aço t<strong>em</strong>perado ou que o aço revestido por processos tradicionais. Os melhores<br />

<strong>revestimentos</strong> monolíticos são mais <strong>de</strong> três or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>za resistentes ao <strong>de</strong>sgaste que o<br />

substrato endurecido por tratamento térmico. Relativamente às amostras nitruradas ou com<br />

revestimento <strong>de</strong> crómio duro, comparando com as amostras <strong>em</strong> que se conseguiu medir algum<br />

<strong>de</strong>sgaste, conseguiram-se resulta<strong>dos</strong> duas or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>za melhores. Para amostras com as<br />

características <strong>de</strong> CrN-16 ou G/CrN-6 os resulta<strong>dos</strong> são ainda melhores.<br />

Em termos <strong>de</strong> corrosão nota-se que nos <strong>revestimentos</strong> <strong>PVD</strong> aparec<strong>em</strong> pequenos<br />

pontos. No entanto para os <strong>revestimentos</strong> com tratamento tradicional, as evidências <strong>de</strong><br />

corrosão são bastante mais fortes (ver figuras 7.6 e 7.7).<br />

Comparando os resulta<strong>dos</strong> obti<strong>dos</strong> entre os <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio<br />

monolíticos e os <strong>revestimentos</strong> multicamada verifica-se que a diferença no <strong>de</strong>sgaste, <strong>em</strong><br />

presença do polímero, não é tão acentuada como os resulta<strong>dos</strong> <strong>de</strong> pino sobre disco pareciam<br />

mostrar. Além disso os pontos <strong>de</strong> corrosão que aparec<strong>em</strong> após o ensaio não são tão eleva<strong>dos</strong><br />

para as amostras revestidas com multicamadas.<br />

G/CrN-6<br />

CrN-fin<br />

TiCrN-17<br />

antes<br />

após<br />

TiCrN-18<br />

TiCrN-20<br />

170


Ensaios <strong>em</strong> condições <strong>de</strong> processamento <strong>de</strong> plásticos<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

Bibliografia<br />

1. M. Araújo, E. M. Melo e Castro, Manual <strong>de</strong> Engenharia Têxtil Vol. 1, Fundação Calouste<br />

Gulbenkian (1986).<br />

2. G. Paller, B. Matthes, W. Herr, E. Broszeit, Materials Science and Engineering, A140,<br />

647 (1991).<br />

3. B. Matthes, E. Broszeit, K. H. Kloos, Surface and Coatings Technology 57, 97 (1993).<br />

4. Site do Ultramid na pagina WWW da BASF.<br />

5. E. Broszeit, C. Friedrich, G. Berg, Surface & Coatings Technology 115, 9 (1999).<br />

6. M. P. Stevens, Polymer Ch<strong>em</strong>istry, Oxford University Press, 1990.<br />

7. Dominick V. Rosato, Donald V. Rosato, Injection Molding Handbook, Van Nostrand<br />

Reinhold, New York, 1986.<br />

171


Consi<strong>de</strong>rações finais e Conclusões<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

Consi<strong>de</strong>rações finais e conclusões<br />

A produção <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> basea<strong>dos</strong> no nitreto <strong>de</strong> crómio e a caracterização e<br />

testes efectua<strong>dos</strong> às amostras revestidas, no sentido <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r<strong>em</strong> ser aplicadas ao<br />

processamento <strong>de</strong> polímeros, teve duas vertentes fundamentais: potenciar um aumento da<br />

resistência ao <strong>de</strong>sgaste e um aumento da resistência à corrosão.<br />

No sentido <strong>de</strong> optimizar estas duas componentes foram <strong>de</strong>posita<strong>dos</strong> filmes monolíticos<br />

(simples) <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio e filmes multicamada titânio/nitreto <strong>de</strong> crómio.<br />

Os filmes monolíticos foram <strong>de</strong>posita<strong>dos</strong> variando o bombar<strong>de</strong>amento iónico, ou<br />

variando a t<strong>em</strong>peratura do substrato, ou mesmo a potência da fonte ou tipo <strong>de</strong> fonte. Os<br />

<strong>revestimentos</strong> multicamada foram <strong>de</strong>posita<strong>dos</strong> com variações <strong>de</strong> polarização <strong>de</strong> substrato,<br />

t<strong>em</strong>peratura <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição, mas também espessura das monocamadas.<br />

Após o estudo da microestrutura e morfologia, proprieda<strong>de</strong>s mecânicas, <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho<br />

<strong>em</strong> meios corrosivos e <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho <strong>em</strong> condições <strong>de</strong> processamento <strong>de</strong> plásticos, po<strong>de</strong>m darse<br />

respostas às perguntas colocadas na introdução <strong>de</strong>ste trabalho.<br />

1 - A morfologia, a microestrutura e o tipo <strong>de</strong> revestimento t<strong>em</strong> influência <strong>de</strong>cisiva no<br />

comportamento, <strong>de</strong> um modo geral, mas <strong>em</strong> particular na capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> resistir ao <strong>de</strong>sgaste e<br />

aos ataques <strong>de</strong> agentes corrosivos.<br />

Há <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio que apresentaram uma cristalinida<strong>de</strong> maior e<br />

uma orientação preferencial <strong>dos</strong> cristais, mas esta microestrutura não favoreceu o<br />

<strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho. Estão neste caso os <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong>signa<strong>dos</strong> por CrN-2, CrN-18 e CrN-23, que<br />

revelaram heterogeneida<strong>de</strong>s <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> aspecto visual (zonas <strong>de</strong> brilho metálico/zonas<br />

baças), mas também <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> dureza e proprieda<strong>de</strong>s elásticas, apresentando diferenças<br />

significativas quando estas proprieda<strong>de</strong>s foram medidas numa ou noutra daquelas zonas. Estas<br />

amostras foram <strong>de</strong>positadas com o substrato ligado à terra e <strong>em</strong> consequência a compacida<strong>de</strong><br />

é menor que a <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong>posita<strong>dos</strong> com polarização negativa. Em termos <strong>de</strong><br />

comportamento verificou-se que a resistência ao <strong>de</strong>sgaste foi menor que a <strong>de</strong> outros<br />

<strong>revestimentos</strong> simples e que a a<strong>de</strong>são ficou um pouco abaixo do valor médio obtido para este<br />

tipo <strong>revestimentos</strong>.<br />

Ao introduzir uma polarização negativa no substrato, durante o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição,<br />

provocou-se bombar<strong>de</strong>amento iónico e como consequência os <strong>revestimentos</strong> revelaram maior<br />

172


Consi<strong>de</strong>rações finais e Conclusões<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

compacida<strong>de</strong> e surgiram cristais <strong>de</strong> CrN com outras orientações <strong>dos</strong> planos cristalográficos. O<br />

comportamento <strong>de</strong>stes <strong>revestimentos</strong> foi geralmente melhor.<br />

Os diversos testes <strong>de</strong> corrosão efectua<strong>dos</strong> aos <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio<br />

revelaram alguma porosida<strong>de</strong> manifestada, no caso <strong>dos</strong> ensaios OCP, por uma tendência para<br />

que o potencial livre se aproximasse, <strong>de</strong> um modo mais ou menos rápido, do potencial da<br />

intercamada <strong>de</strong> crómio; no caso <strong>dos</strong> testes <strong>de</strong> corrosão a quente uma <strong>de</strong>laminação<br />

relativamente rápida; nos testes “corrodkote” o aparecimento <strong>de</strong> <strong>de</strong>feitos. Em alguns<br />

<strong>revestimentos</strong> o potencial atingiu mesmo o potencial do substrato, como no caso da amostra<br />

CrN-23. Neste caso, ou <strong>em</strong> casos idênticos, verificou-se que, após o ensaio OCP, o<br />

revestimento tinha sido completamente r<strong>em</strong>ovido. Para os <strong>revestimentos</strong> que não<br />

<strong>de</strong>laminaram durante os testes <strong>de</strong> corrosão electroquímicos, os valores <strong>de</strong> corrente <strong>de</strong> corrosão<br />

e o comportamento ao longo <strong>de</strong> todo o potencial varrido, nos testes <strong>de</strong> polarização<br />

potenciodinâmica, foi s<strong>em</strong>elhante.<br />

Os <strong>revestimentos</strong> multicamada foram produzi<strong>dos</strong> com o objectivo <strong>de</strong> minimizar a<br />

corrosão intersticial, potenciada por porosida<strong>de</strong> aberta nos <strong>revestimentos</strong> simples, mas<br />

também para minimizar as tensões acumuladas nas camadas <strong>de</strong> nitreto, por relaxação nas<br />

camadas metálicas. Estes objectivos parec<strong>em</strong> ter sido consegui<strong>dos</strong>. Os valores <strong>de</strong> tensão são<br />

significativamente inferiores ao <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> simples para os mesmos valores <strong>de</strong><br />

polarização do substrato. Em termos <strong>de</strong> comportamento <strong>em</strong> ambientes quimicamente<br />

agressivos, verifica-se que, no caso <strong>dos</strong> ensaios OCP, só esporadicamente as amostras<br />

revelaram uma aproximação ao potencial do substrato e nos ensaios <strong>de</strong> corrosão a quente ou<br />

no “corrodkote” tiveram um comportamento superior ao <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> simples.<br />

Acreditamos que, nos casos <strong>em</strong> que os resulta<strong>dos</strong> não foram tão bons, o comportamentos <strong>dos</strong><br />

<strong>revestimentos</strong> po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>vido a ocorrências excepcionais durante o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição<br />

que po<strong>de</strong>m ter originado porosida<strong>de</strong> aberta <strong>em</strong> alguns <strong>de</strong>sses <strong>revestimentos</strong>. Nos ensaios<br />

potenciodinâmicos este tipo <strong>de</strong> <strong>revestimentos</strong> apresenta também um comportamento<br />

significativamente melhor que os <strong>revestimentos</strong> monolíticos. As correntes <strong>de</strong> corrosão são<br />

menores e a zona transpassiva só ocorre para potenciais bastante superiores.<br />

Não era <strong>de</strong> esperar que a dureza nestes <strong>revestimentos</strong> multicamada, mesmo medida<br />

com nanoin<strong>de</strong>ntador, fosse s<strong>em</strong>elhante à <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> monolíticos. As camadas são<br />

muito finas (entre 8 e 100 nm) para as profundida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> in<strong>de</strong>ntação usadas (entre 100 e 300<br />

nm). Como resultado, obtiveram-se durezas que são aproximadamente a média entre a dureza<br />

<strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> monolíticos <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio e <strong>dos</strong> <strong>de</strong> titânio. A resistência ao <strong>de</strong>sgaste<br />

mecânico ressente-se <strong>de</strong>sta dureza significativamente menor. Daí resulta também que o<br />

173


Consi<strong>de</strong>rações finais e Conclusões<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

<strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho, <strong>em</strong> ambiente <strong>de</strong> processamento <strong>de</strong> polímeros, não tendo sido tão bom como o<br />

<strong>dos</strong> melhores <strong>revestimentos</strong> monolíticos, foi muito melhor que o aço t<strong>em</strong>perado ou que o aço<br />

nitrurado ou revestido com crómio duro.<br />

As relações encontradas entre a microestrutura/morfologia <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong>, obti<strong>dos</strong><br />

nos sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição disponíveis, e o seu <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> resistência ao<br />

<strong>de</strong>sgaste e à corrosão suger<strong>em</strong> a produção <strong>de</strong> revestimento noutras condições:<br />

i) Sendo o comportamento <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> monolíticos melhor que o <strong>dos</strong><br />

<strong>revestimentos</strong> multicamada <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> resistência ao <strong>de</strong>sgaste, mas sendo o seu<br />

<strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho, <strong>em</strong> meios quimicamente agressivos, pior, essencialmente <strong>de</strong>vido a<br />

porosida<strong>de</strong>, que tipo <strong>de</strong> variação <strong>de</strong> comportamento (e estrutura) se obteria com<br />

<strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong>posita<strong>dos</strong> com o substrato <strong>em</strong> rotação durante o processo <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>posição? Este artifício seria suficiente para diminuir a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

aparecimento <strong>de</strong> porosida<strong>de</strong> aberta?<br />

ii) Não sendo nítida uma relação entre a espessura das monocamadas e o<br />

comportamento <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> <strong>em</strong> meios quimicamente agressivos, mas<br />

verificando-se uma diminuição significativa da resistência ao <strong>de</strong>sgaste nos<br />

<strong>revestimentos</strong> multicamada, qual seria a consequência <strong>de</strong> um aumento ou diminuição<br />

da espessura das monocamadas (200 a 750 nm)?<br />

iii) Que alterações nas vertentes corrosão/proprieda<strong>de</strong>s mecânicas aconteceriam com a<br />

introdução <strong>de</strong> um terceiro el<strong>em</strong>ento nas camadas <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio (C, Al, Ti ou<br />

Si)? E <strong>de</strong> um sist<strong>em</strong>a com variação gradativa da composição (Cr até CrN, ou<br />

Cr/CrN/CrTiN)?<br />

2 – Embora o número <strong>de</strong> amostras <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio <strong>em</strong> que o <strong>de</strong>sgaste mecânico<br />

foi estudado não ter sido gran<strong>de</strong> po<strong>de</strong>mos, no entanto, retirar algumas conclusões <strong>em</strong> face <strong>dos</strong><br />

resulta<strong>dos</strong> obti<strong>dos</strong>. Verifica-se que, para as amostras testadas, o <strong>de</strong>sgaste resultante <strong>dos</strong><br />

ensaios <strong>de</strong> pino sobre disco é maior para as amostras com maior <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>, exceptuando o<br />

caso da amostra CrN-23, que é a menos <strong>de</strong>nsa e a que revelou maior <strong>de</strong>sgaste (fig.C.1). No<br />

entanto esta amostra, tal como já foi referido, foi <strong>de</strong>positada s<strong>em</strong> bombar<strong>de</strong>amento iónico e<br />

apresenta particularida<strong>de</strong>s b<strong>em</strong> distintas das <strong>dos</strong> outros <strong>revestimentos</strong>.<br />

Por outro lado as amostras mais duras, e com módulo <strong>de</strong> Young (medido por nanoin<strong>de</strong>ntação)<br />

mais elevado, foram as que revelaram naturalmente um menor <strong>de</strong>sgaste (fig.C.2). Na figura<br />

174


Consi<strong>de</strong>rações finais e Conclusões<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

C.3 visualiza-se claramente a diferença da taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste entre os <strong>revestimentos</strong> monolíticos<br />

e os <strong>revestimentos</strong> multicamada.<br />

K [m 3 /N]<br />

Figura C.1 - Taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste <strong>em</strong> função da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> monolíticos.<br />

K [m 3<br />

/N]<br />

2.8x10 -16<br />

2.6x10 -16<br />

2.4x10 -16<br />

2.2x10 -16<br />

2.0x10 -16<br />

1.8x10 -16<br />

1.6x10 -16<br />

1.4x10 -16<br />

1.2x10<br />

3.0 3.5 4.0 4.5 5.0 5.5<br />

-16<br />

3.2x10 -16<br />

2.4x10 -16<br />

1.6x10 -16<br />

<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> [10 3 kg/m 3 ]<br />

8.0x10<br />

10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30<br />

-17<br />

Dureza [GPa]<br />

Figura C.2 - Taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste <strong>em</strong> função da dureza <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> monolíticos medida à t<strong>em</strong>peratura<br />

ambiente.<br />

Como a tensão residual e a dureza têm tendência a aumentar com o bombar<strong>de</strong>amento<br />

iónico os resulta<strong>dos</strong> obti<strong>dos</strong> mostram uma diminuição do <strong>de</strong>sgaste quando a tensão <strong>de</strong><br />

compressão é maior. Isto significa também que a dureza (módulo <strong>de</strong> Young, ou as tensões<br />

residuais) e a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> não variam necessariamente no mesmo sentido (figura C.4(a)), tal<br />

175


Consi<strong>de</strong>rações finais e Conclusões<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

como se tinha sugerido no capítulo 5 quando do estudo do módulo <strong>de</strong> Young e dureza <strong>dos</strong><br />

<strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio. Em geral os <strong>revestimentos</strong> apresentam durezas à volta <strong>dos</strong><br />

23 GPa (figura C.4(b)).<br />

Figura C.3 - Taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste <strong>em</strong> função da dureza <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> medi<strong>dos</strong> à t<strong>em</strong>peratura ambiente e a 300<br />

ºC.<br />

Dureza [GPa]<br />

36<br />

32<br />

28<br />

24<br />

20<br />

16<br />

12<br />

K [m 3 /N]<br />

10 -11<br />

10 -12<br />

10 -13<br />

10 -14<br />

10 -15<br />

10 -16<br />

CrN-23<br />

10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30<br />

3.0 3.5 4.0 4.5 5.0 5.5<br />

Densida<strong>de</strong> [10 3 kg/m 3 ]<br />

Dureza [GPa]<br />

T<strong>em</strong>peratura ambiente<br />

300 ºC<br />

Revestimentos multicamada<br />

3.0 3.5 4.0 4.5 5.0 5.5<br />

Figura C.4 - Dureza <strong>em</strong> função da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> monolíticos: (a) para os <strong>revestimentos</strong> que<br />

sofreram <strong>de</strong>sgaste no teste <strong>de</strong> pino sobre disco; (b) para to<strong>dos</strong> os <strong>revestimentos</strong>.<br />

Dureza [GPa]<br />

35<br />

30<br />

25<br />

20<br />

15<br />

10<br />

Densida<strong>de</strong> [10 3 kg/m 3 ]<br />

176


Consi<strong>de</strong>rações finais e Conclusões<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

Na análise efectuada no capítulo 5, verificou-se que <strong>revestimentos</strong> com maior dureza<br />

po<strong>de</strong>m apresentar <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> menor <strong>de</strong>vido à existência <strong>de</strong> vazios (eventualmente porosida<strong>de</strong><br />

aberta) que contribu<strong>em</strong> <strong>de</strong> um modo mais <strong>de</strong>cisivo para a obtenção <strong>de</strong> menor <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> que a<br />

existência <strong>de</strong> fases amorfas <strong>em</strong> <strong>revestimentos</strong> que revelaram menor cristalinida<strong>de</strong>. Estes<br />

vazios po<strong>de</strong>m ser muito nocivos <strong>em</strong> termos corrosão, <strong>de</strong> modo que <strong>de</strong>ve ser potenciada a<br />

produção <strong>de</strong> <strong>revestimentos</strong> com dureza superior, s<strong>em</strong> que o aparecimento <strong>de</strong> porosida<strong>de</strong><br />

aberta ou vazios seja favorecido. Além da dureza e resistência ao <strong>de</strong>sgaste, verificou-se que a<br />

a<strong>de</strong>são é boa, mas a tensão residual e a porosida<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>masiado elevadas. Estes<br />

aspectos levaram a investir na produção <strong>de</strong> <strong>revestimentos</strong> multicamada. Os resulta<strong>dos</strong> foram<br />

animadores no aspecto da corrosão, mas no aspecto do <strong>de</strong>sgaste po<strong>de</strong> dizer-se que foram<br />

<strong>de</strong>sencorajadores. Neste sentido, as possibilida<strong>de</strong>s abertas através das sugestões i), ii) e iii) do<br />

ponto anterior merec<strong>em</strong> ser exploradas.<br />

3 - Os <strong>de</strong>feitos <strong>de</strong>tecta<strong>dos</strong> nos vários <strong>revestimentos</strong> po<strong>de</strong>m ser do tipo grânulos ou<br />

poros. A quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> poros observada foi s<strong>em</strong>pre menor que a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> grânulos. De<br />

qualquer modo a existência <strong>de</strong> poros faz diminuir a resistência à corrosão. Estes poros<br />

permit<strong>em</strong> que a solução agressiva penetre e possa atingir a interface revestimento substrato. A<br />

<strong>de</strong>posição da camada metálica entre o revestimento e o substrato melhora o comportamento<br />

<strong>dos</strong> compósitos, mas não <strong>de</strong> modo suficiente. Como já foi referido, verifica-se que <strong>em</strong> gran<strong>de</strong><br />

parte <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> monolíticos existe penetração da solução electrolítica. Essa<br />

penetração é mais ou menos lenta, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do revestimento, mas <strong>de</strong> um modo geral<br />

acontece.<br />

A <strong>de</strong>posição <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> multicamada fez diminuir o número <strong>de</strong> <strong>de</strong>feitos<br />

observáveis na superfície e melhorou o comportamento <strong>dos</strong> sist<strong>em</strong>as revestimento/substrato<br />

<strong>em</strong> ambientes quimicamente agressivos. A diminuição do número <strong>de</strong> <strong>de</strong>feitos po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>vida<br />

quer ao tipo <strong>de</strong> revestimento, quer à geometria da câmara <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição. Estes <strong>revestimentos</strong><br />

da série DC foram <strong>de</strong>posita<strong>dos</strong> numa câmara com geometria diferente. De um modo geral os<br />

<strong>revestimentos</strong> das séries DC apresentam um menor número <strong>de</strong> <strong>de</strong>feitos e estes ocupam uma<br />

área menor que os <strong>revestimentos</strong> da série RF. A melhor resistência à corrosão aquosa <strong>dos</strong><br />

<strong>revestimentos</strong> multicamada <strong>de</strong>ve-se essencialmente ao efeito <strong>de</strong> que qualquer poro numa<br />

camada po<strong>de</strong>r ser camuflado (obstruído) pela camada seguinte (ver figura C.5).<br />

No sentido <strong>de</strong> minorar o número <strong>de</strong> <strong>de</strong>feitos nos <strong>revestimentos</strong> sugere-se a utilização<br />

da geometria da câmara <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> das séries DC, e a produção <strong>de</strong><br />

177


Consi<strong>de</strong>rações finais e Conclusões<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

<strong>revestimentos</strong> multicamada com espessura superior para as monocamadas, ou ainda <strong>de</strong>positar<br />

<strong>revestimentos</strong> monolíticos com o substrato <strong>em</strong> rotação, tal como é sugerido no ponto 1 ii).<br />

CrN<br />

Cr<br />

Substrato<br />

Substrato<br />

(a) (b)<br />

Figura C.5 - Esqu<strong>em</strong>a representando a penetração <strong>de</strong> agentes agressivos através <strong>dos</strong> poros (a)<br />

num revestimento monolítico (simples) ou (b) num revestimento multicamada.<br />

4 – A conjugação <strong>de</strong> t<strong>em</strong>peraturas medianamente elevadas (~300 ºC) e presença <strong>de</strong><br />

agentes quimicamente agressivos, como o HCl, po<strong>de</strong> provocar dois <strong>mecanismos</strong> distintos: a<br />

oxidação da superfície do revestimento; a penetração <strong>dos</strong> agentes corrosivos até à intercamada<br />

ou até ao substrato, provocando a reacção entre o ácido e o metal, e causando <strong>de</strong>laminação do<br />

revestimento. Este é o mecanismo principal da corrosão <strong>em</strong> ambientes agressivos no caso da<br />

existência <strong>de</strong> porosida<strong>de</strong> aberta.<br />

O mecanismo químico na superfície <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> basea<strong>dos</strong> no nitreto <strong>de</strong> crómio<br />

será o mecanismo principal <strong>de</strong> corrosão no caso <strong>de</strong> não existir porosida<strong>de</strong> aberta. Nestas<br />

situações, acontece essencialmente oxidação da superfície, sendo o azoto substituído por<br />

oxigénio. Esta situação dá orig<strong>em</strong> à formação <strong>de</strong> óxi<strong>dos</strong> ou hidróxido <strong>de</strong> crómio, ou mesmo<br />

oxinitretos <strong>de</strong> crómio. Este ataque químico provoca danos superficiais, que nas condições do<br />

teste <strong>de</strong> corrosão a quente, <strong>de</strong>scrito nas secções 1.3.3, ating<strong>em</strong> uma profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 5 a 10<br />

nm.<br />

Por estas razões sugere-se que a camada superficial <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong>ve ser dura, e<br />

<strong>de</strong>ve também ser resistente à corrosão. A oxidação da superfície, nos testes a t<strong>em</strong>peratura<br />

elevada, não parece ser o efeito mais nocivo nestes sist<strong>em</strong>as. Os poros são os <strong>de</strong>feitos que<br />

piores consequências po<strong>de</strong>m trazer aos sist<strong>em</strong>as testa<strong>dos</strong> <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio nos vários tipos<br />

<strong>de</strong> corrosão. É muito importante diminuir a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> formar este tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>feitos. No<br />

sentido <strong>de</strong> melhorar o sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> <strong>revestimentos</strong> multicamada, principalmente na vertente <strong>de</strong><br />

resistência ao <strong>de</strong>sgaste, a sugestão 1 ii) po<strong>de</strong> ser uma alternativa a testar.<br />

178


Consi<strong>de</strong>rações finais e Conclusões<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

5 - A produção <strong>de</strong> <strong>revestimentos</strong> multicamada apresenta ganhos significativos <strong>em</strong><br />

termos <strong>de</strong> resistência à corrosão, quer seja a corrosão aquosa analisada por processos<br />

electroquímicos, quer seja a corrosão <strong>em</strong> ambientes agressivos <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> t<strong>em</strong>peratura e<br />

agentes quimicamente corrosivos.<br />

Em termos <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>s mecânicas obtiveram-se piores valores <strong>de</strong> dureza o que se<br />

traduziu também por piores resulta<strong>dos</strong> <strong>de</strong> resistência ao <strong>de</strong>sgaste, analisa<strong>dos</strong> pelo teste do<br />

pino sobre disco, como se po<strong>de</strong> confirmar pela figura C.2. O <strong>de</strong>sgaste foi <strong>em</strong> média mais <strong>de</strong><br />

três or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>za superior à <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> simples <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio, à<br />

t<strong>em</strong>peratura ambiente, e cerca <strong>de</strong> duas or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>za superior para os testes efectua<strong>dos</strong> à<br />

t<strong>em</strong>peratura <strong>de</strong> 300 ºC. Os valores <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são obti<strong>dos</strong> pelos testes <strong>de</strong> in<strong>de</strong>ntação <strong>de</strong>slizante<br />

também são piores para os <strong>revestimentos</strong> multicamada comparativamente com os<br />

<strong>revestimentos</strong> simples <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio.<br />

Os filmes multicamada, além <strong>de</strong> ter<strong>em</strong> vantag<strong>em</strong> nos aspectos relaciona<strong>dos</strong> com a<br />

corrosão, apresentam também vantagens <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> tensões residuais. Os <strong>revestimentos</strong><br />

monolíticos <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio po<strong>de</strong>m apresentar tensões bastante elevadas (até -9 GPa)<br />

quando <strong>de</strong>posita<strong>dos</strong> com maior bombar<strong>de</strong>amento iónico.<br />

Sugere-se a produção <strong>de</strong> <strong>revestimentos</strong> multicamada com monocamadas mais espessas<br />

(1 ii)) ou testar as potencialida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> composição a variar gradualmente ou a<br />

inclusão <strong>de</strong> um terceiro el<strong>em</strong>ento na composição das camadas cerâmicas (1 iii)). De que modo<br />

varia a tensão residual neste tipo <strong>de</strong> revestimento <strong>de</strong> composição gradativa? Que tipo <strong>de</strong><br />

comportamento relativamente a proprieda<strong>de</strong>s mecânicas e comportamento <strong>em</strong> meio agressivo<br />

terão as amostras <strong>de</strong> composição gradativa?<br />

6 - Aten<strong>de</strong>ndo aos ensaios <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste efectua<strong>dos</strong> por pino sobre disco, dir-se-ia que,<br />

<strong>em</strong> condições <strong>de</strong> processamento <strong>de</strong> polímeros, as amostras com revestimento multicamada,<br />

apresentariam um <strong>de</strong>sgaste muito superior ao das amostras com <strong>revestimentos</strong> monolíticos.<br />

Na realida<strong>de</strong>, a diferença no <strong>de</strong>sgaste <strong>em</strong> condições <strong>de</strong> processamento <strong>de</strong> plásticos nos<br />

<strong>revestimentos</strong> multicamada quando comparado com os <strong>revestimentos</strong> monolíticos, não é<br />

proporcional à diferença do <strong>de</strong>sgaste medido no teste pino sobre disco. De facto é até<br />

s<strong>em</strong>elhante a muitos <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> monolíticos, existindo um <strong>de</strong>les que é nitidamente<br />

pior (CrN-23).<br />

Provavelmente o <strong>de</strong>sgaste po<strong>de</strong> ser maior nos <strong>revestimentos</strong> multicamada <strong>de</strong>vido a<br />

uma dureza menor <strong>de</strong>stes <strong>revestimentos</strong> e também <strong>de</strong>vido a probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são entre as<br />

diversas interfaces. Po<strong>de</strong>ria melhorar-se o <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho, <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste, <strong>de</strong>stes<br />

179


Consi<strong>de</strong>rações finais e Conclusões<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

<strong>revestimentos</strong>, se a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> interfaces for diminuída, tal como é proposto no ponto 1 ii).<br />

Po<strong>de</strong>ria ser induzida uma maior dureza menos afectada pelas monocamadas metálicas e<br />

reduzir-se-ia o número <strong>de</strong> interfaces, minimizando os probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são. Como o <strong>de</strong>sgaste<br />

varia inversamente com a dureza <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> (figura C.2) e como a dureza aumenta <strong>de</strong><br />

um modo geral com o bombar<strong>de</strong>amento iónico durante a <strong>de</strong>posição, po<strong>de</strong>ria <strong>de</strong>positar-se estes<br />

<strong>revestimentos</strong> com uma maior polarização do substrato. As tensões não seriam<br />

exageradamente elevadas <strong>de</strong>vido às camadas metálicas que provocariam a sua relaxação.<br />

7 - Os ensaios <strong>de</strong> corrosão electroquímicos (corrosão aquosa), ou <strong>em</strong> ambiente<br />

agressivo (“corrodkote” ou a t<strong>em</strong>peratura elevada), mostram um <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho superior por<br />

parte <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> multicamada. Analisando a superfície das amostras após o teste <strong>de</strong><br />

processamento <strong>de</strong> plásticos e contabilizando a área ocupada pelos <strong>de</strong>feitos, o seu tamanho<br />

médio e a quantida<strong>de</strong> por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> área, e comparando estes valores com os que se tinham<br />

obtido antes do teste ser efectuado, verifica-se que:<br />

- a área ocupada pelos <strong>de</strong>feitos observáveis com ampliação <strong>de</strong> 500× é<br />

normalmente maior nos <strong>revestimentos</strong> monolíticos, <strong>em</strong> qualquer <strong>dos</strong><br />

momentos <strong>de</strong> análise. Após os testes esta área é quase s<strong>em</strong>pre maior;<br />

- a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>feitos por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> área é quase s<strong>em</strong>pre maior para os<br />

<strong>revestimentos</strong> monolíticos;<br />

- a área média <strong>dos</strong> <strong>de</strong>feitos diminui fort<strong>em</strong>ente nos <strong>revestimentos</strong><br />

monolíticos, <strong>de</strong>vido ao aparecimento <strong>de</strong> inúmeros pontos <strong>de</strong> corrosão. Essa<br />

diminuição não é tão evi<strong>de</strong>nte para os <strong>revestimentos</strong> multicamada porque a<br />

quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pontos <strong>de</strong> corrosão que aparec<strong>em</strong> é menor.<br />

Se <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> corrosão, o comportamento <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> multicamada foi<br />

superior ao <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> monolíticos, nos ensaios <strong>em</strong> condições <strong>de</strong> processamento <strong>de</strong><br />

plásticos, essa tendência parece manter-se, principalmente porque à partida estes<br />

<strong>revestimentos</strong> apresentavam já condições para um comportamento melhor.<br />

8 - A resposta a esta questão parece óbvia. A escolha <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong><br />

fort<strong>em</strong>ente da natureza da erosão, seja mecânica ou química. Para contrariar o <strong>de</strong>sgaste<br />

mecânico é necessário que os <strong>revestimentos</strong> sejam duros, como os <strong>revestimentos</strong> monolíticos<br />

<strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio. Para contrariar o ataque químico são necessários <strong>revestimentos</strong> passivos<br />

180


Consi<strong>de</strong>rações finais e Conclusões<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

e com poucos <strong>de</strong>feitos (porosida<strong>de</strong> reduzida) e neste caso os <strong>revestimentos</strong> multicamada são<br />

melhores. Em termos <strong>de</strong> análise <strong>dos</strong> resulta<strong>dos</strong> <strong>em</strong> condições <strong>de</strong> processamento, tendo usado<br />

um dispositivo que permite um <strong>de</strong>sgaste acelerado das amostras, o comportamento da quase<br />

totalida<strong>de</strong> das amostras revestidas, monolíticas ou multicamada, foi muito superior ao do aço<br />

t<strong>em</strong>perado ou das amostras revestidas por crómio duro ou nitruradas.<br />

Há outros ganhos óbvios nomeadamente o do processo <strong>de</strong> produção por técnicas <strong>PVD</strong><br />

não ser agressiva ao ambiente.<br />

Em termos técnicos a <strong>de</strong>posição por pulverização catódica apresenta dificulda<strong>de</strong>s para<br />

revestir peças <strong>de</strong> geometria complexa.<br />

Po<strong>de</strong>m colocar-se probl<strong>em</strong>as <strong>em</strong> termos económicos, uma vez que os custos são<br />

superiores quando compara<strong>dos</strong> com os processos clássicos. O probl<strong>em</strong>a <strong>dos</strong> custos esbate-se<br />

ao longo do t<strong>em</strong>po não só pela longevida<strong>de</strong> das peças revestidas por técnicas <strong>PVD</strong>, que revela<br />

ser muito superior, mas também pelo facto <strong>de</strong> se po<strong>de</strong>r generalizar este processo <strong>de</strong><br />

revestimento para este tipo <strong>de</strong> aplicação. Em termos económicos talvez uma das maiores<br />

vantagens seja o facto <strong>de</strong> se estar a preservar a Natureza.<br />

Conclusões<br />

A investigação <strong>em</strong> materiais é excitante. No <strong>de</strong>correr do trabalho <strong>em</strong> sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong><br />

<strong>revestimentos</strong> basea<strong>dos</strong> no nitreto <strong>de</strong> crómio e <strong>de</strong>senvolvido para a realização <strong>de</strong>sta tese<br />

surgiram frequent<strong>em</strong>ente na literatura i<strong>de</strong>ias que podiam trazer respostas a <strong>de</strong>termina<strong>dos</strong><br />

probl<strong>em</strong>as que foram ocorrendo no processo evolutivo que é a investigação <strong>em</strong> materiais.<br />

Algumas <strong>de</strong>ssas sugestões pu<strong>de</strong>ram ser experimentadas nos nossos sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição, nos<br />

<strong>revestimentos</strong> basea<strong>dos</strong> <strong>em</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio. Relativamente a outras sugestões, teriam <strong>de</strong> ser<br />

<strong>de</strong>senvolvidas num trabalho paralelo ou <strong>em</strong> continuação <strong>de</strong>ste.<br />

Concretamente, <strong>em</strong> relação aos <strong>revestimentos</strong> basea<strong>dos</strong> no nitreto <strong>de</strong> crómio<br />

produzi<strong>dos</strong> no âmbito <strong>de</strong>ste tese po<strong>de</strong> dizer-se que:<br />

Os <strong>revestimentos</strong> monolíticos ou as camadas <strong>de</strong> nitreto <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong><br />

multicamada t<strong>em</strong> uma composição CrNx, <strong>em</strong> que 0.90 < x < 1. Os <strong>revestimentos</strong> apresentaram<br />

um estrutura colunar sendo a sua compacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte das condições <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição,<br />

principalmente do bombar<strong>de</strong>amento iónico. Os <strong>revestimentos</strong> são s<strong>em</strong>pre menos <strong>de</strong>nsos que o<br />

material volumétrico mas <strong>de</strong>posita<strong>dos</strong> com polarização <strong>de</strong> substrato superior revelaram<br />

geralmente uma <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> e uma compacida<strong>de</strong> das colunas crescente. O facto da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong><br />

181


Consi<strong>de</strong>rações finais e Conclusões<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

ser menor que o valor encontrado para o CrN na literatura <strong>de</strong>ve-se às fronteiras entre as<br />

colunas po<strong>de</strong>r<strong>em</strong> ser vazios ou material menos estruturado. As próprias colunas contêm grãos<br />

cristalinos com dimensão inferior à das colunas, o que significa que nas fronteira <strong>dos</strong> grão há<br />

um arranjo diferente do material, provavelmente amorfo, que faz diminuir a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong>stes<br />

filmes.<br />

Os <strong>revestimentos</strong> multicamada apresentaram também <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> menor que um<br />

hipotético revestimento cujas camadas tivess<strong>em</strong> a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> volumétrica <strong>dos</strong> materiais<br />

constituintes. Contudo é interessante notar que comparando com os filmes monolíticos, a<br />

<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong>stes <strong>revestimentos</strong> não é tão baixa como seria <strong>de</strong> esperar pelo facto da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong><br />

do titânio ser bastante inferior. Isso po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ver-se ao facto das camadas metálicas po<strong>de</strong>r<strong>em</strong><br />

ser mais compactas, tendo uma <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> mais próxima do valor para o material volumétrico.<br />

Este situação po<strong>de</strong> ajudar a explicar o melhor comportamento <strong>de</strong>stes <strong>revestimentos</strong> <strong>em</strong><br />

ambientes quimicamente agressivos.<br />

A medida do módulo <strong>de</strong> Young por in<strong>de</strong>ntação e por ondas acústicas <strong>de</strong> superfície<br />

(SAW) permitiram enten<strong>de</strong>r melhor a estrutura <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> crómio. Cada<br />

uma <strong>de</strong>stas técnicas permitiu medir o módulo <strong>de</strong> Young <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong><br />

crómio <strong>em</strong> direcções perpendiculares, sendo os valores obti<strong>dos</strong> na direcção <strong>de</strong> crescimento do<br />

filme significativamente superiores aos valores obti<strong>dos</strong> paralelamente à superfície. Estes<br />

factos evi<strong>de</strong>nciaram uma diferença na estrutura <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> para cada uma daquelas<br />

direcções. Além <strong>de</strong>stes resulta<strong>dos</strong>, os valores máximos <strong>de</strong> módulo <strong>de</strong> Young na direcção do<br />

crescimento, para pequenas profundida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> in<strong>de</strong>ntação, po<strong>de</strong> ser bastante superior aos<br />

valores médios obti<strong>dos</strong>. Estes valores máximos <strong>de</strong>v<strong>em</strong> acontecer quando a ponta do<br />

in<strong>de</strong>ntador inci<strong>de</strong> no centro <strong>de</strong> uma coluna ou mesmo <strong>de</strong> um grânulo. As medidas por ondas<br />

<strong>de</strong> superfície mostraram- uma forte atenuação das ondas, o que parece evi<strong>de</strong>nciar a presença<br />

<strong>de</strong> vazios ou <strong>de</strong> zonas amorfa <strong>de</strong> menor <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>. Estas zonas <strong>de</strong>v<strong>em</strong> estar localiza<strong>dos</strong> nas<br />

fronteiras das colunas.<br />

Os <strong>de</strong>feitos observa<strong>dos</strong> à superfície são maioritariamente do tipo grânulos. Os poros,<br />

ou buracos, <strong>de</strong>tecta<strong>dos</strong> aparentaram ser posições anteriormente ocupadas por grânulos que por<br />

alguma razão não <strong>de</strong>tectada saíram <strong>de</strong>ssas posições. Os <strong>revestimentos</strong> multicamada<br />

apresentaram <strong>de</strong>feitos <strong>em</strong> menor número e ocupando uma menor área que os filmes<br />

monolíticos. Este é outro factor que po<strong>de</strong> explicar a melhor resistência à corrosão <strong>de</strong>stes<br />

<strong>revestimentos</strong>.<br />

Em termos cristalinos é evi<strong>de</strong>nte a presença <strong>de</strong> fases CrN, mas não é tão evi<strong>de</strong>nte a<br />

presença <strong>de</strong> fases β-Cr2N. Os picos <strong>de</strong> difracção aparec<strong>em</strong>, na maior parte <strong>dos</strong> casos,<br />

182


Consi<strong>de</strong>rações finais e Conclusões<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

<strong>de</strong>sloca<strong>dos</strong> para os menores ângulos evi<strong>de</strong>nciando tensões residuais <strong>de</strong> compressão. Somente<br />

alguns <strong>dos</strong> <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong>posita<strong>dos</strong> com fonte DC mostraram <strong>de</strong>svios para maiores ângulos.<br />

Normalmente são evi<strong>de</strong>ntes várias orientações <strong>dos</strong> cristais <strong>de</strong> CrN, a não ser no caso os<br />

<strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong>posita<strong>dos</strong> s<strong>em</strong> polarização do substrato que evi<strong>de</strong>nciaram textura. Estes<br />

<strong>revestimentos</strong> com crescimento preferencial tiveram pior comportamento relativamente à<br />

resistência ao <strong>de</strong>sgaste e à corrosão.<br />

As tensões residuais calculadas para os <strong>revestimentos</strong> monolíticos são relativamente<br />

elevadas (da or<strong>de</strong>m <strong>dos</strong> GPa), como é normal nos <strong>revestimentos</strong> produzi<strong>dos</strong> por <strong>PVD</strong>. O<br />

aumento do bombar<strong>de</strong>amento iónico faz aumentar a dureza, o módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong>,<br />

diminuir o <strong>de</strong>sgaste, mas também aumentar as tensões residuais até níveis muito eleva<strong>dos</strong><br />

(~9 GPa). A solução <strong>de</strong> alternar camadas metálicas com as camadas <strong>de</strong> nitreto permitiu obter<br />

<strong>revestimentos</strong> com menores tensões residuais, para níveis s<strong>em</strong>elhantes <strong>de</strong> bombar<strong>de</strong>amento<br />

iónico, mas por outro lado a dureza e a a<strong>de</strong>são diminuíram e o <strong>de</strong>sgaste aumentou.<br />

A corrosão nos <strong>revestimentos</strong> testa<strong>dos</strong> po<strong>de</strong> ocorrer <strong>de</strong> acordo com dois <strong>mecanismos</strong>:<br />

ataque químico na superfície do revestimento e/ou difusão <strong>dos</strong> agente corrosivo através do<br />

revestimento, po<strong>de</strong>ndo atingir o substrato. No primeiro caso o revestimento <strong>de</strong>ve ser<br />

escolhido <strong>de</strong> modo a que não favoreça reacções químicas com os agentes corrosivos. E nesse<br />

aspecto o nitreto <strong>de</strong> crómio parece ser suficient<strong>em</strong>ente passivo perante meios agressivos<br />

mesmo contendo iões <strong>de</strong> halogéneos. Os danos observa<strong>dos</strong> foram superficiais (~5-10 nm) e<br />

essencialmente ocorre oxidação da superfície com a substituição do azoto por oxigénio. O<br />

segundo mecanismo é muito mais prejudicial e po<strong>de</strong> ser evitado se a penetração for impedida.<br />

Os <strong>revestimentos</strong> multicamada mostraram um comportamento bom neste aspecto.<br />

Em situação <strong>de</strong> processamento, as amostras revestidas mostraram um comportamento<br />

muito melhor que o aço t<strong>em</strong>perado, que o aço revestido com crómio electro<strong>de</strong>positado ou que<br />

o aço nitrurado. Em resumo po<strong>de</strong> afirmar-se que:<br />

- há um ganho efectivo <strong>em</strong> termos económicos <strong>de</strong>vido ao incr<strong>em</strong>ento do<br />

t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> vida <strong>dos</strong> componentes do equipamento que possam estar <strong>em</strong><br />

contacto com o plástico quente (referir or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>za);<br />

- a qualida<strong>de</strong> das superfícies revestidas é gran<strong>de</strong>, o que po<strong>de</strong> significar um<br />

ganho <strong>em</strong> termos da qualida<strong>de</strong> das superfícies <strong>dos</strong> produtos fabrica<strong>dos</strong><br />

nessas unida<strong>de</strong>s, se o interior do mol<strong>de</strong>s pu<strong>de</strong>r ser revestido com estes<br />

materiais;<br />

183


Consi<strong>de</strong>rações finais e Conclusões<br />

_________________________________________________________________________________________________________________<br />

- há um ganho <strong>em</strong> termos ambientais <strong>de</strong>vido à técnica <strong>de</strong> produção não ser<br />

poluente;<br />

- há um potencial <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento muito gran<strong>de</strong> no tipo <strong>de</strong> <strong>revestimentos</strong><br />

produzi<strong>dos</strong> por técnicas <strong>PVD</strong>.<br />

Há algumas dificulda<strong>de</strong>s que po<strong>de</strong>m ser apontadas na impl<strong>em</strong>entação <strong>de</strong>sta técnica<br />

para níveis industriais:<br />

- dificulda<strong>de</strong> <strong>em</strong> revestir componentes com geometria complexa (por<br />

ex<strong>em</strong>plo o interior <strong>de</strong> mol<strong>de</strong>s);<br />

- resistência prevista <strong>dos</strong> <strong>em</strong>presários <strong>em</strong> alterar soluções já testadas e<br />

económicas por outras mais evoluídas e que aparentam ser mais caras,<br />

apesar <strong>de</strong> mais limpas do ponto <strong>de</strong> vista ambiental;<br />

- custos do equipamento <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> <strong>revestimentos</strong>.<br />

Relativamente a estas dificulda<strong>de</strong>s, aquela que se po<strong>de</strong> apresentar mais probl<strong>em</strong>ática é<br />

a <strong>de</strong> revestir homogeneamente superfícies complexas. Mesmo que n<strong>em</strong> todas as peças possam<br />

ser protegidas <strong>de</strong>vido à sua forma, há ganhos não negligenciáveis <strong>em</strong> revestir as outras partes.<br />

Uma questão fulcral é a optimização na produção <strong>de</strong> <strong>revestimentos</strong>, essencialmente no ponto<br />

<strong>de</strong> vista do <strong>de</strong>sgaste e na eliminação da porosida<strong>de</strong> aberta. Os custos <strong>dos</strong> equipamentos, ou<br />

das peças revestidas por <strong>PVD</strong>, po<strong>de</strong> ser facilmente amortizável <strong>de</strong>vido à longevida<strong>de</strong> das<br />

peças revestidas e por outro lado o seu custo diminuirá com a generalização <strong>de</strong>stes processos<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>posição. Cada vez mais a legislação que obriga a proteger o ambiente é mais exigente, o<br />

que obriga a que paulatinamente os processos tradicionais <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição sejam substituí<strong>dos</strong><br />

por processos limpos. Os <strong>em</strong>presários que mais rapidamente reconverter<strong>em</strong> os seus processos<br />

ou investir<strong>em</strong> <strong>em</strong> <strong>revestimentos</strong> <strong>de</strong>ste tipo po<strong>de</strong>rão ganhar vantagens a médio prazo<br />

relativamente aos mais conservadores.<br />

Resta dizer que o trabalho que foi realizado e <strong>de</strong>u orig<strong>em</strong> a esta tese po<strong>de</strong> s<strong>em</strong>pre ser evoluído.<br />

Durante o processo <strong>de</strong> realização do trabalho experimental vão surgindo i<strong>de</strong>ias que po<strong>de</strong>m ou não ser<br />

ajustáveis ao trabalho que se está a <strong>de</strong>senvolver. Algumas foram usadas, outras não podiam ser<br />

aplicadas, por razões que se pren<strong>de</strong>m com o equipamento, o t<strong>em</strong>po, ou outras. Na fase <strong>de</strong> escrita<br />

surg<strong>em</strong> outras sugestões e no momento culminante, a <strong>de</strong>fesa, haverá i<strong>de</strong>ias do modo como se po<strong>de</strong>ria<br />

<strong>de</strong>senvolver o trabalho nos <strong>revestimentos</strong> basea<strong>dos</strong> no mesmo material ou basea<strong>dos</strong> noutros materiais.<br />

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