A História Secreta dos Jesuítas - Edmond Paris - Entre Irmãos
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gigantescos que foram a eles restituí<strong>dos</strong>. "O fim justifica os meios". Forjar a nova espada de<br />
Siegfried, a arma necessária para a vingança - uma vingança que seria dividida com o Vaticano.<br />
Com um sincronismo perfeito e durante uma entrevista dada em um periódico holandês, o<br />
camareiro secreto repetiu o discurso fulminante que o cardeal Ottaviani tinha acabado de<br />
expressar: "A co-existência pacífica das nações cujas visões são totalmente opostas é apenas<br />
uma ilusão que, infelizmente, ainda encontra partidários demais". O "sermão" incendiário feito em<br />
7 de janeiro em "Sainte-Marie-Majeure" precedeu por alguns dias - como por coincidência -a<br />
visita de Konrad Adenauer a Roma. As reportagens que a imprensa fez foram unânimes em<br />
destacar a atmosfera amigável e simpática que prevaleceu durante a audiência particular que<br />
Sua Santidade João XXIII deu ao chanceler alemão e seu ministro de Assuntos Estrangeiros, von<br />
Brentano. Podíamos até ler no L'Aurore: "Essa reunião provocou uma declaração quase<br />
inesperada do chanceler, ao responder ao discurso papal que louvava a coragem e fé do<br />
dirigente do governo alemão: Creio que Deus concedeu ao povo alemão um papel especial a<br />
desempenhar nesses tempos conturba<strong>dos</strong>: ser o protetor do Ocidente contra as influências<br />
poderosas do Leste".<br />
Combat observou com precisão: "Já havíamos lido isso antes, mas de forma mais<br />
condensada: "Gott mit uns" - "Deus conosco", na legenda do cinturão do uniforme <strong>dos</strong> solda<strong>dos</strong><br />
alemães na guerra 1914-1918". O mesmo jornal acrescentou: 'A evocação do trabalho do doutor<br />
Adenauer atribuída à nação alemã encontrou sua inspiração em uma declaração semelhante do<br />
pontífice anterior. Somos, portanto, autoriza<strong>dos</strong> a presumir que se o doutor Adenauer pronunciou<br />
essa frase nas circunstâncias atuais, é porque pensa que seus ouvintes estavam prontos para<br />
ouvi-lo".<br />
"Teríamos que ser ingênuos e ignorantes em diplomacia elementar para pensarmos que essa<br />
declaração "inesperada" não fazia parte do Drograma. Apostamos também que não lança<br />
nenhuma sombra na "conversa prolongada que Adenauer teve com o cardeal Tardini, secretário<br />
de Estado da Santa Sé, que ele recebeu para um almoço oficial na Embaixada Alemã".<br />
A interferência espetacular do Santo Ofício em política internacional, através do cardeal<br />
Ottaviani, chocou até mesmo os católicos que estavam acostuma<strong>dos</strong> há muito tempo às invasões<br />
da Igreja Romana nos negócios de Estado. Roma tinha consciência disso, mas a perpetuação da<br />
guerra fria era tão vital e importante ao poder político do Vaticano, e até mesmo sua prosperidade<br />
financeira, que não hesitou em se pronunciar com tais visões políticas, apesar da primeira<br />
declaração ter sido mal recebida.<br />
A viagem de Kruschev à França, em março de 1960, deu-lhe outra oportunidade. Dijon foi<br />
uma das localidades incluídas na visita do líder soviético. À semelhança de to<strong>dos</strong> os seus<br />
colegas na mesma situação, o prefeito de Dijon deveria receber com cortesia o convidado da<br />
República Francesa. A cidade de Burgandy tinha um sacerdote como prefeito, o cônego Kir. De<br />
acordo com a lei canônica, a Santa Sé havia autorizado expressamente o padre a aceitar o seu<br />
mandato duplo - com todas as funções e tarefas superpostas. Seu bispo, no entanto, proibiu o<br />
prefeito-cônego de receber Kruschev. Nessa ocasião, as funções de prefeito cederam espaço à<br />
batina. O visitante foi recebido por uma assistente que substituía o prefeito ausente.<br />
A forma tranqüila com que a "hierarquia" engoliu a autoridade civil naquela ocasião levantou<br />
comentários áci<strong>dos</strong>. Em 30 de março, O Le Monde escreveu: "Quem está realmente exercendo<br />
autoridade sobre a prefeitura de Dijon: o bispo ou o prefeito? E acima desses dirigentes: o papa<br />
ou o governo francês? Esta é a pergunta que to<strong>dos</strong> se fazem. A resposta não deixa dúvidas:<br />
primeiro a teocracia A partir de agora, ao serem recebi<strong>dos</strong> por uma batina vestida ri» prefeito, os<br />
convida<strong>dos</strong> da República Francesa terão de receber bilhetes para a confissão?"<br />
No artigo acima mencionado, o editor do Le Monde também diz com muita correção: 'Além<br />
dessa questão interna francesa, o caso Kir traz à discussão um problema ainda maior. A ação do