A História Secreta dos Jesuítas - Edmond Paris - Entre Irmãos
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capazes de assumirem o país e governarem sem terem de recorrer a esses "místicos" delirantes.<br />
Esses homens eram muito brilhantes intelectualmente, mas não suficientemente devotos.<br />
O Vaticano, e especialmente o "Papa Negro", von Ledochowski, não os poderia manter "como<br />
se fossem um bastão nas suas mãos", de acordo com a fórmula passional, e fazê-los servirem a<br />
seus objetivos a todo custo, até a chegada da catástrofe. O revolucionista Mussolin; foi<br />
transformado e "virado do avesso" pelos emissários da Santa Sé que lhe prometeram poder.<br />
Hitler provou o quanto era maleável. o plano de Ledochowski era criar uma federação de nações<br />
católicas na Europa Central e do Leste, na qual a Bavária e a Áustria, governada pelo jesuíta<br />
Seipel, teriam a proeminência. A Bavária teria de se separar da República Alemã de Weimar e,<br />
como por acaso, o agitador Hitler, de origem austríaca, era na época um separatista bávaro.<br />
A oportunidade de realizar essa federação e colocar um Hapsburg no controle se tornou mais<br />
e mais distante, enquanto o monsenhor Pacelli, o núncio que tinha deixado Munique para ir a<br />
Berlim, ficava mais consciente em relação à fragilidade da República Alemã, por causa do pouco<br />
apoio dado pelos Alia<strong>dos</strong>. A esperança de tomar conta da Alemanha nasceu então no Vaticano e<br />
o plano se modificou: 'A hegemonia da Prússia protestante tinha de ser evitada, e como o Reich<br />
ia dominar a Europa - para sustentar o federalismo alemão -um Reich tinha de ser reconstituído,<br />
no qual os católicos seriam os senhores". Isso era o suficiente.<br />
Mudando de postura radicalmente e acompanhado de seus "camisas marrons", Hitler, que<br />
tinha sido até então um separatista bávaro, tornou-se do dia para a noite o inspirado 'Apóstolo do<br />
Grande Reich".<br />
Os Campos da Morte e a Cruzada Anti-Semita<br />
Na medida em que os católicos passam a ser os senhores da Alemanha nazista logo setorna<br />
tão aparente quanto a severidade coro que alguns <strong>dos</strong> "altos princípios do papado" foram<br />
aplica<strong>dos</strong>. Os liberais e os judeus tiveram muito tempo livre para descobrir que esses princípios<br />
estavam longe de serem confirma<strong>dos</strong>. O direito da Igreja de se considerar apta a exterminar lenta<br />
ou rapidamente aqueles que estavam no meio do caminho foi "posto em prática" em Auschwitz,<br />
nachau, Belsen, Buchenwald e outros campos da morte. A Gestapo de Himnaler, nosso "Ignácio<br />
de Loyola", diligentemente executava essas "obras de caridade". A Alemanha civil e militar teve<br />
que submeter "perinde ac cadáver" a essa organização toda-poderosa. jvjem é preciso dizer que<br />
o Vaticano lavou as mãos diante desses horrores. Ao conceder uma audiência ao doutor Nerin F.<br />
Gun, um jornalista suíço que tinha sido deportado e se perguntava por que o papa não havia<br />
intervindo, pelo menos fornecendo alguma assistência a tantas pessoas desgraçadas, Sua<br />
Santidade Pio XII teve o displante de responder: "Sabíamos que por motivos políticos as<br />
perseguições violentas estão acontecendo na Alemanha, mas nunca fomos informa<strong>dos</strong> quanto ao<br />
caráter desumano da repressão nazista".<br />
Quando o locutor da Rádio Vaticano, o R.P. Mitiaen, declarava que "uma prova documental<br />
inegável em relação à crueldade <strong>dos</strong> nazistas tinha sido recebida", sem dúvida o "Santo Papa"<br />
também não foi informado sobre o que acontecia nos campos de concentração "Oustachi",<br />
apesar da presença do seu próprio legado em Zagreb.<br />
Em uma ocasião, no entanto, pôde-se ver a Santa Sé interessada pelo destino de algumas<br />
pessoas condenadas à deportação. Eram 528 missionários protestantes, sobreviventes dentre<br />
to<strong>dos</strong> aqueles que haviam sido feitos prisioneiros pelos japoneses nas ilhas do Pacífico e<br />
interna<strong>dos</strong> em campos de concentração nas Filipinas. André Ribard, em seu excelente livro "1960<br />
e o Segredo do Vaticano", revela a intervenção pontificai em relação a esses desaventura<strong>dos</strong>.<br />
O texto aparece sob o número 1591, datado, Tóquio, 6 de abril de 1943, em um relatório do<br />
Departamento de Assuntos Religiosos nos territórios ocupa<strong>dos</strong>, e cito o seguinte trecho: