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A História Secreta dos Jesuítas - Edmond Paris - Entre Irmãos

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espalhar a perfeição evangélica, mas um corpo político trabalhando incessantemente para<br />

usurpar toda a autoridade, por to<strong>dos</strong> os meios indiretos, secretos e intrinca<strong>dos</strong>."<br />

Concluindo, a doutrina jesuíta foi descrita como segue: "Perversa; uma destruidora de to<strong>dos</strong><br />

os princípios religiosos e honestos; uma afronta à moral cristã; perniciosa à sociedade civil; hostil<br />

aos direitos da nação, do poder real, e até mesmo da segurança <strong>dos</strong> soberanos e obediência de<br />

seus súditos; adequada para provocar os maiores distúrbios nos Esta<strong>dos</strong>; criadora e<br />

mantenedora do pior tipo de corrupção nos corações <strong>dos</strong> homens".<br />

Na França, os bens da Companhia foram confisca<strong>dos</strong> em favor da Coroa e nenhum de seus<br />

membros foi autorizado a ficar no reino, a menos que renunciasse a seus votos e jurasse<br />

submeter-se às regras gerais do clero na França.<br />

Em Roma, o prior <strong>dos</strong> jesuítas, Ricci, obteve do papa Clemente XIII uma bula confirmando os<br />

privilégios da Ordem e proclamando sua inocência, mas era tarde demais.<br />

Na Espanha, os Bourbons suprimiram to<strong>dos</strong> os estabelecimentos da Companhia, tanto os da<br />

metrópole quanto os das colônias. Assim deu-se o fim do Estado paraguaio <strong>dos</strong> jesuítas.<br />

Os governos de Nápoles, Parma e mesmo o Grão-Ducado de Malta também baniram os filhos<br />

de Loyola de seus territórios.<br />

Os seis mil jesuítas que estavam na Espanha tiveram uma estranha experiência após terem<br />

sido atira<strong>dos</strong> à prisão: "O rei Carlos III enviou to<strong>dos</strong> os prisioneiros ao papa, com uma longa<br />

carta, na qual dizia que 'os colocava sob o controle sábio e imediato de Sua Santidade'. Quando<br />

os desafortuna<strong>dos</strong> estavam para desembarcar em Civita -Vecchia, foram recebi<strong>dos</strong> com o<br />

barulho <strong>dos</strong> tiros de canhões do próprio prior, o qual já tomava conta <strong>dos</strong> jesuítas portugueses,<br />

mesmo sem ter como alimentá-los. Assim, o máximo que obtiveram foi um santuário miserável na<br />

Córsega".(22)<br />

"Clemente XIII, eleito em 6 de julho de 1758, tinha resistido um bom tempo aos pedi<strong>dos</strong><br />

insistentes de várias nações, as quais solicitavam a supressão <strong>dos</strong> jesuítas. Estava a ponto de<br />

ceder e já havia marcado um consistório para o dia 3 de fevereiro de 1769, que informaria sobre<br />

sua resolução de acatar os desejos daqueles países. Na noite anterior àquele dia específico, de<br />

repente sentiu-se mal, quando estava indo dormir, e gritou: "Estou morrendo!" É realmente muito<br />

perigoso atacar os jesuítas".(23) O conclave se reuniu e se manteve-se por três meses.<br />

Finalmente o cardeal Ganganelli ascendeu à mitra e tomou o nome de Clemente XIV.<br />

As nações que haviam banido os jesuítas continuaram a pedir pela supressão total da<br />

Companhia. O papado, entretanto, não tinha pressa em abolir o principal instrumento de<br />

consecução de sua política, e quatro anos se passaram antes que Clemente XIV, compelido pela<br />

firme atitude de seus oponentes (que haviam ocupado algumas das funções papais), finalmente<br />

assinasse a ordem para dissolução.<br />

Dominus ac Redemptor, em 1773, Ricci, o prior da Ordem, chegou até mesmo a ser levado à<br />

prisão no castelo de Saint-Ange, onde morreu alguns anos depois.<br />

"Os jesuítas somente apareceram para se submeterem a esse veredito que os condenava.<br />

Escreveram inúmeros panfletos contra o papa e incitaram a rebelião; mentiram e caluniaram<br />

inúmeras vezes a respeito das chamadas atrocidades cometidas."(24) A morte de Clemente XIV,<br />

14 meses depois, foi até mesmo atribuída a eles por um setor da opinião pública européia. Os<br />

jesuítas, pelo menos a princípio, não mais existiam. Clemente XIV, no entanto, sabia muito bem<br />

que, assinando a sentença de morte deles, estava também assinando a sua própria: "Esta<br />

supressão é finalmente feita", exclamou, "e não me arrependo dela. Eu a faria novamente se já<br />

não estivesse feita, mas esta supressão me matará".(25)<br />

Ganganelli tinha razão. Logo em seguida, cartazes começaram a surgir nas paredes do<br />

palácio, exibindo apenas cinco letras: I.S.S.S.V.

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