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A História Secreta dos Jesuítas - Edmond Paris - Entre Irmãos

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estão à volta deles. Durante o século XVI, os jesuítas estavam à frente mas, durante o século<br />

XVIII, estavam perdi<strong>dos</strong> de seu tempo".<br />

A Moral <strong>dos</strong> <strong>Jesuítas</strong><br />

O espírito conquistador de sua Companhia, o desejo ardente de atrair consciências e<br />

assegurar sua influência exclusiva só poderia levar os jesuítas a serem mais indulgentes com os<br />

penitentes que os confessores de todas as outras ordens ou clero secular. "Não se pegam<br />

moscas com vinagre", diz sabiamente o provérbio. Conforme já vimos, Ignácio expressava a<br />

mesma idéia em termos diferentes e seus filhos seguiram sua inspiração. 'A atividade<br />

extraordinária desenvolvida pela Ordem no campo da Teologia moral já demonstra que essa<br />

ciência sutil tinha, para eles, uma importância prática muito maior que as outras ciências".(13)<br />

Boehmer, autor da frase citada acima, lembra-nos que a confissão era muito rara durante a Idade<br />

Média e o fiel a usava apenas em casos mais graves. O caráter dominador da Igreja Romana, no<br />

entanto, fez com que sua prática se espalhasse mais e mais. Durante o século XVI, a confissão<br />

tinha se tornado um dever religioso que devia ser diligentemente observado.<br />

Ignácio considerava a confissão muito importante e recomendava aos seus discípulos que o<br />

maior número possível de fiéis deveria observá-la regularmente. Os resulta<strong>dos</strong> desse método<br />

eram extraordinários. Os confessores jesuítas logo passaram a gozar da mesma consideração<br />

<strong>dos</strong> professores jesuítas, e os confessionários foram considera<strong>dos</strong> símbolo do poder e da<br />

atividade da Ordem, tal qual a cadeira professoral e a Gramática latina. Se lermos as instruções<br />

de Ignácio com respeito à confissão e à Teologia moral, devemos admitir que, desde o começo, a<br />

Ordem estava preparada para tratar do pecador com carinho e, posteriormente, tornou-se mais e<br />

mais indulgente até que se transformasse em desmazelada.<br />

Podemos entender facilmente por que essa tolerância inteligente fez deles confessores tão<br />

bem sucedi<strong>dos</strong>. Foi a maneira como eles obtiveram os favores <strong>dos</strong> nobres e poderosos deste<br />

mundo, os quais sempre precisaram da condescendência de seus confessores mais do que a<br />

massa de pecadores comuns.<br />

"As cortes da Idade Média nunca tiveram qualquer tipo de confessor todo-poderoso. Essa<br />

figura característica surgiu somente nos tempos modernos, e é a Ordem jesuíta que a implanta<br />

em to<strong>dos</strong> os lugares."(14) Boehmer escreveu: "Durante o século XVII, esses confessores<br />

obtiveram uma influência política invejável em to<strong>dos</strong> os lugares; às vezes até mesmo funções ou<br />

cargos claramente políticos. Foi então que o padre Neidhart assumiu a direção da política<br />

espanhola como "Primeiro Ministro e Grande Inquisidor"; o padre Fernandez sentava-se e era<br />

chamado a opinar e votar no Conselho português; o padre La Chaise e seu sucessor<br />

mantiveram-se em funções de ministros para os Negócios Eclesiásticos na Corte de França.<br />

Não podemos esquecer também o papel <strong>dos</strong> padres na política em geral, mesmo fora <strong>dos</strong><br />

confessionários. O padre Possevino foi embaixador do Vaticano na Suécia, Polônia e Rússia; o<br />

padre Petre, ministro na Inglaterra; o padre Vota era conselheiro íntimo de João Sobieski, da<br />

Polônia, na função de "criador de reis" e mediador. Quando a Prússia se tornou um reino,<br />

devemos admitir que nenhuma outra Ordem mostrou tanto interesse e talento pela política e<br />

desenvolveu tantas atividades quanto a Ordem jesuíta."(15)<br />

Se a indulgência desses confessores, pela augusta penitência, ajudou imensamente os<br />

interesses da Ordem e da Cúria Romana, deu-se o mesmo em esferas mais modestas, onde os<br />

padres usaram méto<strong>dos</strong> similares e convenientes. Com sua meticulosidade e até um certo<br />

espírito intrometido, herdado de Loyola, os famosos casuístas, tais quais Escobar, Mariana,<br />

Sanchez, Busenbaum e outros se aplicaram a estudar cada regra em particular e suas aplicações<br />

práticas em to<strong>dos</strong> os casos que pudessem se apresentar nos tribunais de penitência.

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