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A História Secreta dos Jesuítas - Edmond Paris - Entre Irmãos

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As leis de 1886, 1901 e 1904, que declaravam que nenhum posto de ensino poderia ser<br />

exercido por membros de congregações religiosas, também geraram uma onda de protestos do<br />

Vaticano e do clero francês. Na verdade, os monges e freiras que exerciam a função de<br />

professores apenas teriam de se "secularizar".<br />

O único resultado positivo dessas disposições legais foi que os professores das chamadas<br />

escolas "livres" tiveram, a partir de então, de produzir qualificações pedagógicas adequadas, uma<br />

boa coisa quando se sabe que, antes da última guerra, as escolas primárias católicas na França<br />

chegavam a 11.655 com 824.595 alunos.<br />

Quanto às escolas "livres", especialmente as jesuítas, se os seus números estão baixando, é<br />

devido a vários fatores que não têm nada a ver com as disputas legais. A superioridade do ensino<br />

laico, reconhecida pela maioria <strong>dos</strong> pais, é a principal causa de sua crescente popularidade. Além<br />

do que, a Companhia de Jesus tem voluntariamente reduzido o número de suas escolas.<br />

O General Boulanger e o Caso Dreyfus<br />

Não faltariam justificativas para a hostilidade que o "partido santo" fingiu ter sido vítima, ao<br />

final do século XIX, por parte do Estado republicano, apesar dessa hostilidade, ou melhor seria<br />

dizer desconfiança, ter sido ainda mais benéfica. A oposição do clero ao regime ao qual a França<br />

se havia auto-determinado se mostrava evidente em todas as ocasiões, de acordo com o abade<br />

Brugerette. Em 1873, a tentativa de restaurar a monarquia com o conde de Chambord falhou,<br />

apesar de fortemente apoiada pelo clero, porque o "pretendente-embusteiro" teimosamente se<br />

recusava a adotar a bandeira de três cores, para ele o emblema da Revolução.<br />

"Tal como está, o catolicismo parece restrito à política, ou a um certo tipo especificamente. A<br />

lealdade à Monarquia foi transmitida de geração a geração dentro das velhas famílias nobres,<br />

tanto quanto nas classes médias e no povo, nas religiões do Leste e do Sul. Sua nostalgia de um<br />

regime antigo e idealizado, retratado em uma Idade Média épica, era reforçada pelos desejos de<br />

católicos ardorosos, cuja principal preocupação era a salvação da religião; eles se reorganizaram,<br />

atrás de Veuillot, com a família real legítima e devota <strong>dos</strong> Chambord, considerando que esta era<br />

a forma de governo mais favorável à Igreja. Da união destas forças políticas e religiosas nasceu,<br />

na situação complicada do pós-guerra, um tipo de misticismo reacionário, ilustrado à perfeição<br />

pelo monsenhor Pie, bispo de Poitiers, e sua melhor encarnação no mundo eclesiástico: 'A<br />

França, que espera por outro chefe e clama por um senhor, receberá novamente de Deus "o<br />

cetro do Universo que lhe caiu das mãos por algum tempo", no dia em que tiver aprendido outra<br />

vez como se ajoelhar".<br />

Este quadro, descrito por um historiador católico, é significativo. Ajuda a compreender os<br />

sentimentos que se seguiram, alguns anos depois, na tentativa infeliz da Restauração de 1873. O<br />

mesmo historiador católico descreve da seguinte forma a atitude política do clero na ocasião: "Na<br />

época das eleições, os presbíteros se tornaram centros de apoio para os candidatos reacionários.<br />

Os padres e auxiliares batiam de porta em porta, fazendo propaganda eleitoral; caluniavam a<br />

República e suas novas leis de ensino; declaravam que aqueles que votassem nos liberais, no<br />

atual governo ou nos maçons (descritos como "bandi<strong>dos</strong>", "ralé" e "ladrões") seriam culpa<strong>dos</strong> de<br />

pecado mortal. Um deles chegou mesmo a declarar que uma mulher adúltera seria perdoada<br />

mais facilmente que aqueles que mandassem seus filhos às escolas laicas. Outro disse: É melhor<br />

estrangular uma criança que apoiar o regime. Um terceiro ameaçou recusar os últimos<br />

sacramentos àqueles que tivessem votado nos partidários do regime. Ainda fizeram mais: os<br />

negociantes republicanos e anti-clericais eram boicota<strong>dos</strong>; recusavam ajuda a pessoas sem bens<br />

e os trabalhadores eram demiti<strong>dos</strong>".

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