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A História Secreta dos Jesuítas - Edmond Paris - Entre Irmãos

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Itália, Portugal e Espanha<br />

A França é o berço da Companhia de Jesus, mas foi na Itália que recebeu seu programa,<br />

estatutos e se expandiu, escreveu Boehmer(1), observando o número crescente de academias e<br />

colégios jesuítas (128 e 1680); "mas a história da civilização italiana durante os séculos XVI e<br />

XVII demonstra suas conseqüências de forma avassaladora. Se uma Itália culta abraçou então a<br />

fé e os preceitos da Igreja, recebeu um novo alento do ascetismo e das missões; compôs<br />

novamente poemas pie<strong>dos</strong>os e hinos para a Igreja; dedicou conscientemente os pincéis <strong>dos</strong><br />

pintores e as espátulas <strong>dos</strong> escultores para exaltar o ideal religioso. Não terá sido por esses<br />

motivos que as classes cultas foram instruídas nos colégios e confessionários jesuítas? Já não<br />

eram mais os tempos de simplicidade infantil, alegria, vivacidade e o simples amor à natureza",<br />

acrescenta o autor. "Os pupilos <strong>dos</strong> jesuítas são muito clericais, devotos e absorvi<strong>dos</strong> em<br />

preservar essas qualidades. São cria<strong>dos</strong> com visões de êxtases e iluminações; embriagam-se<br />

literalmente com mortificações assustadoras e tormentos atrozes de mártires; precisam da<br />

pompa, brilho e dramaticidade. A partir do final do século XVI, a arte e a literatura italianas<br />

reproduzem fielmente essa transformação moral. A inquietação, a ostentação e a súplica<br />

chocante, que caracterizam as criações daquele período, promovem um sentimento de repulsa<br />

ao invés de simpatia pelas crenças que supostamente interpretam e glorificam".(3)<br />

É a marca sui generis da Companhia. Esse amor pelo distorcido, afetado, brilhante e teatral<br />

poderia parecer estranho entre os místicos forma<strong>dos</strong> nos Exercícios Espirituais, se não<br />

detectássemos nele esse desejo essencialmente jesuíta de impressionar. É uma aplicação da<br />

máxima "Os fins justificam os meios", aplicada com perseverança pelos jesuítas nas artes e<br />

literatura, tal qual na política e na moral. A Itália mal havia sido tocada pela Reforma.<br />

Os Waldenses, no entanto, haviam sobrevivido desde a Idade Média, apesar das<br />

perseguições, e se estabeleceram ao Norte e ao Sul da península, ligando-se à Igreja Calvinista<br />

em 1532. Baseado em um relatório do jesuíta Possevino, Emmanuel Philibert de Savoy lançou<br />

outra perseguição sangrenta contra seus temas "hereges" em 1561. O mesmo aconteceu na<br />

Calábria, em Casal di San Sisto e Guardiã Fiscale. "Os jesuítas implica<strong>dos</strong> nesses massacres<br />

estavam ocupa<strong>dos</strong> convertendo suas vítimas..."(4) "Ele foi com o exército católico, como seu<br />

capelão, e recomendou o extermínio na fogueira <strong>dos</strong> pregadores hereges como um ato<br />

necessário e sagrado", escreveu o padre Possevino.(5)<br />

Os jesuítas eram todo-poderosos em Parma, na corte de Farnese, tanto quanto em Nápoles,<br />

durante os séculos XVI e XVII. Em Veneza, onde haviam sido agracia<strong>dos</strong> com favores, foram, no<br />

entanto, bani<strong>dos</strong> em 14 de maio de 1606, "conforme os demais fiéis servos e emissários do<br />

papa". Foi-lhes, entretanto, permitido voltar em 1656, mas sua influência nessa República seria, a<br />

partir de então, nada além de uma sombra do que tiveram no passado.<br />

Portugal foi um país especial para a Ordem. "Já sob João III (1521-1559), era a comunidade<br />

religiosa mais poderosa do reino. Sua influência cresceu ainda mais após a revolução de 1640,<br />

que pôs os Bragança no trono".(6)<br />

Sob o primeiro rei da casa de Bragança, o padre Fernandez era membro do governo e, sob a<br />

minoridade de Afonso VI, o conselheiro mais estimado pela regente rainha Luiza. O padre De<br />

Ville conseguiu derrubar Afonso VI em 1667, e o padre Emmanuel Fernandez tornou-se<br />

representante na Corte em 1667, pelo novo rei Pedro II.<br />

'Apesar <strong>dos</strong> padres não exercerem cargo público no reino, eram mais poderosos em Portugal<br />

que em qualquer outro país. Eram não só os guias espirituais de toda a família real, mas até<br />

mesmo o rei e seu ministério os consultavam em todas as circunstâncias importantes. A partir de<br />

um de seus próprios testemunhos, hoje sabemos que nenhum cargo na administração do Estado<br />

ou da Igreja poderia ser obtido sem o seu consentimento. Tanto é que o clero, as classes altas e<br />

o povo disputavam entre si para alcançar seus favores e aprovação. Políticos estrangeiros

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