A História Secreta dos Jesuítas - Edmond Paris - Entre Irmãos
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Huber: "Carlos Borromee escreveu a seu confessor que a Companhia de Jesus, governada por<br />
dirigentes mais políticos do que religiosos, estava se tornando poderosa demais para preservar a<br />
submissão e moderação necessárias. Ela domina reis e príncipes e dirige assuntos temporais e<br />
espirituais; a instituição pie<strong>dos</strong>a perdeu o espírito que a animava na origem; nos sentíamos<br />
obriga<strong>dos</strong> a excluí-la".(22)<br />
Ao mesmo tempo, na França, o famoso legista Etiénne Pasquier escreveu: "Introduza essa<br />
Ordem em nosso meio e, ao mesmo tempo, estará produzindo dissensão, caos e confusão. "(23)<br />
Não seria essa a mesma reclamação ouvida e repetida em to<strong>dos</strong> os países contra a Companhia?<br />
Foi o mesmo na Suíça, quando a evidência de seus atos malignos irromperam das aparências<br />
lisonjeiras pelas quais se superava na arte de se disfarçar. "Sempre que os jesuítas conseguiam<br />
fincar raízes, seduziam grandes e pequenos, jovens e velhos. Logo, as autoridades começariam<br />
a consultá-los em circunstâncias importantes; suas doações começavam a entrar; logo depois<br />
passaram a ocupar todas as escolas, os púlpitos de muitas igrejas, os confessionários de todas<br />
as pessoas de posição elevada e influente. Confessores e atentos orientadores da educação de<br />
todas as classes sociais, conselheiros e amigos íntimos <strong>dos</strong> membros da Câmara, sua influência<br />
crescia dia após dia, e não se faziam de roga<strong>dos</strong> para logo exercê-la em assuntos públicos.<br />
Lucema e Friburgo eram seus centros principais, de onde conduziam a política externa de muitos<br />
cantões católicos."<br />
Polônia e Rússia<br />
A dominação jesuítica na Polônia foi, de todas, a mais mortal. Isso é provado por H. Boehmer,<br />
um historiador moderado, o qual não tolera a hostilidade sistemática a essa Ordem.<br />
"Os jesuítas foram totalmente responsáveis pela aniquilação da Polônia. A decadência do<br />
Estado polonês já havia começado quando eles surgiram em cena. É inegável, entretanto, que<br />
aceleraram o processo de decomposição do reino. De to<strong>dos</strong> os Esta<strong>dos</strong> nacionais, a Polônia, que<br />
tinha milhões de cristãos ortodoxos, deveria ser o mais tolerante, do ponto de vista religioso, mas<br />
os jesuítas não permitiram que isso acontecesse. Fizeram ainda pior: puseram a política externa<br />
da Polônia a serviço <strong>dos</strong> interesses católicos de forma mortal". (25)<br />
Esse texto foi escrito no final do século passado, sendo muito semelhante ao que o coronel<br />
Beck, antigo ministro polonês <strong>dos</strong> Assuntos Estrangeiros de 1932 a 1939, disse após a Segunda<br />
Guerra Mundial (1939-1945): "O Vaticano é uma das principais causas da tragédia do meu país.<br />
Percebi tarde demais que tínhamos seguido nossa política externa apenas para servir aos<br />
interesses da Igreja Católica". (26)<br />
Assim, com distância de vários séculos, a mesma influência desastrosa deixou sua marca<br />
outra vez naquela nação desaventurada. Já em 1581, o padre Possevino, representante papal<br />
em Moscou, tinha se esforçado ao máximo para aproximar o czar Ivan, "o Terrível", e a Igreja<br />
Romana. Ivan não era estritamente contra ela. Cheio de grandes esperanças, Possevino tornouse,<br />
em 1584, o mediador da paz de Kirewora Gora entre a Rússia e a Polônia, uma paz que veio<br />
a salvar Ivan de dificuldades incríveis. Isso era exatamente o que o astuto soberano esperava.<br />
Não houve mais discussões sobre a conversão <strong>dos</strong> russos e Possevino teve de abandonar a<br />
Rússia sem ter obtido absolutamente nada. Dois anos mais tarde, uma oportunidade ainda<br />
melhor se ofereceu aos padres para invadir a Rússia: um monge destituído revelou-se a um<br />
jesuíta como sendo na verdade Dimitri, filho do czar Ivan, que havia sido assassinado.<br />
Ele propôs submeter Moscou a Roma caso fosse erguido ao trono do czar. Sem refletir, os<br />
jesuítas aceitaram a proposta de apresentar Ostrepjew ao paladino de Sandomir, o qual lhe<br />
concedeu a filha em casamento. Falaram em nome dele ao rei Sigismundo III e ao papa sobre<br />
suas expectativas, e conseguiram levantar o exército polonês contra o czar Boris Godounov.<br />
Como recompensa por esses serviços, o falso Dimitri renunciou à religião de seus pais na