17.04.2013 Views

Heidegger e a fenomenologia husserliana: apropriação e ... - UFRJ

Heidegger e a fenomenologia husserliana: apropriação e ... - UFRJ

Heidegger e a fenomenologia husserliana: apropriação e ... - UFRJ

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

de atitude natural (natürliche Einstellung) 7 . Mas será que este modo de<br />

assim interpretar o mundo é o modo mais originário? Não se tratará aqui<br />

de um modo derivado de um modo mais originário em que as coisas se<br />

dão como elas são em si mesmas? De fato, na visão a que me referi estão<br />

contidas toda uma série de influências: a educação que tive, a<br />

<strong>apropriação</strong> mais ou menos correta de todo um manancial científico<br />

apreendido nos anos da minha formação escolar, enfim, as mais variadas<br />

influências acerca das quais nunca me interroguei. Qual foi a sua<br />

origem? De que evidência partiram? Não seriam somente interpretações<br />

feitas no “ar” que supostamente explicam tudo, sem nada permitirem<br />

compreender? De fato, a atitude natural parte de pressupostos que têm<br />

por evidentes sem que lhe tenham sido esclarecidas suas origens. Tal<br />

atitude não é de modo algum a que devemos seguir neste trabalho, pois<br />

não é esta a atitude filosófica, fenomenológica. Esta, por sua vez,<br />

constitui-se a partir do primeiro passo do método fenomenológico que<br />

Husserl nomeou de epoché 8 (έποχή).<br />

7 Husserl chama de natürliche Einstellung o mundo natural, sendo que, o adjetivo natural não<br />

se refere à natureza entendida no sentido das ciências naturais. Natural significa neste contexto<br />

o que se dá comumente no modo cotidiano de o homem se colocar em relação com o mundo,<br />

como o vive, sente, julga, representa. Cf. E. Husserl, Ideen zu einer reinen Phänomenologie und<br />

phänomenologischen Philosophie - I, II, II (Husserliana – III, IV e V), Martinus Nijhoff, Haia, 1950 e<br />

1952, p. 48-50 e Die Idee der Phänomenologie. Funf Vorlesungen, (Husserliana - II) A Idéia da<br />

Fenomenologi. Lisboa: Edições 70, 1990, p.39.<br />

8 Epoché, termo introduzido no léxico filosófico pelos cépticos gregos (Pirron e Sexto Empírico)<br />

e habitualmente utilizado por Husserl para definir o colocar entre parêntesis da sua<br />

<strong>fenomenologia</strong>. Epoché significa suspensão do juízo, ou, em geral, a recusa de reconhecer<br />

qualquer validade lógica ou empírica que não seja absolutamente fundada, privada de qualquer<br />

dúvida e por isso auto-evidente. Por ela, todo o transcendente é colocado entre parêntesis;<br />

procede-se a uma suspensão do juízo acerca do mundo, mas também do eu como coisa do<br />

mundo, das vivências enquanto vivências de determinada pessoa, de tudo que é transcendente:<br />

,, (…) das alles sind Transzendenzen. Das Ich als Person, als Ding der Welt, und das Erleibnis<br />

als Erleibnis dieser Person, eingeordnet – sei es auch ganz unbestinemt – in die objektive Zeit:<br />

das alles sind Transzendenzen und sind als das erkenntnisthoretisch Erst duch eine Reduktion,<br />

die wir auch sechon phänomenologische Reduktion nennen wollen, gewinne ich eine absolute<br />

Gegebenheit, die nichts von Transzendenz mehr bietet.” III-Vorlesung, S.44 in Die Idee der<br />

Phänomenologie. Funf Vorlesungen (Husserliana-II), M. Nijhoff, Haia, 1958. Em português temos:<br />

“(...) tudo isso são transcendências e, enquanto tais, gnoseologicamente zero. Somente<br />

mediante uma redução, que também já queremos chamar redução fenomenológica, obtenho eu<br />

um dado (Gegebenheit) absoluto, que já nada oferece de transcendência.” Husserl, E. A Idéia da<br />

22

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!