Heidegger e a fenomenologia husserliana: apropriação e ... - UFRJ
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a sua matéria em oposição à forma; e 3- quando à sua essência<br />
intencional.<br />
Relativamente à vivência tomada, no sentido de objeto<br />
intencional, Husserl dir-nos-á não haver necessidade de proceder a uma<br />
“elucidação circunstanciada” 41 . Contudo, e como veremos ao longo do<br />
nossa investigação, a ausência desta elucidação terá sérias<br />
conseqüências.<br />
De acordo com Husserl, o objeto intencional é visado em um ato<br />
simples, tal como no exemplo: “quando representamos esta casa é<br />
precisamente esta casa”, por outro lado, e quase logo de seguida, ele<br />
afirma que relativamente ao conteúdo intencional, tomada como objeto<br />
do ato, é necessário proceder à seguinte distinção: “(...) o objeto<br />
enquanto (assim como) é visado (interdiert) é simplesmente o objeto<br />
visado” 42 . Com isso, é afirmado que em qualquer ato o objeto é visado<br />
apenas enquanto é determinado de tal ou tal modo, pelo que poderá ser o<br />
ponto de convergência de várias intuições. Para ilustrar o seu<br />
pensamento, o filósofo dá o exemplo da representação do Kaiser da<br />
Alemanha, representado enquanto objeto como Kaiser, e precisamente<br />
este da Alemanha. Contudo, este Kaiser da Alemanha é também aquele<br />
que é Frederico III, neto da rainha Vitória e que, além dessas, possui<br />
muitas outras qualidades que neste ato, no qual é representado como o<br />
Kaiser da Alemanha, não são representadas. Se este objeto, o Kaiser da<br />
Alemanha, se mantém invariável é porque enquanto visado ele o foi de<br />
tal ou tal modo, ou seja, enquanto Kaiser da Alemanha e precisamente<br />
este Kaiser da Alemanha.<br />
Dissemos que a vivência intencional implica sempre uma relação<br />
com um objeto, que toda a consciência é sempre consciência de algo, que<br />
41 Cf. L.U. (V) §15:S.405.<br />
42 ,,(…) d e r G e g e n s t a n d , s o w i e e r i n t e r d i e r t i s t, und schlecthin der G e-<br />
g e n s t a n d, w e l c h e r interdiert ist.” L.U. (V) §17: S.414.<br />
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