Heidegger e a fenomenologia husserliana: apropriação e ... - UFRJ
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simplista, porquanto a concepção brentaniana dos fenômenos psíquicos<br />
comporta, ela mesma, muitos fenômenos físicos.<br />
Se para Brentano o ato de visar da consciência é um fenômeno<br />
psíquico passível de ser objeto da experiência, em Husserl, pelo<br />
contrário, o ato de visar não é um objeto da consciência, pois o visar é<br />
simplesmente um vivido, embora não seja nem visado, nem tematizado<br />
pela consciência como um fenômeno. Tomemos como exemplo o ato de<br />
perceber: o que é visado é o objeto percebido e não o ato em que ele é<br />
percebido.<br />
A consciência visa no modo da percepção um objeto, mas o ato de<br />
percepcionar é simplesmente vivido, não é tematizado pela consciência.<br />
O que aparece à consciência é a vivência e não a coisa: os fenômenos<br />
pertencem à trama da consciência (Bewußtseinszusammenhang), são<br />
vividos por ela. O conceito de fenômeno encontra-se, pois, inteiramente<br />
desligado de qualquer relação com o objeto exterior à consciência,<br />
compreendido à maneira realista. Husserl refere-se antes ao “puro<br />
objeto” imanente enquanto aparece à consciência e insiste que nunca será<br />
demais assinalar o equívoco que permite chamar fenômeno não só à<br />
vivência em que consiste o aparecer do objeto à consciência, como<br />
também chamar fenômeno ao objeto que como tal aparece.<br />
1.5. O conceito de consciência próprio da <strong>fenomenologia</strong><br />
Fizemos alusão que Husserl constata uma plurivocidade de termos<br />
para designar a noção de consciência. Após a análise em que distingue e<br />
demonstra a insuficiência das concepções psicologistas de consciência,<br />
Husserl afirma que somente a consciência, entendida enquanto nome<br />
colectivo para toda a “atos psíquicos” ou vivências intencionais<br />
corresponderia ao conceito de consciência próprio da <strong>fenomenologia</strong>.<br />
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