Gnose em Revista - Intranet - Uemg
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Um estudo sobre o amor romântico e sua representação para os gêneros f<strong>em</strong>inino e masculino<br />
e aprendizag<strong>em</strong>; isto é, produtos das experiências<br />
passadas e das influências do meio” (WATSON apud<br />
HOCKENBURY, D. H.; HOCKENBURY, S. E., 2003, p.<br />
170). T<strong>em</strong>-se, então, que cada um se comporta e significa<br />
as coisas ao seu redor de acordo com suas experiências<br />
e com as influências exercidas pela sociedade.<br />
Outro fator importante a ser notado é que a maneira<br />
como o amor é abordado e vivenciado pode variar<br />
de acordo com a subjetividade de cada um, com o<br />
momento religioso, político, social, histórico e cultural<br />
vigentes. Isso v<strong>em</strong> de encontro com as ideias propostas<br />
por Sartre, visto que para ele “as coisas são desprovidas<br />
de sentido” (SATRE apud SILVA, 2010). Sendo assim,<br />
as coisas não têm significado e serão entendidas e<br />
significadas a apartir das vivências e experiências de<br />
cada um.<br />
Portanto, diante da multiplicidade de sentidos<br />
atribuídos ao amor, pode-se referir a ele como um<br />
sentimento voltado a out<strong>em</strong>. E de ele ser o mesmo<br />
sentimento para todos, a sua experiência resulta<br />
diferentes percepções de a cordo com qu<strong>em</strong> o vive.<br />
A orig<strong>em</strong> e a evolução do amor romântico<br />
A busca pela compreensão da orig<strong>em</strong> do amor<br />
esbarra <strong>em</strong> muitas descobertas sobre a evolução da<br />
espécie humana. Entretanto, pouco se sabe sobre os<br />
primeiros hominídeos, os quais, acredita-se, que tenham<br />
vivido há cerca de sete milhões de anos atrás. Contudo,<br />
é possível afirmar que esses hominídeos cortejavam,<br />
copulavam e consequent<strong>em</strong>ente procriavam.<br />
Seguindo essa linha de raciocínio, é importante<br />
levar <strong>em</strong> consideração que os homens descend<strong>em</strong> dos<br />
primitivos macacos, que não têm o hábito de viver<strong>em</strong><br />
aos pares. Todavia, na época de acasalamento, eles<br />
ficam cheios de energia e concentram atenção na busca<br />
por um parceiro ideal para perpetuar a espécie. Logo,<br />
partindo desse pressuposto, se homens descend<strong>em</strong><br />
dos macacos, os primeiros hominídeos também não<br />
viviam aos pares e provavelmente uniam-se apenas para<br />
procriação.<br />
É válido ressaltar, então, que mesmo antes da<br />
necessidade de união para a criação dos filhos, os<br />
primatas já realizavam o processo de corte. Apesar de<br />
não possuír<strong>em</strong> a linguag<strong>em</strong>, eles utilizavam de outros<br />
talentos para cortejar e conquistar parceiros para<br />
o acasalamento e procriação, pois o macho deveria<br />
diss<strong>em</strong>inar o seu material genético ao máximo, e as<br />
fêmeas buscariam o melhor provedor para garantir uma<br />
boa descendência.<br />
Assim sendo, são vários os fatores que contribuíram<br />
para que a espécie homo pudesse alcançar lenta<br />
e gradualmente a condição homo sapiens. Dentre<br />
esses fatores, acredita-se que o mais relevante seja<br />
a verticalização de sua postura, sendo a posição<br />
decisiva para a liberação das mãos, possibilitando<br />
assim, movimento de preensão (BRAZ, 2006). Com<br />
a liberação das mãos e do maxilar (das funções de<br />
preensão), a caixa craniana ficou isenta de atividades a<br />
quais era constant<strong>em</strong>ente submetida. Tal fator facilitou<br />
a expansão das dimensões cerebrais, ocasionando<br />
um processo de desenvolvimento da complexidade<br />
cerebral. A libertação das mãos e o aumento e<br />
desenvolvimento do cérebro permitiu aos primatas a<br />
utilização de sinais e mímicas faciais, os quais pod<strong>em</strong> ter<br />
contribuído para a aquisição da linguag<strong>em</strong> e facilitado a<br />
fluência do amor (BRAZ, 2006).<br />
Segundo Morin (1979 apud BRAZ, 2006), a evolução<br />
do hom<strong>em</strong> como criatura psicológica ocorreu após a<br />
mudança para a condição de bipedalismo. Essa alteração<br />
talvez tenha sido essencial para a transformação das<br />
relações entre machos e fêmeas. Assim, com a condição<br />
bípede, as fêmeas ficaram sobrecarregadas, pois devido<br />
ao fato de não carregar<strong>em</strong> a prole nas costas e sim nos<br />
braços, seus m<strong>em</strong>bros superiores ficaram ocupados<br />
e as impedia de cavar, colher e des<strong>em</strong>penhar outras<br />
atividades enquanto levavam o filho no colo. Talvez<br />
tenha sido a partir daí que as mulheres começaram a<br />
buscar aquilo que pudesse ajudá-la e protegê-la, não<br />
somente gerar descendentes. Então, pode-se dizer<br />
que a formação de pares “tornou-se essencial para<br />
as mulheres e tornou-se adequada para os homens”<br />
(FISHER, 2008, p. 169).<br />
Nesse diapasão, pode-se dizer que é realmente<br />
provável que a busca pelo outro tenha se tornado mais<br />
intensa à medida que homens e mulheres primitivos<br />
começaram a se unir para criar sua prole e não somente<br />
para copulação. Concomitante a essa ligação, é possível<br />
acreditar que gradualmente os sentimentos de ligação<br />
também tenham começado a surgir.<br />
Outro aspecto a ser considerado é o fato de que com<br />
a verticalização da postura, tornou-se possível o contato<br />
face a face durante a cópula. Com a possibilidade de<br />
coito frontal, comportamentos de aconchego e carícias,<br />
além do contato entre os lábios foram possíveis na<br />
relação macho-fêmea, possibilitando a troca de carícias<br />
e <strong>em</strong>oções durante o ato sexual (BRAZ, 2006). Dessa<br />
forma, elevou-se o grau de intimidade, foi possível<br />
a valorização do rosto e da aparência e o aumento<br />
do sentimento de atração. Sendo assim, o ato sexual<br />
“passou a ser mais pessoal, com intimidade e entrega<br />
profunda, onde os parceiros tornavam-se unos e<br />
cúmplices neste momento” (BRAZ, 2006).<br />
É possível notar que a cópula entre os humanos<br />
t<strong>em</strong> todos os fatores que pod<strong>em</strong> “facilitar o início de<br />
um estado de dependência entre os dois parceiros,<br />
v. 1 - n. 1 - Fevereiro 2011 - p. 107-120<br />
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