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Gnose em Revista - Intranet - Uemg

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DAMON, 2004). Nesse sentido, apreende-se dessas<br />

pressuposições que a profissão docente consiste <strong>em</strong>:<br />

ensinar, pesquisar e formar.<br />

Ao discutir competência profissional, entra-se <strong>em</strong><br />

questão a que profissão pertence o profissional, pois<br />

cada uma delas se caracteriza por determinada essência,<br />

diferente das d<strong>em</strong>ais. Segundo Gardner, Scikszentmihalyi<br />

e Damon “todos profissionais dev<strong>em</strong> ser capazes de<br />

verbalizar a missão essencial tradicional de seu campo”<br />

(GARDNER; SCIKSZENTMIHALYI; DAMON, 2004,<br />

p. 26). Mesmo que haja similaridades, cada profissão<br />

requer competências específicas do profissional.<br />

Em seu texto Compreender e ensinar – por uma<br />

docência da melhor qualidade, Rios (2001) refere-se a<br />

quatro dimensões de competência relativas ao fazer<br />

docente: técnica, estética, política e ética. Perrnoud<br />

(2000) relaciona uma lista de dez competências, sendo<br />

uma delas “enfrentar os deveres e dil<strong>em</strong>as éticos da<br />

profissão”. Há, portanto, maneiras diversas de delimitar<br />

e compreendê-las. No entanto, <strong>em</strong> síntese, destacam-se<br />

quatro níveis básicos de competências: a) cognitiva, b)<br />

técnica, c) <strong>em</strong>ocional/social e d) ética/moral.<br />

A “competência cognitiva” compreende o domínio<br />

no âmbito do conhecimento, ter as informações e<br />

conhecimentos necessários que envolv<strong>em</strong> e d<strong>em</strong>andam<br />

as profissões. No caso da docência, ter domínio sobre a<br />

área do saber objeto da sua docência. A “competência<br />

técnica” é entendida como a capacidade da realização,<br />

do fazer as coisas b<strong>em</strong> feitas; não é só saber, mas saber<br />

fazer. No caso da docência, pod<strong>em</strong> ser entendidos todos<br />

os aspectos didáticos. Naturalmente, há profissões que<br />

são mais práticas, enquanto outras são mais teóricas. A<br />

“competência <strong>em</strong>ocional/social” refere-se à capacidade<br />

de dominar os próprios sentimentos, de lidar com<br />

situações de pressão <strong>em</strong>ocional e de tratar as relações<br />

intersubjetivas; t<strong>em</strong> a ver com o relacionamento com o<br />

outro, conforme abordag<strong>em</strong> de Gol<strong>em</strong>an (2006). Nesse<br />

caso, a competência <strong>em</strong>ocional e social do professor se<br />

manifesta no âmbito e na forma do relacionamento que<br />

ele estabelece com os alunos, com os pares e como age<br />

e reage quando pressionado etc.<br />

Considerando que o foco deste texto é a formação<br />

ética do professor, dar-se-á um pouco mais atenção a<br />

alguns aspectos implicados na “competência ética”. A<br />

rigor teria que se discutir mais sobre a ética, uma vez<br />

que essa categoria n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre é usada com um mesmo<br />

significado ou conceito. O termo “ética” muitas vezes,<br />

é focado a partir do locus de onde se olha e se fala: da<br />

política, da psicologia, da religião, da filosofia etc.<br />

Para Vazquez (1982), a “ética é ciência da moral”.<br />

Porém, é importante l<strong>em</strong>brar que sua própria<br />

concepção pode ser dimensionada como ética filosófica<br />

ou científica. Nesse sentido, Srour l<strong>em</strong>bra, <strong>em</strong> relação<br />

Formação ética para o exercício da docência<br />

à ética filosófica ou filosofia moral, que ela:<br />

tende a ter um caráter normativo e de prescrição,<br />

ansiosa por estabelecer uma moral universal,<br />

cujos princípios eternos deveriam inspirar os<br />

homens, malgrado as contingências de lugar e de<br />

t<strong>em</strong>po (SROUR, 2002, p. 39).<br />

Em relação à ética científica, ele menciona que ela<br />

tende a ter um caráter descritivo e explicativo<br />

porque centra sua atenção no conhecimento<br />

das regularidades que os fenômenos morais<br />

apresentam, malgrado sua diversidade cultural<br />

e apesar da variedade de seus pressupostos<br />

normativos (SROUR, 2002, p. 39).<br />

Diante dessas considerações, importa apontar duas<br />

concepções sobre a competência ética: a primeira<br />

diz respeito ao uso do conhecimento com sabedoria,<br />

quando se produz conhecimento e ele se aplica de<br />

forma virtuosa; isto é, saber usar o conhecimento<br />

para o b<strong>em</strong> (STEPKE; DRUMOND, 2007). Nesse<br />

sentido, a competência ética do professor consiste <strong>em</strong><br />

saber direcionar o uso do conhecimento produzido e<br />

o que produz, como uma autodeterminação pela sua<br />

consciência moral, de forma que suas decisões e ações<br />

contribuam para uma vida mais feliz.<br />

Numa outra perspectiva, a competência ética é o<br />

alinhamento entre princípios, valores morais e a conduta,<br />

ou seja, ter a capacidade de viver e se comportar de<br />

acordo com seus princípios morais. Kiel e Lennick<br />

defin<strong>em</strong> a inteligência moral como “a capacidade mental<br />

de determinar como princípios humanos universais<br />

dev<strong>em</strong> ser aplicados aos nossos valores, objetivos e<br />

ações” (KIEL; LENNICK, 2005, p.xvii).<br />

É comum constatar que há uma distância entre o<br />

juízo e a ação. Segundo Taille e Menin,<br />

ao perguntar para uma pessoa se ela valoriza a<br />

honestidade, provavelmente ela responderá que<br />

sim. Porém, mesmo na hipótese de ela não estar<br />

optando por um juízo moral <strong>em</strong> razão de sua<br />

aceitabilidade social, mesmo na hipótese, portanto,<br />

de ela ser sincera, tal juízo não garantiria que, <strong>em</strong><br />

uma situação na qual a desonestidade trouxesse-lhe<br />

alguma vantag<strong>em</strong> desejada, ela não agisse de forma<br />

desonesta (TAILLE; MENIN, 2009, p. 11).<br />

Tal atitude ou comportamento não estaria de acordo<br />

com a concepção de competência ética, do alinhamento,<br />

pois, ter competência ética é agir, se comportar de acordo<br />

com os princípios, com os valores, de forma alinhada.<br />

De acordo com essa concepção, a competência<br />

ética do docente está mais relacionada ao seu caráter,<br />

à sua personalidade moral, quando diante de situações<br />

decide e age mais por autodisciplina, ou seja, pela ética<br />

da virtude.<br />

v. 1 - n. 1 - Fevereiro 2011 - p. 139-146<br />

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