Versão eletrônica - Furb
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passos e, no total, entre o perceber, ir em direção ao estímulo, conferi-lo e<br />
reagir, não deve haver mais do que cinco ou sete movimentos. (AMARAL,<br />
2002, p.50)<br />
Os estímulos utilizados foram diversos, desde o som de uma carteira caindo e<br />
batendo no chão com toda a força, até a percepção imaginativa de uma música que<br />
estaria vindo de um piano. Trabalhar com a imaginação neste exercício é muito<br />
válido, pois imaginar um som ao longe ou uma cobra, – outro estímulo utilizado pela<br />
professora – nos faz crer na reação que temos, e exercitando a nossa imaginação e<br />
a crença no que a mesma é capaz de nos estimular, poderemos obter a capacidade<br />
de sermos criveis, tanto no processo quanto no resultado final, e para isso o ator<br />
precisa encontrar um corpo sensível e uma psicologia rica e viva, conseguindo<br />
completar um ao outro e com isso encontrando uma harmonia necessária.<br />
Durante todo o processo de criação das personagens nos foi exigido ações<br />
claras, vivas e equilibradas; uma harmonia entre corpo, emoção e pensamento.<br />
Estas exigências foram necessárias, pois “para que as intenções do ator fiquem<br />
totalmente claras, com vivacidade intelectual, emoção verdadeira, um corpo<br />
equilibrado e disponível, os três elementos – pensamento, sentimento e corpo –<br />
devem estar em perfeita harmonia”. (BROOK, 1999. p.14)<br />
Encontrando essa harmonia é que poderemos ser críveis aos olhos do<br />
espectador, pois embora tenhamos personagens irreais, estamos falando sobre a<br />
humanidade em nossa peça, sobre a vida.<br />
Apesar de o teatro ser vida, ser sobre a vida, não podemos representá-la como<br />
ela é, pois no palco a vida está centralizada em tempo, espaço e ação. “A vida no<br />
teatro é mais compreensível e intensa porque é mais concentrada” (BROOK, 1999,<br />
p. 8). Para sermos críveis e fazer-nos compreender precisamos eliminar tudo que é<br />
desnecessário, intensificando o restante.<br />
Um artista de verdade tem por objetivo não apenas copiar aparentemente a vida<br />
cotidiana, mas mostrar ao público as diversas faces dos seres humanos e as suas<br />
profundidades, deixar aparecer o que há por trás dos acontecimentos da vida, fazer<br />
com que o público consiga ver além das superfícies e significados do dia-a-dia.<br />
Conseguir fazer com que o espectador veja além da superfície não é um<br />
trabalho simples e fácil. Depende não somente da dramaturgia, mas também do<br />
trabalho de atuação.<br />
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