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processos de territorialização e identidades sociais - UFSCar

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Cap. II Fronteiras e Mobilida<strong>de</strong> Territorial: trajetórias <strong>de</strong> famílias seringueiras na região... 29<br />

Das antigas ocupações territoriais, os Manchineri vivem, atualmente, na fronteira<br />

trinacional entre o Acre (Brasil), Pando (Bolívia) e Madre <strong>de</strong> Dios (Peru). No<br />

lado brasileiro vivem na terra indígena Mamoadate, que é partilhada com os índios<br />

Jaminawás, localizada nos municípios <strong>de</strong> Sena Madureira e Assis Brasil. Além<br />

<strong>de</strong>ssa terra habitam a terra indígena Manchineri do Seringal Guanabara, que se<br />

encontra em processo <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação, e na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Assis Brasil. No lado peruano<br />

e boliviano também vivem índios Manchineri em duas terras indígenas e nas<br />

cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Inapari e San Pedro <strong>de</strong> Bolpebra (ver Quadro 1).<br />

Quadro 1 Terras indígenas do povo Manchineri na zona da tríplice fronteira.<br />

Terra Indígena-Povo População Extensão Município-País Situação<br />

Mamoadate (Manchineri-<br />

Jaminawa)<br />

Seringal Guanabara<br />

(Manchineri)<br />

Comunida<strong>de</strong> Nativa Bélgica<br />

(Yiné-Piro-Manchinery)<br />

Terra Comunitária <strong>de</strong><br />

Origem Yaminahua<br />

(Jaminawa e Manchinery)<br />

Fonte: VALCUENDE, 2009.<br />

576 313.647<br />

Sena Madureira,<br />

Assis Brasil, BR<br />

Registrada<br />

92 – Assis Brasil, Brasil A i<strong>de</strong>ntificar<br />

90 53.300<br />

102 41.920<br />

Iñapari<br />

(Tahuamanu), Peru Regularizada<br />

Bolpebra (Pando),<br />

Bolívia<br />

Regularizada<br />

A história <strong>de</strong> contato dos índios do Acre com os não índios é narrada em<br />

diferentes “tempos históricos”, conforme proposição do antropólogo Txai Terri Valle<br />

<strong>de</strong> Aquino. O tempo mais remoto é <strong>de</strong>nominado como “<strong>de</strong> antigamente”, do tempo<br />

antes da chegada dos nor<strong>de</strong>stinos. No final do século XIX, com o início do<br />

extrativismo das heveas, se instala o “tempo das correrias”, o tempo que os índios<br />

foram alcançados por duas frentes extrativas. Do lado peruano vinha pela frente<br />

<strong>de</strong> extração da castilloa elastica, do caucho, e, do lado brasileiro, pela frente <strong>de</strong><br />

extração da hevea brasiliensis, da seringa. Desse contato resultou, além da redução<br />

<strong>de</strong>mográfica, a <strong>de</strong>sorganização sociocultural e a expropriação territorial (PICOLLI,<br />

2006). Concomitante a esse se inicia o “tempo do cativeiro”, o tempo no qual os<br />

índios trabalharam nos seringais, como seringueiros, agricultores, mateiros<br />

(AQUINO & IGLESIAS, 2005).<br />

Acossados, por um lado, pelos caucheiros peruanos e bolivianos e, por outro,<br />

pela frente extrativista <strong>de</strong> nor<strong>de</strong>stinos, restou aos Manchineri a a<strong>de</strong>são ao sistema<br />

<strong>de</strong> exploração da borracha. Em entrevista aos antropólogos Terri Aquino e Marcelo<br />

Piedrafitas, o sertanista Meireles <strong>de</strong>screveu esta situação:<br />

“(...) Lá havia uma gran<strong>de</strong> fazenda que era do Canízio Brasil e <strong>de</strong> seu irmão<br />

Antônio Brasil. O Canízio viajava mais para fazer compras para o seringal e o<br />

Antonio ficava mais permanente na se<strong>de</strong> do seringal. Logo acima da se<strong>de</strong> do

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