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A est a sit uação o aut or col oca a decisão dos deuses, Zeus que aparece co m u ma compai xão por Heit or, não pode subtrair à mort e, pois a el e possui grande val or, ent ão pesa os dois guerreiros e m sua bal ança de our o, e a sorte de Heit or esta l ançada, Em segui da, dar o assenti ment o a At ena que não t e m mai s as i ntervenções dos deuses, t e m daqui por di ant e o ca mpo liberado para agir de maneira decisi va. O pl ano de At ena f oi se disfarçar perfeitament e no ir mão de Heit or Deífobo, e assi m convencê-l o a l utar co m Aquiles. Mas, se tratando apenas de u m pl ano da At enas, Heit or para enfi m de f ugir e deci de combat er co m Aquiles e só perceberá que cai u em u ma ar madil ha, quando el e perde sua l ança e m u m arre messo i neficaz contra Aquiles e cha ma Deífobo para lhe pedir outra, mas, ele não está mais lá. Ent ão Heit or pressent e a presença de um i nevitável: Desgraça! Os deuses certament e me cha ma m para a mort e. Pois eu pensava que Deifobo, herói, estava presente; mas el e está dentro dos mur os e At ena me enganou. Agora não está mais l onge a morte cruel, mas próxi mo de mi m, e não há escapat ória. (Il. XXII, 297-301). Dest a f or ma, não resta mai s nada para o Heit or senão enfrentar o seu adversári o e ai nda acreditando e m uma aj uda di vi na sugere a Aquiles um pact o: (...) Ant es, poré m, de lutar, invoque mos os deuses eternos, que teste munhas idôneas serão do que, fir mes, jurar mos. Se, porvent ura, Zeus grande me der a vitória, dei xando que da existência te pri ve, de ultrajes ao corpo me abstenho. Pós a ar madura brilhante dos me mbr os tirar-te, Pelida, para os Aqueus o cadáver entrego; promet o outro tant o. (Il. XXII, 254 -259) Cert a ment e Aquiles com a sua decisão t omada e chei o de vi ngança, responde: Odi osíssi mo Heit or, não me fales e m pact os solenes. Co mo é i mpossí vel entre ho mens e leões haver paz e confiança, ou que carneiros e lobos revel e m i guais senti ment os pois nutre m ódi o i mpl acável e danos medita m recí procos, não pode haver entre nós ami zade nenhu ma, ne m pactos ou j ura ment os solenes, até que um de nós caia mort o 35
e, com seu sangue, a Ares forte sacie, o guerreiro incansável.(...) (Il. XXII, 261- 267) Após di zer estas pal avras, dá i níci o ao duel o entre os dois guerreiros, na qual Aquiles sai vencedor, depois at ando o cor po ao seu carro e o arrastando t rês vezes e m t or no dos mur os de Tróia e depois, em t orno da t umba de Pátrocl o, em tribut o ao a mi go defunt o. Di ant e do episódi o da mort e de Heit or, Teodoro Rennó ( 1995, p. 53) busca e m Ver nant uma for mul ação da morte Her ói ca. A “bel a morte”, ist o é: a morte no co mbat e, de u m guerreiro na pl enit ude de sua virilidade, [...] faz aparecer á maneira de u m r evel ador, na pessoa do guerreiro caí do na bat al ha a e mi nent e quali dade de anèr agall ós, ho me m val oroso, ho me m devot ado. Para que m pagou co m sua vi da a recusa da desonra no co mbat e, da vergonhosa covardia, el a assegura u m r eno me indefectí vel. [...] El a el eva o guerreiro desapareci do ao estado de gl ória por toda duração dos t e mpos vindouros; e o f ul gor dessa celebri dade, Kl éas, que adere doravant e a seu no me e à sua pessoa. Represent a o t er mo últi mo da honra, seu extre mo ápi ce, a arete realizada. ( Vernant apud Teodor o Rennó 1995, p. 53) Co mo vi mos no conceito de Ver nant, é a “bela morte” que assegura ao j ove m guerreiro “u m i ndefectível reno me”, é el e t a mbé m que, “por t oda duração dos t e mpos vi ndour os” (...) “eleva o guerreiro desapareci do ao estado de gl ória (...)”. E é efeti va ment e através deste conceit o de Ver nant e nos exe mpl os t ext uais post o ant eri or ment e, que se deve ent ender a questão do heroís mo present e na mort e de Heit or. Para dar u m exe mpl o cl aro dist o, nos direci ona mos a cena da ulti ma hora de Heit or, quando el e cita u ma frase freqüent e ment e apresent ada na Ilí ada: “Que, pel o menos, obscuro não venha a morrer, inati vo; hei de fazer al go di gno, que chegue ao porvir, exaltado (...)” (Il. XXII, 304 - 305). Pode mos di zer que a fi gura de Heit or durant e t odo o percurso narrati vo da Ilí ada, foi de u m ho me m devoto dos deuses e u m defensor de seu povo, u m home m que pagou co m sua vi da para t entar sal var, mes mo que i mpossí vel, a vi da dos seus co mpatri otas. Convenha mos que a referência da “bel a morte” apresent ada no conj unt o de cenas descritas e referi das ao discurso de Heit or, de nada t e m de “bel a” ne m de “gl oriosa” para que m as sofre m. Dest a f or ma, o poet a da Ilí ada reconhece esse at o do personage m e não dá fi m a est a mort e, como se mpre o faz co m os de mais personagens. Pode mos di zer que o poet a de certa 36
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