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VJ JUN 09.p65 - Visão Judaica

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VISÃO JUDAICA junho de 2009 Tamuz / Av 5769<br />

Paz no Oriente Médio parece ser missão impossível<br />

Henryk M. Broder *<br />

Obama não está se distanciando<br />

de Israel, nem está fazendo<br />

avanços na direção dos palestinos.<br />

Ele quer forçar ambos os lados a<br />

saírem da roda do hamster e dar<br />

verdadeiros passos adiante<br />

reunião entre Barack<br />

Obama e Benjamin<br />

Netanyahu de fato<br />

não precisava ter ocorrido.<br />

A maior parte dos<br />

repórteres e comentaristas<br />

sabia que terminaria em impasse. A<br />

âncora do noticiário da distante cidade<br />

de Hamburgo agiu como se tivesse<br />

estado na reunião. "As aparições<br />

públicas dos dois homens devem ter<br />

exigido verdadeiras habilidades de<br />

atuação", disse ela, porque "Obama<br />

está se distanciando de Israel".<br />

Como tantas vezes no processo<br />

de paz do Oriente Médio, quando lidamos<br />

com relações entre israelenses<br />

e palestinos e o resto do mundo,<br />

deixamos nossas esperanças dirigirem<br />

nossas cabeças. Sem a disposição<br />

ou a capacidade de fazer uma contribuição<br />

construtiva para uma solução<br />

e ao mesmo tempo frustrados<br />

pelos americanos tomarem a iniciativa,<br />

os europeus fazem o de costume:<br />

advertem e reclamam, como os torcedores<br />

de um jogo de futebol que,<br />

das arquibancadas, sabem que converteriam<br />

todos os chutes em gols.<br />

De fato, o que Obama está tentando<br />

fazer parece muito com uma<br />

"missão impossível". Mas assim também<br />

foi a fundação do Estado de Israel<br />

em 1948, a democratização da<br />

Alemanha após 1945 e a eleição do<br />

presidente afro-americano em 2008.<br />

É verdade que é ainda mais complicado<br />

resolver a questão palestina,<br />

que foi discutida, negociada e combatida<br />

por mais de um século. Porque,<br />

assim como o conflito não começou<br />

com a ocupação de Gaza e da Cisjordânia,<br />

também não vai terminar com<br />

a declaração de um Estado palestino<br />

nos territórios ocupados. Após mais<br />

de 40 anos de ocupação, não pode<br />

haver uma volta ao status quo anterior,<br />

até porque este é discutível. Para<br />

a maior parte dos israelenses, é Israel<br />

dentro de suas fronteiras de<br />

1967, enquanto que, para o Hamas, o<br />

Hezbolá e o Irã é a Palestina antes da<br />

fundação de Israel. Quando falam do<br />

fim da ocupação, não querem dizer Hebron,<br />

Ramallah, Belém e Nablus e sim<br />

Haifa, Beer Sheva, Jaffa e Tiberias.<br />

Mesmo as declarações da "moderada"<br />

OLP são ambivalentes, dependendo<br />

de quem está falando e para<br />

quem está falando. O embaixador palestino<br />

em Beirute, Abbas Zaki, disse<br />

em entrevista na televisão no início<br />

de maio que a solução de dois Estados<br />

resultaria no colapso de Israel,<br />

que o uso de armas não resolveria<br />

nada, mas que a negociação política<br />

sem o uso de armas também não funcionaria.<br />

"À luz da fragilidade da nação<br />

árabe e da falta de valores, diante<br />

do controle americano do mundo,<br />

a OLP procede por fases, sem mudar<br />

de estratégia. Com a ajuda de Alá,<br />

vamos tirá-los de toda a Palestina",<br />

disse Zaki. Isso não parece uma solução<br />

para os israelenses.<br />

Obama talvez seja novo no palco<br />

mundial, mas não é amador. Ele sabe<br />

que o que aconteceu até agora foram<br />

negociações sobre negociações e que<br />

os dois lados estão tentando cansar<br />

o outro. Por 16 anos, desde os acordos<br />

de Oslo, israelenses e palestinos<br />

vêm gastando muita energia sem chegar<br />

a lugar nenhum, como hamsters<br />

em uma roda.<br />

Um lado insiste na expansão de<br />

assentamentos, o outro exige seu direito<br />

de volta -como viajantes que tomaram<br />

o trem errado e estão ficando<br />

cada vez mais distantes de seu destino,<br />

mas não querem saltar porque<br />

estão viajando há tanto tempo. Então,<br />

os israelenses fazem papel de vencedores<br />

em um beco sem saída, e os<br />

palestinos, de heróis sem perspectiva<br />

de sucesso. De vez em quando,<br />

tomam parte em conferências para<br />

discutir "medidas para construção de<br />

confiança", que levam ainda a mais<br />

conferências sobre mais "medidas de<br />

construção de confiança". Com a exceção<br />

de eventos como as guerras do<br />

Líbano e Gaza, eles quase parecem<br />

estar se ajustando um ao outro, enquanto<br />

americanos e europeus cobrem<br />

os custos de alojamento de Oslo<br />

para Anápolis.<br />

Agora, Obama quer saber o que<br />

os israelenses e palestinos realmente<br />

estão dispostos a fazer. Chega de<br />

brincar, vamos aos negócios. Obama<br />

não está se distanciando de Israel,<br />

nem está avançando na direção dos<br />

palestinos. Ele apenas quer forçar os<br />

dois lados a saírem da caixa de areia<br />

e encararem os fatos. Porque ali fora<br />

do playground tem alguém que não<br />

liga a mínima sobre israelenses e<br />

palestinos e que - apesar de toda a<br />

cena de loucura - está se comportando<br />

de forma bastante razoável: o Irã.<br />

Obama não arrisca nada quando<br />

oferece negociar com o Irã. Como disse<br />

em 18/5, ele quer ver os resultados<br />

até o final do ano. Se o Irã não se<br />

mover, Obama terá que mudar de estratégia.<br />

Se Bush era um caubói de<br />

coração mole, Obama é um pulso firme<br />

em uma luva de veludo. Ele não<br />

deve ser subestimado apenas porque<br />

é charmoso, educado e gentil. Tais<br />

traços por si sós não tornam um americano<br />

presidente.<br />

Obama sabe que o Irã não vai atacar<br />

Israel, porque por mais que os aiatolás<br />

e mulás queiram "um mundo<br />

sem o sionismo" e desejem que Israel<br />

desapareça do mapa ou, melhor<br />

ainda, de seus livros de história, eles<br />

ainda preferem viver no luxo e - se<br />

necessário - enviar outros ao paraíso.<br />

Entretanto, um ataque preventivo<br />

ou um contra-ataque nuclear israelense<br />

colocaria um fim às suas vidas<br />

confortáveis para sempre.<br />

É claro que sempre há um risco<br />

marginal. Até agora os israelenses têm<br />

estado bastante relaxados com as<br />

ameaças do Irã, assim como se mantiveram<br />

tranquilos com os ataques terroristas<br />

do Hamas e seus mísseis "caseiros".<br />

Mas, a longo prazo, nenhum<br />

povo pode viver com o perigo de ser<br />

atingido por uma bomba nuclear.<br />

De sua parte, os iranianos sabem<br />

que sua ameaça, apesar de crível, é<br />

tão eficaz quanto sua execução. Eles<br />

não precisam atacar Israel; basta flutuarem<br />

a ameaça. Israel não vai desmoronar<br />

do dia para a noite, mas<br />

pode erodir com o tempo - pela emigração,<br />

desmoralização e declínio<br />

econômico. Quem quer viver e investir<br />

em um país que pode virar uma<br />

nuvem atômica?<br />

Será ótimo se a estratégia de Obama<br />

de envolver o Irã funcionar. Será<br />

terrível se não funcionar. Vista sob a<br />

sóbria luz do dia, ele tem poucas<br />

chances. Mas está certo em tentar.<br />

Museu de Auschwitz luta pela sobrevivência<br />

Os diretores do museu do antigo<br />

campo de concentração e extermínio<br />

nazista de Auschwitz-Birkenau (Polônia)<br />

lutam para salvar esse símbolo do Holocausto<br />

dos desgastes causados pelo tempo.<br />

Estão tendo que enfrentar enormes<br />

problemas para impedir que o lugar se<br />

transforme em ruínas e preservar a memória<br />

de aproximadamente 1,1 milhão<br />

de pessoas que morreram nessas instalações,<br />

na imensa maioria judeus, durante<br />

a Segunda Guerra Mundial.<br />

"Esta é nossa última oportunidade",<br />

advertiu Piotr Cywinski, diretor do museu,<br />

administrado pelo Estado.<br />

O museu permanece em funcionamento<br />

graças ao governo polonês, que<br />

cobre aproximadamente a metade de<br />

seus custos, mais a receita obtida com<br />

a venda de ingressos. Cerca de 5% de<br />

seu orçamento provém da Fundação Lauder,<br />

com sede nos Estados Unidos, e dos<br />

governos regionais alemães.<br />

Os edifícios rudimentares do campo<br />

de Birkenau, construídos pelos prisioneiros<br />

em um terreno pantanoso, foram degradados<br />

pela erosão do solo e pelos<br />

danos provocados pelas águas.<br />

"Temos que terminar os trabalhos de<br />

conservação em todos esses edifícios<br />

em 10 ou 12 anos, de modo que será<br />

preciso começar em três anos no mais<br />

tardar", disse Cywinski.<br />

"O objetivo primordial é preservar a<br />

natureza autêntica dessas instalações e<br />

não reconstruí-las, para não mudar a<br />

percepção desse lugar", acrescentou.<br />

Preservar apenas um bloco de alojamentos<br />

custa cerca de 880.000 euros, disse<br />

o diretor de manutenção Rafal Pioro.<br />

A Polônia pediu que a comunidade<br />

internacional apoie esse novo plano<br />

para preservar o campo de Auschwitz-Birkenau.<br />

A área do museu cobre 191 hectares,<br />

com 155 edifícios e 300 ruínas, e<br />

possui uma coleção de milhares de objetos<br />

pessoais, assim como documentos<br />

que expõem os detalhes da macabra<br />

estrutura nazista.<br />

Inicialmente, os nazistas criaram esse<br />

campo para os combatentes da resistência<br />

polonesa, nove meses depois de invadir<br />

a Polônia, em setembro de 1939.<br />

O campo original era um antigo acampamento<br />

do Exército polonês, próximo à<br />

cidade de Oswiecim (sul), conhecida em<br />

alemão como Auschwitz.<br />

Dois anos depois, os nazistas expandiram<br />

consideravelmente o local até as<br />

23<br />

* Henryk M.<br />

Broder é natural<br />

da Polônia, mas<br />

vive e exerce sua<br />

profissão de<br />

jornalista e<br />

escritor na<br />

Alemanha. É<br />

conhecido pelas<br />

polêmicas,<br />

colunas<br />

publicadas e<br />

comentários na<br />

TV e no rádio,<br />

escreve para a<br />

revista Der<br />

Spiegel e o jornal<br />

Der Tagesspiegel.<br />

Ele também é o<br />

co-editor do Der<br />

Jüdische<br />

Kalender (O<br />

calendário<br />

judaico), uma<br />

compilação de<br />

citações e textos<br />

relativos à cultura<br />

dos judeusalemães,<br />

anualmente<br />

publicado. Broder<br />

escreve sobre<br />

temas do<br />

passado,<br />

islamismo, Israel<br />

e o conflito com<br />

os palestinos, e<br />

sobre as criticas<br />

alemãs à política<br />

de Israel, que às<br />

vezes a relaciona<br />

ao<br />

antissemitismo.<br />

Tradução:<br />

Deborah<br />

Weinberg.<br />

imediações de Brzezinka, ou Birkenau.<br />

Aproximadamente 1,1 milhão de<br />

pessoas morreram em Auschwitz-Birkenau<br />

entre 1940 e 1945 -- um milhão<br />

deles eram judeus da Polônia e de outros<br />

países da Europa ocupada -- alguns<br />

por excesso de trabalho, fome e doenças,<br />

mas a maioria nas câmaras de gás.<br />

Entre as vítimas de Auschwitz-Birkenau<br />

e dos outros campos de extermínio<br />

de Chelmno, Treblinka, Sobibor, Majdanek<br />

e Belzec também havia poloneses<br />

não judeus, ciganos e prisioneiros de<br />

guerra soviéticos, entre outros.<br />

O museu, criado pelo governo polonês<br />

em 1947, atraiu no ano passado 1,13<br />

milhão de pessoas. Esse fluxo de visitantes<br />

é crucial para o trabalho de memória,<br />

mas significa uma pressão enorme<br />

para as instalações.

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