VJ OUT 2010.p65 - Visão Judaica

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2 editorial VISÃO JUDAICA • outubro de 2010 Tishrei / Chesvan 5771 Publicação mensal independente da EMPRESA JORNALÍSTICA VISÃO JUDAICA LTDA. Redação, Administração e Publicidade visaojudaica@visaojudaica.com.br Curitiba • PR • Brasil Fone/fax: 55 41 3018-8018 Dir. de Operações e Marketing SHEILLA FIGLARZ Dir. Administrativa e Financeira HANA KLEINER Diretor de Redação SZYJA B. LORBER Publicidade DEBORAH FIGLARZ Arte e Diagramação SONIA OLESKOVICZ Webmaster RAFFAEL FIGLARZ Colaboram nesta edição: Ataques palestinos ameaçam conversações de paz ísseis e morteiros voltaram a cair no sul de Israel na quarta-feira 15/9, quando os negociadores israelenses e palestinos se reuniram em Jerusalém para a segunda rodada de conversações de paz em setembro. Os terroristas de Gaza lançaram desde o ano novo judaico pelo menos duas dezenas de projéteis, dois dos quais atingiram Ashkelon, uma cidade costeira de Israel, com uma população de aproximadamente 110.000 habitantes. Felizmente, não houve relatos de feridos. Em resposta, as Forças de Defesa de Israel alvejaram túneis que correm sob a fronteira de Gaza com o Egito. As organizaçõesterroristasmantidas pelo Irã usam as passagens Aristide Brodeschi, Art Benveniste, Ben Hartman, Boaz Ganor, Breno Lerner, Brigitte Gabriel, David Mandel , Dori Lustron, Dov Preminger, George F. Will, Heitor De Paola, Jane Bichmacher de Glasman, Khaled Abu Toameh, Marli Gonçalves, Rafael L. Bardají, Sérgio Alberto Feldman e Yossi Groisseoign. Visão Judaica não tem responsabilidade sobre o conteúdo dos artigos, notas, opiniões ou comentários publicados, sejam de terceiros (mencionando a fonte) ou próprios e assinados pelos autores. O fato de publicá-los não indica que o VJ esteja de acordo com alguns dos conceitos ou dos temas. Contém termos sagrados, por isso trate com respeito esta publicação. www.visaojudaica.com.br Este jornal é um veículo independente da Comunidade Israelita do Paraná Datas importantes 22 de setembro 23 de setembro 24 de setembro 25 de setembro 26 de setembro 27/28 de setembro 29 de setembro 30 de setembro para contrabandear armas e explosivos para dentro e fora do enclave litorâneo palestino. Nenhum dos grupos reivindicou a responsabilidade dos ataques, mas o Hamas, que controla Gaza e é o “queridinho” do Irã, anunciara que realizou dois ataques terroristas na véspera da abertura das conversações, dia 2/9 nos EUA. Os atentados resultaram em 4 mortes e ferimentos graves em outros dois. Grande parte do financiamento para atividades do Hamas emana do Irã, que também injeta dinheiro nos cofres do Hezbolá, enquistado no sul do Líbano. De 1993 a 2006, o apoio financeiro do Irã, ao Hamas, foi estimado em US$ 30 milhões por ano. Tem aumentado a várias centenas de milhões, anualmente, desde então. O Irã patrocina o Hezbolá com armas, financiamento, orientação, informação, e dando-lhe mais de US$ 200 milhões todos os anos, além de ACENDIMENTO DAS VELAS EM CURITIBA SETEMBRO / OUTUBRO SHABAT, SUCOT, SHEMINI ATZÊRET, SIMCHAT TORÁ DATA HORA 22 / 8 23 / 9 24 / 9 29 / 9 30 / 9 1 / 10 8 / 10 1º de outubro 2 de outubro 7 de outubro 9 de outubro 17h55 18h47 17h55 17h57 18h50 17h58 17h59 Véspera de Sucot 1º dia de Sucot Chol Hamoed 1 Nossa capa aproximadamente US$ 300 milhões após a guerra defensiva de Israel contra o Hezbolá em 2006. O disparo de mísseis da Faixa de Gaza ocorreu quando a secretária de Estado dos EUA Hillary Clinton foi presidir as negociações entre o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu e Autoridade Palestina do presidente Mahmoud Abbas. Clinton disse que estava “bem consciente dos obstáculos que se interpõem no caminho da paz”, mas acrescentou que ela está convencida que “este é o momento e estes são os líderes”. As conversações de paz não estão só ameaçadas pelo mísseis e os atentados terroristas palestinos, que ressurgem sempre nessas ocasiões de forma cada vez mais violenta. Há também obstáculos a serem vencidos. O presidente da AP, Mahmoud Abbas exige uma moratória nas construções na Margem Ocidental, cujo prazo se A capa reproduz a obra de arte cujo título é: “Simchat Torá”, pintado com a técnica aquarela e dimensões de 45x35cm, criação de Aristide Brodeschi. O autor nasceu em Bucareste, Romênia, é arquiteto e artista plástico, e vive em Curitiba desde 1978. Já desenvolveu trabalhos em várias técnicas, dentre elas pintura, gravura e tapeçaria. Recebeu premiações por seus trabalhos no Brasil e nos EUA. Suas obras estão espalhadas por vários países e tem no judaísmo, uma das principais fontes de inspiração. É o autor das capas do jornal Visão Judaica. (Para conhecer mais sobre ele, visite o site www.brodeschi.com.br). Chol Hamoed 2 / Shabat Chol Hamoed 3 Chol Hamoed 4 e 5 Hoshaná Rabá Shemini Atzêret Simchat Torá Shabat Mevarechi / Bereshit Iom Kipur Katan Shabat / Noach Humor Judaico encerra no dia 26/9. Já o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu quer que os palestinos reconheçam Israel como um Estado judeu. Pesquisas de opinião entre a população, realizadas pela mídia, mostram que os israelenses estão céticos em relação ao bom termo das negociações de paz. Da mesma forma, a maioria dos analistas de Israel também não crê no sucesso das conversações. Até o primeiro-ministro Netanyahu disse que não existem garantias de êxito. A despeito de tudo isso, deixamos mais vez aqui o desejo do jornal Visão Judaica de que a paz seja finalmente alcançada entre Israel, os palestinos e os países árabes, trazendo ao Oriente Médio uma nova era de progresso material, avanços tecnológicos, crescimento cultural e um relacionamento entre as nações baseado em sólidos princípios democráticos entre os povos realmente interessados em conviver, pacificamente, lado a lado. O freguês entrou na alfaiataria do Shloime: — Quanto é o feitio do terno? — Dois mil dólares - respondeu o alfaiate. — Dois mil? — falou o indignado freguês. — Mas isto é um roubo. — Mas eu levei sete dias para fazer o seu terno. — Ora, mas em sete dias, D-us fez o mundo. — É, mas não sob medida! A Redação Leia e Assine o Visão Judaica Fone / fax: (41) 3018 8018 www.visaojudaica.com.br email: visaojudaica@visaojudaica.com.br
Sérgio Alberto Feldman * omo manter um Judaísmo tradicional e viver no mundo contemporâneo? Este é talvez o dilema que se abate sobre a maior parte dos judeus que conheço. Não tenho receitas mágicas. Há muitos aspectos que nos instigam à reflexão e à polêmica. A meu ver, a condição feminina é o tema mais difícil de ser equacionado e definido. Não trago a verdade e tampouco a solução para este tema, pois há divergências e muitas receitas prontas quando se fala da participação das mulheres na religião. Alguns concebem uma posição rígida e excludente. O papel das mulheres é restrito as cerimônias do lar e no espaço público, ou seja, na sinagoga devem ficar num espaço restrito, semi-reclusas por detrás de uma cortina ou cercado. Este conceito tem origem numa interpretação digna de análise e crítica. A pergunta seria: Por que se excluem as mulheres do assim denominado espaço público? Por que o papel da mulher nos serviços religiosos é tão “discreto”, restrito e cerceia a espiritualidade das mães e das filhas tornando-as coadjuvantes no estudo da Torá, na leitura pública da mesma e nas orações e leituras? Às mulheres fica impedido ler na Torá, subir à Bimá (espaço elevado de onde se proferem as leituras da Lei de Moisés, as orações públicas e as prédicas são dirigidas ao público presente). Por quê? Algumas respostas que ouvi, e sigo ouvindo, é que as mulheres devem ser “modestas” (conceito de tzniut) e não se expor publicamente num espaço lado a lado com os homens. Ou se diz que esta não é uma “função” ou obrigação feminina. Esta concepção acredita que cabe às mulheres gerar e criar a prole familiar, administrar o lar e educar no âmbito da família e da casa, seus filhos. Tudo restrito ao espaço privado e fora do espaço público. Estes últimos conceitos foram desenvolvidos para entender como este processo de supressão, marginalização e cerceamento dos papéis ativos da mulher na sociedade foram desenvolvidos no intuito de controlar a mulher nas sociedades tradicionais. Vejamos exemplos fora do Judaísmo. Na Grécia antiga as mulheres atenienses foram relegadas a uma condição de inferioridade e exclusão do espaço público da polis. Criaram-se nas casas um espaço separado para VISÃO JUDAICA outubro de 2010 Tishrei / Chesvan 5771 A condição feminina no Judaísmo: divergências e polêmicas a mulher: o gineceu. Nele, a mulher mandava e controlava. Contudo, não saia para a rua, para a praça (ágora) e nem participava das discussões políticas, dos debates sobre filosofia e tampouco frequentava os ginásios para a prática de esportes. Aristóteles considerava a mulher um ser sem alma, vazio e incapaz de praticar a política, aprender e debater a filosofia e se tornar um ser pensante. Eram seres limitados na inteligência e restritos ao espaço privado. O contato dos gregos gerou, a um só tempo, oposições e influências bilaterais. Uma das influências do Judaísmo foi a tradução da Torá ao grego, a assim denominada Septuaginta. Esta versão grega da Torá gerou interesse enorme sobre o Judaísmo que ajudaria adiante a consolidação de uma nova religião: o Cristianismo. O sentido inverso se deu com a inserção no Judaísmo de costumes gregos e uma visão negativa da mulher. Uma compreensão que difere do Judaísmo clássico que sempre respeitou a mulher e a colocou num status digno e participativo. As mulheres no mundo bíblico participavam dos debates públicos. Débora foi juíza e profetisa. Miriam, a irmã de Moisés e Aarão, era a líder de um grupo de mulheres que entre outras atitudes e ações, saíram a cantar no meio do povo, imediatamente após a passagem do Mar Vermelho (Iam Suf), um cântico de louvor. Mulheres cantavam e rezavam nos cultos do Primeiro Templo. Sara polemiza com o Patriarca Abraão e exige que a escrava egípcia seja ejetada do núcleo familiar, para evitar que um dia o pequeno Isaac fosse vitimado, quando os idosos Sara e Abraão se fossem. D-us deu razão a Sara e fez Abraão acatar sua opinião. O saber e a sensibilidade femininos prevaleceram na benção de Jacob como primogênito por ação de Rebeca, mesmo agindo de maneira que enganava o Patriarca Isaac. Rebeca seria punida por D-us, mas Jacob permaneceu como o terceiro Patriarca. A presença e participação das mulheres eram intensas na sociedade bíblica e só se alteram após o encontro dos judeus com o helenismo. Não é inerente ao Judaísmo, reclusão e a seclusão (isolamento e separação) das mulheres. Isso combina com o Islã tradicional. Todos nós ficamos exaltados com a maneira que o Islã tradicional trata a mulher. Há uma aguda reclusão e seclusão. Sou crítico da misoginia muçulmana e uso deste argumento em debates, e não poderia concordar com a seclusão da mulher judia. O Judaísmo clássico não obstaculizava a presença das mulheres nos cultos e no estudo da Torá. Quais seriam as razões possíveis, além da influência helenística? O que motivou esta aproximação do Judaísmo com conceitos misóginos (que supõem uma condição de inferioridade feminina ou até, às vezes, de malignidade) de origem grega? Não há consenso e tampouco certeza. Uma reflexão é a questão das obrigações do homem judeu e do conceito de desobrigação que acompanha a mulher, pois há mitzvot que ela não poderia cumprir por ter certas funções como a maternidade. Disso falaremos numa outra ocasião. É uma vertente haláchica. Daria um novo artigo. Outra das hipóteses seria a questão de pureza ritual. O Judaísmo talmúdico era e segue sendo muito rígido e atado por regras de pureza ritual. Na concepção antiga do Judaísmo, o sangue era definido como a vida. Alguém ferido e sangrando deve ter o sangramento contido, pois ao contrário, a vida se esvai com o sangue. A equação passa a ser: sangue = vida. Por isso na Kashrut o sangue deve ser escorrido, a carne deve ser salgada e lavada até ficar sem sangue. Na hora de se alimentar a carne não pode estar crua. Não se consome a vida. Assim sendo, a menstruação é a situação em que através do sangue (significando vida) se esvai uma vida (pois o óvulo não foi fecundado). Neste período a Torá proíbe relações carnais entre cônjuges legalmente unidos. O casal sequer pode ou deve estar junto, seja dormir junto ou se tocar. A mikve (banho ritual) purifica a mulher e permite ao casal se reencontrar e até manter relações carnais legítimas. O Judaísmo nunca manteve uma relação de negação ou de crítica às relações conjugais. O casal é abençoado e a relação sexual entre cônjuges é sempre vista como algo positivo, digno e puro. Somente é proibida se a mulher (ou o homem também, em certos casos) estiver impura. Pureza é algo sagrado. Porém, como saber se uma mulher está pura? O receio dos rabinos medievais era que não estando pura uma mulher contaminasse, outras pessoas, o espaço público ritual e a Torá. Esta condição mudou no mundo contemporâneo. As mulheres não estão reclusas e nem se permitem viver alijadas da espiritualidade. Sua pureza é um tema que deve ser revisto. Hoje, a ciência e o saber, junto com a higiene e a limpeza permitem que uma mulher mesmo menstruada possa trabalhar, compartilhar espaços sociais e ser ativa. Uma mulher não está impura se ela estiver menstruada. Esse conceito não se adéqua às novas realidades e não pode ser motivo de seclusão. A polêmica é ampla e geral. Não se esgota num breve artigo e numa reflexão histórica breve. A Torá é espiritual e não carnal. A pureza da mulher não é alterada pelo sangue. A mulher é a mãe de uma família, a educadora e um pilar do Judaísmo. Judeu é filho de mãe judia. Em respeito às mulheres do século XXI lanço este debate e esta reflexão para que alguns me apóiem e outros me critiquem. Inserir a mulher nos serviços religiosos, na leitura da Torá é uma maneira de aumentar a espiritualidade em nossa casa, em nossa sinagoga e em nossa vida comunitária. Moisés VJ INDICA Título original: Moses FICHA TÉCNICA Direção: Roger Young Gênero: Épico Origem: EUA/Inglaterra/ França/Itália/Alemanha/ Espanha Duração: 180 minutos Tipo: Longa metragem colorido Ano da produção: 1995 Estúdio/Distribuição: LWE Site oficial: Site Oficial: http:// www.fivemileriverfilms.com/moses.html 3 * Sérgio Alberto Feldman é doutor em História pela UFPR e professor de História Antiga e Medieval na Universidade Federal do Espírito Santo, em Vitória. Foi diretor de Cultura Judaica da Escola Israelita Brasileira Salomão Guelmann, em Curitiba. FILME ELENCO Ben Kingsley (Moisés), Frank Langella (Memefta), Christopher Lee (Ramsés), Anna Galiena (Ptira), Enrico Lo Verso (Joshua), Maurice Roëves (Zerack), Anthony Higgins (Korah), Philippe Leroy (Tuntmin), Philip Stone (Jethro), Anton Lesser (Eliav), Anita Zagaria (Jochebed) Dudley Sutton (Sumo sacerdote), Federico Pacifici (Hur),Urbano Barberini (Nahbi) e Paolo Calabresi (Palti). SINOPSE Moisés foi um homem comum chamado por D-us para libertar seu povo, os israelitas. Sua missão foi libertálos da escravidão no Egito e levá-los para Canaã, a terra prometida. Quando os israelitas correram risco de captura pelo exército do Faraó, D-us dividiu o Mar Vermelho para que Moisés e os que o acompanhavam pudessem atravessar. Mais tarde durante a dura jornada, D-us proferiu através de Moisés, Os Dez Mandamentos, a lei divina.
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