VJ OUT 2010.p65 - Visão Judaica

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4 * Heitor De Paola é médico psiquiatra e psicanalista, membro da International Psycho-Analytical Association e do Board of Directors da Drug Watch International e Diretor Cultural da BRAHA, Brasileiros Humanitários em Ação, articulista e escritor, com diversos artigos publicados no Brasil e no exterior, e um livro. No passado, pertenceu a organização Ação Popular (AP) da esquerda revolucionária. VISÃO JUDAICA outubro de 2010 Tishrei / Chesvan 5771 …Nem todas as guerras podem ser condenáveis no mesmo grau; enquanto existirem países e nações preparadas para a destruição sem piedade de outras, estas devem se armar para a guerra (...). Pode parecer paradoxal, mas devemos admitir que a guerra poderia ser um meio inapropriado de estabelecer a tão desejada paz ‘eterna’ SIGMUND FREUD Resposta à carta de Albert Einstein ‘Por que a Guerra?’ (1932) m 1931 o Comitê Permanente para a Literatura e as Artes da Liga das Nações criou o Instituto Internacional de Co-operação Intelectual destinado a providenciar trocas de cartas entre intelectuais. Convidado, Einstein sugeriu o nome de Freud que prontamente aceitou. Em julho de 32 Einstein dirige-se a Freud com a pergunta acima, Freud responde em setembro. Tambores de guerra na Europa já tocavam forte, em dezembro haveria eleições na Alemanha, onde Einstein ainda morava, o Partido Nazista faria maioria simples Por que a paz? Heitor de Paola * no Reichstag e exigiria a posse de modo que seus objetivos supostamen- e na restrição dos impulsos instintivos’. Hitler como Chanceler. Em breve a Liga das Nações seria definitivamente enterrada e os dois missivistas teriam que emigrar. te pacíficos incluem necessariamente a repetição das mesmas ações de Hitler, completando seu serviço sujo. Dentro de Israel e em todo o Oci- O Ocidente, hoje, é refém de um multiculturalismo que nivela pelo nível dos mais baixos estratos sociais a todos os povos, cultos ou incultos; a to- Por um preço exorbitante, inaceidente quem fala em defesa da Paz das as crenças; a todas manifestações tável por qualquer critério, os judeus promove a guerra. Seja o Paz Agora, populares a ponto de ser aceito que aprenderam que dispersos, se tornam seja os movimentos que tomam as mulheres ainda sejam apedrejadas por fracos; juntos, vivendo em suas ter- ruas do Ocidente apenas aguçam o adultério em países muçulmanos e reras ancestrais podem se tornar for- apetite dos povos sequiosos de guercém-nascidos com defeitos físicos setes desde que fortemente armados ra, conquista e destruição. É ainda jam enterrados vivos pelos índios da para a guerra, pois estão cercados por Freud que diz na mesma carta ‘não Amazônia, em nome da “diversidade países e nações preparadas para a sua tem sentido tentar eliminar as ten- cultural” baseada no desvirtuamento da destruição sem piedade. dências agressivas do homem. Ouvi- palavra cultura como alto conceito de No entanto, as palavras guerra e paz não são fáceis de distinguir, pois frequentemente as elites falam em paz significando guerra, e guerra significando paz, como Stalin pagando a Picasso para criar um símbolo da Paz em forma de uma pomba enquanto dirigia um dos regimes mais violentos do mundo e que invadia toda a porção da Europa permitida pelos covardes acordos de Yalta, Teerã e Potsdam. Nos dois primeiros Roosevelt mostrara toda sua subserviência ao Uncle Joe e seus projetos expansionistas. Não é à toa que a ONU ainda utilize o mesmo símbolo enquanto mos falar que em certas felizes regiões da Terra, aonde a natureza provê em abundância tudo que o homem precisa, existem raças cuja vida se passa tranquilamente e desconhecem tanto a coerção como a agressão. Eu mal posso acreditar nisto e ficaria muito contente de conhecer mais destes seres afortunados’. Mais adiante Freud diz algo que hoje seria controverso, por politicamente incorretíssimo: ‘... povos incultos e estratos atrasados da população já se multiplicam mais rapidamente dos que os muito cultos’ o que dificultaria o avanço do processo civilizató- valor. Contrariando as previsões freudianas, são exatamente os intelectuais ocidentais, judeus inclusive, que covardemente se submetem e se rebaixam aos níveis mais mesquinhos da condição humana para oferecer uma paz covarde, trêmula e trôpega que só estimula a guerra, concedendo de forma abjeta uma superioridade “cultural” a estes povos incultos sob domínio instintivo e deixando-se julgar por eles, por seus padrões primitivos de pensamento e conduta e sentindo-se culpados por possuírem padrões mais elevados. Esta é a única paz que, sentindo-se superiores, eles nos permitem: a paz da sub- admite em seu seio uma maioria de rio, que consiste ‘num progresso desmissão e dos cemitérios. É por este ca- regimes extremamente violentos, enlocamento das finalidades instintivas minho que o Islã vai conquistando a tre eles todos os que agem de tal (para áreas mais racionais da mente) Europa e o Mundo. Síria: Repressão marca os dez anos de Al-Assad no poder Direitos violados, ativistas presos, imprensa sob censura e curdos abandonados O presidente Bashar Al-Assad descumpriu as promessas de aumentar o grau de liberdade política e de se adequar a uma política de direitos humanos, mesmo depois de dez anos à frente da Síria. É o que denuncia a ONG Human Rights Watch, em um informa publicado no dia 16 de julho, aniversário da chegada de Al-Assad ao poder. O informe tem 35 páginas e se chama “Uma década desperdiçada: Os direitos humanos na Síria durante os 10 primeiros anos no poder de Bashar Al- Assad. Nele, o histórico do governo sírio é analisado sob cinco aspectos: repressão ao ativismo político, restri- Bashar Al-Assad, presidente da Síria ções à Liberdade de Expressão, tortura, maus-tratos à minoria curda e as deportações forçadas de cidadãos sírios. E o veredito do estudo é sombrio. “Seja porque Al-Assad queria ser um reformador, mas foi impedido pela ‘velha guarda’ entrincheirada no poder, ou porque ele é apenas mais um governante árabe que sabe ouvir críticas, o resul- tado para o povo sírio é o mesmo: sem liberdade, sem direitos fundamentais”, explica Sarah Leah Whitson, diretora para o Oriente Médio da Human Rights Watch: “O histórico de Assad depois de 10 anos no poder consiste em não haver feito praticamente nada para melhorar a situação dos direitos humanos em seu país”, acrescentou. Em seu discurso de posse, feito em 17 de julho de 2000, Al-Assad falou da necessidade de “pensamento criativo, transparência e democracia”. No entanto, o período de bonança que se seguiu após os primeiros dias de governo não durou muito. As cadeias sírias voltaram a se encher com prisioneiros políticos, a maioria deles jornalistas e ativistas de direitos humanos. Num dos exemplos mais recentes, os advogados Haytham Al-Maleh, de 78 anos, e Muhanad Al- Hasani, de 42 anos, foram condenados a três anos de prisão por expressarem suas críticas contra o histórico de violações dos direitos humanos no país. Os agentes do serviço secreto sírio, os temidos Mukhabarat, prendem cidadãos sem ordem de detenção e os relatos de tortura se multiplicam, sem que haja nenhum tipo de punição contra tais abusos. Dois anos depois da repressão ao levante da prisão de Sednaya, quando a polícia militar abriu fogo contra os amotinados, as autoridades sírias continuam sem revelar o destino de 42 prisioneiros, dos quais se acredita que pelo menos nove tenham sido executados. A censura é constante e se estende a blogs e a sites populares, como o Facebook e o YouTube. As promessas de Al-Assad de uma nova legislação que ampliasse a participação da sociedade civil nos atos políticos também não se cumpriram. Em março de 2005, o presidente declarou a jornalistas que “os próximos tempos serão de liberdade para os partidos políticos”. Mas o poder na Síria permanece regido pelo onipresente partido Baath: “Toda esperança que o povo sírio poderia ter de uma abertura política sob o regime de Al-Assad foi frustrada”, afirma Sarah Leah Whitson. Já a minoria curda, que representa cerca de 10% do total da população síria, é totalmente excluída dos direitos coletivos fundamentais, como o de aprender o idioma curdo ou de celebrar as datas religiosas, como o Nowhuz (ano novo curdo). A repressão aos curdos piorou substancialmente depois de março de 2004, quando manifestações dos curdos tomaram conta do norte do país, exigindo igualdade de direitos. Estima-se que cerca de 300 mil curdos estejam na Síria sob a condição de apátridas, aguardando em vão por uma mudança política que os insira na sociedade síria. Em discursos e entrevistas, Al-Assad justifica a estagnação das reformas alegando que sua prioridade é a economia. As “circunstâncias regionais” também servem de pretexto para o conservadorismo, no entanto, um rápido exame do histórico sírio revela uma constante repressora e autoritária que sobrevive ao passar dos anos e dos diferentes graus de pressão internacional. A Síria saiu de um profundo isolamento imposto pelo ocidente em 2007, quando os Estados Unidos e a União Europeia restabeleceram relações diplomáticas com Damasco. Al-Assad é recebido com efusividade por líderes internacionais, apesar da ausência de avanços democráticos no país. “O presidente Al-Assad não tem desculpas para continuar atrasando o programa de reformas liberais em seu país”, diz Whitson. “Agora que conseguiu sair do isolamento internacional, a Síria deve se abrir”. (Por Human Rights Watch – Tradução de Victor Grinbaum [ArtiSion.com]).
* Breno Lerner é editor e gourmand, especializado em culinária judaica. Escreve para revistas, sites e jornais. Dá regularmente cursos e workshops. Tem três livros publicados, dois deles sobre culinária judaica. COLABORADORES DE VISÃO * Breno Lerner Tzimes Tzimes de de batata batata doce doce doce Agradável mistura da batata doce com abacaxi este purê pode ser comido como entrada ou acompanhamento de assados e grelhados, com um saborzinho especial de Sucot. 4 batatas doces; 2 colheres de sopa de manteiga; ¾ de xícara de abacaxi em calda, picado; 1 colher de sopa de açúcar mascavo; Sal à gosto Páprica para salpicar. Cozinhe as batatas com casca, descasque-as e transforme em purê. Coloque a manteiga, sal, açúcar mascavo, o abacaxi e um pouquinho de sua calda e misture. Unte uma assadeira com manteiga, coloque o purê e leve ao forno pré-aquecido a 200 0 C. Asse por 15 minutos, salpique com a páprica e asse por mais 5 minutos. YAPRAKES YAPRAKES DE DE QUEIJO QUEIJO Esta receita sefaradi é um clássico de Sucot. 1 pote de cream cheese; ½ xícara de damascos secos, bem picados; 1 colher de chá de hortelã picado; 1 colher de chá de mel; 2 colher de sopa de amêndoas picadas; 8 folhas de parreira (em conserva); Misture todos os ingredientes menos as folhas. Recheie cada folha com a mistura e enrole como para yaprakes. Deixe na geladeira por 1 hora e sirva. ARI ZUGMAN E FAMÍLIA ARTUR GRYNBAUM AVRAM FISELOVICI E FAMÍLIA BORIS E GENY AISENBERG BUNIA FINKEL GAL CZERNY E FAMÍLIA HAROLDO JACOBOVICZ E FAMÍLIA HELCIO KRONBERG E FAMÍLIA HENRIQUE E DINA KUCHNIR IDA LERNER E FAMÍLIA ISMAR STRACHMAN E FAMÍLIA JAIME ARON TEIG E FAMÍLIA JAIME GUELMANN E FAMÍLIA JAIME INGBERMAN E FAMÍLIA JAYME NUDELMAN E FAMÍLIA JAYME ZLOTNIK E FAMÍLIA JOSÉ SCHWEIDSON E FAMÍLIA JULIO ZUGMAN E FAMÍLIA LEILA BURKINSKI E FAMÍLIA LINA BURKINSKI E FAMÍLIA MAURÍCIO SCHULMAN E FAMÍLIA MAURÍCIO FRISCHMANN E FAMÍLIA MIGUEL KRIGSNER E FAMÍLIA MOYSÉS BROMFMAN E FAMÍLIA RIVEN KUNIFAS E FAMÍLIA RUBENS JACOB TEIG E FAMÍLIA SABINE WAHRHAFTIG SALIM IBRAHIM BELACIANO SAMUEL GRYNBAUM E FAMÍLIA SARA BURSTEIN SAUL ZUGMAN E FAMÍLIA SALIM IBRAHIM BELACIANO SULAMITA P. MACIORO E FAMÍLIA SULAMITA PACIORNIK E FAMÍLIA TANIA MARIA BAIBICH E FAMÍLIA VERGIL TRIFAN E FAMÍLIA VICTOR RICARDO HERTZ E FAMÍLIA VITCIA E BETY ITZCOVICH ZALMEN CHAMECKI E FAMÍLIA ANÔNIMOS VISÃO JUDAICA outubro de 2010 Tishrei / Chesvan 5771 Sucot 2010 Gazpacho de Sandias (Gazpacho de Melancias) Na Andaluzia, cada homem tem sua receita de gazpacho, assim como cada homem tem a sua verdade, diz Juan Carlos Alonso, cronista gastronômico espanhol. A receita é muito antiga de origem andaluz, onde era a comida das camadas mais pobres da população. Originalmente era uma pasta de pão, alho e azeite, feita em uma tigela de madeira chamada Dornillo. Daí evoluiu para um creme ainda à base de pão que levava pedaços de anchova, alho, vinagre, açúcar, sal e azeite chamado Capon de Galera. A chegada do tomate e dos pimentões da América incrementou o creme que, como muitos outros pratos, passou de “comida de pobre” a “petisco de ricos”. José Briz, cozinheiro espanhol, que escreveu o único livro que trata apenas de Gazpacho, atribui seu nome a uma derivação da palavra hebraica gazaz, com o sentido de quebrar em pedacinhos, fragmentar o pão. Agora, duas receitas muito especiais, do mestre Arzak, da Espanha: Carpaccio Carpaccio Carpaccio de de ternera ternera con con crema crema de de mebrillo mebrillo e e su su su vinagreta vinagreta vinagreta agridulce agridulce (carpaccio com creme de goiaba e vinagrete agridoce) 300 g de carne cortada para carpaccio; 150 g de goiabas em calda; 4 colheres de sopa de creme de leite; 1 batata pequena, cozida e sem casca; 1/2 pimenta dedo de moça, sem nervuras e sementes, picadinha; Lascas de queijo parmesão para servir; Cebolinha francesa picada para decorar; Pimenta rosa para decorar. Para o vinagrete: 6 colheres de sopa de azeite (se utilizar azeite de nozes ficará mais sutil); 2 cálices de vinho tinto doce, tipo moscatel; 1 colheres de sopa de vinagre; 3 pepinos em conserva picados; 6 azeitonas pretas picadas; Sal à gosto. Escorra e pique o doce de goiabas. Numa panelinha, misture com o creme de leite e a batata cozida, já transformada em purê. Aqueça e mexa bem até engrossar um pouco, coloque a pimenta e o sal. Deixe esfriar. Faça o vinagrete. Bata o azeite com o vinho e o vinagre para emulsionar. Coloque então os pepinos picados e as azeitonas. Reserve. Coloque um pouco do recheio em cada fatia de carpaccio e enrole, formando um rolinho. Alinhe 2 ou 3 rolinhos num pratinho, cubra e decore com um pouco de vinagrete, as lascas de parmesão, a pimenta rosa e a cebolinha francesa picada. 3 tomates; 400 g de melancia picada; 1 dente de alho picado; 5 colheres de sopa de azeite; 2 colheres de chá de açúcar; 1/2 pepino picado; 2 colheres de sopa de vinagre de jerez; 1 colher de sopa de mostarda; Folhas de manjericão para decorar; Croutons para decorar; Gotas de óleo de gergelim para decorar. Coloque os tomates e o alho numa assadeira, regue com 1 colher de sopa de azeite e leve-os ao forno baixo (100 0 C) por 1 hora. Retire as cascas e pique-os grosseiramente. Coloque numa tigela e reserve. Na mesma tigela coloque o pepino picado, a melancia, o vinagre, a mostarda, o azeite restante e o açúcar. Cubra com água gelada e deixe tomar gosto por 30 minutos. Bata tudo com o mixer. Se necessário, coloque mais água e acerte o sal. Sirva em copinhos, bem gelado, decorando com o manjericão picadinho, duas gotinhas de óleo de gergelim e croutons. 5
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