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XVI Encontro Nacional de Estudos Populacionais da ABEP -- 2008

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corpo documental, com o objetivo <strong>de</strong> cruzar as informações. Assim, recorremos aos três fundos <strong>de</strong> censo: um originário <strong>de</strong> fonte<br />

eclesiástica, o Rol <strong>de</strong> Confessados <strong>de</strong> São José do ano <strong>de</strong> 1795, localizado no Instituto Histórico e Geográfico <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Tira<strong>de</strong>ntes (MG); e os outros dois resultantes <strong>da</strong>s listas nominativas produzi<strong>da</strong>s a pedido do governo imperial mineiro às câmaras<br />

municipais, nos anos <strong>de</strong> 1831 e 1838, ambos alocados no Arquivo Público Mineiro (APM), em Belo Horizonte (MG). Essas listas<br />

forneceram inúmeras informações a respeito dos moradores e dos domicílios, permitindo estu<strong>da</strong>r os comportamentos<br />

<strong>de</strong>mográficos do distrito escravista. As listas <strong>de</strong>scortinaram a série <strong>de</strong> nomes dos fazen<strong>de</strong>iros e seus mancípios, além <strong>de</strong> revelar<br />

o padrão <strong>de</strong> riqueza e a posse <strong>de</strong> escravos no intervalo entre os anos <strong>de</strong> 1795 e a déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 1830. A pesquisa utilizou-se, também,<br />

<strong>de</strong> mapas esparsos <strong>de</strong> população, produzidos na déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 1840, contendo <strong>da</strong>dos sobre casamentos <strong>de</strong> livres e cativos e<br />

informações acerca <strong>da</strong>s fronteiras dos distritos mineiros <strong>da</strong> comarca do Rio <strong>da</strong>s Mortes, tais fontes também estão aloca<strong>da</strong>s no<br />

APM. Todo este conjunto documental foi comparado com os assentos <strong>de</strong> batismos e óbitos <strong>da</strong> freguesia Nossa Senhora <strong>da</strong> Penha<br />

<strong>de</strong> França, na Lage, para os anos <strong>de</strong> 1840 e 1850 - remetidos recentemente para o Arquivo Eclesiástico <strong>da</strong> Matriz <strong>de</strong> Nossa<br />

Senhora do Pilar, em São João <strong>de</strong>l Rei (MG). O resultado <strong>de</strong>sta etapa <strong>da</strong> pesquisa foi ain<strong>da</strong> enriquecido com as informações<br />

conti<strong>da</strong>s nos inventários post-mortem dos fazen<strong>de</strong>iros listados como moradores <strong>da</strong> região - todos os inventários estão sob<br />

guar<strong>da</strong> do Arquivo Histórico do Escritório Técnico do IPHAN-II, em São João <strong>de</strong>l Rei (MG). Assim, o trabalho perseguiu <strong>da</strong>dos<br />

quantitativos <strong>da</strong> população do distrito e <strong>da</strong>dos qualitativos sobre os personagens em particular, resultando em informações <strong>de</strong><br />

fôlego sobre os sujeitos, as fazen<strong>da</strong>s, o processo <strong>de</strong> enriquecimento rural e as famílias escravas no contexto econômico mineiro<br />

voltado para o abastecimento interno. O livro está dividido em três capítulos, sendo que sua organização se apresenta num<br />

or<strong>de</strong>namento próximo aos procedimentos metodológicos <strong>da</strong> pesquisa. O primeiro capítulo, "Delineamentos <strong>de</strong> um distrito<br />

escravista" procurou apresentar o perfil do distrito <strong>da</strong> Lage e do quarteirão do Mosquito, sua ocupação original através <strong>da</strong><br />

distribuição <strong>de</strong> sesmarias na região, as características econômicas <strong>de</strong> sua ocupação rural com fazen<strong>da</strong>s encrava<strong>da</strong>s em uma área<br />

cerca<strong>da</strong> <strong>de</strong> terras minerais. Observamos que a região não era produtora <strong>de</strong> metais preciosos, pelo contrário, tornou-se uma <strong>da</strong>s<br />

áreas <strong>de</strong> abastecimento <strong>da</strong>s regiões mineradoras e que sua distribuição populacional era social e economicamente distinta entre<br />

o arraial e as fazen<strong>da</strong>s dos quarteirões rurais. Detectamos ain<strong>da</strong> o vínculo do distrito com o movimento <strong>da</strong> Inconfidência Mineira,<br />

no final do século <strong>XVI</strong>II, a partir <strong>da</strong> participação <strong>de</strong> alguns fazen<strong>de</strong>iros importantes resi<strong>de</strong>ntes na região. Enfim, o primeiro capítulo<br />

foi <strong>de</strong>dicado a apresentar o distrito e o quarteirão encravados nas regiões rurais <strong>da</strong>s Minas Gerais com alto índice <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra<br />

escrava, buscando, <strong>de</strong>ssa maneira, apresentar o problema <strong>de</strong> pesquisa que <strong>de</strong>u início ao estudo: uma região marca<strong>da</strong> pela forte<br />

concentração <strong>de</strong> população escrava, em uma economia volta<strong>da</strong> para o abastecimento interno. O segundo capítulo, "Indicadores<br />

<strong>de</strong>mográficos" foi marcado pelo estudo sistemático <strong>de</strong> fontes <strong>de</strong> caráter <strong>de</strong>mográfico - os mapas <strong>de</strong> população - com a intenção<br />

<strong>de</strong> traçar o <strong>de</strong>sempenho <strong>da</strong> região rural e escravista. A primeira questão que o estudo <strong>de</strong>monstrou foi a existência <strong>de</strong><br />

comportamentos populacionais específicos, sinalizando a diferença entre a região rural e o arraial. Se falar <strong>de</strong> diferenças rurais e<br />

urbanas ain<strong>da</strong> era prematuro, tratar indistintamente a região também não se mostrou pertinente: claras diferenças <strong>de</strong>mográficas<br />

foram encontra<strong>da</strong>s. Detectamos a diferença nos índices <strong>de</strong> população feminina entre os livres e os cativos, na forma <strong>de</strong> ocupação<br />

dos habitantes, no perfil dos domicílios rurais e do arraial e as origens dos escravos africanos e crioulos. A região foi marca<strong>da</strong>

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