Colunas sociais e Ditadura Militar: Entre o mundo fictício ... - SBPJor

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objetividade (e proibidas de opinar) -, souberam usar com maestria este ponto a favor que o off lhes permitia. O espaço privilegiado das colunas, pelo alto grau de leitores, facilitava o jogo de interesses entre colunistas e fontes e atraía políticos às colunas mais conhecidas. A prática é hoje amplamente utilizada em várias das colunas de notas com alto índice de leituras que proliferam pelo país. Na busca da evidência empírica de que as colunas de notas realizariam o agendamento de temas a serem levados em discussão pela opinião pública, Coutinho pesquisou a coluna “Vitor Hugo”, do Espírito Santo, quando após entrevistas com jornalistas que faziam a coluna e políticos que a liam, ficou evidenciado que a utilização da coluna como fonte de informação, referência e até moeda de negociação do jogo político era admitida por quase todos os parlamentares entrevistados. (Coutinho, 2005,p.77). A saga dos colunistas sociais durante a ditadura militar ajuda a perceber porque as colunas de notas no Brasil adquiriram um caráter diferenciado das colunas sociais dos Estados Unidos, onde esse gênero nasceu e se desenvolveu. E também como jornalistas souberam usar o terreno “fútil” deste gênero para driblar os rigores da censura. Com a redemocratização, este procedimento continuaria, livre da censura, mas como troca de interesses. Nas décadas posteriores, estas mudanças seriam responsáveis pela face das modernas colunas de notas que hoje se encontram em toda a grande imprensa. Mesmo as colunas eminentemente políticas dos dias de hoje, aprenderam muito com os artifícios usados pelos colunistas sociais que trabalharam durante a ditadura militar. Referências: ABREU, Alzira Alves de. A modernização da imprensa (1970-2000). Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora, 2003. ________, LATTMAN-WELTMAN, Fernando, ROCHA, Dora. Eles mudaram a imprensa – Depoimentos ao Cpdoc. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2003. COUTINHO, Iluska. Colunismo e poder: representação nas páginas de jornal. Rio de Janeiro: Editora Sotese, 2005. KOVÁCS, Anamaria. Coluna Social: Linguagem e Montagem. Dissertação de mestrado apresentada à Coordenação da Pós-Graduação da ECO/UFRJ, 1975. MORAES, Dislane Zerbinatti. “E foi proclamada a escravidão”: Stanislaw Ponte Preta e a representação satírica do golpe militar. Revista brasileira de história. São Paulo, v.24, nº 47, p. 61-102, 2004. RAMOS, Murilo César. Intrigas da corte: jornalismo político nas colunas sociais. In: Imprensa e poder. Brasília: Editora UNB, 2002.
RIBEIRO, Beliza. O estilo Zózimo de ser. In: Jornal do Brasil, 16/11/2001. SODRÉ, Muniz & PAIVA, Raquel. Cidade dos artistas: Cartografia da televisão e da fama no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Editora Mauad, 2004. TRAVANCAS, Isabel. A coluna de Ibrahim – um gênero jornalístico. XXIII Congresso do Intercom, GT Gênero e Cultura de Massa. Manaus, setembro de 2000. ZOBARAN, Sergio & CAMARA, Leopoldo. A segunda imprensa – guia para divulgadores e divulgados. Rio de Janeiro, Editora Rocco, 1994.
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