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Colunas sociais e Ditadura Militar: Entre o mundo fictício ... - SBPJor

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uma estratégia ligada à ideologia da segurança nacional. A implantação de um<br />

sistema de informação capaz de “integrar” o país era essencial dentro de um<br />

projeto em que o Estado era entendido como o centro irradiador de todas as<br />

atividades fundamentais em termos políticos. (Abreu, 2002, p.15).<br />

Abreu dá como exemplo deste projeto de integração nacional a criação da<br />

Embratel, Empresa Brasileira de Telecomunicações, criada em setembro de 1965. A criação<br />

da Embratel, com um plano de estações repetidoras e canais de microondas, permitiria a<br />

formação e a consolidação das redes de televisão no país. Os grandes investimentos feitos<br />

pelo regime, injetando dinheiro e publicidade nos meios de comunicação a fim de conquistar<br />

a adesão da sociedade ao projeto de integração nacional propiciou a formação de grandes<br />

oligopólios da informação.<br />

É certo que desde meados do século XX a imprensa nacional precisou de recursos<br />

e subvenções do estado para ajudar na circulação de seus periódicos. Já no final dos anos<br />

1960 e principalmente nos anos 70, os jornais que necessitavam sobreviver tinham que se<br />

tornar empresas sólidas, e isso só podia ser conseguido com a publicidade. Nos anos de<br />

regime militar a imprensa escrita, o rádio e a televisão já dependiam fundamentalmente da<br />

publicidade, e os órgãos estatais eram os principais anunciantes. Uma conseqüência desta<br />

concentração da comunicação foi a falência e o desaparecimento de vários jornais. O<br />

jornalista Evandro Carlos de Andrade, que dirigiu por muitos anos o jornal O Globo, explica<br />

como o governo militar buscava o apoio dos jornais através da publicidade.<br />

Vamos ver: como é que a ditadura, ou as ditaduras, no Brasil, lidaram com a<br />

imprensa? Afagando com uma mão e batendo com a outra. Quer dizer, batendo<br />

no conteúdo, censurando e afagando nas finanças, propiciando recursos, grande<br />

massa de publicidade etc. Isso em geral beneficiou [a modernização dos jornais].<br />

Qual é a história do Estadão na primeira ditadura, do Getúlio? É uma história<br />

engraçada, porque eles se recusam a contar a história do Estadão 1 nessa época.<br />

Mas acontece o seguinte: o Getúlio, quando interveio, a empresa era falida, e<br />

quando entregou, a empresa era riquíssima. Quer dizer, assim como ele reprimiu<br />

toda a liberdade – o dr. Julinho teve que se exilar, a perseguição foi feroz, o<br />

jornal foi tomado pela família – administrou brilhantemente e entregou rica uma<br />

empresa que recebeu quebrada. É da natureza da ditadura esse lado meio<br />

corruptor: “vamos dar recursos para contar com a simpatia ou, pelo menos, com<br />

o comportamento discreto dos proprietários.” (Lattman-Weltman, Rocha &<br />

Abreu, 2003).

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