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Colunas sociais e Ditadura Militar: Entre o mundo fictício ... - SBPJor

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instituído em março de 1964. Segundo Alzira Alves de Abreu, o regime militar de 31 de<br />

março de 1964 instalou-se com forte consentimento civil: “<strong>Entre</strong> outros setores,<br />

principalmente empresariais, a imprensa de maior prestígio e circulação foi um dos suportes<br />

estratégicos do movimento que derrubou o regime constitucional. A maioria dos<br />

proprietários de jornal encampava as idéias do liberalismo econômico e se identificava com o<br />

ideário da UDN, o partido que, junto com os militares, conspirou para a deposição do<br />

presidente João Goulart” (Abreu, 2002, p. 13).<br />

Durante os períodos mais turbulentos do governo João Goulart, a imprensa<br />

mostrou sua face mais conservadora, alertando para os perigos do “estatismo” na economia<br />

e às restrições à entrada do capital estrangeiro, que impediriam o país de avançar no seu<br />

processo de industrialização. “Diante da intensificação das reivindicações populares e do<br />

“perigo comunista”, os empresários da imprensa abdicaram de sua crença na liberdade<br />

individual e aceitaram a centralização do poder nas mãos dos militares como única<br />

alternativa para impedir a “subversão”, ou a ascensão dos grupos de esquerda ao comando<br />

do país (ibidem).<br />

Esta “lua de mel” com o governo militar duraria pouco, porém. Com a tomada do<br />

poder, os militares instauraram a repressão política, cassando mandatos de políticos e<br />

levando à prisão opositores do regime, além de censurar os meios de comunicação. Segundo<br />

Abreu, diante das restrições à liberdade de expressão e da perseguição dirigida às antigas<br />

lideranças políticas, sindicais e intelectuais, em pouco tempo a imprensa começou a se<br />

distanciar do governo e a denunciar as arbitrariedades que estavam sendo cometidas<br />

(Ibidem, p.14). A censura prévia, que entronizou censores do governo em redações<br />

jornalísticas de todo o país, seria conseqüência do Ato Institucional nº 5, de 13 de dezembro<br />

de 1968. A partir de então, os temas das notícias e reportagens seriam cuidadosamente<br />

censurados, e a imprensa passaria então a procurar, com uma série de estratégias e artifícios,<br />

driblar os censores, ao mesmo tempo em que denunciava a ação da censura. No entanto, os<br />

militares estavam dispostos a cooptá-la para seu projeto nacional.<br />

A relação dos militares com a imprensa teve, contudo, uma outra face. Ao<br />

mesmo tempo em que censuravam matérias e interferiam no conteúdo da<br />

informação, os governos militares financiavam a modernização dos meios de<br />

comunicação. Isso se explica porque, para eles, essa modernização era parte de

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