19.04.2013 Views

Colunas sociais e Ditadura Militar: Entre o mundo fictício ... - SBPJor

Colunas sociais e Ditadura Militar: Entre o mundo fictício ... - SBPJor

Colunas sociais e Ditadura Militar: Entre o mundo fictício ... - SBPJor

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

sobre os bastidores da política. Que fatores ajudaram para que este processo acontecesse e<br />

como ele ajudou a “mudar o rosto” das colunas <strong>sociais</strong> é o que se propões este artigo.<br />

A imprensa brasileira nos anos 1970 e o prestígio dos colunistas<br />

Colunistas, não só aqueles que se ocupavam das colunas <strong>sociais</strong>, mais também de<br />

outros assuntos, eram presença certa em todos os grandes jornais brasileiros nas décadas de<br />

50 e 60. O desenvolvimento do colunismo no Brasil deve-se, em parte, ao jornalista Samuel<br />

Wainer, e suas inovações com o jornal Última Hora. Segundo a pesquisadora Dislane<br />

Zerbinatti Moraes, Wainer teve dificuldades de recrutar jornalistas à época da criação do<br />

jornal, em 1951, logo após a volta de Getúlio Vargas ao poder. Muitos jornalistas que<br />

haviam sofrido perseguições durante o Estado Novo se recusaram a integrar a redação, com<br />

receio de serem identificados ideologicamente com o ex-ditador. A solução, encontrada por<br />

Wainer, foi oferecer a esses jornalistas colunas opinadas, como já fazia o Diário Carioca,<br />

nas quais teriam liberdade de opinar.<br />

O colunismo tinha desaparecido dos jornais durante o período de censura<br />

getulista e as primeiras colunas [na Última Hora] despertaram o interesse do<br />

leitor. Com o tempo, o jornal se especializou, incorporando um amplo leque de<br />

interesse em suas colunas, todas assinadas. O jornal era um verdadeiro<br />

“caleidoscópio”, nas palavras de seu diretor, Paulo Silveira, estabelecendo<br />

“corredores de comunicação” com os mais variados setores da opinião pública.<br />

Havia muitas crônicas de costumes, assinadas por Nelson Rodrigues e Antonio<br />

Maria, entre outros. <strong>Colunas</strong> especializadas em política nacional e política<br />

internacional dividiam espaço com textos de intelectuais e jornalistas que<br />

escreviam sobre cinema, literatura, teatro, música popular e televisão. Sociólogos<br />

e economistas forma aproveitados como colunistas, inaugurando uma nova<br />

modalidade de jornalismo, analítica e conjuntural. O colunismo social e os<br />

esportes, assim como a cobertura dos casos policiais e dos problemas da cidade,<br />

não foram esquecidos. (Moraes, 2004).<br />

O jornalista Maneco Muller, em 1945, se aproveitou desta maré propícia aos<br />

colunistas para criar com sucesso a primeira moderna coluna social brasileira, assinando por<br />

meio de seu personagem Jacinto de Thormes. Ainda antes de 1964, os jornais começaram a<br />

passar por processos de modernização gráfica e seguiram aprendendo a lidar com as<br />

mudanças em seu público, que se tornava cada vez mais diversificado. As colunas temáticas,

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!