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Colunas sociais e Ditadura Militar: Entre o mundo fictício ... - SBPJor

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<strong>fictício</strong>s dos grandes salões da sociedade para publicar notas sobre política e economia. No<br />

Rio de Janeiro, Ibrahim Sued foi um deles.<br />

Seu primeiro papel dentro de uma redação foi como fotógrafo, passando depois<br />

para as crônicas <strong>sociais</strong>. Em 1954, inaugura sua coluna em O Globo, com o título<br />

“Reportagem social de Ibrahim Sued”. Segundo Isabel Travancas, Ibrahim destacou-se<br />

desde o começo pelo seu estilo pessoal, franco e agressivo. “Seu texto apresenta notas<br />

curtas e diretas, mesclando informações sobre a vida mundana com notícias sobre política e<br />

economia ou eventos internacionais” (Travancas, 2000). Sua filha, Bebel Sued, autora do<br />

livro “Ibrahim Sued - Em sociedade tudo se sabe”, uma coletânea das mais de 15 mil notas<br />

escritas pelo colunista em quatro décadas de profissão, sustenta que as primeiras colunas<br />

escritas pelo pai eram crônicas, e à medida que o tempo ia passando, a coluna foi adquirindo<br />

um perfil mais sintético. “Com o tempo, ele foi buscar o furo e a notícia curta”. (Sued, apud<br />

Lima, 2001). Para o jornalista Ricardo Boechat, o colunista gostava de ser repórter e sua<br />

coluna produzia “informação curta, direta, informativa por excelência, muitas vezes<br />

agressiva, quase sempre anti-romântica” (Boechat. Apud Travancas, 2000).<br />

Ibrahim, assim como outros colunistas de renome nos anos 1960 e 70, como<br />

Zózimo, também no Rio, e Tavares Miranda, em São Paulo, estava longe do engajamento<br />

político em prol do regime democrático de escritores-jornalistas como Sérgio Porto. Razão<br />

pela qual as colunas eram tachadas de “alienadas” e mesmo apoiadoras do regime de<br />

exceção. No entanto, a proximidade com os novos donos do poder propiciou ao colunista<br />

publicar ali notas em primeira mão sobre os bastidores políticos. Um “furo jornalístico”<br />

citado por Travancas foi a notícia de que o general Emílio Garrastazu Médici seria o<br />

próximo presidente da república, na sucessão do também general Costa e Silva.<br />

A realidade era que o microuniverso dos colunáveis pesava mais nas esferas do<br />

poder constituído do que o fervor político dos jornalistas. E o prestígio do<br />

“turco” se manteve inabalado: durante o regime militar, ao qual o colunista<br />

aderiu prontamente, eram numerosas as sua altas fontes informativas, levando-se<br />

principalmente em consideração o seu trânsito junto ao general Costa e Silva.<br />

(Sodré & Paiva, 2004)<br />

O jornal de maior concorrência ao Globo durante os anos de chumbo era o Jornal<br />

do Brasil, onde pontificava o colunista Zózimo Barrozo do Amaral, ou simplesmente

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