A normalista - Colégio Pio XI Bessa
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a namorar uma freira...<br />
Eis por que, caros leitores,<br />
eu digo como o Bahia:<br />
— Falem baixo, minhas flores,<br />
Senão... a chibata chia!...”<br />
......................................................................................<br />
Lídia achou graça na versalhada. Ela também já saíra na Matraca.<br />
— Um desaforo, não achas? perguntou a <strong>normalista</strong> indignada.<br />
— Que se há de fazer, minha filha? Ninguém está livre destas coisas no<br />
Ceará moleque. Não se pode conversar com um rapaz, porque não faltam<br />
alcoviteiros. Olha, eu aposto em como isto que aqui está saiu da cachola do<br />
Guedes.<br />
— Que Guedes?<br />
— Ó mulher, o Guedes, um do Correio... Dizem até que está feito redator<br />
principal da Matraca.<br />
— E que mal fiz eu a esse Guedes que nem sequer me conhece?<br />
— Eu te digo. O Guedes andou a querer namorar-me. Chegou a escreverme<br />
uma carta muito errada e piegas, pedindo uma entrevista... Que fiz eu?<br />
Ri-me muito das asneiras do bicho, troceio-o a valer e mandeio-o pastar<br />
bem... Ora, o Guedes sabe que nós somos muito amigas e talvez queira<br />
vingar-se indiretamente. Aí está o que é, menina. Manda-o plantar couves e<br />
rasga esta baboseira, que isto não vale senão nada.<br />
— Não vale nada, mas toda a gente lê e acredita, é o que é.<br />
— Sabem lá qual é a “<strong>normalista</strong> do Trilho”!<br />
A propósito Maria contou as ocorrências da véspera, a carta do Zuza, a<br />
cólera do padrinho, muito vexada.<br />
Estavam à janela, em pé, frente a frente. D. Amanda andava para os<br />
fundos da casa a mourejar. No fim da rua, do lado da Estrada de Ferro, uma<br />
locomotiva fazia manobras, chiando, a deitar vapor fora. Chegou até a frente<br />
da casa da viúva, soltou um guincho rápido e voltou estralejando sobre os<br />
trilhos.<br />
...E os sinos a repicarem na Sé e girândolas de foguetes estourando no<br />
ar. Chegavam espaçados sons de música que o vento trazia.<br />
— Não sei se deva responder, disse Maria dando a carta à amiga. Ele com<br />
certeza vem hoje para o víspora...<br />
— De forma que tens um compromisso a satisfazer...<br />
— Compromisso?<br />
— Sim, porque quem cala consente. Aceitaste a carta, agora é responder.<br />
Diz-lhe que o amas também e que desde já o consideras teu noivo. Nisso de<br />
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