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A normalista - Colégio Pio XI Bessa

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— Já sei que não foram hoje à Escola... Boa vida! Não há como ser moça.<br />

Pois, meninas, venho duma séca. Fui ali à casa da costureira experimentar o<br />

meu vestido de cetim...<br />

— Isso que é boa vida, disse a Campelinho: passeios, vestidos...<br />

Maria tinha ido chamar a madrinha: que era um pulo.<br />

— Qual passeios! Quem tem filhos pode lá passear?<br />

D. Terezinha não se fez esperar. Entrou sacudindo os quadris,<br />

bamboleando-se toda.<br />

— Ora viva! disse atirando-se nos braços de D. Amélia. Como vai, como<br />

tem passado? Que milagre!<br />

Agora todas falavam a um tempo, rindo, gabando-se.<br />

— Sabem quem esteve ontem conosco?... O Zuza. Diz que volta sábado<br />

de Baturité. Gabou muito a Maria: que é uma cearense distinta, muito<br />

prendada, chique a valer, um horror! Ao que parece temos casório...<br />

— Qual casório! fez Maria com um rubor nas faces. Invenções...<br />

— Não havia de ser contra a minha vontade, disse D. Terezinha. Seria até<br />

uma felicidade. Deus o permita...<br />

Falaram de modas.<br />

D. Terezinha alardeou o seu rico vestido de cetim, que a viúva Campelo<br />

achara de muito bom gosto.<br />

D. Amélia queixou-se do marido: um homem sem gosto, um moscamorta,<br />

muito desleixado, com venetas de doido. Ela até já se aborrecia,<br />

porque o Mendes tinha o mau costume de beber aguardente; às vezes<br />

chegava tropeçando, com a língua pegada, sem poder falar. Vestidos ela viaos<br />

de ano em ano. Um indiferente, o Mendes. Sofria de uma erisipela na<br />

perna direita que o proibia de trabalhar meses inteiros...<br />

— Pois olha, disse D. Terezinha, o meu faz-me as vontades, mesmo<br />

porque eu não sou mulher de muitos me-deixes. Todos os meses é pra ali<br />

um vestido. Diabo é quem os poupa! Também, minha filha, dou-lhe toda<br />

liberdade, fora e dentro de casa. Felizmente não tenho queixa dele.<br />

Lídia pediu a D. Amélia que tocasse alguma coisa, a Juanita, que era a<br />

valsa da moda.<br />

A propósito D. Amélia perguntou se já tinham ido ao teatro. Que fossem,<br />

que fossem. O grupo lírico da Naguel estava fazendo sucesso. A Belle-Grandi<br />

era um mulherão capaz de arrebatar uma platéia inteira. Que modos, que<br />

requebros! Domingo ia a Juanita pela última vez em benefício da Aliverti.<br />

Que fossem. Era uma opereta interessantíssima, por sinal tinha sido<br />

representada cem vezes na Corte! A beneficiada ia fazer o papel de Juanita.<br />

— Eu é para que tenho jeito, atalhou a Campelinho, é para o teatro. Deve<br />

ser uma vida tão cheia de sensações a das atrizes... Vestem-se de todas as<br />

formas, recebem presentes ricos, jóias, anéis de brihante... são aplaudidas e<br />

ainda por cima ganham dinheiro à ufa. Eu já disse à mamãe, mas ela não<br />

quer por coisa alguma, diz que é uma vida imoral... Tolice! Há tanta gente<br />

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