19.04.2013 Views

O profeta do castigo divino - Pedro Almeida Vieira

O profeta do castigo divino - Pedro Almeida Vieira

O profeta do castigo divino - Pedro Almeida Vieira

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

A ilustração como cosa mentale<br />

Quan<strong>do</strong> o artista português Francisco de Holanda obteve de<br />

Miguel Ângelo Buonarroti a consideração de que a pintura seria<br />

cosa mentale, numa certa medida a sua reflexão abria, para os<br />

ilustra<strong>do</strong>res, o mote com que pensariam a sua tarefa; ou seja, ela<br />

seria para além da simples reprodução de um texto ou de um<br />

livro. O que se quer dizer é que to<strong>do</strong> o ilustra<strong>do</strong>r seria – ou deveria<br />

ser – pessoanamente, digamos – alguém que fosse ou buscasse<br />

ir além da ilustração.<br />

Talvez tivesse si<strong>do</strong> essa a intenção que buscava quan<strong>do</strong><br />

comecei a desenhar diretamente nas páginas <strong>do</strong> livro O <strong>profeta</strong><br />

<strong>do</strong> <strong>castigo</strong> <strong>divino</strong>, <strong>do</strong> meu amigo <strong>Pedro</strong> <strong>Almeida</strong> <strong>Vieira</strong>. Guar<strong>do</strong><br />

para mim – leitor compulsivo que sou – que a única maneira de<br />

nos encontrarmos com um livro é no quanto da cosa mentale ele<br />

nos possa suscitar. Compreenda-se: essa matéria de pensação<br />

pode assumir várias formas. Uma gênese possível são as adições<br />

que um ilustra<strong>do</strong>r apõe ao pensamento <strong>do</strong> escritor.<br />

Nada de pretensões, por favor. Avancei sobre o belo<br />

romance <strong>do</strong> <strong>Pedro</strong> <strong>Almeida</strong> <strong>Vieira</strong> como uma forma de apreendê-<br />

-lo, por mais improvisa<strong>do</strong>s que sejam os desenhos que fui colocan<strong>do</strong><br />

diretamente entre os interstícios <strong>do</strong> texto – assim como<br />

um estudioso sublinha uma frase, qualquer uma, para interpretá-<br />

-la. Ler com a totalidade que podemos ser, essa a contrapartida<br />

de um leitor atento. E pela lógica de um ilustra<strong>do</strong>r também atila<strong>do</strong>,<br />

ainda que quase compulsivo.<br />

A história contida nesta obra, em que o diabo se faz, afinal,<br />

a mais compreensível das criaturas, um fino analista <strong>do</strong> homem<br />

(à «imagem e semelhança de Deus»), cada vez me animava a

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!