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<strong>Fandango</strong>, o bailado de gerações<br />
Fandangueiros<br />
Quando se encontra um mestre fandangueiro você já pode saber que passando<br />
alguns minutos ao lado deles você vai aprender muito. Homens se orgulham<br />
de ter participado dos bailes e batido seus tamancos, ou que ainda se<br />
orgulham por manter viva a tradição do <strong>Fandango</strong> entre os caiçaras.<br />
Encontrar um mestre pode não ser uma tarefa das mais difíceis, basta procurar.<br />
Eles, mesmo cansados de receber pesquisadores que fazem visitas exaustivas<br />
querendo sempre saber a mesma coisa, abrem as portas de suas casas,<br />
acomodam-nos em suas varandas cheias de flores e começam a contar, a relatar<br />
os feitos da infância, da mocidade, tudo isso em nome da vontade de manter<br />
viva a tradição do <strong>Fandango</strong>.<br />
Foi assim que aconteceu com Mestre Romão, um dos mais respeitados<br />
fandangueiros do litoral paranaense. Chego a sua casa em uma tarde chuvosa de<br />
sábado, em agosto de 2009. Ele certamente estava tirando uma cesta, porque<br />
demorou para atender às minhas batidas de palmas. Veio até a varanda, eu me<br />
atrevi em adentrar no quintal. Eu disse que estava fazendo uma reportagem sobre<br />
o <strong>Fandango</strong>, e ele imediatamente pediu que eu me acomodasse em uma das<br />
cadeiras da varanda. Ali mesmo ele começou a falar sobre a origem do <strong>Fandango</strong>,<br />
controversa como sempre, antes mesmo que eu desarmasse o guarda-chuva.<br />
O discurso dava a impressão de estar decorado, de tantas vezes que já<br />
contou as mesmas histórias. Elas surgem com tanta facilidade que as minhas<br />
indagações, considerações e vontade de saber mais parecem não importar; ele<br />
quer mesmo é contar seus feitos e não responder perguntas.<br />
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