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sempre para que os pesquisadores que vêm a Guaraqueçaba retornem com o<br />
resultado da pesquisa para consulta da comunidade.<br />
“É o mínimo que podemos pedir, um retorno da nossa contribuição para o<br />
trabalho dessas pessoas. Mas muitos nem sequer voltam a ter contato. Para a<br />
comunidade é muito importante ter esse retorno, pesquisas que voltam em forma<br />
de obras ou textos científicos para o nosso acervo, porque mostra a importância<br />
que todos têm para o cenário acadêmico”, ressalta José.<br />
Os pesquisadores que tomam como objeto de estudo o <strong>Fandango</strong> são<br />
das mais variadas áreas do conhecimento, e a motivação, na maioria das vezes,<br />
reside em conhecer um pouco mais sobre esse universo.<br />
Logo no início da minha pesquisa, encontrei Marcos Torres na véspera de<br />
sua defesa perante a banca do curso de mestrado em história da Universidade<br />
Federal do Paraná. Marcos é graduado, mestre e doutor em geografia, e trabalha<br />
com assessoramento pedagógico. Ele se mostrou bastante empolgado com<br />
o resultado de seu trabalho, mostrando-se também interessado em contribuir<br />
com a minha pesquisa. Ele estudou a paisagem sonora da Ilha de Valadares,<br />
marcada pelo <strong>Fandango</strong>.<br />
“A Ilha de Valadares tem a maior concentração de mestres tocadores do<br />
Estado do Paraná, e estudá-la é fundamental para pensar nos aspectos da geografia<br />
e da cultura da localidade. Durante minha pesquisa, me envolvi com os<br />
mestres e conheci um universo maravilhoso”, conta Marcos. Ele diz que conhecia<br />
um pouco do <strong>Fandango</strong>, um pouco sobre a cultura caiçara, mas não conhecia<br />
Valadares e também não tinha ideia da dimensão do que representava o<br />
<strong>Fandango</strong> para a cultura caiçara. Marcos já tinha defendido sua tese sobre a<br />
paisagem sonora de Curitiba e quando visitou pela primeira vez em 2006 a Ilha<br />
de Valadares decidiu fazer sua pesquisa de mestrado sobre aquela temática.<br />
O trabalho de Marcos buscou desvendar quais elementos compõem o<br />
universo simbólico que envolve a Ilha, usando as percepções e a memória de<br />
cinco fandangueiros. Quem participou da pesquisa foi: Gerônimo dos Santos e<br />
Nemésio Costa, Eugênio dos Santos, Romão Costa e Eloir Paulo Ribeiro de<br />
Jesus. “Fui me envolvendo cada vez mais, a ponto de querer buscar mais respostas<br />
sobre os questionamentos que fazia a respeito dessa cultura”, conta.<br />
Durante sua pesquisa, ele acabou fazendo muitos amigos no cenário caiçara<br />
e trabalhou no mutirão de construção da sede da Associação Mundicuera, e<br />
claro que depois participou do baile a convite dos amigos Aorélio Domingos e<br />
Eloir Paulo Ribeiro de Jesus, o Poro. “Conheci muitas coisas interessantes durante<br />
o período da minha pesquisa, mas também acabei descobrindo coisas que<br />
poderiam não fazer parte do universo caiçara, como a rivalidade entre os gru-<br />
56 Heloisa Garrett