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Posfácio<br />
Modernidade e tradição <strong>–</strong> a encruzilhada<br />
do <strong>Fandango</strong><br />
Talvez o ponto nevrálgico sobre o destino do <strong>Fandango</strong>, e mesmo o<br />
epicentro da discussão sobre o que será de seu futuro, resida na força ambígua<br />
que a modernidade e a tecnologia possa oferecer a seus propósitos cultuais. Ela<br />
pode tanto perpetuar a tradição quanto fazê-la sucumbir perante as seduções<br />
dos apetrechos lúdicos presentes na web e na indústria do entretenimento.<br />
Visitando os redutos de prática do <strong>Fandango</strong> em Valadares e Paranaguá,<br />
fica fácil perceber o interesse do público jovem, em especial de crianças, o que<br />
causa certa surpresa, já que no ambiente televisivo e virtual não se encontra<br />
qualquer referência à prática cultural que se canta e dança nestas localidades.<br />
Provavelmente as crianças são as maiores vítimas dos efeitos da mídia de massa,<br />
e o litoral paranaense não está isolado de sua influência. No filme<br />
“Corporation”, uma das depoentes (o documentário faz um apanhado de entrevistas<br />
com estudiosos sobre os efeitos perniciosos das grandes corporações na<br />
economias, sociedades e hábitos de consumo) relata que se pode considerar o<br />
marketing voltado às crianças na atualidade, se comparado aos esforços praticados<br />
em décadas anteriores, como um míssil teleguiado ao lado de um estilingue.<br />
Esse esforço cirurgicamente bem calculado e aplicado está distribuído em todas<br />
as partes do globo, e um país emergente como o Brasil logicamente não está de<br />
fora neste mapeamento. Sendo assim, o fandango paranaense acaba disputando<br />
interesse com personagens de ação japoneses, jogos de última geração e figurinhas<br />
<strong>Fandango</strong>,o bailado de gerações 81